X Encontro Nacional de Educação Matemática
Educação Matemática, Cultura e Diversidade
Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010
MATRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA MATEMÁTICA: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA EM MOGI DAS CRUZES
Marcia Regiane Miranda
Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes
[email protected]
Andréa Pereira de Souza
Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes
[email protected]
Cátia Moyano de Almeida
Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes
[email protected]
Resumo: Pretendemos relatar a experiência de elaboração de um documento curricular
de Matemática por educadores da Rede Municipal de Ensino de Mogi das Cruzes,
estado de São Paulo. Participaram dessa construção gestores, docentes e orientadores de
informática que produziram um material escrito e um CD interativo que buscaram ter
um caráter prático, propondo orientações a serem seguidas durante o processo de ensino
e aprendizagem. Inicialmente notamos uma boa aceitação dos educadores do município,
embora alguns se deparassem com dificuldades na implementação integral da proposta.
Palavras-chave: Matrizes curriculares; Matemática; Construção coletiva.
Introdução
O município de Mogi das Cruzes, localizado na região denominada Grande São
Paulo, conta com um Sistema Municipal de Ensino que atende aproximadamente 26 900
alunos distribuídos entre Educação Infantil (faixa etária entre 0 a 5 anos), Ensino
Fundamental I (faixa etária entre 6 a 10 anos e Educação de Jovens e Adultos - EJA) e
Ensino Fundamental II (faixa etária entre 11 a 14 anos).
Desde janeiro de 2001, este sistema de ensino passa por diversas mudanças, e
ações estruturadoras, como a reorganização do Conselho Municipal de Educação, a
aprovação do Plano Municipal de Educação, implantação do Plano de Carreira e a
revisão do Estatuto do Magistério.
Como parte dessas ações de estruturação, em 2007 foram publicadas as
Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância (MOGI DAS CRUZES,
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2007), fruto de um trabalho integrado realizado por profissionais do Sistema Municipal
de Ensino, assessorados por empresa de consultoria.
Complementando esse trabalho, as Matrizes Curriculares Municipais para a
Educação Básica foram elaboradas para fornecer subsídio aos professores, propondo
orientações a serem seguidas durante o processo de ensino e de aprendizagem.
Para a elaboração desse documento curricular foram feitas várias reuniões
constituídas exclusivamente por profissionais do Sistema Municipal de Ensino. Nessas
reuniões optou-se por um formato de organização por área de conhecimento com o
intuito de se ter uma visão completa do currículo desde o Berçário (0 anos) até a 8ª
série/9º ano (14 anos). Ficou acertado também que os documentos norteadores seriam
os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997 e BRASIL, 1998a) e o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998 b).
O passo seguinte foi dividir o grande grupo de discussões em grupos menores
separados por área do conhecimento para a realização de estudos preliminares.
As primeiras Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica,
produzidas em agosto de 2008, foram as de Língua Portuguesa. Para o lançamento do
documento aos docentes, diretores de escolas e coordenadores pedagógicos participaram
de uma formação. Posteriormente promoveram estudos com suas respectivas equipes de
professores utilizando o material escrito e o CD interativo. Em fevereiro de 2009 foi
realizado um encontro de formação continuada, em horário de serviço, envolvendo
todos os educadores com atividades que incluíam palestras e oficinas enfocando os
eixos: leitura, oralidade e escrita.
Em julho de 2009 foram lançadas as Matrizes Curriculares Municipais para a
Educação Básica – Matemática (Figuras 1 e 2), num evento de formato diferente do que
ocorreu para Língua Portuguesa, tendo em vista críticas e sugestões. Foi organizado um
ciclo de palestras com profissionais renomados na área da Educação Matemática que
trataram de assuntos baseados em quatro eixos presentes no currículo: números e
operações; espaço e forma; grandezas e medidas; tratamento da informação. Na ocasião
foram distribuídas versões do documento na forma de material escrito e CD interativo,
sendo realizada a socialização nas escolas das experiências vivenciadas.
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Figura 1. Versão escrita das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica
– Matemática (MOGI DAS CRUZES, 2009a).
Figura 2. CD interativo das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica –
Matemática (MOGI DAS CRUZES, 2009b).
Também em julho de 2009 foi composta uma equipe de orientação pedagógica
no Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes,
que teve como uma das primeiras tarefas construir o documento curricular nas áreas das
Ciências Naturais e Sociais e analisar as Matrizes Curriculares Municipais para a
Educação Básica que foram elaboradas para o ensino em séries reformulando-as para o
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ensino de 9 anos que seria implantado a partir de 2010, conforme exigências da lei Nº
11274/2006.
Desta forma, em fevereiro de 2010, foram lançados os livros e CDs interativos
com as Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica de Língua Portuguesa
e Matemática contendo alterações para atender ao ensino em anos e modificações
solicitadas pelos profissionais da educação. No mesmo mês foi organizado um dia para
os professores estudarem esse material em suas respectivas escolas.
Figura 3. Versão escrita das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica:
9 anos - Matemática (MOGI DAS CRUZES, 2010a).
Figura 4. CD interativo das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica:
9 anos - Matemática (MOGI DAS CRUZES, 2010b).
