67
REVISÃO
PARA QUE SERVE A CAFEÍNA EM PLANTAS?
1
Paulo Mazzafera 2,3 , Dirce Mithico Yamaoka-Yano 2,4 e Angela Pierre
Vitória 2,4
Departamento de Fisiologia Vegetal, Instituto de Biologia, Universidade
Estadual de Campinas, CP 6109, Campinas, SP, 13081-970, Brasil.
RESUMO- Cafeína é encontrada em mais de
sessenta espécies vegetais e, assim como para
muitos alcalóides, seu papel fisiológico ainda é
desconhecido. Os poucos dados sobre o assunto
foram obtidos com chá (Camellia sinensis) e café
(Coffea spp.) e, em sua maioria,indicaram cafeína
como um agente alelopático e anti-herbivoria. Por
confrontação
com
outros
trabalhos
não
relacionados especificamente com o papel fisiológico
de cafeína, esses dados são discutidos e contestados.
Também se discute cafeína como uma molécula
armazenadora de nitrogênio e seu possível
envolvimento com a resistência de doenças. Em
adição, são apresentados dados indicando o não
relacionamento de cafeína com a metilação do DNA
em folhas de espécies de café com diferentes teores
do alcalóide.
Termos adicionais para indexação: alelopatia,
Camellia sinensis, Coffea, metilação de DNA,
resistência a doenças, resistência a insetos.
DOES CAFFEINE PLAY ANY ROLE IN
PLANTS ?
ABSTRACT- Caffeine is found in more than sixty plant
species and as for many other alkaloids its
physiological role is unknown. Scanty data from
the literature on the subject refer to tea (Camellia
sinensis) and coffee (Coffea spp), and in most cases
suggest caffeine as being either an allelopathic
agent or an anti-herbivory compound. Through
comparing such data with other information not
specifically related to the physiological role of caffeine,
we dismiss the role of caffeine as an allelopathic or
1
Recebido em 08/09/1995 e aceito em 26/01/1996.
2
Bolsistas do CNPq (P.M., pesquisa; D.M.Y.Y, pós
doutorado) e CAPES (A.P.V., doutorado).
3
Prof. Livre Docente, autor para correspondência, fax 0192 393124, e-mail [email protected]
4
D.M.Y.Y. - Bióloga, Pós doutorando; A.PV. - Bióloga,
doutorando.
anti-herbivory compound. The role of caffeine as a
nitrogen-storage compound and its involvement in
resistance against diseases is also discussed. In
addition, new data are presented showing the lack of
a relationship between caffeine and DNA
methylation in young coffee leaves.
Additional index terms: allelopathy, Camellia
sinensis, Coffea, DNA methylation, disease
resistance, insect resistance.
INTRODUÇÃO
Várias revisões mostram a dificuldade em se
estabelecer o papel dos alcalóides em plantas
(Robinson, 1968,1974; Waller & Nowacki, 1978).
Entre as várias propostas apresentadas, duas têm
merecido maior atenção: que alcalóides têm efeito
alelopático e que atuam como agentes protetores
contra a predação por herbívoros. Apesar dos
muitos trabalhos mostrando algum efeito alelopático
ou anti-herbivoria de um dado alcalóide, tais funções
não podem ser ainda aplicadas para toda a classe.
Além disso, alguns trabalhos mostram que um
determinado alcalóide pode ter uma dessas funções
em determinadas situações, mas não em outras
(Waller & Nowacki, 1978). Dessa forma, cada caso
deve ser analisado separadamente.
Outra função apontada é a de que alcalóides
poderiam atuar como moléculas armazenadoras de
nitrogênio (Waller & Nowacki, 1978), tal como
asparagina, glutamina e os ureídeos, ácido
alantóico e alantoína.
Cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é um alcalóide
presente em um número não muito grande de
espécies, totalizando um pouco mais de sessenta
(Suzuki & Waller, 1988). Plantas contendo cafeína
têm distribuição ampla no globo terrestre, podendo
ser encontradas desde regiões de clima frio ( Erodium
Escandinávia;
chá-mate
Ilex
cícutarum,
paraguariensis, Argentina) até tropical (cacaueiro -
R. Bras. Fisiol. Veg., 8(1):67-74, 1996
68
Theobroma cacao, Amazônia; guaraná - Paullinia
cupana, Amazônia; café - Coffea spp, África).
tecidos analisados tivessem sido expostos ao ataque
de algum inseto.
Dos poucos trabalhos em que algum papel
fisiológico foi atribuído à cafeína, a maioria foi feita
com chá e café. Nesse artigo, estas informações
serão discutidas com principal atenção ao cafeeiro, e
dados de diferentes trabalhos serão confrontados
para dar suporte a algumas conclusões. Dados
inéditos também serão apresentados.
Apesar de já ter sido comunicado na literatura, o
ataque de cafeeiros por formigas cortadeiras do
gênero Atta não é de ocorrência frequente
(Oliveira Filho, 1934). Porém, Mazzafera (1991)
observou que em certos cafeeiros frequentemente
atacados por saúvas, entre vários compostos
analisados
nas
folhas que
poderiam ter
características repelentes ou atrativas, somente o
baixo teor de cafeína diferenciava essas plantas de
outras não atacadas.
Cafeina como um inseticida natural
Poucos trabalhos investigaram cafeína como
composto protetor contra o ataque de insetos.
Em Callosobruchus chínensis, uma broca de
grãos, cafeína causou l00% de esterilidade quando
adicionada à dieta artificial, na concentração de 1,5%
(Rizvi et al., 1980b).
Nathanson (1984) usou plantas de tomate para
estudar o efeito pesticida de cafeína contra a
lagarta Manduca sexta. Folhas de tomateiros
aspergidas com soluções de cafeína foram
usadas para alimentar larvas de Manduca sexta. À
concentração de 0,3%, houve 60% de redução da
área foliar comida; à 1%, mais de 80% de redução
ocorria. Adição de pó de café ou cafeína pura à dieta
artificial levaram à diminuição do crescimento das
lagartas.
Analisando gemas apicais e folhas emergentes de
café (Coffea arabica), Frischknecht et al. (1986)
detectaram que cafeína representava até 4% da
massa seca. Com o crescimento ocorria
decréscimo no nível do alcalóide. Estimou-se que
nesses tecidos, em termos de alocação de
carbono, a cafeína representava 15% do carbono
usado na respiração. Os autores argumentaram
que, nesse estádio de desenvolvimento, o tecido
foliar é bastante tenro, não oferecendo nenhum tipo de
resistência mecânica ao ataque de insetos e, em
contrapartida, cafeína atuaria como uma defesa
química, justificando o gasto metabólico. No
entanto, um forte argumento contra a interpretação
dada por aqueles autores é que tecidos jovens
têm grande atividade metabólica de síntese, ou seja,
alta taxa de transcrição, apresentando um "pool"
maior de nucleotídeos e com alta taxa de reciclagem.
Uma vez que cafeína é sintetizada a partir de
adenina e guanina, constituintes desse "pool",
seria esperado que tecidos jovens de café tivessem
alto conteúdo desse alcalóide (Suzuki & Waller,
1984b). De fato, os maiores teores de cafeína são
encontrados em tecidos jovens (Herndlhofer, 1933;
Raju & Gopal, 1979; Suzuki & Waller, 1984b).
Assim, a hipótese apresentada por Frischknecht et
al. (1986) somente poderia ser validada se os
Apesar disso, o autor avalia com cautela os
resultados, pois ataques de saúvas a cafeeiros com
alto teor de cafeína nas folhas já haviam sido
constatados (P. Mazzafera, dados não publicados).
Em nenhum dos quatro trabalhos citados avaliou-se
o efeito da cafeína, considerando-se o cafeeiro e uma
praga específica dessa planta. Levando-se em
conta que existe variabilidade dentro do gênero
Coffea para o teor de cafeína, se ela repele
insetos, deveria haver, então, variação do ataque por
uma determinada praga.
