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Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Pedagogia
Trabalho de Conclusão de Curso
A Percepção dos Pais e Responsáveis
de uma Brinquedoteca Pedagógica
Autora: Maria Patrícia dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres
Brasília - DF
2014
Maria Patrícia dos Santos
A PERCEPÇÃO DOS PAIS E RESPONSÁVEIS
DE UMA BRINQUEDOTECA PEDAGÓGICA
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do
Título de Licenciado em Pedagogia.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Síveres
Brasília
2014
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus e a Nossa Senhora pelo dom da minha vida. A minha
mãe Maria do Carmo por sempre me encorajar a lutar pelos meus sonhos, e pela paciência
dedicada a mim nos momentos de angústias, pois só assim consegui encontrar a paz necessária para dedicar-me aos estudos.
Dedico esse trabalho também a minha filha Àgatha, que é a razão pelo qual sigo lutando pelos meus sonhos.
Ao meu orientador Professor Dr. Luiz Síveres pela serenidade e compromisso durante
suas orientações.
Aos educadores do curso de Pedagogia da Universidade Católica de Brasília que contribuíram em meu processo de aprendizagem e amadurecimento como pessoa.
Aos meus amigos de curso de Pedagogia, fiéis companheiros durante toda jornada.
Aos meus queridos amigos em especial Danilo, Ana Lídia, Stephanie, Aurilene, Tatiane Cristine e Adriana por estarem ao meu lado durante toda trajetória do curso, assim como
pelo apoio e palavras de encorajamento e carinho em momentos de dúvidas e aflição.
Aos Pais e Responsáveis por participarem tão prontamente do trabalho de pesquisa.
A minha avaliadora, professora Prof. MSc. Chris Alves da Silva, a qual tive o prazer
de conviver durante um semestre, e que aceitou o pedido de participar nessa importante etapa.
Meu agradecimento especial a Camille dos Anjos por sempre estar disposta a compartilhar conhecimento, contribuindo muito para realização deste trabalho, agradeço a amizade,
carinho, incentivo que sempre me ajudaram.
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A PERCEPÇÃO DOS PAIS E RESPONSÁVEIS
DE UMA BRINQUEDOTECA PEDAGÓGICA
MARIA PATRÍCIA DOS SANTOS
RESUMO
Este trabalho pretende identificar a percepção de pais e responsáveis sobre as competências de
uma Brinquedoteca Pedagógica. Foi realizada uma revisão teórica onde se definiu o conceito,
funções de uma Brinquedoteca Pedagógica e sua importância para promoção do aprendizado.
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa descritiva, onde se aplicou um questionário
de perguntas abertas e fechadas com 18 pais e responsáveis de crianças que frequentam a
Brinquedoteca da Instituição de Ensino Superior particular situada na cidade de Taguatinga
Sul, região administrativa de Brasília-DF. Realizou-se uma análise documental dos seguintes
documentos: Projeto da Brinquedoteca e Diário de Bordo. Os resultados demostraram que os
pais e responsáveis entendem a Brinquedoteca Pedagógica como espaço, não somente de
brincadeira e diversão, mas de construção do aprendizado por meio do lúdico. A pesquisa
apontou ainda, a importância da formação de educadores dentro de uma cultura lúdica para
trabalharem na Brinquedoteca Pedagógica. Conclui-se que é importante os pais e responsáveis
incentivarem a criação de mais espaços como a Brinquedoteca Pedagógica, por ser espaço
extra na construção do aprendizado.
Palavras - Chaves: Brinquedoteca Pedagógica. Aprendizagem. Lúdico.
INTRODUÇÃO
Este artigo é o trabalho de conclusão do curso de pedagogia, e pretende identificar as
percepções dos pais e responsáveis sobre as competências de uma brinquedoteca pedagógica,
tendo em vista que a brincadeira e as atividades lúdicas que são realizadas na brinquedoteca
podem ser diferenciais para o processo de ensino e aprendizagem das crianças.
O brincar é tão essencial à criança quanto comer e dormir. Na brincadeira a criança entra em contado com realidade que a cerca. É fato que, assim como a sociedade passa por várias mudanças a ação do brincar transformou-se com passar dos anos.
Algumas décadas atrás eram comuns vermos crianças se reunirem no final da tarde ou
nos finais de semana para brincar das mais variadas brincadeiras para se divertirem. Cenas
como essas, atualmente, estão ficando cada vez mais escassas de serem vistas. Pois, atualmente, têm sido raras as brincadeiras ao ar livre e vários são os fatores que têm influenciado a
ação do brincar na modernidade.
A globalização tem influência direta nessa mudança. Na era das novas tecnologias, as
brincadeiras antes realizadas em grupos, acabaram ficando cada vez mais individuais, comprometendo a socialização e interação entre às crianças. Aliada as novas tecnologias, os novos
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formatos de famílias também contribuem para esse fenômeno, porque os pais trabalham mais
horas por dia e os filhos já contam com uma grande carga de atividades extraclasses para
cumprir, diminuindo o tempo do brincar das crianças. Segundo Cunha (1992, p. 36) “dentro
de um contexto utilitarista da sociedade moderna, cada vez mais preocupadas com o produto
do ser humano e não com a realização pessoal, não há tempo, não há clima, não há prioridade”.
A violência é outro fator que contribui com a diminuição do brincar ao ar livre. Os
pais não sentem segurança em deixar seus filhos brincarem na rua, uma vez que a violência
aumentou vertiginosamente. No que tange ao ambiente escolar, apesar de várias pesquisas
demostrarem a importância das atividades lúdicas, muitas escolas mostram-se bastante conteudistas, devido a uma pressão da sociedade em alfabetizar cada vez mais cedo, os alunos.
Para tentar reverter essa situação e recuperar a cultura lúdica surgem as brinquedotecas, espaços que propiciam às crianças o brincar livremente. Nota-se uma grande expansão
desses espaços em ambientes comerciais e nas intuições educacionais, mas é preciso lembrar
que a Brinquedoteca não é apenas um espaço com brinquedos, vai além de somente brincar.
Neste espaço a criança também se desenvolve e aperfeiçoa suas habilidades e assimila novos
conhecimentos, além de colaborar com o processo de ensino e aprendizagem.
O interesse pelo tema da pesquisa partiu da vivência como estagiária em uma Brinquedoteca no ano de 2012 e 2013. Durante o período de atuação, aumentou-se a curiosidade
acerca das temáticas que envolvem esse espaço, dentre elas, conhecer a visão dos pais e responsáveis em relação à Brinquedoteca Pedagógica, já que a maioria dos pais enxerga a escola
como sendo o único espaço de aprendizado.
Diante deste contexto, surgiu o desejo de explicar e elucidar os conhecimentos acerca
da Brinquedoteca Pedagógica, bem como suas competências. Buscou-se compreender a visão
dos pais e responsáveis, geralmente distorcida diante da brinquedoteca, que geralmente é vista
como espaço ocupacional de recreação.
O nome “Brinquedoteca” parece reducionista e por vezes deixa transparecer que se
trata, apenas, de um lugar para brincar. Neste caso não consegue fazer uma distinção entre
uma brinquedoteca pedagógica de uma convencional.
A problematização aqui pretende identificar por que existe, aparentemente, por parte
dos pais e responsáveis uma distorção, entre a percepção recreativa e uma percepção de
aprendizagem na Brinquedoteca Pedagógica?
Este artigo é de grande relevância para pais e responsáveis, para que percebam que a
Brinquedoteca pode e deve ser um espaço tão bom quanto à escola para os processos de ensino e aprendizagem.