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Em março de 2010 finaliza-se a construção das Matrizes Curriculares
Municipais para a Educação Básica – Ciências Naturais e Sociais com previsão de
formação continuada em abril do mesmo ano.
Estrutura do documento curricular de Matemática
As Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica têm a finalidade de
fornecer orientações que auxiliem o professor no processo educativo, adequando as
recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais e dos Referenciais Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil aos anseios e necessidades educacionais do
município.
Assim, um dos primeiros elementos que compõe esse documento é a concepção
adotada pelo Sistema Municipal de Ensino para o aprendizado de cada área do
conhecimento.
No caso da Matemática, a concepção versa sobre a importância de se promover
uma educação que forme o cidadão para o mundo do trabalho, cultura e relações sociais,
desenvolvendo
capacidades
como
observação,
estabelecimento
de
relações,
comunicação, argumentação, validação e diferentes formas de raciocínio. Além disso, o
ensino e a aprendizagem da Matemática apresentam como ponto de partida a resolução
de situações-problema, na qual essa área deve sempre que possível ser trabalhada em
conexão com outras áreas do conhecimento, com o cotidiano e com os temas
transversais. A história da Matemática, as tecnologias da informação e comunicação e
os jogos são alguns dos recursos recomendados ao professor.
Para orientar o trabalho do professor e com o intuito de provocar reflexões e
ações da equipe escolar, sem que o mesmo se tornasse um modelo de planejamento, as
Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica são estruturadas em colunas
formadas por questões e respostas que remetem ao processo de ensino e de
aprendizagem, como é possível observar na Figura 5:
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Figura 5: Página 6 do CD interativo das Matrizes Curriculares Municipais para a
Educação Básica: 9 anos - Matemática. (MOGI DAS CRUZES, 2010b, p. 6)
A coluna com a pergunta “Aonde chegar?” refere-se aos objetivos a serem
atingidos. As colunas que apresentam as questões “Como chegar?” e “O que fazer para
chegar?” tratam de ações e possíveis estratégias para se alcançar o objetivo traçado.
Finalmente a coluna que traz a frase “Ao chegar faz necessário saber se...” propõe uma
análise na etapa em que o professor já aplicou as atividades e desenvolveu as ações para
o alcance dos objetivos e precisa verificar se o propósito foi atingido.
Além disso, o currículo de Matemática apresenta-se organizado em quatro eixos
pautados nas orientações nacionais: números e operações; espaço e forma; grandezas e
medidas; tratamento da informação. É recomendado que estes eixos sejam trabalhados
de forma simultânea e articulada tanto na dimensão dos conceitos como na dimensão
dos procedimentos e atitudes.
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No que se refere ao CD interativo foram criados hiperlinks para oferecer mais
um elemento de esclarecimento para o professor. Os hiperlinks remetem a um texto
complementar sobre termos ou expressões utilizadas no documento e aparecem
ressaltados no texto e no rodapé das páginas com uma cor diferente de letra como se
pode notar na Figura 5. Os textos dos hiperlinks trazem também uma relação de leituras
sugeridas para maior aprofundamento do assunto.
Considerações Finais
Julgamos que este trabalho de construção coletiva das Matrizes Curriculares
Municipais para a Educação Básica - Matemática motivou tanto a equipe de gestores
como a de docentes a estudos e reflexões sobre questões referentes à seleção e
dimensionamento dos conteúdos, práticas pedagógicas, condições em que se processam
o trabalho escolar e formas de avaliação.
O fato de esse material ter sido construído por profissionais da própria rede de
ensino, ou seja, diretores, professores, coordenadores pedagógicos, supervisores de
ensino e orientadores de informática trouxe uma boa aceitação por parte dos
educadores, conforme devolutivas em eventos, formações, reuniões e também por meio
de diálogos diretos com os envolvidos. Ressaltamos que a construção dessa proposta
permite que os profissionais da educação opinem de forma a promover reformulações
contemplando a práxis educativa.
Porém, observamos que embora aceito como recomendável, esta proposta
encontra alguns obstáculos para ser totalmente aplicada, uma vez que rompe com
práticas de ensino ancoradas em alguns profissionais. Entendemos que a implementação
das Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica - Matemática será feita
num processo gradativo.
Algumas ações têm sido realizadas pelo Departamento Pedagógico para
minimizar essas dificuldades já detectadas, como a criação de material de apoio que traz
sugestões de planos de ação para auxiliar o trabalho educativo.
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Referências
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
Ensino de primeira a quarta séries/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1997. 10v.
________Parâmetros curriculares nacionais. Matemática: Ensino de quinta a oitava
séries/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998a. 142 p.
________Referencial curricular nacional para a educação infantil. Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998b. 3v.
MOGI DAS CRUZES, Secretaria Municipal de Educação. Diretrizes curriculares
municipais para a educação da infância. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das
Cruzes: SME, 2007. 60p.
________Matrizes curriculares municipais para a educação básica - Matemática.
Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2009a. 51p.
________Matrizes curriculares municipais para a educação básica - Matemática.
Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2009b. CD - Rom.
________Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos Matemática. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010a. 41p.
________Matrizes curriculares municipais para a educação básica: 9 anos Matemática. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010b. CD –
Rom.
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