ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO PARA DEFICIENTES AUDITIVOS:
Intervenções Psicopedagógicas e LIBRAS
Clério Cezar Batista Sena
Joicy Midiã Figueiredo Macedo
Matheus Soares
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO PARA DEFICIENTES AUDITIVOS:
Intervenções Psicopedagógicas e LIBRAS
RESUMO:
Este trabalho consiste num estudo bibliográfico sobre a importância da alfabetização e
letramento para deficientes auditivos em relação ao contexto da educação inclusiva. É
necessário falar da educação inclusiva e também do processo de alfabetização para
alunos com necessidades especiais auditivas, tanto no contexto social quanto
educacional, para haver educação integral para todos. A escola precisa esta preparada
para receber e mostrar que este espaço, além de educativo pode ser acolhedor. Para
que realmente aconteça a educação inclusiva de uma forma geral, é preciso não
somente a conscientização e aceitabilidade de todos, mas de uma mobilização e
reflexão dos setores: políticos, comunitários, dos pais, da união da equipe pedagógica,
isto é, gestores, professores, enfim, de todos juntos possam fazer a diferença, ir além da
compreensão desta temática, agindo de forma voluntária nesta ação inclusiva.
Palavras-chave: educação inclusiva, deficientes auditivos, LIBRAS, intervenções.
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INTRODUÇÃO
Atualmente a proposta sobre Educação Inclusiva tem sido um desafio, pois o
trabalho com deficiente auditivo precisa de um processo de reforma e de reestruturação
das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter
acesso às oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela mesma. Para
entendermos melhor o que isso significa e possibilitar a reflexão de quem se interessa
por educação, é que foi escolhido este tema para pesquisa.
Por isso procuraremos elucidar o verdadeiro significado do termo inclusão,
buscando mostrar que não é apenas um novo modismo inserido no cotidiano escolar.
Além de explanarmos mais esta área com o foco nas mudanças metodológicas
educacionais para priorização do ensino e aprendizagem com os portadores de
deficiência auditiva.
A escola é o princípio básico para começarmos este trabalho, e por meio dela
chegarmos às famílias, a sociedade de uma forma geral, sempre buscando reconhecer
os direitos e deveres de cada um.
Educação Inclusiva tem uma importância muito grande na história da educação
principalmente no Brasil, melhorias foram feitas, projetos de leis foram aprovados, e
agora com tanto recurso em mãos ainda vemos a exclusão.
È notório que todo processo leva um tempo para adaptar e aceitar suas
proposições e por isso, como educadores precisamos nos atentar as mudanças
recorrentes e se preocupar mais com o que chamamos de educação.
Quando relatamos educação especial inclusiva, logo nos lembramos dos
portadores de alguma deficiência e que eles também tem o direito a educação e por isso
precisa-se muito a ser feito.
Em destaque, retrataremos sobre pessoas com deficiência auditiva, isto é, sua
inclusão nas escolas parece ser mais fácil, mas na verdade não é. Pois o educador
precisa de uma preparação, de estudo apropriado para não somente entender o surdomudo, mas podê-lo ensiná-lo a conviver com os outros semelhantes na sociedade.
Desta forma educação inclusiva, busca agora, depois de todo esse processo uma
etapa maior, que é de incluí-los na sociedade, não apenas pela aceitação, pela
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acessibilidade, mas pelo direito de ser reconhecido, de poder ir e vir como qualquer
pessoa considerada “normal” propriamente dita.
1- OS PROCESSOS EDUCACIONAIS E A INCLUSÃO
1.1 LEGISLAÇÃO E INCLUSÃO
A inclusão é um assunto que vem sendo discutido desde a década de 90, se
apresentou com um grande desafio para a educação brasileira. Devido a discriminação
segregada para com o portador de deficiência.
Surgiu nos Estados Unidos, a mais de duas décadas, cujo objetivo era oferecer ao
deficiente, educação e reabilitação em ambientes regulares, com os apoios
psicopedagógicos necessários. Denominado de “sistema de cascata’, promovia serviços
paralelos ao sistema regular de ensino para atender crianças em suas necessidades, na
escola ou em serviços especializados.