Assim, pode-se considerar que os dados
citados não são fortes indicadores de que a
cafeína atue como repelente ou que tenha
característica de inseticida natural, como sugerido por
Nathanson (1984).
TABELA 1- Conteúdo de cafeína em folhas de
espécies de café apresentando diferentes níveis de
resistência ao bicho mineiro.
Espécies de café
Cafeína (%)
Resistência
C. stenophylla
0.03
muito resistente
C. brevipes
ND
muito resistente
C. liberica
0.02
muito resistente
C. salvatrix
0.O1
muito resistente
C. racemosa
0.03
resistente
C. kapakata
ND
resistente
C. dewevrei
0.02
resistente
C. eugenioides
ND
resistente
C. congensis
0.32
suscetível
C. canephora
0.45
suscetível
C. arabica
0.98
muito suscetível
ND = não detectada
Duas são as principais pragas atacando o cafeeiro
no Brasil. Hypothenemus hampei , conhecida como
a broca do café, ataca os frutos do café,
comendo a semente; Perileucoptera coffeela,
R. Bras. Fisiol. Veg., 8(1):67-74, 1996
69
conhecido como bicho mineiro, é um minador de
folhas, comendo o mesófilo foliar.
Com base nos dados de Guerreiro Filho et al.
(1991), que avaliaram a resistência de espécies de
café ao bicho mineiro, com os de Mazzafera e
Magalhães (1991), que determinaram o conteúdo de
cafeína em folhas das mesmas plantas dessas
espécies,
pode-se
construir
a
tabela
1.
Aparentemente, a primeira conclusão que se tem é
de que cafeína não determinaria a resistência, uma
vez que a relação entre elas é inversa.
TABELA 2- Teor de cafeína nas sementes de
espécies de café com diferentes níveis de resistência
à broca do café.
Espécies de
café
Cafeína (%)
Resistência
Referências
em Montalvo
& Botero
(1987)
C. canephora
1.710
24
C. liberica
0. 021
C. canephora
menos
atacada que C.
liberica
C. excelsa
1.205
C. liberica
0.021
272
C. abeokutae
1.322
C . excelsa, C.
liberica, C.
abeokutae
menos
atacadas que
C. canephora
C. canephora
1.710
C. canephora
1.710
126
C. liberica
0.021
C. canephora
menos
atacada que C.
liberica
No entanto, alguma evidência do efeito de
cafeína na infestação do cafeeiro pelo bicho mineiro
foi obtida por Guerreiro Filho (1994), que avaliou o
teor de cafeína em folhas de cafeeiros resistentes e
suscetíveis de uma população de híbridos entre C.
arabica (suscetível) e C. racemosa (resistente). Uma
das folhas de cada par de folhas foi exposta à
infestação, sendo a outra protegida contra a
oviposição pelos insetos adultos. Nas plantas
resistentes a concentração do alcalóide foi
superior nas folhas infestadas. 0 autor concluiu que
cafeína poderia estar envolvida de alguma forma na
resistência do cafeeiro ao bicho mineiro.
A outra praga de importância econômica atacando
o cafeeiro é a broca dos grãos. Os dados sobre o
conteúdo de cafeína em sementes de várias espécies
de café obtidos por Mazzafera e Magalhães (1991) e
de outros autores (ver referências em Montalvo &
Botero, 1987) que estudaram o ataque da broca
do café em espécies de café originaram a tabela
2. Em nenhum caso examinado foi detectada
imunidade ao ataque da broca, e em todos eles a
resistência de uma dada espécie era relativa às outras
espécies estudadas. Também aqui não se chega a
alguma conclusão sobre a relação entre cafeína e
resistência do cafeeiro ao ataque da broca.
Cafeína como reserva de nitrogênio
A cafeína possui 4 átomos de N, quase 29% da
molécula, e uma relação C/N = 2. Com isto, ela
poderia ter a função de armazenar nitrogênio, a
exemplo do que ocorre com glutamina e asparagina
(C/N = 2), e os ureídeos alantoína e ácido
alantóico (C/N = 1) em leguminosas tropicais,
compostos orgânicos contendo nitrogênio que são
predominantemente translocados na planta.
