Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
I Simpósio Internacional de Educação a Distância – SIED 2012
I Encontro de Pesquisadores em Educação a Distância – EnPED 2012
Mesa 3 – Docência na EaD: dificuldades e estratégias práticas
Docência na EaD:
um olhar sobre a metodologia de mediação online.
Lucila Pesce
UNIFESP - EFLCH - Depto. Educação
[email protected]
Tópicos de discussão
1. EaD no contexto da Cibercultura
2. Potencial dialógico da Cibercultura para a
Educação
3. Mediação online
Lucila Pesce
EaD no contexto da Cibercultura
Georgia O’Keefe, Abstração Azul, 1927
EaD no contexto da Cibercultura
(1/3)
(Castells, 1996/ Johnson, 1997 / Lèvy, 1997, 2002 / Santaella, 2004, 2007)
Integração da comunicação
eletrônica
Fim da hegemonia da audiência
de massa
Cultura da virtualidade real
Surgimento de redes
interativas
Impacto das interfaces
digitais
No pensamento e na comunicação
Lucila Pesce
EaD no contexto da Cibercultura
(2/3)
(Castells, 1996/ Johnson, 1997 / Lèvy, 1997, 2002 / Santaella, 2004, 2007)
Analogamente à escrita e à imprensa, as TIC trazem consigo um novo modo de pensar o
mundo e de conceber as relações com o conhecimento.
Simulação
Interação
Modo de conhecimento próprio da
Cibercultura
Na medula dos processos cognitivos nos
ambientes de rede
Lucila Pesce
EaD no contexto da Cibercultura
(3/3)
(O’Reilly, 2005 / Valente & Mattar, 2007 / Primo, 2008 / Costa, 2008)
O aspecto relacional das interações na Web 2.0.
Comunidades de aprendizagem
Cibercultura
Redes Sociais
Desdobramentos da Web 2.0 para a aprendizagem
Lucila Pesce
Potencial
dialógico da
Cibercultura
para a
Educação
Rio de Palavras
José Leonilson Dias, 1987
Potencial dialógico da Cibercultura para a Educação
(1/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Desafios e possibilidades para a aprendizagem
Pensar em novas metodologias de ensino e aprendizagem,
face ao potencial dialógico da Cibercultura
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a educação
(2/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Construção de conhecimento
Aluno ativo e interativo
A relação ensino-aprendizagem só se efetiva como fruto da
compatibilidade entre objetivos, conteúdos e projetos
compartilhados.
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a educação
(3/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Seres interatuantes
Alunos
Constituição das identidades nos intertextos
Professores
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a Educação
(4/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Dinâmica
Comunicacional
Processo de ensino-aprendizagem
entre alunos e professores
Interação
entre pares (alunos / alunos)
Oferecer ampla gama de atividades didáticas, variadas e
mobilizadoras, porque o sujeito e seus estilos de aprendizagem
requerem um meio cada vez mais diversificado.
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a Educação
(5/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Flexibilidade do planejamento
Aprendizagem,
cognição e interação
Atenção às emergências
Visão educacional ampliada
Trabalho integrado e coletivo
Encaminhamentos promissores à
aprendizagem
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a Educação
(6/7)
(Pesce, 2011)
Considerar a natureza co-autoral da Web 2.0
Usuário: produtor e desenvolvedor de conteúdo
A dinâmica co-autoral da Web 2.0 deve ser levada em conta, na
elaboração de projetos pedagógicos.
Lucila Pesce
Potencial dialógico da Cibercultura para a Educação
(7/7)
(Pesce, 2010, 2011)
Projetos pedagógicos no imbricar de três elementos:
Organização
Fundamentos
limites e possibilidades do meio
ontológicos e gnosiológicos do projeto
pedagógico
Docência
atenta ao potencial dialógico
da Cibercultura
Planejamento e produção
Mediação
Equipe multidisciplinar
Tutores
Professores
Lucila Pesce
Avaliação
Mediação online
Escher, Drawing Hands, 1948
Mediação online
(1/18)
• Desenvolvimento da comunidade: partilha de
interesses, integração da diversidade de
representações.
• Mediação colaborativa: construção da interação
social e realização da liderança partilhada.
