ANAIS
XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
XXIV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL SINDICAL – 2º NÚCLEO DO CPERS SINDICATO
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA
“CONSTRUINDO CAMINHOS POSSÍVEIS PARA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE”.
Santa Maria/RS, 27 a 30 de maio de 2015.
ISSN-1984-9397
RELATOS DE EDUCANDOS SOBRE IMPLEMENTAÇÃO DO PIBID
EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA
Alcione Viero de Bastos ¹
Anderson Delevati
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Leandro Marcon Frigo 3
Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar relatos de alguns
educandos, com idades de 13 a 15 anos, que participaram de uma implementação
realizada em Jaguari, uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul,
desenvolvido pelo grupo de Bolsista do PIBID do Subprojeto “Ressignificando as
Práticas Educativas na Formação de Professores de Química”, que ocorreu em uma
Escola Pública Estadual, no interior do Rio Grande do Sul, buscou-se com o auxílio
da pesquisa Sócio Antropológica realizado com antecedência pela escola, esta
pesquisa decorrente de uma normativa vinda da Secretária Estadual de Educação.
Com os dados apresentado com esta pesquisa pode-se pré-determinar um assunto
(tema gerador) - Alimentação e Saúde. Partindo deste tema acima citado, se
desenvolveu uma implementação que buscou fazer uma interação entre o cotidiano
dos educandos e áreas do conhecimento abordado em sala de aula, as atividades
foram iniciadas, fazendo uma abordagem com os efeitos benéficos dos
agroquímicos para o cultivo de diferentes culturas, com isto obteve-se uma interação
entre sua realidade e o conhecimento abordado em sala de aula, haja vista, que a
maioria dos educandos são oriundos da área rural, onde a principal atividade de
subsistência do município é o cultivo de grãos.
Palavra-chave: Relatos de educandos; PIBID.
Introdução
Na busca por uma “nova educação” que utilize a realidade do educando, suas
vivências, seus anseios, e com o auxílio das tecnologias a disposição partindo de
um embasamento teórico a nós possibilitado pelas disciplinas pedagógicas e
especificas, somos impulsionados a fazer um planejamento que permeie e englobe
todos estes quesitos, buscando despertar no educando um maior interesse e a
internalização do conhecimento proposto.
Nessa perspectiva o nosso embasamento teórico nos possibilita uma maior
compreensão da evolução educacional, onde esta demonstrado a preocupação por
trazer o cotidiano do educando para a sala de aula, e isto é evidenciado por REGO,
(1995):
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... os conceitos cotidianos são aqueles que o estudante internaliza a partir
do meio em que vive, mediante interações com pessoas da família, com
grupos de amigos, com vizinhos, entre outras possibilidades no seu
contexto. Ou seja, são conceitos construídos com base na observação,
manipulação e vivência direta dos sujeitos e compreendidos com uma
construção social, mediada pela interação com o outro.
Partindo disto, a realização de nossa primeira implementação em uma escola
do interior do Rio Grande do Sul, teve como um “Tema Gerador”: Alimentação e
Saúde, este foi determinado por uma pesquisa sócio antropológica feita pela escola
por uma determinação da Secretaria de Educação do Estado, visto que nova
iniciativa de mudança da educação, onde busque premiar o conhecimento “comum”
existente em todo o educando.
Metodologia
No momento da pratica em sala de aula, fez-se primeiramente a explicação
para os educando de como seria nossa implementação deixando claro como iríamos
abordar os conhecimentos específicos, não deixando de considerar as sugestões
que pudessem tornar a aula mais “significativa”.
Após distribuímos um material de apoio com o texto: “Química e Agricultura”
que abordava um pouco de história da agricultura onde continha os macros e micro
nutrientes, ponto de partida para a interação conhecimento “comum” e “cientifico”
este material seria utilizado como fonte de pesquisa para uma atividade posterior.
Em seguida indagações foram feitas aos educandos, como por exemplo: O
que seria um elemento químico? Onde estes podem ser encontrados? Será que
estão presente no seu dia-dia?
Para uma melhor compreensão, foi utilizado como material de apoio amostra
de alguns elementos químicos, esta contidas em pequenos vidros (Ferro, Selênio,
Zinco, Cádmio, Telúrio, Magnésio, Índio, Estanho, Mercúrio, Gálio, Iodo, Enxofre)
para que os educandos visualizassem e também fizessem a diferenciação dos
elementos; também foi utilizado na aula amostras de fertilizantes, pois através de
prévia analise podemos determinar que a maioria dos educandos eram oriundos de
zona rural, que eram utilizados por seus familiares em suas propriedades (NPK
(nitrogênio, fosforo, potássio), Nitrato de potássio (KNO3), Cloreto de potássio (KCl)
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e Ureia ((NH2)2CO)) com isto podemos abordar a diferenciação entre elementos
químicos e compostos químicos e assim obtivemos maior interesse.
Com este método buscamos atender ensinamento que segundo Gadotti
(1987) faz a grande diferença entre a interação educando/educador/professor:
O aluno perde o interesse diante de componentes curriculares que nada
têm a ver com sua vida, com suas preocupações. Muitas vezes decora, de
forma forçada, aquilo que precisa saber para prestar exames e, passada as
provas, tudo cai no esquecimento.
Na segunda aula em dois períodos de aproximadamente 50 minutos,
assistimos o Documentário “Chemistry: A Volatile History The Order Of The
Elements” exibido pela BBC Four, onde buscava esclarecer a história da criação da
tabela periódica, dando uma atenção para a buscar de Mendelev de uma “ordem no
caos”.