Enquanto isso, no Brasil, na mesma época, sugira as classes especiais que
segundo Bueno (1993:88), “se constituirá em espaço de segregação, pois passaram
também a receber os alunos com problemas de aprendizagem, considerados deficientes
mentais leves”.
E por inspiração do Ano Internacional das Pessoas Deficientes em 1981, o
conceito em relação ao deficiente foi alterado: não é o deficiente que tem que adaptar-se
a sociedade, mas a sociedade tem que adaptar-se ás pessoas “diferentes”. A deficiência
não é então um atributo do individuo, mas esta relacionada a forma como a sociedade o
vê. Segundo mencionado na Declaração de Salamanca, em junho de 1994, uma
assembléia com representantes de 92 países e 25 organizações internacionais que
assumiram a "Educação para Todos", surgiu a expressão "educação inclusiva".
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, assegurou que a criança
deficiente física, sensorial e mental, pode e deve estudar em classes comuns. Dispõe
em seu art. 58, que a educação escolar deve situar-se na rede regular de ensino e
determina a existência, quando necessário, de serviços de apoio especializado. Prevê
também recursos como classes, escolas ou serviços especializados quando não for
possível a integração nas classes comuns. O art. 59 contempla a adequada organização
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do trabalho pedagógico que os sistemas de ensino devem assegura a fim de atender as
necessidades específicas, assim como os professores preparados para o atendimento
especializado ou para o ensino regular, capacitados para integrar os educandos
portadores de necessidades especiais nas classes comuns.
Desta forma, nota-se um problema no que diz respeito a inclusão com ênfase em
educação para todos. Por um lado a pessoa portadora de deficiência esta inserida na
sociedade, por outro, é esta realmente inclusa. São dois pontos muito diferentes.
Especialmente quando se trata de deficiência auditiva, isto é, expor claramente a
condição do individuo com deficiência auditiva, leva ao confronto social e psicológico,
tornando assim mais difícil lidar com essa situação. Pois que este necessita de
atendimento diferenciado pra que favoreceram sua capacidade de compreensão.
(COUTO-LENZI, 1997),
Ainda hoje o trabalho com o deficiente auditivo é controverso. Existem duas
grandes linhas: a oralista, com métodos que utilizam o treinamento oral, e a Língua de
Sinais. Em respeito à educação para surdos, Bueno (2001:41), afirma que
O século XIX caracterizou-se pelo domínio da linguagem gestual sob influência do
Instituto de Surdos de Paris, criado pelo Abade de L'Epée e em 1880 o II
Congresso Mundial de Educação de Surdos, em Milão, considerou o oralismo
como o método mais adequado, pela possibilidade de integração do indivíduo à
sociedade.
No entanto, o sistema educacional com classes e escolas especiais favoreceu a
segregação e o surgimento das comunidades surdas. Nos anos 70, a partir dos EUA,
movimentos favoráveis à Língua de Sinais como uma língua mais completa, que
permitia o desenvolvimento global dos surdos, culminaram na proposta bilíngüe que
defende o acesso a Língua de Sinais, da comunidade surda, e a oral e escrita, do grupo
majoritário.
A Declaração de Salamanca promulgada nessa época reconhece a Língua de
Sinais e a possibilidade de sua utilização para a educação dos surdos, bem como a
manutenção dos sistemas especiais de ensino como classes e escolas especiais
(BUENO, 2001).
No Brasil, a maioria dos deficientes auditivos que tem acesso à escola e
atendimento especializado tem sido tratada por métodos que visam a comunicação oral.
Se por um lado muitas crianças apresentam bons resultados com este método, outras,
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devido à perda auditiva profunda ou a dificuldades próprias, não conseguem o mesmo
aproveitamento.
Em se tratando de aluno com deficiência auditiva, o que parece certo é que não
se deve pautar pelo maniqueísmo; não há uma regra ou uma receita que garanta o bom
resultado. Cada criança tem sua história e, sem dúvida, os professores e as escolas
terão papel decisivo no seu desempenho.