Paulo Dias (2010)
Lucila Pesce
Mediação online
(2/18)
E-moderação e liderança partilhada
Do modelo centralizado para o partilhado
Autonomia da comunidade para negociação colaborativa de sentido
Paulo Dias (2010)
Lucila Pesce
Mediação online
(3/18)
• Papel central do e-moderador na formação da rede
de aprendizagem e na dinamização das atividades
do grupo: natureza centralizadora das práticas de
liderança.
• Liderança partilhada: aprendizagem como processo de
negociação de sentido
(acento nas formas de participação e não nas formas de regulação; negociação dos
discursos e interpretações; mediação colaborativa).
Paulo Dias (2010)
Lucila Pesce
Mediação online
(4/18)
• Limites da moderação centralizadora.
• Importância da mediação colaborativa sustentada
na liderança partilhada dos membros da
comunidade.
Paulo Dias (2010)
Lucila Pesce
Mediação online
(5/18)
Duff – tipos de atividades cooperativas
Tarefas convergentes
Tarefas divergentes
Centradas na solução de problemas;
todos os sujeitos buscam alcançar
um objetivo comum; ação coletiva.
Centradas no debate (informal), no
estabelecimentos de acordos, na
definição de metas conjuntas para o
trabalho cooperativo.
Contribuem mais para as redes de
trocas cooperativas na construção
do conhecimento.
Contribuem mais para o
estabelecimento de uma rede de
identidade e vínculo.
Carla Valentini & Lea Fagundes (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(6/18)
Natureza interlocutiva do texto conversacional
Permuta constante entre os papéis de emissor e receptor
Influência recíproca entre os participantes, durante as
trocas verbais
Discurso como construção coletiva
Busca da construção de sentido no texto conversacional:
na interface com a coerência textual
Izabel Soares (2001)
Lucila Pesce
Mediação online (7/18)
Coerência em textos conversacionais:
-Narrativa com fortes traços de espontaneidade e
improvisação.
-Conhecimentos partilhados assumem importância na
construção do sentido: encadeamento sequencial mais
flexível dos tópicos.
-Coerência produzida colaborativamente, nas relações
discursivas que se estabelecem na interação.
-Coerência do texto conversacional: situa-se nos movimentos
interativos, que se realizam na elocução das expressões.
Izabel Soares (2001)
Lucila Pesce
Mediação online
(8/18)
Trocas verbais
Seções de abertura
Seções de fechamento
Desenvolvimento dos tópicos conversacionais
Levinson (1983)
Lucila Pesce
Mediação online
(9/18)
Pares adjacentes
Na origem das regras de sequenciação.
Regidos pelo princípio da pertinência condicional
do enunciado.
Unidade fundamental do texto conversacional.
Unidos pelo estabelecimento de expectativas
específicas que devem ser preenchidas, ao longo
da interação.
Izabel Soares (2001)
Lucila Pesce
Mediação online
(10/18)
Presentes no texto conversacional (Koch, 1997).
Inserções
Reformulações
Ocorrem com a suspensão temporária do
tópico em desenvolvimento.
Concretizam-se em repetições e
paráfrases.
Válidas para facilitar a compreensão do
parceiro.
Válidas para reforçar a argumentação e
facilitar a compreensão.
Para provocar o interesse do interlocutor,
para criar uma atmosfera de cumplicidade.
“Reformulação saneadora”: correções,
reparos, repetições ou paráfrases inseridas
para corrigir eventuais lacunas ou
imprecisões conceituais.
Para apoiar o desenvolvimento de uma
argumentação.
Lucila Pesce
Mediação online
(11/18)
-A conversação apresenta uma organização fundamentada
em estratégias de formação e coordenação, que se processa
em um contínuo e coordenado esforço cooperativo.
(MARCUSCHI, 1998)
-No texto conversacional, a coerência topical é construída
nos turnos, com a colaboração dos participantes e,
sobretudo, do moderador.
Lucila Pesce
Mediação online
(12/18)
As descontinuidades* do fluxo discursivo online imbricam-se
ao sentido global do texto, sem perturbar sua coerência.
Izabel Soares (2001)
*Repetições, inserções, tópicos cruzados ou inconclusos, turnos sem resposta,
dizeres paralelos...