1 O LÚDICO E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
O lúdico é assunto que vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente no âmbito
educacional com ênfase maior na Educação Infantil. O lúdico um elemento de formação humana desde a antiguidade, com as primeiras civilizações, através da busca humana pelo prazer
e alegria. Assim com esses sentimentos de satisfação e motivação vivemos melhores conosco
mesmos e com o outro.
O lúdico favorece o desenvolvimento humano, independente da idade, pois proporciona prazer e descanso, benefícios importantes para sobrevivência humana (OLIVEIRA, 2013).
O prazer proporcionado pelo lúdico segundo Lauand (2000) é responsável pelo desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras, sociais e emocionais.
O lúdico é tão antigo quantos as primeiras civilizações, fazendo parte das atividades
humanas. O lúdico vem de origem latina que significa “ludus” que significa jogo. O lúdico é
representado pelo jogo e as brincadeiras, mas para a autora Kishimoto (2007), que apresenta
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os brinquedos como mais um representante do lúdico, por se tratar de objeto de ação lúdica,
com herança cultural e linguagem própria.
A questão importante a ser compreendida é que o jogo, a brincadeira e o brinquedo são
elementos relevantes para o desenvolvimento infantil, mas que trazem em si uma bagagem
cultural dentro dos contextos históricos, onde cada representação tem funções específicas.
O jogo passou a ser utilizado como ferramenta pedagógica, ainda na Antiga Grécia na
visão de Platão (427-348) que assegurava que as crianças deveriam ser educadas por meios de
jogos. Outras civilizações como os Maias e Egípcios acreditavam que por meio dos jogos, os
mais velhos poderiam repassar ensinamentos para os mais jovens. Com a chegada do Cristianismo o jogo foi desaparecendo por ser considerado profano e imoral, voltando com o surgimento do Humanismo no século XVI, com os colégios Jesuítas que aos poucos retornaram o
uso do jogo para educação (ALMEIDA, 1995).
O jogo para Kishimoto (2007, p. 16) “pode ser visto como: resultado de um sistema
linguístico que funciona dentro de um contexto; um sistema de regras; e um objeto”. De acordo com a linguagem e contexto social são atribuídas várias funções para o jogo levando em
conta seus valores morais e modo de vida de cada sociedade. Através das regras é possível
diferenciar um jogo do outro, pois a regra possui estruturadas sequências a serem seguidas. O
jogo é objeto concreto da ação lúdica, o manuseio das peças que constitui o jogo.
Friedmann (1992) vê o jogo com uma brincadeira dotado de regras. Essas ideias corroboram com o pensamento de Piaget (1975) que além de entender o jogo como atividade
lúdica seguida por conjunto de regras, acrescenta mais uma característica que é a alcançar
determinados objetivos ao final das atividades. Esses jogos podem ser individuais ou coletivos e são importantes para o desenvolvimento das atividades intelectuais da criança.
Piaget (1975) definiu categorias de jogo de acordo com estágio de desenvolvimento da
criança. O jogo exercício ou sensório motor está relacionado a uma atividade lúdica mais voltada ao movimento simples e repetitivo como sacudir objeto, emitir som. Nessa fase o jogo
tem intenção de proporcionar ao bebê somente satisfação dos movimentos.
Nos jogos simbólicos, por volta 2 anos aos 6 anos, a criança começa a representar sua
realidade por meio de símbolos (bonecas, carrinhos) e a imaginação, assim assimilando com o
mundo real, e neste jogo a criança começa a entrar em contado com regras.
O jogo de construção é a passagem do simbólico para o jogo de regras, aparece por
volta de 7 a 12 anos. Neste jogo a criança começa a entrar no mundo social, já consegue assimilar esquemas mentais mais complexos elevando seu nível de inteligência. Ela sai do mundo
da fantasia e se encontra cada vez mais com a realidade, aprendendo a manusear diversos objetos e materiais.
O jogo de regras, dividido em sensório-motor (corrida, jogo de bola) e ou intelectual
(xadrez, cartas) aparece por volta dos 5 anos e se estende até a vida adulta. Neste jogo as regras são impostas pelo grupo social. É a fase que surge com mais ênfase os processos de socialização e convivência com outro.
Outro termo relativo ao lúdico é o brinquedo, este que é objeto do brincar e que se difere do jogo de forma indefinida dos sistemas regras, ou seja, com o brinquedo a criança brinca de forma espontânea representando aquilo que ela necessita no momento ou em outro momento o brinquedo em si pode haver um rega ou mesmo as crianças podem inserir regras
(KISHIMOTO, 2007).
O brinquedo, sendo um objeto antigo, também tem significados diferentes de acordo
com a cultura que ele está inserido. Na Idade Média o brinquedo era objeto de uso coletivo
com função social de repassar os modos e costumes da sociedade, deveriam ser aprendidos
pelas crianças desde cedo, para que assim soubessem cumprir seus papéis perante a sociedade
(TEIXEIRA, 2012). Em outras civilizações os brinquedos com bonecas eram utilizadas em
rituais.
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No século XIX os brinquedos eram confeccionados de forma artesanal e com chegada
da Revolução Industrial no século XX, houve mudanças em todo o mundo, as máquinas chegaram como um novo modelo de produção, mais rápido e lucrativo e que utilizava pouca mão
de obra humana. Com essa revolução os brinquedos começaram a evoluir e a serem produzidos em larga escala provocando grande expansão dos brinquedos pelo mundo. Atualmente
através da tecnologia contamos com uma infinidade de brinquedos feito dos mais diversos
materiais.
Kishimoto (2007) relata que através do brinquedo a criança conhece, descobre e inventa o mundo a sua volta, além de estimular a curiosidade e a autoconfiança, o brinquedo
traz o mundo real para a realidade infantil, ou seja, ela representa no brinquedo o mundo adulto. O brinquedo promove a imaginação e imitação, que são processos importantes, pois dá à
criança a oportunidade de entrar no mundo adulto e interagir com ele. A manipulação do
brinquedo dá a criança à oportunidade de tomar decisões, o que contribui para o desenvolvimento infantil.
O brinquedo como objeto faz parte da infância e é essencial à criança, porque além de
proporcionar alegria e divertimento, vem cada vez mais tomando espaço no meio educativo,
por se entender que pode ser uma ferramenta pedagógica bastante útil para os processos de
ensino e aprendizagem.
Os brinquedos pedagógicos como quebra-cabeça, blocos de montar, alfabeto móvel
tem a finalidade de ajudar a criança no processo de construção do conhecimento desenvolvendo habilidades cognitivas.
A brincadeira ou o brincar está ligado ao lúdico também por ser uma das ações mais
antigas e indispensáveis ao homem, estando presente desde a antiguidade, até os dias atuais,
independente das classes sociais, da religião ou da cor da pele.
No enfoque sociológico, a criança, quando brinca reproduz valores e culturas do seu
contexto social, desenvolvendo assim suas interações interpessoais numa visão sociocultural
produzindo cultura, que passa de geração em geração. Teixeira (2012, p. 34) afirma que “por
meio do brincar, a criança contribui para formação da humanidade, possibilitando-nos compreender certas características sociais e culturais da nossa história”.
No enfoque Psicológico, o brincar é uma ação livre e espontânea da criança. Através
da imaginação e da imitação a criança consegue no brincar explorar, aprender novas linguagens.
