Brasília, 17 de maio de 2013
Discurso do Diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo,
no encerramento do XV Seminário Anual de Metas para a Inflação do
Banco Central do Brasil
Senhores palestrantes, debatedores e coordenadores, senhoras e senhores, a todos,
meu cordial boa tarde.
1.
Foi uma grande honra para o Banco Central realizar esta décima quinta edição
do Seminário de Metas para a Inflação. Nos últimos dois dias, tivemos a oportunidade
de assistir excelentes apresentações e debates, que foi possível porque pudemos
contar com a participação de especialistas de altíssimo nível, nacionais e estrangeiros,
tanto como palestrantes quanto como convidados.
2.
Com base nas reflexões feitas pelo Presidente Tombini (que estão disponíveis
no site do Banco Central), bem como nas sessões temáticas e nos painéis, não se trata
de tarefa trivial apontar as principais mensagens e ensinamentos. De antemão me
desculpando pelas eventuais omissões, a seguir vou listar uma amostra.
3.
Na palestra inaugural, o Professor Laurence Ball colocou de maneira
transparente sua visão sobre política monetária, em particular sobre o regime de metas
para a inflação. Gostaria de mencionar, dentre as diversas mensagens por ele
passadas, o reconhecimento de que, no pós-crise, o regime de metas continua sendo
um “sound framework” para a implementação da política monetária.
4.
A primeira sessão temática foi sobre modelos de projeção. As apresentações e
comentários nos ofereceram uma visão abrangente de quão desafiadora é a tarefa de
projetar variáveis econômicas. Mas, dada a importância das projeções para o processo
decisório de política monetária, nós banqueiros centrais continuaremos a nos esforçar
para aperfeiçoar os nossos modelos, de modo que possamos utilizar de maneira
eficiente todo o conjunto de informações disponíveis.
5.
É conhecimento comum que o setor financeiro pode afetar de forma importante a
economia real, e vice-versa. Em outra perspectiva, a recente crise mostrou que as
tentativas de separar regulação bancária de política monetária não foram bem
sucedidas. Nesse contexto, dois neologismos têm ganhado popularidade na
comunidade financeira internacional: modelos DSGE e medidas macroprudenciais,
objeto das discussões hoje pela manhã na segunda sessão temática. As medidas
macroprudenciais têm sido largamente utilizadas pelos bancos centrais e os modelos
DSGE têm sido mais e mais utilizados para analisar ações de política de um modo
geral, e as inter-relações entre sistema financeiro e o setor real em particular.
6.
Na terceira sessão temática, também hoje pela manhã, o tópico foi risco
sistêmico, assunto que, com a crise global ganhou ainda mais interesse de policy
makers e de acadêmicos. Tivemos oportunidade de conhecer dois trabalhos que,
dentre outros aspectos, apontam a importância da interconectividade no sistema
financeiro, em particular, no caso de instituições sistemicamente importantes (ISI).
Nesse tipo de situação, é difícil identificar uma ISI e mais difícil ainda definir o que fazer
com tais instituições (é plausível afirmar que são duas questões em aberto). Do ponto
de vista do regulador, é importante fazer o balanço entre os riscos de não lidar
adequadamente com a questão da estabilidade financeira (fazer pouco) e os de
introduzir ineficiências no sistema (fazer em excesso).
7.
Na parte final do seminário, tivemos um painel sobre o estado da arte da
modelagem macroeconômica, com destaque para os modelos DSGE. Nesse sentido,
do ponto de vista aplicado, tivemos a oportunidade de conhecer experiências dos
bancos centrais (o FED e o BCE) dois principais blocos econômicos; e, numa
perspectiva acadêmica, de conhecer as ideias do Professor Schorfheide sobre a arte
de projetar variáveis econômicas.
8.
O segundo painel tratou dos desafios para os países emergentes, com
destaque para três dos cinco representantes dos BRICS (China, Índia e África do Sul),
América Latina e Leste Europeu.
9.
Tivemos, em suma, dois dias com excelentes oportunidades para iniciar ou dar
continuidade a reflexões sobre importantes questões de política econômica, e para
troca de experiências.
10.
Neste momento, quero em nome do Banco Central expressar os sinceros
agradecimentos aos palestrantes, coordenadores e debatedores. Também quero dizer
que muito nos honrou contar com a presença de representantes de bancos centrais, de
organismos multilaterais, de membros da academia, de representantes do setor privado
e de governos.
11.
Quero agradecer os organizadores do seminário pela dedicação e parabenizar
pela excelência do trabalho, nomeadamente, o Departamento de Estudos e Pesquisas
(especialmente a Jane Sofia) e a Secretaria Executiva.
12.
Para finalizar, convido a todos para a décima sexta edição desse importante
evento em 2014, quando serão comemorados os quinze anos do sistema de metas
para a inflação no Brasil.
Muito obrigado.
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Discurso do Diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo