NUTRIÇÃO DO TRABALHADOR: RESULTADOS DA INTERVENÇÃO
NUTRICIONAL
AMBULATORIAL
EM
UMA
EMPRESA
NA
CIDADE
INDUSTRIAL DE CURITIBA-PR
WORKER’S NUTRITION: RESULTS OF AN OUTPATIENT NUTRITIONAL
INTERVENTION IN AN INDUSTRIAL COMPANY IN THE CITY OF CURITIBAPR
Aline Ferreira da Costa1; Angelly C. Kaminski1; Kátia Regina Castro de
Lacerda²; Ivone Mayumi Ikeda Morimoto³.
1
Estudante de Graduação do curso de Nutrição da Universidade Positivo.
² Professora de Graduação do curso de Nutrição da Universidade Positivo.
³ Nutricionista Clínica.
RESUMO
Estudos têm fornecido evidências populacionais sobre a importância da
dieta na identificação dos fatores de risco para DCV, pela etiologia da
obesidade. A qualidade da dieta, aliada a outros hábitos e comportamentos,
deve fazer parte de programas de promoção de saúde no ambiente de
trabalho. A partir da coleta de dados de 31 prontuários do atendimento
nutricional foram realizadas comparações e avaliações antropométricas e
dietéticas entre três consultas ocorridas no ambulatório de nutrição da
empresa. Dentre os quais, 11 eram do sexo masculino e 20 do feminino, com
idade variando de 20 e 54 anos. Houve redução do IMC em 67,7% dos
pacientes, entre a segunda e a terceira consulta. Após a análise estatística
verificou-se diferença significativa no aumento do consumo de frutas,
hortaliças, número de refeições ao dia, e diminuição da circunferência
2
abdominal. Os resultados encontrados neste estudo ressaltam a necessidade
de efetivas ações educativas de intervenção alimentar e nutricional, que
promovam a orientação ou a reorientação das opções alimentares, visando a
oportunização de escolhas mais saudáveis.
Palavras-chave: avaliação nutricional, saúde do trabalhador, educação
alimentar e nutricional.
INTRODUÇÃO
Paralela
à
transição
demográfica,
vivencia-se
a
transição
epidemiológica, que consiste na alteração do perfil de morbimortalidade do
país, decorrente da substituição das causas de morte pelas doenças crônicodegenerativas, frequentes na população adulta. Dentre as doenças crônicodegenerativas de maior relevância epidemiológica, destacam-se as doenças
cardiovasculares (DCV), que incluem a doença isquêmica do coração e as
doenças cérebro-vasculares, neoplasias, hipertensão arterial, diabetes mellitus,
doença pulmonar obstrutiva crônica, cirrose e as lesões por acidentes e
violência.(1) Estes dados demonstram que o planejamento das ações e
recursos voltados para as pessoas, enquanto indivíduos e coletividade são
essenciais para prevenção e promoção de saúde. Ao longo das últimas
décadas, em parte por modificações nos hábitos alimentares e no grau de
atividade física da população, verificou-se um incremento na proporção de
sobrepeso, inclusive em faixas etárias mais jovens, propiciando condições para
o aparecimento de diabetes e, possivelmente, da doença coronariana.(2)
3
Para a doença arterial coronariana, os fatores de risco mais importantes
têm sido atribuídos à hipercolesterolemia, hipertensão arterial e tabagismo.