Vygotsky (1998) considera que a brincadeira proporciona benefícios ao desenvolvimento da criança, pois cria a Zona de Desenvolvimento Proximal, que é o intervalo entre o
desenvolvimento real (aquilo que a criança já sabe) com nível de desenvolvimento potencial
(aquilo que a criança faz com ajuda de um adulto ou outra criança), permitindo que a criança
troque experiências com seus pares e o meio. É na brincadeira que a criança relaciona-se com
seus parceiros e negocia significados diversos com a criança.
Para Piaget (1971), é na brincadeira que a criança desenvolve sua inteligência através
dos processos de assimilação, acomodação e equilibração. Assimilando o conhecimento já
existente, acomodando com novos conhecimentos através da equilibração, onde a criança associa os pensamentos à realidade na qual ela está inserida.
É importante pontuar que os documentos oficiais reconhecem a relevância e o direito
do brincar , assim como ressalta o Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 27) ao dizer que “A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para
interiorização de determinados modelos do adulto, no âmbito de grupos sociais diversos”.
Assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente a criança tem direto a brincar, a praticar esporte e se divertir (BRASIL, 1990).
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Embora seja um direito assegurado, nota-se que nos dias atuais poucas são as crianças
que brincam. Há uma preocupação exagerada dos pais em preencher todo o tempo dessas crianças com várias outras atividades extraclasses. Em contrapartida, outra parte da população
infantil, mais carente, o trabalho ocupa o lugar do brincar, limitando cada vez mais o tempo
dessas crianças, de brincar, fantasiar, criar e ser feliz. Esses momentos lúdicos são primordiais
para o desenvolvimento cognitivo das crianças. O fato é que, em menor escala a criança ainda
brinca, pois é algo inerente a ela, afinal é na brincadeira que ela se relaciona com o mundo e
constrói seu aprendizado.
O jogo, a brincadeira e os brinquedos são atividades lúdicas importantes para formação das crianças, durantes essas atividades as crianças estão desenvolvendo comportamentos
sadios para vida adulta, ampliando e conhecendo novas culturas por meio das interações e das
experiências que cada criança traz consigo e tudo isso faz de maneira feliz, criativa e espontânea.
Assim como a sociedade passa por mudanças ao longo dos tempos as atividades lúdicas (jogo, brincadeira e brinquedo) também se transformam, seja nos espaços físicos cada vez
mais escassos, na falta de segurança ou nos novos modelos de famílias, (onde os pais passam
mais tempo fora de casa, e as crianças passam um bom tempo do dia frente à televisão ou em
milhares de atividades extraclasses), são fatores que contribuem para diminuição das atividades lúdicas, por isso está cada vez mais frequente o surgimento de brinquedotecas como forma de resgatar a cultura lúdica e propiciar brincadeiras e jogos de forma espontânea, porque
se entende que as crianças ainda brincam, e brincar é essencialmente importante para seu desenvolvimento.
2 BRINQUEDOTECA: DEFINIÇÃO E TRAJETÓRIA
Segundo Cunha (1992, p. 36) “Brinquedoteca é o espaço preparado para estimular a
criança a brincar”, ou seja, um local projetado e organizado com vários tipos de brinquedos e
jogos, livros e músicas num espaço alegre e convidativo, onde a criança é ela mesma, podendo se expressar livremente, trocar experiências, estimular a criatividade, desenvolver sua habilidade e socializar-se com outras crianças por meio das atividades lúdicas, proposta nas
brinquedotecas.
As Brinquedotecas surgiram com objetivo inicial de emprestar brinquedos para crianças da comunidade em 1934 em Los Angeles nos Estados Unidos. Mas foi na Suécia que
houve uma expansão de empréstimos de brinquedos principalmente para crianças com necessidades especiais. Em 1976, em Londres, acontece o primeiro congresso sobre Brinquedotecas
e o segundo Congresso em 1987 em Toronto (TEIXEIRA, 2012).
Partindo dessa ideia, Cunha (1992) diz que no Brasil, foi criada a ludoteca como apoio
aos pais da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) para empréstimos de
brinquedos para crianças excepcionais. Em 1981 surge a primeira brinquedoteca com o objetivo de priorizar o brincar.
Em 1984 é criada a Associação Brasileira de Brinquedotecas – Abbri fundada pela pedagoga brasileira Nylse Helena da Silva Cunha, tem origem filantrópica de cunho educacional
e cultural. Essa associação vem lutando ao longo dos anos para divulgar a cultura do brincar
nas políticas públicas brasileiras, pela implantação de brinquedotecas por todo o país e na
formação dos brinquedista, assegurando o direito de brincar a todas as crianças (GIMENES,
2011).
Para que a brinquedoteca seja um espaço que estimule a criatividade e o brincar é importante que ela tenha espaço físico amplo, ventilado e seguro na qual as crianças possam
brincar a vontade, os brinquedos devem ser classificados e catalogados conforme idade, conter os diversos tipos de materiais escolar e profissionais com qualificação para atuar junto às
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crianças. A Brinquedoteca dever proporcionar condições de interações sociais, emocionais
garantindo trocas de experiências, ampliando seu conhecimento de mundo.
Os profissionais responsáveis por atuar nas brinquedotecas são os brinquedistas com
formação técnica ou curso superior em pedagogia; psicologia ou ambos, permitindo assim
uma compreensão com embasamento teórico e prático sobre os estágios do desenvolvimento
infantil. Esse profissional deveria atuar como mediador entre a criança, o brinquedo e o espaço, necessita ser um profissional ativo e criativo. Concordando com as ideias de Teixeira, Andrade (1992) diz:
É preciso que existam profissionais com boa formação pratica e teórica, com conhecimento de técnicas de animação lúdica, de jogos, brinquedos, brincadeiras e, sobretudo, com suficiente clareza do seu papel junto às crianças, no contexto de sua brinquedoteca. (p. 85).
Negrine (1997) define que um brinquedista deveria ter sua formação fundamentada em
três pilares:
 Formação teórica que deveria ser um aprofundamento teórico sobre o desenvolvimento infantil, os jogos e brincadeiras.
 Formação pedagógica onde o Brinquedista possa ser capaz de relacionar com
prática a todo aprendizado teórico.
 Formação pessoal: é uma vertente inovadora que permite ao profissional vivenciar as mais diversas brincadeiras e jogos, para que ele tenha uma compreensão do pensamento da criança em relação ao jogo e possa assim atender as
necessidades das crianças.
As Brinquedotecas surgem com o objetivo de proporcionar as mais variadas atividades
lúdicas para um desenvolvimento pleno e saudável das crianças. E vem se expandindo por
todo o país, como espaço convidativo ao brincar.
É interessante pensar que a brinquedoteca precisa ser um espaço organizado, limpo
com um maior número de brinquedos possíveis e confeccionado dos mais variados materiais,
precisa partir de um projeto que conste quais os objetivos, orçamentos, público alvo e o espaço a ser utilizado. Na brinquedoteca também é oportunizada a interação de pais com seus filhos fortalecendo os vínculos afetivos (KISHIMOTO, 1992). Na sequência aprofundaremos
os modelos, a definição e a funções de uma brinquedoteca.
2.1 MODELOS DE BRINQUEDOTECAS
Existem atualmente vários modelos de brinquedotecas todas com características próprias e especificidades, mas com objetivo em comum que é incentivar o brincar. Segundo
Gimenes (2011), encontrou-se os seguintes modelos de brinquedotecas: Brinquedoteca Comunitária são espaços públicos à comunidade local, onde se pode brincar no local e pegar
emprestado os brinquedos;
Brinquedoteca Universitária é um espaço destinado não somente ao brincar, mas também serve como laboratório de práticas pedagógicas, subsidiando pesquisas em várias áreas
do conhecimento;
Brinquedoteca Hospitalar situada em hospitais. Esse espaço auxilia no tratamento de
crianças hospitalizadas visando uma recuperação mais rápida e com melhor qualidade;
Brinquedotecas Geriátricas proporciona o maior número de atividades lúdico-culturais
para os idosos, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
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Brinquedotecas educacionais para reeducando é destinado em geral à crianças e adolescentes que encontram-se com restrição de liberdade, as atividades lúdicas realizado no espaço visam melhorar o comportamento desses jovens encarcerados (GIMENES, 2011).