1.2 A ESCOLA E OS PROCESSOS DE INCLUSÃO AO DEFICIENTE “SURDO”
A Educação Inclusiva atenta a diversidade inerente à espécie humana, busca
perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os sujeitos-alunos,
em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma a promover a
aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Prática pedagógica coletiva,
multifacetada, dinâmica e flexível requer mudanças significativas na estrutura e no
funcionamento
das escolas,
na
formação
humana
dos
professores
e
nas
relações família-escola. Com força transformadora, a educação inclusiva aponta para
uma sociedade inclusiva.
O ensino inclusivo não deve ser confundido com educação especial, a qual se
apresenta numa grande variedade de formas incluindo escolas especiais, unidades
pequenas e a integração das crianças com apoio especializado. O ensino especial é
desde sua origem um sistema separado de educação das crianças com deficiência, fora
do ensino regular, baseado na crença de que as necessidades das crianças com
deficiência não podem ser supridas nas escolas regulares. Existe ensino especial em
todo o mundo seja em escolas de freqüência diária, internatos ou pequenas unidades
ligadas à escola de ensino regular.
[...] que a dificuldade maior dos surdos está exatamente na aquisição de uma
linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo, os estudos que
envolvem a condição de pessoa surda são revestidos de fundamental
importância e a seriedade, visto que a surdez, analisada exclusivamente do
ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a
ausência da linguagem, além de criar dificuldades no relacionamento pessoal,
acaba por impedir todo o desenvolvimento psicossocial do individuo.
(SÀ, 1999: 47)
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Partindo deste pressuposto, compreende-se que a falta de uma comunicação
eficaz prejudica no desenvolvimento e relacionamento pessoal, isto é, torna – se um
convívio conflituoso gerado por conseqüências de sua deficiência auditiva. Que de fato
infere na parte do social do ser humano. Relativamente afeta no psicossocial pela
questão do negativismo proveniente das suas limitações à fala.
Consequentemente o primeiro passo da sociabilidade começa na escola. Onde
nasce o primeiro convívio social entre suas pessoas com culturas familiares diferentes
ou semelhantes. De principio nota-se um leve desconforto ao comunicar-se com outro
ser ainda desconhecido, a curiosidade leva-o ao conhecimento de si e do outro.
Nesse processo de formação de caráter e de personalidade, as diferenças são
um impasse para um relacionamento saudável. Ou a diferença no ato comunicativo
pode ser um fator importante para o que denominamos de inclusão, de aceitabilidade,
de respeito mutuo, compreensão com o próximo.
È nesse espaço escolar que a criança começa a desenvolver suas habilidades e
também a fazer suas próprias escolhas. Seria um estudo muito condicionado dizer que
as escolas não preparam as crianças para o convívio com o outro, independente de sua
deficiência, religião, ou seja, qualquer outra situação.
Para um deficiente auditivo a escola pode ser um labirinto de incompatibilidade.
Devido à diversidade social que os cerca.
È função do professor, educar para vida, ou seja, educar vai além de apenas
ensinar os métodos que desenvolvam suas competências e habilidades, é preciso que a
criança saiba também a conviver, conhecer e entender o seu semelhante da maneira
que ele é, sem fazer nenhuma distinção.
2. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO PARA O DEFICIENTE AUDITIVO “SURDO”
2.1 OS PROCESSOS DA ALFABETIZAÇÃO EM LIBRAS.
A Língua Brasileira de Sinais é uma modalidade gestual-visual porque utiliza,
como meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que são
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percebidos pela visão. Sendo diferenciada da Língua Portuguesa de ouvintes que
apresenta por modalidade uma linguagem oral - auditiva, pois os sons são emitidos pela
voz, o que é impossível para um surdo. De acordo com as Orientações Curriculares:
A Língua Brasileira de Sinais tem, para as pessoas surdas, a mesma função que
a Língua Portuguesa na modalidade oral tem para as ouvintes e é ela, portanto,
que vai possibilitar as crianças surdas atingirem os objetivos propostos pela
escola, incluindo o aprendizado da Língua Portuguesa na modalidade escrita.