Weevers (1930) observou que folhas velhas do
cafeeiro apresentavam teor reduzido de cafeína,
sugerindo que, ao ser degradada, o nitrogênio da
molécula poderia ser reaproveitado. Esta hipótese
recebeu maior crédito quando Hamidi & Wanner
(1964) não detectaram cafeína em folhas velhas de
café, contradizendo, porém, os dados de Herhdlhofer
(1933), que detectou o alcalóide em todas as partes
do cafeeiro. As diferenças entre os dados desses
autores provavelmente seriam metodológicas, pois
com métodos de análise mais modernos
(cromatografia líquida de alta eficiência), pode-se
confirmar a presença de cafeína em folhas com mais
de um ano de idade (P. Mazzafera, dados não
publicados).
Em chá foi observado que durante o ano o teor de
cafeína variava em função do nível de nitrogênio na
planta, refletindo a dependência de sua síntese em
função desse elemento (Cloughley,1982; Suzuki &
waller, 1986). Tais variações eram acompanhadas
pelas atividades das enzimas envolvidas na sua via de
síntese (Fujimori et al., 1991). Em café, a relação
cafeína-nitrogênio
também
foi
observada
(Beaudin-Dufour & Müller, 1971).
Atuando como molécula armazenadora de N, a
cafeína poderia ser degradada localmente ou
translocada para outras partes da planta, liberando
posteriormente
o
nitrogênio
contido
nela.
Experimentos em que cafeína com dupla marcação
por isótopos (14C e 15N) foi fornecida a folhas de café
em crescimento, não se
observou translocação
para frutos posicionados no mesmo nó foliar e muito
pouco para a folha do mesmo nó foliar (Baumann &
Wanner, 1972).
Na célula, cafeína se encontra complexada com
potássio e ácido clorogênico (Horman & Viani, 1972;
Martin et al., 1987). Porém, cafeína também é
encontrada no espaço intercelular (Pfrunder et al.,
1980), e folhas do quinto e sexto nós de ramos
plagiotrópicos apresentam mais cafeína intercelular
do que folhas do primeiro ou segundo par (A.P. Vitória
e P. Mazzafera, dados não publicados).
R. Bras. Fisiol. Veg., 8(1):67-74, 1996
70
Experimentos com calos de café crescidos em meio
de cultura e mantidos no escuro mostraram que a
cafeína era liberada no meio de cultura em grande
quantidade (Baumann & Gabriel, 1984; Kurata &
Furusaki, 1993). Estes resultados foram explicados
com base na dependência de luz da enzima
fenilalanina amônia-liase. Uma vez inibida sua
atividade, não há síntese de ácido clorogênico, e
como conseqüência, diminui sua ligação com cafeína.
Acredita-se que a complexação de cafeína com o
ácido clorogênico seja o artifício responsável pela
retenção do alcalóide no interior da célula. Dessa
forma, a maior quantidade de cafeína intercelular em
folhas mais velhas poderia ser reflexo da degradação
de ácido clorogênico.
Gabriel, 1984; Friedman & Waller, 1983a; Suzuki &
Waller, 1987).
Desde que quase não ocorre o transporte de
cafeína entre orgãos de uma mesma planta, a cafeína
intra e intercelular poderia ser metabolizada
localmente para liberação do nitrogênio contido nela.
Em frutos e folhas de café e chá, a cafeína pode ser
degradada completamente até amônia (Suzuki &
Takahashi, 1975; Suzuki & Waller, 1984a, 1984b). 0
fornecimento de cafeína marcada com radioisótopos
mostrou, porém, que em várias espécies de café a
taxa de degradação de cafeína é praticamente nula,
em períodos relativamente curtos (Kalberer, 1965;
Mazzafera, 1993; Mazzafera et al., 1991; Mazzafera et
al., 1994).