Lucila Pesce
Mediação online
(13/18)
Na formação online é necessário um
trabalho criterioso com a linguagem
veiculada nos AVA, de modo a propiciar a
interação dialógica.
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(14/18)
Etapas da aprendizagem em rede, sob enfoque freireano
Investigação
temática
Tematização
Problematização
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(15/18)
Investigação temática
Tematização do
conhecimento
Problematização do
conhecimento
Traduzida nas
intervenções praxiológicas
dos mediadores e nas
respostas praxiológicas
dos profissionais em
formação.
Expressa nas intervenções
dos mediadores que
pedem avanços
conceituais e nas que
convidam o profissional
em formação ao diálogo
com seus pares, com vista
à elaboração de respostas
reflexivas.
Percebida nas
intervenções
problematizadoras dos
mediadores, que visem à
transformação constante
da realidade deles
próprios e dos
profissionais em
formação.
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(16/18)
As interlocuções devem privilegiar:
• a interação comprometida com a reflexão do
profissional em formação, sobre os conceitos
trabalhados e o próprio percurso no curso;
• a atribuição de significado ao objeto do conhecimento
em questão, mediante estreita articulação entre os
conceitos trabalhados no curso e as experiências do
cotidiano profissional.
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(17/18)
As interlocuções devem:
• Atentar para o momento mais adequado para suas
intervenções conceituais, de forma que estas realmente
vinculem-se às demandas do grupo.
• Viabilizar a possibilidade de utilização dos múltiplos
códigos semióticos*, em respeito aos estilos singulares de
aprendizagem dos educadores em formação.
* Imagens, textos, hipertextos, sons, animações etc.
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Mediação online
(18/18)
As interlocuções devem:
• Viabilizar a construção de um grupo de aprendizagem
colaborativa, que privilegie a troca de experiências entre os
profissionais.
• Focar não só as intervenções conceituais e reflexivas, mas
também as relacionadas ao estabelecimento de vínculos.
• Sempre que possível, privilegiar as intervenções
problematizadoras.
Lucila Pesce (2005)
Lucila Pesce
Referências
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COSTA, Rogério da. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. In: AULOUN, Henrique. (org.). Web 2.0:
participação e vigilância na era da comunicação distribuída. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008. pp. 29-48.
DIAS, Paulo. Da e-moderação à mediação colaborativa nas comunidades de aprendizagem. In: SILVA, Marco; PESCE, Lucila; ZUIN, Antonio (orgs.). Educação
online: cenário, formação e questões didático-metodológicas. RJ: Wak, 2010. pp.233-245.
JOHNSON, Steven. Interface Culture: how new technology transforms the way we create and communicate. New York (USA): Harper Edge (Harper Collins),
1997.
LEVINSON, Stephen. Pragmatics. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.
LÉVY, Pierre. Cyberculture. Paris: Éditions Odile Jacob, 1997.
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O’REILLY, Tim. What is Web 2.0? Design patterns and business models for the next generation of software. O’Reilly Media. 2005. Disponível em:
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PESCE, Lucila. Metodologia de Mediação a distância: considerações preliminares. Revista PUCVIVA - Educação a Distância, 2005, v.24, n. 24, pp.63-71.
Disponível em: http://www.apropucsp.org.br/revista/r24_r06.htm Acesso em agosto de 2012.
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SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
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VALENTINI, Carla & FAGUNDES, Lea. Comunidade de aprendizagem: a constituição de redes sociocognitivas e autopoiéticas em ambiente virtual. In:
VALENTINI, Carla & SOARES, Eliana (orgs.). Aprendizagem em ambientes virtuais: compartilhando idéias e construindo cenários. Caxias do Sul, RS:
EDUCS, 2005. pp. 35-42.
Lucila Pesce
Obrigada!
Docência na EaD:
um olhar sobre a metodologia de mediação online.
Lucila Pesce
UNIFESP – EFLCH – Depto. Educação
[email protected]
http://sites.google.com/site/lucilapesce
Líder do Grupo de Pesquisa LEC (Unifesp) – Linguagem, Educação e Cibercultura
UFSCar – SIED / EnPED 2012
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