(PEREIRA, 2008:22).
Os sinais são formados a partir de combinações das formas e movimentos das
mãos e expressões faciais. As mãos têm importância fundamental, pois elas são
utilizadas para a datitologia que é quando se utiliza o alfabeto com as mãos, no caso da
Linguagem de Libras. Os movimentos podem ser utilizados ou não, dependendo de
cada palavra, sendo que não se obtém a emissão da fala, o entendimento dos sinais
provém das expressões faciais ou corporais que podem ser utilizados para se comunicar
com outras pessoas sem o uso de palavras.
Existem algumas particularidades da Língua de Sinais, por exemplo: os verbos,
não são conjugados como ocorre na Língua Portuguesa escrita. Se você diz: Eu estou
com fome, na Linguagem de Sinais, você apenas utilizará o sinal que significa “eu” e o
outro sinal que significa “comer”. Juntando os dois sinais para formar uma frase.
È notório que para um deficiente auditivo, ou seja, no caso, daqueles que
nascem sem saber falar, é mais fácil, pois é a sua linguagem primária. O que não ocorre
com aqueles que devido algum problema de origem neurológico ou patológico perderam
a função da fala, pois podem ainda escutar, mas não conseguem falar. A linguagem de
sinais apresenta-se para este grupo determinante um pouco mais complexa para
expressar-se com o outro ser falante ou não falante da língua de sinais.
Em relação à escrita, a comunicação em sinais deixa a desejar, pois o falante de
língua de sinais tem muitas dificuldades para expor suas idéias numa folha de papel, isto
é, escrever um texto, não é tarefa fácil para um deficiente auditivo. Pois ele compreende
a sua linguagem de sinais, mas não compreende a Língua Portuguesa, devido a tantas
regras gramaticais que fomentam na parte escrita.
A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos
constitutivos das palavras, que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos,
sintáticos e semânticos que apresentam especificidade, mas seguem também princípios
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básicos gerais. É estruturada pelos componentes pragmáticos convencionais,
codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e que permitem a geração de
implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais.
Entretanto, quando se trata da linguagem de sinais, sabemos que a importância
de compreende os fatores semióticos facilita o entendimento da formação dos seus
signos (significado, significante). Segundo a definição de Saussure (2006:80) “a imagem
acústica “não é o som material, coisa puramente física, mas a impressão psíquica desse
som.
Os
dois
elementos
-
significante
e
significado
constituem
o
signo
“estão intimamente unidos e um reclama o outro”.
A semiótica é o estudo de signos ou significações, da estética do sensível, a
diferença entre os vários tipos de semióticas vem da delimitação de seu campo de
estudos, ela ajuda a entendermos como conseguimos interpretar mensagens, interpretar
obras de arte, textos ou até mesmo como se comunica pessoas através de sinais como
a Língua Brasileira de Sinais ou Libras.
O objeto de estudo da semiótica são os signos, que nada mais são que algo que
pode estar no lugar de outra coisa, para que uma pessoa possa entender ou interpretar
o que é, ou que se mostra. Ela estuda também todos os códigos, todas as linguagens
(verbais e/ ou não verbais); e por isso é fundamental para o estudo que trata sobre
Libras (um código de comunicação).
Enfim, a semiótica é o meio linguístico na qual podemos relacionar a língua de
sinais como uma estrutura comunicativa gramatical de forma significativa isto é, a
presença de sinais ou de signos em uma comunicação não deixa ser menos valorizada
do que a outra que é dada oralmente. A única diferença esta em questão dos processos
da escrita. A semiótica neste caso representa de forma simbólica uma emissão de
mensagens significativas (em Libras) para uma expressividade não oral, porém
ilustrativa e, por conseguinte, uma forma diferente, mas uma produção escrita.
Diante deste contexto educacional e inclusivo, convêm entendermos a
dificuldade tanto para os educandos quantos para os educadores inseridos na rede
pública.