Waller et al. (1986) observaram que a adição de
cafeína a solo coletado sob a saia do cafeeiro era
facilmente recuperada. Por outro lado, em solo
coletado a dois metros de distância da planta a
recuperação era bastante baixa, mesmo utilizando
condições drásticas na extração. A conclusão dos
autores foi de que, sendo a cafeína fortemente retida
pelas argilas do solo (Lailach et al., 1968), no solo
coletado sob a planta haveria saturação das argilas
pelo alcalóide, o contrário ocorrendo naquele coletado
a dois metros. Isto explicaria a fácil recuperação no
primeiro solo.
Apesar de sementes de café e de chá conterem
considerável quantidade de cafeína, vários trabalhos
mostraram que durante a germinação este alcalóide
não atuaria como fator nutritivo (Baumann & Gabriel,
1984; Mazzafera, 1990; Suzuki & Waller, 1987).
Cafeína como agente alelopático
Os primeiros resultados indicando o efeito
alelopático de cafeína foram obtidos colocando-se
sementes de Amaranthus spinosus para germinar em
extratos obtidos a partir de folhas de quarenta e nove
plantas (Rizvi et al., 1980a). Após fracionamento com
vários solventes orgânicos, a fração clorofórmio de
folhas de café (Coffea arabica), que havia sido seca e
solubilizada em água, foi a que causou maior inibição
na germinação. Identificou-se cafeína como o
principal componente dessa fração (Rizvi et al.,
1981).
Posteriormente, vários trabalhos confirmaram o
efeito alelopático de cafeína (Chou & Waller, 1980;
Shettel & Balke, 1983; Smyth, 1992; Waller et al.,
1986).
Outros estudos realizados em laboratório
demonstraram que sementes de chá e de café liberam
cafeína durante a germinação, podendo, inclusive,
causar autoinibição da germinação (Baumann &
Acredita-se que, em café, a primeira divisão
mitótica da radícula aconteça somente após sua
protusão do endosperma, constituindo-se como um
mecanismo para evitar o contato com o alcalóide
(Friedman & Waller, 1983a) .
Sementes de café que caem da planta e
permanecem no chão poderiam ser uma das fontes de
cafeína no solo (Friedman & Waller, 1983b). Outras
fontes seriam a cafeína proveniente da lavagem das
folhas pela água das chuvas e aquela liberada pela
deterioração de folhas caídas e outras partes da
planta de café (Waller et al., 1986) .
Waller et al. (1986) argumentaram também que, na
projeção da copa do cafeeiro, a cafeína ficaria livre
e poderia levar a autointoxicação da planta,
explicando-se, portanto, a depauperação de plantas
entre 10 e 25 anos de idade.
No solo, os compostos liberados por plantas podem
ser modificados devido a reações químicas como
também a sua transformação pelo ataque de
microrganismos (Rice, 1984). No entanto, a hipótese
de que cafeína poderia ser degradada no solo foi
considerada pouco provável por Waller et al. (1986).
Segundo os autores, a cafeína poderia sim, inibir o
desenvolvimento de microrganismos, acumulando-se
mais ainda no solo.
Bactérias capazes de degradar cafeína já foram
isoladas de solos que nunca reberam cafeína (Blecher
& Lingens, 1977; Woolfolk, 1975), utilizando-se uma
estratégia
metodológica
denominada
enriquecimento. Nela, cultiva-se a bactéria em meio
rico em nutrientes, mas incrementado com baixa
concentração de cafeína. Após várias transferências
para o mesmo meio, mutantes com capacidade de
degradar cafeína podem ser isolados.