Brinquedotecas Terapêuticas que se encontra em hospitais e clínicas para crianças com
problemas de ordem orgânica específicas, com as atividades lúdicas elas podem superar com
algumas limitações e assimilar conhecimento.
Além das brinquedotecas citadas, Cunha (1992) aponta para Brinquedoteca de testagem de brinquedo e a Brinquedoteca Itinerante, na primeira o objetivo principal testar a qualidade de brinquedos para o mercado de consumo. A brinquedoteca Itinerante ou Circulante
leva brinquedos e brincadeiras às regiões mais remotas do país, onde a população geralmente
é de baixa renda e não tem acesso a brinquedos.
Consta-se um crescente aumento de brinquedotecas em condomínios e lojas particulares com objetivo de proporcionar ocupação e distração às crianças enquanto pais se ocupam
de outros afazeres.
É visivelmente notável o interesse dos profissionais da área educacional nas brinquedotecas, por estarem se tornando um importante espaço de práticas pedagógicas, onde o educador pode atuar garantindo assim bom desenvolvimento, cognitivo, afetivo e psicomotor da
criança.
2.2 DEFINIÇÃO E FUNÇÃO DE UMA BRINQUEDOTECA PEDAGÓGICA
Dentro de um enfoque Pedagógico, o brincar tem uma função de transmitir conhecimento. De acordo com Teixeira (2012):
Pelas atividades lúdicas, as crianças desenvolvem suas habilidades cognitivas e motoras, explorando e refletem sobre a realidade e sobre os costumes da cultura na qual
vivem, incorporando a realidade ao mesmo tempo em que a ultrapassam, transformando-a pela imaginação. (p. 22).
Através da brincadeira a criança se reconhece como individuo no meio em que vive,
tem contato com experiências práticas, pode agir, pensar, raciocinar e interagir com outro,
fortalecendo seus laços sociais, e dessa maneira desenvolver habilidades e comportamentos
indispensáveis à vida adulta. É importante citar que, na brincadeira a criança entra em contado
com mundo de regras, aprendendo a se socializar com outras crianças, se descobrindo no
mundo e respeitando a individualidade de cada um (TEIXEIRA, 2012).
Como vimos anteriormente existem vários modelos de brinquedotecas, mas para alcançar os objetivos dessa pesquisa aprofundaremos nas Brinquedotecas Pedagógica termo que
será designado para modalidade de brinquedoteca que pode ser definido com espaço de brincar livre e espontâneo, como são citados por alguns autores, mas seu foco principal é no brincar dirigido, onde as atividades lúdicas exerçam uma aprendizagem interdisciplinar.
O brincar espontâneo seria aquele em que a criança tem a liberdade de brincar da maneira que se sentir mais à vontade, no brincar livre a criança tem liberdade brincar com quem
e com o que quiser. No brincar dirigido, o adulto é quem direciona as brincadeiras ou atividades lúdicas trazendo consigo uma proposta pedagógica que tem como objetivo enriquecer a
aprendizagem das crianças nas várias áreas do conhecimento (GIMENES, 2011).
Partindo dessa perspectiva é importante ressaltar que deve existir um equilíbrio entre o
brincar livre e o brincar dirigido, pois as duas são importantes para aprendizagem da criança
na primeira ela desenvolve a criatividade de modo espontâneo, e na segunda através da mediação do adulto ela pode aprender novos conhecimentos (MOYLES 2002, apud LIRA E RUBIO, 2014).
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Outro ponto relevante que deve ser levado em consideração, na brinquedoteca é a medição entre o adulto e a criança dentro do espaço da brinquedoteca. Como mencionado anteriormente o brinquedista é responsável por coordenar as atividades na brinquedoteca. Para que
tanto o brincar livre e o dirigido sejam realizados de modo satisfatório e atinja os objetivos
propostos é importante que o brinquedista tenha sua ação voltada para o brincar. Nesse sentido Kazue e Bomtempo (2010) dizem:
O brinquedista necessitara apresenta um conhecimento teórico, um preparo técnico e
condições emocionais adequadas, isto é, necessitará demonstrar noções adequadas
sobre o desenvolvimento da criança, compreensão sobre a subjetividade que dá suporte a individualidade, identificando motivações, empreender uma formação profissional condizente com as exigências de sua ocupação. (p. 420).
É importante, além de gostar de estar com as crianças o brinquedista precisa estar
consciente de todos os pressupostos teóricos e metodológicos, sobre o brincar e a cultura lúdica, para que ele faça a mediação nos momentos certos, levando sempre em consideração as
relações de aspectos sociais, emocionais e cognitivas da criança, para que essa mediação seja
de fato efetiva, contribuindo para uma aprendizagem bem sucedida.
O brinquedista na Brinquedoteca Pedagógica deve oferecer uma variedade de atividades com as quais as crianças possam ser motivadas a se desenvolver individualmente e em
grupo, sendo assim as atividades da brinquedoteca precisar ser bem planejadas e organizadas
e embasada em um currículo que contemple as várias áreas do conhecimento, levando em
consideração o contexto em que as crianças estão inseridas, a idade e o grau de interesse das
brincadeiras oferecidas.
Durante a brincadeira a criança concentra sua atenção, seu raciocínio lógico na atividade lúdica para solucionar problemas e obter resultados, essa relação de ação lúdica faz com
que a criança desenvolva habilidades que contribuem para sua aprendizagem (TEIXEIRA,
2012). Concordando com a autora, Bomtempo (1992) afirma: “Que o brincar exige concentração durante grande quantidade de tempo, desenvolve iniciativa, imaginação e interesse. É o
mais completo dos processos educativos, pois influência o intelecto, a parte emocional e o
corpo da criança” (p. 77).
Nesse sentido, a Brinquedoteca Pedagógica surge com espaço rico em aprendizado
tendo como objetivo transmiti-lo por meio de atividades lúdicas, atrativas e divertidas para as
crianças. Valorizar a brincadeira e a cultura lúdica se tornam indispensáveis à todos os profissionais que atuam na brinquedoteca, pois é ela a base para o trabalho nas brinquedotecas.
4 METODOLOGIA
Autores como Kauark, Manhães e Medeiros (2010), definem que “pesquisar, é, portanto buscar ou procurar respostas para alguma coisa”. (p. 24), ou seja, encontrar respostas
para questionamentos e indagações com a finalidade promover uma mudança na realidade
uma vez que a pesquisa tem uma dimensão social e humana, pois traz com o pesquisador seus
valores morais.
Para Ludke e André (1986) “realizar uma pesquisa é promover o confronto entre os
dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto teórico acumulado
a respeito dele” (p. 01). A pesquisa terá uma abordagem qualitativa com o objetivo de entender a percepção de pais e responsáveis sobre uma Brinquedoteca Pedagógica.
As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade
de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema,
analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos
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dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo
de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em
maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos
comportamentos ou atitudes dos indivíduos. (OLIVEIRA, 1997, p. 117).