Ensinar língua portuguesa já não é uma tarefa fácil devido ao avanço da
tecnologia que vem prejudicando em alguns fatores na linguagem digital assim
atribuídas, por exemplo: (msn, orkut, facebook), entre outras redes sociais nas quais os
falantes fazem uso. Isto é apenas um comparativo para explanar a ideia de que como
educadores temos um desafio e uma tarefa muito árdua para cumprir.
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Em relação ao que tratamos de alfabetizar e letrar, temos muitos pesquisadores
que demonstram um anseio pela educação de uma forma que nos permite propor ou
não propor a sua teoria. Segundo Soares (2003:4) “o letramento compreende, insere ,
avalia e a aprecia a escrita e leitura, tanto pelas apropriações técnicas, quanto ao
aspecto de convívio e hábito”.
Esse conceito define bem a ideia de letramento, mas o que podemos dizer da
junção do letramento em Libras? Nota-se a dificuldade em ambas partes para alfabetizar
e letrar um aluno que apresente necessidades especiais auditivas.Em questão de
debate na busca de entender
intervenções psicopedagógicas
como funciona esse processo, recorremos as
como uma ferramenta auxiliadora na educação
inclusiva e dessa forma tentar sanar essa dificuldade.
2.2 DEFICIENCIA AUDITIVA E LETRAMENTO: INTERVENÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS E LIBRAS
Diante de todo esse procedimento até aqui estudado sobre alfabetização e
letramento, mencionamos o processo do sistema em LIBRAS que alavanca para o tema
proposto, isto é, a junção da educação inclusiva e a linguagem em sinais, como um dos
Precisamos nos atentar para esta situação que é de fato preocupante tanto para
nós professores, quantos para nossos alunos. Pensando em uma ação inclusiva, na
qual não devemos apenas incluir o aluno portador de uma necessidade especial, neste
caso, a deficiência auditiva como um rés ouvinte em sala de aula e sim incluí-lo como
aprendente. Segundo Passos (2010:25), compreende-se que:
A deficiência auditiva, em particular, não é responsável pela dificuldade de
aprendizagem em si. No entanto, ela pode dificultar esse processo pelo
comprometimento da recepção das informações necessárias à alfabetização, se
não forem utilizados os recursos e materiais necessários na aprendizagem.
De acordo com o tema proposto, a alfabetização e letramento para um aluno
“surdo” e por dois processos, o primeiro é a aquisição da oralidade, ou seja, aprende a
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falar com a linguagem de sinais, e em seguida, dá continuidade com a segunda parte
que exige mais cuidado, pois é neste processo que o aluno surdo aprende a interação
com o seu meio, isto é, conhece sua comunidade de falantes. Seu letramento
compreende-se por esse processo de ensino-aprendizagem denominado de simbólico,
pois seus estudos partem de das imagens para a realidade contextualizada.
Em relação a esse preceito, Santos (2002:13), afirma que
O conceito proposto por Noan Chomsky: em que a criança já nasce com uma
gramática em sua cabeça, onde se guardam todas as regras, de todas as
línguas, uma enorme quantidade de conteúdo. Mas a criança transforma esta
gramática, na gramática de sua língua, retirando só o que necessário para o uso
e aprendizagem da mesma e descartando o restante.
Se tratando do letramento da criança com surdez, Kishimoto em, seu artigo
intitulado “o brincar e a linguagem”, afirma que o brincar é polissêmico e cada cultura
tem suas concepções próprias, conforme seus usos. (FROMBERG, APUD KISHIMOTO,
2004:29).
Em relação às intervenções psicopedagógicas no processo da aquisição da
linguagem pelos deficientes auditivos “surdos”, Quadros (2004:16), comenta que: “a
utilização de um amplo universo de atividades, que vão desde a proposição de
brincadeiras e jogos em sinais, de experiências em sinais, de hora do conto em sinais,
de passeios e contato com comunidades surdas locais até mini-palestras proferidas por
pessoas surdas de comunidades locais ou de outras”.
De acordo com a proposta em relação a intervenção psicopedagógica em
LIBRAS,
compreendemos como educadores e pesquisadores a junção e execução
desse processo de ensino – aprendizagem como um meio auxiliador na prática da
alfabetização e letramento em sala de aula.
