não pode prover uma fundamentação sobre a natureza da matemática. Para muitos autores, a
Matemática é abstrata e descorporificada – ainda que seja real. A metáfora pode ser uma constituinte da matemática? Se a matemática é objetiva, rigorosa, não ambígua e precisa, como a metáfora
pode aparecer na matemática? A resposta para essas questões se resume no domínio conceitual
abstrato. Várias entidades que constituem a matemática não podem ser sentidas. São abstrações.
Mesmo um simples ponto, na geometria Euclidiana, por exemplo, não pode ser percebido. E só tem
localização, não extensão, apesar de sua precisão e identidade clara.
De acordo com Nuñez (2008), a matemática é vista como uma manipulação de regras-dirigidas de símbolos significáveis. A origem das ideias matemáticas não emergem puramente da arena
formalista. Lakoff e Nuñez (2000, p.342) sugeriram que a maioria das entidades técnicas abstratas
são criadas via cognição humana, tais como metáfora conceitual que estende à estrutura da experiência corpórea
A Matemática tem acompanhado o homem há muito tempo. Este foi evoluindo conforme a
sua necessidade, desde o juntar de pedras para contar, os nós nas cordas, entre outras coisas.
Mais tarde, passou a utilizar papiros e até mesmo pedras para resolver problemas matemáticos.
Sendo assim, a Matemática tem uma origem na experiência corpórea e não totalmente descorporificada. Segundo Lakoff e Nuñez (2000), as crianças normalmente não só estudam fatos aritméticos
em notações verbais ou arábicas, mas também de forma semântica, por exemplo, ao contar os dedos ou por observar um conjunto de relações de input visual. Quando o aprendiz começa aprender
aritmética, ele já tem desenvolvido ou deveria desenvolver rapidamente associações entre formas
simbólicas e representações semânticas de números.
9.
METÁFORA DO INFINITO
De onde vem o conceito de infinito se todas nossas experiências são finitas? Se pensarmos que infinito é algo não finito, precisamos da noção positiva para entender a negação. Fora
da matemática, um processo é visto como infinito se há continuidade, um processo é chamado de
imperfeito. É um conceito bastante utilizado em coisas de que dão ideia de movimento perceptual.
Dois dos subtipos de processos imperfectivos são contínuos e iterativos (aqueles que se repetem
e tem um resultado final e intermediário). Na linguagem, processos contínuos são conceitualizados
como se fossem processos iterativos, como João pulou e pulou e pulou. Nesse caso, tem-se a ideia
de continuidade e não de 3 pulos, o que podemos dizer que se trata de uma metáfora do processo
contínuo do indefinido
Segundo Hardy apud Lakoff e Nuñez (2000), em geral, tendemos considerar o infinito como
um número, o que é um equívoco, pois o inifinito nada significa. Normalmente, o infinito é usado
como um número numa enumeração, não como um número num cálculo. Em 1,2,3 …, o infinito é
tomado como ponto final em uma enumeração, um número sempre maior que um número finito.
Cognitivamente, o infinito é usado na enumeração e comparação, mas não no cálculo. N-1 não
indica um cálculo propriamente dito, mas uma notação de um estágio prévio de N. Para o autor,
o infinito pode ser considerado como uma metáfora básica do infinito. Assim, o que se tem não é
um número simples, mas a ideia cognitiva do significado da operação. Em outras palavras, é o que
o número significa em certo contexto. Além disso, a metáfora pode aparecer na Matemática também em representações mentais de uma função, tal como pensar um número dentro de outro, ou
mesmo imaginando algo que se desloque ao longo de um gráfico, por exemplo, mas sempre com
mesma noção de domínios fonte e alvo.
10.
CÁLCULO DE METÁFORAS E O CÁLCULO DO SIGNFICADO
Jackendoff e Aaron (1991) propuseram um teste para as metáforas, baseado na premissa
de que elas envolvem necessariamente incongruência em sua leitura literal. Assim, a proposta era
sistematizar uma fórmula para a metáfora. Segundo os autores, a fórmula seria: “É claro que A não
é B, mas se fosse, você poderia dizer que _____ Of course A isn’t B, but if it were, you might say that
_____’’ (JACKENDOFF e AARON 1991, p.326). É claro que relacionamentos não são jornadas, na
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