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8 mai 2015 O Globo
Saudades do país do futebol
Brasil é metáfora do mau futebol.
As ‘ pedaladas’ econômicas do governo não são como as de Robinho, são chutões para frente que resultam em
gols contra
Craque das metáforas futebolísticas, uma das marcas de seu estilo de rei dos palanques, Lula não deve
ter notado que agora foi o Brasil que se tornou uma grande metáfora do nosso atual futebol. Basta assistir
a Juventus x Real Madrid e depois Barcelona x Bayern e, em seguida, ver as finais dos campeonatos
estaduais brasileiros.
Parece outra modalidade esportiva, que se assemelha ao futebol, mas é muito mais lenta, mais
violenta e desleal, praticada por jogadores de técnica precária e má educação, que ameaçam e gritam com
os árbitros que não marcam as faltas que eles fingem sofrer, dão chutões para frente e chuveirinhos sobre
a área, porque o “jogo aéreo” e as “bolas paradas” são as suas raras esperanças de gol.
É compreensível que os ricos clubes europeus, chineses e árabes levem nossos melhores jogadores,
mas como times da Ucrânia, do Cazaquistão, de Portugal, conseguem comprar jogadores brasileiros que os
clubes locais não podem bancar? Como os jogos da liga de futebol dos Estados Unidos têm o dobro da
média de público do Campeonato Brasileiro ?
Com raríssimas exceções, nossos clubes, se fossem empresas, estariam falidos. Só a CBF e as
federações estaduais, que elegem a diretoria da CBF, ganham sempre. Os clubes vivem num limbo fiscal,
nem são empresas e nem entidades sem fins lucrativos, mas depois das lambanças sempre apelam aos
cofres do Estado.
O país das maravilhas da propaganda oficial está sendo desconstruído pela dura realidade, com a
economia em recessão, juros e preços disparando, governo desmoralizado e sem apoio político, sofrendo
as consequências da união nefasta da roubalheira com a megalomania e a incompetência. Uma metáfora
dos jogos que se veem em estádios vazios e das entidades que mandam no futebol brasileiro.
Só que as “pedaladas” econômicas do governo não são como as de Robinho, são chutões para frente
que resultam em gols contra.
O mais triste é que tanto o Brasil como o seu futebol teriam todas as condições naturais para estar
entre os melhores do mundo — tanto como lugar para se viver como para ver futebol. Os 7 a 1 são uma
metáfora do Brasil de hoje.
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