Associações também têm sido feitas entre a obesidade, sedentarismo,
alterações lipídicas, estresse emocional e hipertensão arterial, com o aumento
da morbimortalidade para as doenças crônico-degenerativas, atribuindo-se a
cada fator diferentes impactos sobre essas doenças.(3) Outros fatores de risco
também têm sido apontados como relacionados à hipertensão e às doenças
crônico-degenerativas, tais como os aspectos alimentares incorporados pela
vida moderna, como a alta ingestão de açúcar refinado e café, baixa ingestão
de fibras, peixe e óleos insaturados, uso de anticoncepcionais hormonais e
outros fatores psicológicos como a insatisfação no trabalho e no casamento,
dificuldades financeiras, ausência de apoio familiar e social e baixo nível ou
classe social.(4)
Estudos têm fornecido evidências populacionais sobre a importância da
dieta na identificação dos fatores de risco para DCV, pela etiologia de
obesidade. A qualidade da dieta, aliada a outros hábitos e comportamentos,
deve fazer parte de programas de promoção de saúde no ambiente de
trabalho.(5)
A alimentação do trabalhador representa um pré-requisito fundamental
para o desenvolvimento econômico contemporâneo. O rendimento do
trabalhador tem relação direta com seu estado nutricional, e este, sendo
adequado, auxilia no aumento da produtividade. Uma alimentação adequada
aos esforços físicos desenvolvidos por trabalhadores mostra inclusive redução
do número de acidentes de trabalho e queda do absenteísmo.(6)
4
Com o objetivo de consolidar o processo de industrialização do país, foi
instituído pelo Governo Federal o Programa de Alimentação do Trabalhador
(PAT), por meio da Lei n. 6.321, de 1976, regulamentada somente em 1991. O
PAT é direcionado ao atendimento dos trabalhadores de baixa renda, isto é,
aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais, visando melhorar
sua situação nutricional, promover a saúde e prevenir doenças profissionais.(7)
As condições de trabalho e saúde estão diretamente relacionadas com
desempenho e produtividade. A dieta é o alicerce sobre o qual está assentado
o bem estar total, físico e emocional do indivíduo. Sendo assim cada tipo de
atividade requer diferentes necessidades nutricionais, conforme o grau de
esforço físico realizado, processos educativos em alimentação e nutrição
devem ser estimulados no ambiente de trabalho.(8)
Campanhas que privilegiam somente a divulgação e difusão de
orientações por meio de guias passo-a-passo não garantem adesão da
população a práticas mais saudáveis que reflitam na qualidade de vida e
podem até mesmo dificultar por não atingir os diferentes segmentos da
sociedade que possuem "características, motivações e possíveis causalidades
diferentes para a obesidade".(9)
Recentemente o objetivo do PAT de melhorar condições nutricionais do
trabalhador foi ampliado, e incorporou a promoção da saúde dos trabalhadores
como eixo central do programa.(10)
Assim, muitas empresas passaram a investir no atendimento nutricional
nos ambulatórios de medicina do trabalho para proporcionar aos colaboradores
a melhoria da qualidade de vida por meio do incentivo à alimentação saudável.
5
Trata-se de uma realidade recente, portanto, não há muitos trabalhos que
avaliem a eficácia dos atendimentos realizados, justificando-se, assim a
realização deste estudo.
O objetivo deste trabalho foi comparar três consultas de trabalhadores
de uma empresa de tecnologia, atendidos no ambulatório de Nutrição na
própria empresa.
METODOLOGIA
Por meio de um estudo retrospectivo observacional foi realizada a
caracterização do perfil nutricional dos trabalhadores de uma empresa de
tecnologia da Cidade Industrial de Curitiba- PR. Este trabalho foi aprovado sob
o nº 052/10 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Positivo.
A coleta dos dados ocorreu por meio dos prontuários que estavam
completos com três consultas no período de Março de 2009 a Julho de 2010.
Foram utilizados os dados antropométricos de índice de massa corporal (IMC)
utilizando a classificação de baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2), eutrofia (IMC entre
18,5 e 25 kg/m2), sobrepeso (IMC entre 25 e 30 kg/m2) e obesidade (IMC > 30
kg/m2), segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde para
diagnosticar o estado nutricional dos pacientes. Foram também utilizados os
dados da circunferência abdominal.(11) Para caracterizar o perfil da população
foram usados dados como: faixa etária, o sexo, a atividade profissional, a
frequência de refeições diárias, o tipo de atividade física e patologias já
instaladas.
6
A avaliação dietética foi realizada a partir do recordatório alimentar de
24h utilizando-se o Software Avanutri® 4.0 em que foram contabilizados a
ingestão dos macronutrientes (carboidrato, lipídio e grama de proteína por
quilograma de peso corporal), ingestão de micronutrientes (cálcio, colesterol e
sódio intrínseco), ingestão hídrica, número de porções de hortaliças e de frutas.
Os resultados obtidos no estudo foram expressos por médias, medianas,
valores mínimos, valores máximos e desvios padrão (variáveis quantitativas) ou
por freqüências e percentuais (variáveis qualitativas). Para a comparação das
três avaliações em relação às variáveis quantitativas foi usado o modelo de
análise de variância com medidas repetidas ou o teste não-paramétrico de
Friedman, quando apropriado. A condição de normalidade das variáveis foi
avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Valores de p<0,05 indicaram
significância estatística. Os dados foram organizados em planilha Excel e
analisados com o programa computacional Statistica v.8.0.
RESULTADOS
No estudo foram avaliados 31 prontuários de pacientes atendidos no
ambulatório de nutrição da empresa, dentre os quais, 11 eram do sexo
masculino e 20 do feminino, com idade variando de 20 e 54 anos.