Será uma abordagem qualitativa de caráter descritivo para uma análise da definição e
funções de uma Brinquedoteca Pedagógica. Segundo Oliveira (1997, p.128) “a abordagem
descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem entrar no mérito
do seu conteúdo”.
A metodologia é um dos pontos mais importantes da pesquisa, pois nela serão delineados os instrumentos a serem utilizados para chegar aos objetivos propostos nesse trabalho.
Sendo uma pesquisa qualitativa descritiva, onde há aprofundamento teórico através de materiais já descritos, utilizou-se ainda a pesquisa de campo que foi realizada em uma Brinquedoteca. Serão estes os eixos norteadores do trabalho de pesquisa em questão.
4.1 INSTRUMENTOS
A pesquisa foi realizada na Brinquedoteca de uma Instituição de Ensino Superior, situada na cidade de Taguatinga Sul, criada no ano de 2012. Ela funciona atendendo crianças de
4 a 10 anos nas segundas e quartas (à noite), terça e quintas (manhã e tarde) sexta (manhã e
tarde) atendendo os alunos do Jardim I e II de uma escola pública que fica nos arredores da
Instituição.
A brinquedoteca é um espaço conservado, arejado, claro e decorado, proporcionando
um ambiente agradável. Possui brinquedos de tabuleiro, construção, faz de conta e movimento. Conta com acervo de livros, filmes, materiais como papel tinta, lápis para realização das
atividades. A Brinquedoteca tem como objetivo proporcionar um espaço educativo e pedagógico aos estudantes do curso e incentivar a cultura do brincar.
As atividades da brinquedoteca são conduzidas pela Pedagoga com auxílio das estagiárias. As atividades da brinquedoteca são planejadas mensalmente. Elas contemplam conteúdos por meio de músicas, vídeos, danças, leituras de livros infantis, jogos de construção (lego,
blocos), jogos de faz de conta ou simbólicos (fantoches, fantasias) e jogos de regras (tabuleiro, outras).
Para alcançar os objetivos propostos inicialmente, essa pesquisa utilizou-se da análise
documental, pois é possível perceber na prática a função da brinquedoteca pedagógica através
do Projeto da Brinquedoteca e os Diários de Bordo trazendo assim, informações importantes
para construção da pesquisa, complementando outros instrumentos de pesquisa, contribuindo
com informações relevantes que podem não ser percebida a primeiro momento pelo pesquisador. Concordando com essa perspectiva Ludke e André (1986) dizem “a análise documental
pode constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja desvelando
aspectos novos de um tema ou problema.” (p. 38).
Os Diários de Bordo são registro feito pela pedagoga responsável pela realização das
atividades na brinquedoteca, nesses registros são colocados os pontos relevantes observados
durante o atendimento e serve como auto avaliação sobre a prática pedagógica empregada na
brinquedoteca. O Projeto da Brinquedoteca traz as intenções proposta esclarecendo a importância de ter uma brinquedoteca.
Utilizou-se também o questionário (Apêndice), que combina perguntas abertas e fechadas com objetivo de obter informação com relação ao perfil, permitindo ao mesmo tempo
ao informante mostrar sua visão sobre a Brinquedoteca Pedagógica (RICHARDSON, 1999).
Foram aplicados 18 questionários, todos enumerados de 1 a 18 e as respostas foram
dadas de forma aleatória pelos colaboradores administrativos, discentes e professores que têm
14
crianças que frequentam a brinquedoteca. Os questionários tiveram 4 perguntas fechadas a
fim de traçar um perfil dos respondentes e 3 perguntas abertas na qual os mesmos respondentes puderam expressar livremente suas opiniões e perspectivas sobre a Brinquedoteca Pedagógica.
Obteve-se o consentimento dos participantes dessa pesquisa através de apresentação
verbal e esclarecida dos objetivos propostos nesse estudo.
4.2 PERFIS DOS RESPONDENTES
Para a realização dessa pesquisa, contamos com a participação de pais e responsáveis
de crianças que frequentam a brinquedoteca, que contribuíram de forma generosa para a
construção dos dados. Dos respondentes, 07 (sete) exercem a função de docentes, 05 (cinco)
são discentes e 05 (cinco) trabalham no setor administrativo, sendo que 1 (um) trabalha e
estuda na Instituição (ver gráfico 1).
Gráfico – 1
Dos 18 questionários respondidos 09 (nove) disseram terem seus filhos estudando em
escolas públicas, 08 (oito) tem crianças estudando em escola particular e 01 (um) respondente
não informou em qual escola a criança estuda (ver gráfico 2).
Gráfico – 2
15
Apurou-se na pesquisa que 08 (oito) respondentes têm crianças que frequentam a
brinquedoteca com idade entre 4 a 6 anos, e 06 (seis) crianças estão entre 7 a 10 anos. Vale
ressaltar que foi observado na pesquisa que 4 (quatro) respondentes têm 02 (duas) crianças
que frequentam a brinquedoteca nas duas idades citadas acima (ver gráfico 3).
Gráfico – 3
A pesquisa mostrou que somente 06 (seis) crianças frequentam a brinquedoteca acima
de 1 ano, 03 (três) responderam que frequentam a brinquedoteca entre seis meses e 1 ano e 09
(nove) responderam que suas crianças frequentam a brinquedoteca a menos de 6 meses (Ver
gráfico 4).
Gráfico– 4
16
5 RESULTADOS
Os resultados de pesquisa têm como referência a Analise Documental e dados do
questionário.
5.1 ANÁLISE DOCUMENTAL
Na documentação encontrada na brinquedoteca foram coletados os seguintes
documentos: Projeto da Brinquedoteca e Diário de Bordo. O conjunto destes documentos
aponta para aquilo que é objeto do estudo, entender as funções de uma Brinquedoteca
Pedagógica. Outro aspecto importante da pesquisa é a contribuição que a brinquedoteca tem
para os processos de ensino e aprendizagem.
O Projeto foi elaborado pela professora coordenadora da Brinquedoteca. O projeto foi
produzido para nortear os trabalhos realizados na brinquedoteca, no que diz respeito à
proposta pedagógica, trazendo no seu referencial a importância do brincar nos processos de
ensino e aprendizagem, porque a brincadeira faz parte das crianças. A criança vive para
brincar, porque através do brincar, que é um processo natural para a criança, ela vai
descobrindo um novo mundo, assimilando novos conhecimentos e experiências criativas que
são aprendizagens importantes para crianças.
É importante apontar que dentre os objetivos específicos encontrados no Projeto da
Brinquedoteca temos “Estimular o desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas
e afetivas, individuais e coletivas a partir do ato de brincar” (UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE BRASILIA, 2012, p. 3). Concordando com essa perspectiva, Gimenes (2011) e Teixeira
(2012) ressaltam que através da brincadeira a criança eleva seu nível de aprendizado, amplia
suas relações sociais e aprimora suas habilidades e competências, a criança se reconhece no
mundo como sujeito participante, contribuindo assim para o pleno desenvolvimento, tornando-se um adulto mais feliz e criativo.
Com relação ao diário de bordo, são documentos produzidos semanalmente, onde a
pedagoga faz relatos dos atendimentos realizados na brinquedoteca. Nesses relatos são
mencionados os principais pontos do atendimento como: reação e participação das crianças
diante das atividades, a condução que a pedagoga faz durante as atividades, acontecimentos e
situações importantes. Através do diário e possível que a pedagoga faça uma auto avalição,
possibilitando a oportunidade de sempre estar melhorando seu trabalho frente à brinquedoteca.