Recentemente, bactérias capazes de degradar
cafeína foram isoladas de solos cultivados com café,
sem a necessidade de enriquecimento. Amostras
desses solo foram incubadas por 24 horas em meio
mineral líquido contendo cafeína como única fonte de
R. Bras. Fisiol. Veg., 8(1):67-74, 1996
71
FIGURA 1- Bandeamento de DNA de
folhas jovens de C. arabica e C. dewevrei
digeridos com as seguintes combinações
de enzimas de restrição: 1 - ECO RI/ALU
I; 2 - ECO RI/Hae III; 3 - ECO RI/Hpa II; 4
- Bam HI/Alu I; 5 - Bam HI/Hae III; 6 - Bam
HI/Hpa II. Da esquerda para a direita, a
primeira coluna mostra o padrão de DNA
(fragmentos de 12.200 a 140 pares de
bases), a segunda o DNA de C. arabica e
a terceira o de C. dewevrei.
carbono e nitrogênio (Yamaoka-Yano & Mazzafera,
1996), ou simplesmente em água (Mazzafera et al.,
1996), e depois semeadas em meio mineral sólido
com cafeína. Além de Serratia marcescens
(Mazzafera et al., 1996), outros dezenove isolados
foram obtidos (Yamaoka-Yano & Mazzafera, 1996),
sendo oito deles identificados como Pseudomona
putida.
Pseudomonas é o gênero de bactérias mais
comumente encontrado no solo, e isto se deve a sua
versátil capacidade de degradar mais de 80
substâncias, garantindo-lhe o crescimento nos mais
variados tipos de substrato (Clarke & Slater, 1986).
Porém, nem todos os genes envolvidos na
degradação desses compostos são expressos ao
mesmo tempo, o que se constituiria num gasto
energético muito grande. Eles permaneceriam
silenciados até serem transcritos devido a um
estímulo ocasionado pelo substrato (Bennet &
Richmond, 1978; Clarke & Slater, 1986; Unger et al.,
1986).
Este estímulo também parece ocorrer no caso de
cafeína e Pseudomonas (Blecher & Lingens, 1977).
Quando a semeadura em meio com alcalóide era feita
com inóculo crescido em meio nutritivo rico sem
cafeína, o crescimento inicial era mais lento do que
quando usado inóculo produzido em meio com
cafeína.
Waller et al. (1986) não conseguiram extrair cafeína
"endógena" do solo coletado sob a copa do cafeeiro.
A confirmação do papel de bactérias na degradação
de cafeína foi obtida por Yamaoka-Yano & Mazzafera
(1996), que adicionaram quantidades conhecidas do
alcalóide em amostras de solo. Duas duplicatas foram
feitas, uma esterilizada em autoclave e outra não.
Após uma semana de incubação a quantidade de
cafeína tinha caído drasticamente na duplicata não
estéril.
Outras investígações sobre o papel fisiológico da
cafeina
Quando infectadas, plantas de café suscetíveis ao
fungo Hemileia vastatrix têm aumentada a
concentração de cafeína nas folhas (Medeiros et al.,
1989). Semelhantemente, o mesmo ocorreu no caso
de cafeeiros suscetíveis infectados por Meloidogyne
incognita (Gonçalves et al., 1995). Cafeína não
poderia estar envolvida na resistência, uma vez que
em ambos os casos ocorreu o estabelecimento do
patógeno na planta. Muito provavelmente, a
explicação para esse fato é similar à justificativa dada
para o maior teor de cafeína em tecidos novos no
cafeeiro, ou seja, ela seria decorrente do aumento do
metabolismo geral da planta em resposta à infecção,
aumentando, portanto, o "pool" de nucleotídeos
derivados da reciclagem de m RNA.
É conhecido que no DNA de plantas, a metilação de
citosina, formando 5-metilcitosina, leva a repressão
de genes (Hepburn et al., 1987; Quemada et al.,
1987). Tendo a cafeína três radicais metil e
considerando-se que em tecidos novos sua
degradação é mais intensa (Mazzafera et al., 1994;
Suzuki & Waller, 1984a), investigou-se a possibilidade
R. Bras. Fisiol. Veg., 8(1):67-74, 1996
Portanto, existe grande possibilidade de que os
isolados de Pseudomonas obtidos por Yamaoka-Yano
& Mazzafera (1996) já estivessem expressando os
genes necessários para a degradação de cafeína. A
degradação por microrganismos explicaria porque
72
de haver alguma relação entre o teor do alcalóide e a CLARKE, P.H. & SLATER, J.H. Evolution of enzymes
structure and function in Pseudomonas . In:
metilação do DNA. Folhas do primeiro par de folhas de
SOKATCH, J.R.E ed. The Bacteria: A treatise on
cafeeiros C. arabica e C. dewevrei, com 0,9%e 0,2%
structure and function. London, Academic Press,
de cafeína, respectivamente (Mazzafera et al., 1991),
1986. v. 10, p.71-144.