A avaliação do perfil demográfico (Tabela 1) demonstrou que a maioria
da população trabalha em área de produção. Dos atendidos uma grande
porcentagem (51,6%) praticavam atividade física, sendo que, 16,1% faziam
musculação e 9,7% faziam exercício aeróbico combinado à musculação. Por
7
esta ser uma característica marcante da população, justifica-se a ingestão
protéica dos participantes ser aumentada.
Na análise da composição química das refeições foi possível observar
que com relação aos macronutrientes (carboidrato, proteína e lipídio) não
houve mudança significativa estatisticamente, assim como as variáveis de
cálcio, colesterol, fibras, sódio, água e IMC, porém houve mudanças positivas,
como aumento da ingestão de água, cálcio e fibras, e diminuição do IMC. No
entanto, a análise apresentou-se estatisticamente diferente em relação ao
aumento do consumo de frutas, hortaliças, número de refeições ao dia, e
diminuição da circunferência abdominal, estas alterações ocorreram num prazo
máximo de 45 dias entre o primeiro atendimento realizado e o terceiro
atendimento (Tabela 2).
Na análise realizada apenas com os pacientes classificados como
sobrepeso ou obesidade (n=22) os resultados foram parecidos com os
resultados do grupo total do estudo, alterando apenas a variável de
circunferência abdominal que não apresentou diferença estatística significativa
entre as consultas (Tabela 3).
A redução do IMC, ocorrida entre as consultas, dos pacientes
estudados, está demonstrada nas figuras 1 e 2.
8
Tabela 1 – Perfil dos trabalhadores atendidos no ambulatório de nutrição
no período de março de 2009 a julho de 2010.
Variáveis
Profissão
Técnico eletrônico
Auxiliar de produção
Administrador
Técnico de segurança do trabalho
Planejador de produção
Engenheiro
Estrategista de negócios
Assistente administrativo
Recepcionista
Analista de RH
Secretária
Analista de comércio exterior
Gerente
Desenhista industrial
Pratica de atividade física
Não pratica
Aeróbico e musculação
Musculação
Caminhada e futebol
Hidroginástica
Natação
Caminhada
Futebol
Caminhada e pilates
Objetivo do tratamento
Emagrecimento
Alimentação equilibrada
Controle patologia ou peso
Adequação com a atividade física
Aumento de peso
Hipertrofia
Doenças e sintomatologia referidas
Nenhuma
Sinusite
Tensão pré-menstrual
Doenças cardiovasculares não especificadas
Constipação
Obesidade
Dislipidemias
Hipertensão arterial sistêmica
Gastrite
Pirose
Reumatismo
Varizes
Fibromialgia
Hipotensão
Diabetes mellitus
n
Percentual (%)
3
8
6
1
1
3
1
2
1
1
1
1
1
1
9,7
25,8
19,4
3,2
3,2
9,7
3,2
6,5
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
15
3
5
1
2
1
2
1
1
48,4
9,7
16,1
3,2
6,5
3,2
6,5
3,2
3,2
23
7
3
3
1
1
74,2
22,6
9,7
9,7
3,2
3,2
8
1
2
1
7
2
5
3
1
2
1
2
1
1
1
25,8
3,2
6,5
3,2
22,6
6,5
16,1
9,7
3,2
6,5
3,2
6,5
3,2
3,2
3,2
9
Tabela 2 – Variações da avaliação dietética e antropométrica entre a
primeira, segunda e terceira consultas dos trabalhadores atendidos no
ambulatório de nutrição de uma empresa de Curitiba-PR.
Variável
Carboidrato (%)
Proteína (g/Kg)
Lipidio (%)
Cálcio (mg)
Colesterol (mg)
Fibras (g)
Sódio (mg)
Água (mL)
Porção de frutas
Porção
de
hortaliças
Refeições/ dia
IMC (Kg/\²)
Circunferência
abdominal (cm)
Primeira
55,54
1,08
27,15
500
195,51
4,74
1349
1274
1,23
1,68
Consultas
Segunda
51,84
1,10
30,60
499
196,03
5,00
1441
1282
1,94
2,19
p
Terceira
54,77
1,17
28,70
582
208,30
5,22
1357
1352
2,06
2,47
0,339
0,629
0,207
0,312
0,879
0,648
0,843
0,495
0,001*
0,003*
4,71
5,48
5,74
<0,001*
27,22
91,52
27,08
90,49
26,87
89,51
0,193
0,014*
Nota: * p<0,05 considerou-se que houve diferença estatística.