A análise dos Diários de Bordo foi feita dos seguintes meses: Novembro e Outubro de
2012, Abril a Novembro de 2013 e Abril a setembro de 2014, quando foi evidenciada uma
rotina pré-estabelecida através dos planejamentos feitos mensalmente. Nessa rotina
estabeleceram-se as brincadeiras livres nos brinquedos expostos, em seguida as crianças
realizaram atividades lúdicas a partir de temas já definidos, e logo em seguida voltam a
brincar nos brinquedos expostos ou jogos de tabuleiro.
As atividades realizadas na brinquedoteca são criativas, isso pelo fato da pedagoga
sempre procurar utilizar de história, músicas, vídeos e brincadeiras para apresentar
determinado tema. Com essa forma de apresentação percebeu-se o encantamento das crianças,
motivando-as a prestar atenção no que é falado pela pedagoga. Essas atividades dirigidas, são
planejadas mensalmente baseadas nas datas comemorativas e nos seguintes documentos:
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e Currículo em Movimento da
Educação Básica – Educação Infantil.
A Análise Documental mostrou que as relações entre a pedagoga e as crianças são
estabelecidas, na confiança e no diálogo, procurando mediar os conflitos de forma justa e
17
coerente, fazendo a criança refletir sobre a situação ou conflito, levando a própria criança a
resolver a situação.
A pedagoga utiliza uma linguagem simples e compreensível com as crianças. As
crianças são sempre convidadas a participarem das atividades. Não há uma obrigatoriedade,
porque as crianças têm liberdade para decidir participar ou não das atividades. Nesse sentido,
Kazue (2010) reflete o quanto é importante que o brinquedista conheça o contexto social das
crianças, precisando vivenciar e conhecer a cultura lúdica, porque somente dessa maneira ele
é capaz de exercer seu papel de mediador, favorecendo uma aprendizagem de qualidade.
Mesmo trabalhando com as atividades dirigidas que visam um aprendizado específico, as
crianças se mostram bastante participativas e interessadas.
Com a análise do Projeto da Brinquedoteca e dos Diários de Bordos foi possível
contextualizar as ações pedagógicas realizadas na brinquedoteca, obtendo uma visão mais
clara de como é a dinâmica nesse espaço e como ela de fato contribui para a aprendizagem
das crianças.
5.2 QUESTIÓNARIOS
Essa pesquisa de caráter descritivo tem como um de seus objetivos compreender a visão de pais e responsáveis de crianças que frequentam uma Brinquedoteca Pedagógica. Para
isso foi elaborado um questionário com questões abertas, para que assim eles pudessem expressar livremente suas opiniões.(Apêndice)
As questões de 1 a 4 foram desenvolvidas para explicitar o perfil dos respondentes. Na
questão de número 5 os respondentes deveriam escrever as quatro primeiras palavras que viessem à mente em relação ao termo “Brinquedoteca”. Por se tratar de uma questão que esboça
a representação social de um grupo, foi utilizado o software EVOC (Ensemble de programmes permettant I’ analyse des evocations), criado pelo suíço Pierre Vergés, que classifica as
evocações conforme a frequência com que ocorrem e a ordem de aparecimento das palavras
de acordo com Paixão (2008). Sendo assim a frequência (F) significa a quantidade de vezes
que a palavra apareceu. A Ordem Media de Evocação (OME) significa a posição que a palavra foi evocada.
Com o auxílio do software foi possível verificar os elementos que estruturam as representações sociais de pais e responsáveis de crianças que frequenta a Brinquedoteca. As Representações sociais são manifestações de palavras, pensamentos e opiniões sobre determinados
objetos, acontecimentos ou fenômenos sociais de um determinado grupo social (PAIXÃO,
2008).
Segundo Ribeiro (2000) apud Paixão (2008), a partir da análise das evocações o
EVOC gera 4 quadrantes,( tabela) organizado em dois eixos (vertical diz respeito da frequência e horizontal diz respeito à ordem de evocações). No primeiro quadrante, chamado de núcleo central está às palavras que são primeiramente evocadas e com frequência expressiva em
comparação às palavras relacionadas ao termo brinquedoteca. O segundo e terceiro quadrante
apresenta as palavras menos destacadas, mas que aparecem com frequência, dessa maneira
pode fazer parte do núcleo. No quarto quadrante representa as palavras menos evocadas. Essas palavras estão relacionadas a características mais pessoais do sujeito.
18
Tabela : Estrutura de Representação Social da palavra brinquedoteca para os Pais e Responsáveis de alunos que
frequentam a Brinquedoteca.
Frequência
≤3e<5
Frequência
≥5
f
OM < 2,5
f
Brincadeiras
Diversão
Interação
Socialização
6
9
6
5
2,333
1,556
2,167
2,200
Aprendizagem
Educação
Lúdico
4
4
4
Brinquedos
3
2,000
Amizade
Convivência
Cuidado
Segurança
2
2
2
2
OM < 2,5
2,500
2,750
2,500
2,500
3,500
3,000
4,000
F= frequência; OM= Ordem Média de evocação.
Como mostra a tabela acima, a análise do termo Brinquedoteca realizada no Evoc, revela que no quadro superior esquerdo, chamado de núcleo central, é possível visualizar as
palavras que tiveram uma frequência maior ou igual a cinco. A palavra Diversão teve a maior
frequência seguida pela Brincadeira e Interação. Ainda compondo o núcleo central aparece a
palavra Socialização.
Sendo a palavra evocada com maior frequência Diversão, isso mostra que os pais e
responsáveis tem plena consciência que a brinquedoteca é um espaço de divertimento e alegria. A palavra diversão pode ser ligada diretamente ao prazer que segundo Lauand (2000), é
uma atividade humana, onde acontece a expansão da capacidade de aprender. Quando há uma
estimulação dessa capacidade, as crianças na brinquedoteca sentem-se mais motivadas a executar as atividades propostas, assim mais alegres e felizes aprendem mais.
Compreende-se que no espaço da brinquedoteca um dos objetivos principais é proporcionar Brincadeiras livres ou dirigidas, porque através delas as crianças se desenvolvem plenamente nos campos cognitivo, motor, social e afetivo. A brincadeira é um fenômeno culturalmente tão antigo quanto o lúdico, porque está presente na vida das crianças, mesmo antes
delas se perceberem como indivíduos. Nas brincadeiras realizadas na brinquedoteca, as crianças se expressam e criam situações imaginárias, principalmente na primeira infância essas
situações imaginárias contribuem para assimilação do mundo real, posteriormente.
A palavra interação foi uma das mais evocadas, com isso entende-se que os pais e responsáveis tem noção da contribuição que o espaço da brinquedoteca tem no processo de interação das crianças. A Interação no espaço da brinquedoteca se faz tão presente quanto no
ambiente escolar, pois é nele onde a criança convive com outras crianças e adultos, há sem
sombras dúvidas uma troca rica de experiências. Retomando mais uma vez a Vygotsky (1998)
que aponta a Zona de Desenvolvimento Proximal onde a criança ou adulto que sabe mais interage com outras crianças que menos sabem, porque é na troca de experiência que se gera
aprendizado.
19
Ao evocarem o termo socialização os pais e responsáveis reconhecem que a brinquedoteca vai além de um espaço somente de brincadeiras, mas é um espaço de convivências
com outro contribuindo para a socialização. Bomtempo (1992) acredita que na brinquedoteca
as crianças desenvolvem a responsabilidade coletiva, onde todos compartilham e cuidam dos
brinquedos e do espaço. Corroborando com essa ideia, Friedmann (1992) acrescenta que na
brinquedoteca, como um espaço de propriedade coletiva, as crianças desenvolvem a cooperação, responsabilidade e aprendem a lidar com as situações de conflitos, desenvolvendo um
exercício diário de socialização e preparando a criança para vida adulta na sociedade.