tiveram o DNA extraído e digerido com enzimas de
restrição, em combinação duas a duas, que CLOUGHLEY, J.B. Factors influencing the caffeine
content of black tea: par t 1 - the effect of field
reconhecem pontos de metilação no DNA. Os
variables. Food Chemistry, 9:269-276, 1982 .
fragmentos originados foram submetidos a
eletroforese em gel de agarose. Em todas as FRIEDMAN, J. & WALLER, G.R. Caffeine hazards and
combinações de enzimas, o padrão eletroforético foi o
their prevention in germinating seeds of coffee
(Coffea arabica L.). Journal of Chemical Ecology,
mesmo para as duas plantas (Fig. 1).
9:1099-1106, 1983a.
0 não envolvimento de cafeína com a metilação do
FRIEDMAN,
J. & WALLER, G.R. Seeds as allelopathic
DNA foi confirmado crescendo-se calos de folhas de
agents.
Journal
of
Chemical
Ecology,
C. arabica em meio MS estéril (Söndahl et al., 1984),
9:1107-1117, 1983b.
contendo cafeína (2mM), 5-azacitosina (5µM), ou os
dois juntos. Acima daquela concentração, cafeína FRISCHKNECHT, P.M.; BAUMANN, T.W. & WANNER, H.
Tissue culture of Coffea arabica. Growth and caffeine
passa a inibir o crescimento de calos de café
formation. Planta Medica, 31:344-350, 1977.
(Frischknecht et al., 1977). 5-Azacitosina é um
análogo de citosina e incorpora-se ao DNA, inibindo a FRISCHKNECHT, P.M.; ULMER-DUFEK, J. &
BAUMANN, T.W. Purine alkaloid formation in buds
ação da DNA-metiltransferase (Hepburn et al., 1987).
and developing leaflets of Coffea arabica :
Como tratamento controle, não adicionou-se cafeína
Expression
of an optimal defence strategy?
ou 5-azacitosina no meio de cultura. 0 DNA foi
Phytochemistry, 25:613-616, 1986.
extraído desses calos, digerido com ácido fórmico e
as quantidades de citosina e 5-azacitosina FUJIMORI, N.; SUZUKI, T. & ASHIHARA, H. Seasonal
variations in biosynthetic capacity for the synthesis
determinadas (Klaas et al., 1989). As proporções
of caffeine in tea leaves. Phytochemistry,
citosina/5-metilcitosina observadas foram: tratamento
30:2245-2248, 1991.
controle - 6,2+0,28, tratamento com cafeína 7,14+0,14, tratamento com 5-azacitosina - 9,7+0,14, GONÇALVES, W.; MAZZAFERA, P.; FERRAZ, L.C.C.B.;
SILVAROLLA, M.B. & LIMA, M.M.A. Biochemical
tratamento com cafeína e 5-azacitosina = 10,62+2,38.
basis of coffee tree resistance to Meloidogyne
Portanto, houve inibição da metilação do DNA por
incognita. Plantation Recherche Développement,
5-azacitosina, mas a cafeína não reverteu este efeito.
2:54-60, 1995.
GUERREIRO FILHO, 0. Identification de genes de
REFERÊNCIAS
résistance à Perileucoptera coffeella en vue de
BAUMANN, T.W. & GABRIEL, H. Metabolism and
1'amélioration de Coffea arabica: Potentiel
excretion of caffeine during germination of Coffea
d'espèces diploides du genre Coffea ; genes de
L.
Plant and Cell Physiology,
arabica
Bacillus thuringiensis . Montpellier, ENSAM, 1994.
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