Posteriormente já na sala de aula foi proposta para que os educandos
fizessem um relato sobre as aulas e o que poderia ser feito para aprimorá-las,
surgindo diversos comentários, onde podemos citar alguns exemplos:
Eu acho que a primeira aula foi bem interessante pois foi diferente, fizemos
uma atividade diferente de montar a tabela periódica, também foi visto
alguns elementos dentro de uns vidrinhos, o professor contou a história dos
elementos. Na segunda aula vimos um filme aonde podemos saber um
pouco mais sobre a tabela periódica, um pouco de cada cientista. Estou
gostando do jeito que os professores estão trabalhando, e gostaria que
continuasse assim (Educando da turma 1°D).
Neste relato podemos perceber que a simples alteração do método de
abordagem, desenvolveu um maior interesse por parte do educando, tornando esta
parte do conhecimento (Tabela Periódica) algo mais vivenciado pelo educando,
sendo por ser abordado com alguns elementos químicos que o educando conhece
no seu dia a dia, ou seja pelo documentário que tem uma elaboração destinada ao
público mais jovem, fazendo com e eles fiquem atentos, pois há uma sequências
com explosões, curiosidades, efeitos especiais que atraem a sua atenção.
Na continuidade podemos acrescentar este outro relato demonstra que o
educando apesar de sua “pouca experiência” consegue fazer uma relação entre aula
anteriores/atuais “legal por que assim se aprende Química de maneiras diferentes
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não apenas em conteúdo escrito. Ajuda muito a tornar a Química mais fácil.”
(Educando da turma 1°E).
Com este relato pode-se analisar que apesar das diversas discussões sobre
maneiras melhores para uma abordagem de conhecimentos, ainda na grande
maioria das escolas o educando é tratado como apenas receptor e não como
alguém que pode ser protagonista de seu próprio aprendizado, geralmente com
livros didáticos que na maioria das vezes não leva em conta o seu conhecimento e a
sua vivência.
Eu gostei da 1°e também da 2°aula. Da 1°gostei porque foi uma aula
diferente onde todos interagimos descobrimos como eram alguns
elementos. Da 2°aula gostei do filme porque vimos e conhecemos como
foram descobertos os elementos e como foi feita a ordem da Tabela
Periódica. E nesta mesma aula conhecemos outras substancias. Estou
gostando muito das aulas pois estou descobrindo muitas coisas novas e
coisas que são muito importantes (Educando da turma 1°E).
Na sequencias dos relatos podemos perceber que alguns educandos
salientam a importância de interagir com seu colega, ora para tornar a aula mais
dinâmica sendo por terem a mesma linguagem e ou ainda as mesmas dificuldades,
o que possibilita um maior entendimento entre eles. Fazendo com que nós tenhamos
uma real evidência das análises de VIGOTSKI, (2001):
... que no processo de formação dos conceitos científicos e cotidianos não
há uma linha de ruptura em sua evolução [...] o conceito espontâneo da
criança se desenvolve de baixo para cima das propriedades mais
elementares e inferiores a superiores, ao passo que os conceitos científicos
se desenvolvem de cima para baixo, das propriedades mais complexas e
superiores para as mais elementares e inferiores.
Considerações
Ao término de nossa implementação podemos perceber que a busca para que
haja uma interação educando/educando/mediador parte da formação do professor e
que esta deve ser continuada, pois com as mudanças rápidas, que acontecem a
maneira como foi abordado um determinado conhecimento, para uma turma já não
pode ser abordado para outra, mesmo que leve em conta as condições sócio
culturais dos educandos, isto pode ser evidenciado com os preceitos de Freire e
Shor (1986):
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O currículo padrão, o currículo de transferência é uma forma mecânica e
autoritária de pensar sobre como organizar um programa, que implica,
acima de tudo, numa tremenda falta de confiança na criatividade dos
estudantes e na capacidade dos professores. Porque, em última análise,
quando certos centros de poder estabelecem o que deve ser feito em
classe, sua maneira autoritária nega o exercício da criatividade entre
professores e estudantes. O centro, acima de tudo, está comandando e
manipulando, à distância, as atividades dos educadores e dos educandos.
Isto nos remete a uma constante (re)criação de métodos e maneiras de
abordar conhecimentos, salientando que um educador estará em constante
“formação”, alterando (pre)conceitos que por sua vez em certos momentos estão
sem nenhuma relação com a realidade do educando. Também pode-se perceber
que para uma aprendizagem significativa deve haver tanto o interesse do educando
como o interesse do docente.
Referências
AULER, Décio. Alfabetização Cientifico-Tecnológica: Um Novo “Paradigma”?.
ENSAIO-Pesquisa em Educação em Ciências, Santa Maria, v. 5, n. 1, p. 1-16,
Marc. 2003.
CAVALCANTI, A. J.; FREITAS, R. C. J.; MELO, N. C. A.; FILHO, F. R. J.
Agrotóxicos: Uma Temática para o Ensino de Química. Química Nova na Escola
– Vol. 32, nº 1 – Fevereiro 2010.
DELIZOICOV, Demétrio Ensino de ciências: fundamentos e métodos / Demétrio
Delizoicov, José André Angotti, Marta Maria Pernambuco; colaboração Antonio
Fernando Gouveia da Silva. -2. Ed.- São Paulo: Cortez, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra: 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
REGO, T. C. Vygotsky: Uma perspectiva histórico-cultural da educação.
Petròpolis: Vozes, 1995.
MALDANER, Otavio Aloísio. A Formação inicial e Continuada de professores de
Química – Professores/Pesquisadores. Ijuí, UNIJUI, 2000.
MALDANER, Otavio Aloisio; ZANON, Lenir Basso. Situação de estudo: uma
organização de ensino que extrapola a formação disciplinar em ciências. In:
Espaços da Escola, Ijuí: Ed. UNIJUÍ, n.41, p45-60, 2001.
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