No quadro superior direito e o inferior esquerdo estão as representações intermediárias, que são importantes por aparecer com mais frequência. As palavras aprendizagem, educação, lúdico aparecem 4 vezes e a palavra brinquedos aparece 3, mostrando-se importante
para o espaço da brinquedoteca. O lúdico está atrelado ao prazer. Esse prazer que a criança
encontra nos jogos, brincadeiras e brinquedos, acredita-se que através deles as crianças
descobrem um novo mundo passando por novas experiências, compartilhando novos saberes,
construindo também a aprendizagem significativa. Sendo assim a criança que está inserida em
um ambiente de aprendizagem lúdica, é mais feliz e aprende mais (OLIVEIRA, 2013). Então
a brinquedoteca é um espaço de aprendizagem, onde há troca de experiências e construção do
conhecimento. A educação está inserida dentro deste espaço como mais um espaço educativo.
Ao evocarem a palavra brinquedos os pais e responsáveis compreendem que são objetos indispensáveis e com uma relação direta com o espaço da brinquedoteca. Na brinquedoteca as crianças têm acessos a vários tipos de brinquedos artesanais, industriais e de produtos
recicláveis, dando a oportunidade das crianças explorarem diversos tipos de materiais. Kishimoto (2007) lembra que o brinquedo é o objeto concreto da brincadeira e exerce a função de
transformação da realidade, interagindo e construindo o mundo real da criança.
No quadrante inferior direito estão as palavras com evocação tardia e baixa frequência,
elas são importantes, porque expressam uma visão mais individual de cada sujeito referente
ao termo brinquedoteca. As palavras amizade, convivência, cuidado e segurança.
As palavras Amizade e convivência trazem as ideias das relações sócio afetivas, uma
vez que a amizade é um sentimento de afeição entre as pessoas, aparecendo a partir da convivência diária de todos. Os pais e responsáveis entendem que os laços afetivos formados na
Brinquedoteca contribuem, de forma significativa, para a formação humana das crianças, porque na convivência diária elas aprendem a se conhecer e respeitar, tornando-se adultos mais
tolerantes.
As palavras cuidados e segurança apontam que os pais e responsáveis se mostram a
vontade para deixar suas crianças com segurança aos cuidados da equipe da brinquedoteca.
Nesse ponto a equipe que trabalha na brinquedoteca deve sempre estar atenta às condições de
manutenção do espaço, garantindo limpeza e organização. É interessante que a equipe sempre
substitua brinquedos estragados para evitar acidente, procurar ter à disposição brinquedos
sempre na faixa etária correspondente, e garantir que todas as atividades desenvolvidas na
brinquedoteca tenham a supervisão permanente de um adulto (TEIXEIRA, 2012).
Ressaltamos ainda que as palavras autonomia, desenvoltura, conhecimento, movimentação, ampliação da experiência compartilhamento, vivenciar a infância, desenvolvimento cognitivo, criança, momento lúdico para criança, companheirismo e animação foram
evocadas um vez e não foram consideradas de acordo com frequência mínima de três vezes.
Para uma melhor análise da resposta da questão de número 6, onde se perguntou a
opinião do que seria uma Brinquedoteca Pedagógica foram atribuídas as seguintes legendas:
professores serão indicados com a letra P, os colaboradores administrativos com a letra C e os
discentes com a letra D.
20
Na questão de número 6, dos 18 respondentes, 10 deles relataram que uma
Brinquedoteca Pedagógica seria um espaço de aprendizagem por meio do lúdico, ou seja, os
pais e responsáveis compreendem que quando colocamos o termo pedagógico a brinquedoteca
passa a ser um espaço não somente de diversão, mas de aprendizado pelo lúdico, ou seja, por
meios de jogos e brincadeiras. Confirmando esse ponto de vista Gimenes (2011) coloca que a
brinquedoteca tem como objetivos pedagógicos desenvolver atividades lúdicas, com intuído
de ensinar determinados conteúdos. É importante pontuar que o lúdico é presença
indispensável nesse espaço, pois como afirma Oliveira (2013) “a ludicidade proporciona
prazer, o prazer induz a alegria e a motivação, esses elementos em conjunto alcançam uma
aprendizagem significativa” (p. 133). Uma parte menor do grupo de respondentes expôs
sugestões que contribuíram de forma significativa para construção do trabalho.
O colaborador administrativo (C10) Sugere que os materiais devem estar presentes em
um espaço organizado. Para que haja uma estimulação do aprendizado, sem dúvida o espaço
da Brinquedoteca Pedagógica é interessante que tenha um ambiente lúdico, com decoração
animada e criativa, com vários tipos de brinquedo, e diversos materiais que leve a criança a
explorar, conhecer e reinventar (CUNHA,1992). É preciso levar em consideração como a
brinquedoteca pedagógica deve ser bem estruturada, com espaços adequados e atrativos.
O respondente (D15) diz que brinquedos têm como objetivos trabalhar o cognitivo da
criança, a socialização entre colegas e desenvolvimento de coordenação. Concordando com
essa fala Kishimoto (2007) afirma que o brinquedo com fins pedagógicos tem por finalidade
desenvolver habilidades cognitivas, motoras, e sociais por meio de processos mentais que
levam a noções espontâneas e processos interativos.
Os respondentes (D11), (C4) e (C12) respectivamente dizem que a brinquedoteca
pedagógica é um local para Atividades dirigidas, Lugar de estudos e recreação e Lugar de
atividades fora de sala de aula. Interação. Trazem consigo uma proposta educativa, com
intenção de se ensinar algo de uma maneira lúdica, divertida. Isso faz com que a criança
vivencie experiências significativas, favorecendo o processo de ensino e aprendizagem e
interação com seus pares.
O respondente (P16) diz que a Brinquedoteca Pedagógica é um local de
desenvolvimento de habilidades de compartilhamento sócio emocional. A afetividade está
relacionada diretamente com aprendizagem da criança, quando motivada e alegre ela se sente
segura de si e mais confiante, contribuindo não somente para o aprendizado dito “cientifico”,
mas aprendizagens para vida adulta, onde pode se tornar um adulto com habilidades de
expressar criativamente e criticamente na sociedade, respeitando o espaço do outro.
Na fala do participante (P20) a Brinquedoteca Pedagógica seria um espaço em que,
além de lazer a criança tenha um acompanhamento pedagógico por meio de atividades
especificas. Vale a pena ressaltar que mesmo com atividades especificas a brinquedoteca tem
como função primeira proporcionar atividades lúdicas com objetivo de propiciar o
desenvolvimento, não somente cognitivo, mas no campo psicomotor e social das crianças,
com autonomia de realizar ou não as atividades propostas. Quando se fala de
acompanhamento pedagógico, diz-se que são ações especificas e direcionadas às crianças que
apresentam alguma dificuldade em entender determinados conteúdos, proposta inversa da
brinquedoteca.
Um dos discentes (D21) deu a seguinte resposta: É a forma de demonstrar o
conhecimento seguido da educação com muita diversão e convivendo com outras crianças
podendo dividir as aprendizagens. Compreende-se, assim, que o brincar também tem uma
finalidade de aprendizado significativo, onde a criança pode aprender brincando questões
como valores, respeito ao próximo. Socializar, compartilhar e cooperar são ensinamentos e
aprendizagens importantes para a vida adulta, enquanto crianças, por meio de brincadeiras e
atividades lúdicas da Brinquedoteca Pedagógica apreendem brincando.