Segundo Quadros (2004:27), afirma que “Os alunos surdos precisam tornar-se
leitores na língua de sinais para se tornarem leitores na língua portuguesa”.
Em resposta para sanar a dificuldade de ensinagem apresentada por muitos
educadores, a proposição da interação dos jogos didáticos como instrumento de
aprendizagem, traz uma solução viável ao que se trata de uma ação inclusiva, e não
apenas a idéia de educação inclusiva como teoria, ou método educativo, social, cultural
e político.
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Sendo que, será somente por meio dessa ação inclusiva que conseguiremos
alavancar o processo da educação inclusiva, e melhorar o ensino dos nossos alunos
com necessidades especiais, tendo a base necessária e elementar na prática
alfabetizadora e letrada, pois eles também têm o direito a um ensino de qualidade e não
ser apenas alunos “inseridos” numa sala de aula e sim “incluídos” e fazer valer os seus
direitos educacionais perante todos.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Passos (2010:34), “os alunos com deficiência auditiva
necessitam de métodos, recursos didáticos e equipamentos especiais para correção e
desenvolvimento da linguagem. Existem várias formas de comunicação, no entanto a
língua natural da comunidade surda é a língua de sinais.”
A comunicação dessa comunidade de falantes com deficiência auditiva ainda
tem como linguagem primaria a Libras e por isso apresentam mais dificuldades na
questão de serem alfabetizados e letrados, pois ela é inércia ao processo de ensino
aprendizagem, precisa-se de uma restauração nesse sistema de ensino e por assim
dizer trazer para a prática o uso de simbolismo, ou seja, propor atividades que
desenvolvam uma interação de aluno para aluno e de aluno para professor.
Dentre estas atividades ludopedagógicas, as oficinas de teatro - mudo, de
mímica, ainda são as mais propensas para serem trabalhadas, pois são elas que iram
promover dentro dessa atividade lúdica uma ação inclusiva no processo educacional.
Em relação às intervenções psicopedagógicas proposto nesta pesquisa,
observamos quão importantes e fundamentais elas são no processo de ensino aprendizagem, mais propriamente dita na alfabetização, como o primeiro passo na
construção do sujeito aprendente com o seu meio ensinador.
E dessa forma concluir o objetivo proposto nesta pesquisa, que a educação
inclusiva é para todos de uma forma geral, sendo assim, se for necessários as
mudanças devemos nos comprometer mais e nos adaptar a essa nova vigência e
buscarmos sempre meios que nos auxiliem na junção de uma prática pedagógica mais
produtiva e eficaz.
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Lei Federal nº 9.394 (Institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
de 20 de Dezembro de 1996. Brasília. 1996.
BUENO, J.G.S. - Educação especial brasileira: integração/segregação do aluno
diferente. São Paulo, EDUC/PUCSP, 1993.
_______, J.G.S. - Educação inclusiva e escolarização dos surdos. Integração, n.23.
p.37-42, 2001.
COUTO-LENZI, A. - A integração das pessoas surdas. Espaço, v.7 (jan./jun.), p.22-25,
1997.
PASSOS, Marileni,O.A, Fundamentos das Dificuldades de Aprendizagem. Curitiba,
Fael,2010.
QUADROS, Ronice M. Educação de surdos: efeitos de modalidade e práticas
pedagógicas. Temas em Educação Especial IV. Santa Catarina: EDOFSCar. 2004.
SANTOS, Raquel. A aquisição da linguagem. FIORIN, José Luiz (org.) Introdução a
Lingüística: I. objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2002.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. São Paulo, Cultrix, 2006.
SOARES, Magda B. As diferenças entre letramento e alfabetização. Jornal Diário do
Grande ABC,São Paulo 29 de agosto de 2003.
SÁ, Nídia R. L. Educação de Surdos: a caminho do bilingüismo. Niterói: EduFF,
1999.
13
UNESCO, Declaração de Salamanca e linha de Ação sobre necessidades
educativas especiais. Salamanca: Espanha, 1990.
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