21
Na questão de número 7, quando perguntado se as atividades realizadas na
brinquedoteca contribuíam para o aprendizado da criança, todos responderam que sim,
quando perguntados do por quê? Várias respostas foram dadas. Para auxiliar na análise das
respostas dadas, foram criadas categorias de palavras chaves mencionadas nas respostas
coletadas.
A primeira categoria seria o lúdico, que mais uma vez citado mostra sua importância e
seu valor para aprendizagem. O lúdico é representado pelos jogos, brincadeiras e brinquedos,
quando estão na esfera educacional tem caráter pedagógico ou educativo. Ou seja, são
atividades lúdicas que tem uma intencionalidade de ensinar algo. Essas atividades lúdicas que
precisam ser bem elaboradas para que leve a criança ao desafio, mas o mesmo tempo seja
divertido, despertando a criatividade e o prazer de estar envolvido (TEIXEIRA, 2012). Dessa
maneira a atividade lúdica cria a possibilidade das crianças construírem o seu conhecimento.
A segunda categoria é a interação, que é um fator determinante para os processos de
ensino e aprendizagem. Na brinquedoteca, as interações relevantes seriam a interação entre
criança e educador, criança e brinquedos, criança e brincadeira e criança com criança. Para
Vygotsky (1998) construímos nossa história e saberes na relação com outro, ou seja, nas
interações com outras crianças, o adulto e o espaço da brinquedoteca.
Para cada interação citada acima, o educador deve estar atento, pois cada uma delas
exige uma especificidade diferente de mediação para não comprometer o trabalho. O
educador deve saber os momentos certos de se fazer presente. Por isso, mais uma vez é
possível reafirma a importância de o educador ter uma formação teórica e prática do
desenvolvimento da criança, com uma vivência lúdica profunda por parte do educador.
Segundo Negrine (1997) “o brinquedista é aquele que deve estar preparado, não apenas atuar
com animador, mas também como observador e investigador” (p. 87).
A terceira categoria criada é a brincadeira que pode servir como instrumento
pedagógico, e através de atividades direcionadas auxilia no desenvolvimento do raciocínio
lógico e nas interações sociais. A brincadeira se mostra como uma importante ferramenta para
o desenvolvimento da aprendizagem, contribuindo ainda para o desenvolvimento motor,
social e afetivo das crianças.
CONSIDERÇÕES FINAIS
A Brinquedoteca é um espaço mágico, onde todas as crianças apreciam estar. Nesse
espaço a criança pode ser ela mesma ou imaginar ser outra pessoa, ela faz novas amizades,
troca experiências. Tudo isso é aprendizado que promove um desenvolvimento infantil
saudável, proporcionando a essas crianças a oportunidade de se tornarem adultos conscientes,
críticos e mais humanizados.
Com base no que foi estudado, fica evidente que os pais e responsáveis das crianças
que frequentam o espaço da Brinquedoteca entendem que a Brinquedoteca Pedagógica é um
espaço que vai além de brincadeiras e diversão pura e simplesmente. Eles compreendem que
por meio do lúdico as crianças realmente aprendem e adquirem conhecimentos de maneira
mais divertida e alegre. O lúdico citado tantas vezes ao longo desse trabalho foi percebido
como peça chave dentro da Brinquedoteca Pedagógica, pois ele é natural ao ser humano, faz
parte desde o nascimento à velhice. Quando entramos em contato com lúdico, temos prazer no
que fazemos, nos sentimos mais a vontade com que somos, aumentando nossa autoestima e
confiança, assim nos sentimos mais felizes, satisfeitos e aprendemos melhor e com maior
facilidade.
Verifica-se que através de pesquisa bibliográfica e Análise Documental, que as
Brinquedotecas Pedagógicas podem assim ser definidas como um espaço de brincar livre, mas
22
seu objetivo principal são as brincadeiras dirigidas de cunho educativo, que promovem uma
aprendizagem significativa.
Constata-se que na Brinquedoteca Pedagógica é importante que haja um adulto com
formação mínima em pedagogia, com profundo conhecimento teórico e prático sobre o lúdico
e a crianças, para que de fato possam trabalhar com eficiência. O educador que trabalha na
Brinquedoteca Pedagógica tem que ter consciência do seu papel como mediador, facilitando e
intervindo sempre que necessário nas atividades. Com a mediação o educador consegue
manter vínculos de confiança com as crianças, oportunizando que elas possam descobrir e
construir novos conhecimentos.
Conforme os resultados obtidos no Evoc as palavras amizade, convivência, cuidados e
segurança, cabem uma futura investigação a fim de entender por que essas palavras tiveram
uma frequência baixa, levando em consideração que dentro da brinquedoteca amizade e
convivência fazem parte da socialização processos importantes para o desenvolvimento social
das crianças e cuidado e segurança são essenciais para o funcionamento da Brinquedoteca.
É possível pensar em aprendizagem que não seja todo o tempo mecânico, mas para
isso o educador precisa estar consciente da importância do lúdico e saber utilizá-lo como
ferramenta pedagógica, assim pode gerenciar aprendizagens alegres e prazerosas. Mas o
primeiro passo depende do educador, porque a criança brinca naturalmente, sendo feliz no seu
mundo da fantasia e da imaginação.
O educador deve procurar dentro de si a sua criança interior. As atividades lúdicas
(jogos, brinquedos e brincadeiras) são essenciais para os processos de ensino e aprendizagens
das crianças. Nessa perspectiva a Brinquedoteca Pedagógica se torna uma importante aliada,
porque por meio desse espaço é possível conhecer, socializar e se divertir ao mesmo tempo,
essas condições garantem aprendizagens significativas.
Considera-se que assim como as Escolas, as Brinquedotecas também são espaços
importantes necessários à aprendizagem. Nota-se uma expansão desses espaços
principalmente em comércio e condomínio, onde o brincar livre sem orientação está presente.
É preciso que pais e sociedade no geral incentivem a criação de mais Brinquedotecas
Pedagógicas para que assim se garanta a cultura lúdica aliada à aprendizagem.
23
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25
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Brincar, Aprender e Criar. UFPB. 2003- 2006. Disponível em
<http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/extensao/documentos/anais/2. CULTURA/2CENEDESPPEX01. pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente : o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins. Fontes, 1998.
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APÊNDICE - Questionário para os pais e responsáveis
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Caro/a Responsável:
Estou realizando uma breve pesquisa sobre A Percepção dos Pais e Responsáveis de
uma Brinquedoteca Pedagógica para a disciplina TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.
Gostaria de poder contar com sua colaboração no nosso processo formativo, respondendo a
este questionário.
Agradeço sua contribuição!
Maria Patrícia dos Santos
Estudante de Pedagogia da UCB
Questionário para os pais e responsáveis
1 – Qual o cargo que você exerce na Instituição?
( ) Administrativo
( ) Docente
( ) Discente
2 – A criança estuda em escola:
( ) Escola Pública
( ) Escola Particular
3 – Idade da criança?
( )4a6
( ) 7 a 10
4 - A quanto tempo a criança frequenta a Brinquedoteca?
( ) acima de ano
( ) seis meses a um ano
( ) menos de seis meses
5– Ao pensar no termo “Brinquedoteca” cite quatro palavras que vem à sua mente.
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6 – Em sua opinião o que seria uma Brinquedoteca Pedagógica?
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7– Na sua concepção as atividades realizadas na Brinquedoteca contribuem para o aprendizado da criança? Por quê?
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