Legenda: IMC: índice de massa corporal; g/Kg: grama por quilograma; mg: miligrama; g:
grama; mL: mililitro; Kg/m²: quilograma por metro quadrado; cm: centímetro.
10
Tabela 3: Variações da avaliação dietética e antropométrica entre a
primeira, segunda e terceira consultas, dos trabalhadores classificados
como sobrepeso e obesidade, atendidos no ambulatório de nutrição de
uma empresa de Curitiba-PR.
Varíavel
Carboidrato (%)
Proteína (g/Kg)
Lipidio (%)
Cálcio (mg)
Colesterol (mg)
Fibras (g)
Sódio (mg)
Água (mL)
Porção de frutas
Porção
de
hortaliças
Refeições/ dia
IMC (Kg/m²)
Circunferência
abdominal (cm)
Primeira
54,73
1,02
28,27
508,49
209,17
5,18
1350,77
1288,64
1,27
1,68
Consultas
Segunda
49,49
1,06
32,49
526,98
214,91
5,48
1632,28
1284,09
1,91
2,14
p
Terceira
54,21
1,04
30,38
543,87
216,27
5,38
1140,03
1240,91
2,14
2,39
0,235
0,956
0,229
0,895
0,975
0,858
0,858
0,772
0,005*
0,049*
4,73
5,36
5,50
0,040*
29,21
96,78
28,87
95,52
28,72
94,78
0,136
0,068
Nota: * p<0,05 considerou-se que houve diferença estatística.
Legenda: IMC: índice de massa corporal; g/Kg: grama por quilograma; mg: miligrama; g:
grama; mL: mililitro; Kg/m²: quilograma por metro quadrado; cm: centímetro.
80,0%
64,5%
70,0%
60,0%
50,0%
67,7%
51,6%
48,4%
35,5%
40,0%
32,3%
30,0%
Sim
20,0%
Não
10,0%
0,0%
1ª-2ª
1ª-3ª
2ª-3ª
Consulta
Figura 1 – Percentual de pacientes que reduziram o índice de massa corporal
entre as consultas de nutrição.
11
80,0%
68,2%
70,0%
60,0%
50,0%
63,6%
54,5%
45,5%
40,0%
31,8%
36,4%
30,0%
Sim
20,0%
Não
10,0%
0,0%
1ª-2ª
1ª-3ª
2ª-3ª
Consulta
Figura 2 – Percentual de pacientes com sobreopeso e obesidade que
reduziram o índice de massa corporal entre as consultas de nutrição.
DISCUSSÃO
No Brasil, nas últimas décadas, tem sido observado o aumento
crescente nas prevalências de excesso de peso. As mudanças no padrão de
alimentação e o crescente sedentarismo têm sido levantados como fatores
explicativos para essas alterações.(12) A direção é o fortalecimento do caráter
promocional e preventivo, e aumentar a complexidade do primeiro nível de
atenção, elementos que ainda são considerados como desafios para o sistema
de saúde. Essa concepção, segundo o autor, tende a se centrar nos
componentes educativos. O papel da educação alimentar e nutricional está
vinculado à produção de informações que sirvam como subsídios para auxiliar
a tomada de decisões dos indivíduos.(13)
Os resultados encontrados neste estudo ressaltam a necessidade de
efetivas ações educativas de intervenção alimentar e nutricional, que
12
promovam a orientação ou a reorientação das opções alimentares, visando a
oportunização de escolhas mais saudáveis.(14)
No presente estudo, os trabalhadores da amostra classificados com
sobrepeso e obesidade foram de 71%, tal resultado pode ser explicado pelo
fato da procura pelo atendimento nutricional acontecer quando já há a
presença da doença e não no processo de prevenção.(15)
A prática da avaliação nutricional em coletividades, como a realizada na
empresa do presente estudo, é de extrema importância visto que alterações do
estado nutricional (desde a desnutrição até mesmo a obesidade) são
relacionadas com sérios agravos para a saúde.(16)
Um dos maiores desafios da humanidade está em conseguir equilibrar a
alimentação e mantê-la saudável queixa que apareceu freqüentemente durante
os atendimentos. A orientação nutricional apresenta papel fundamental para
que este objetivo seja alcançado, pois ela constitui-se em um processo de
ajuda para as pessoas efetivarem as mudanças necessárias na vida, intervindo
positivamente no comportamento alimentar do indivíduo.(17)
Após os atendimentos eram entregues materiais de educação nutricional
para elucidar e auxiliar no processo de mudanças a que se propunham cada
paciente, o que ao retornarem aos atendimentos posteriores relatavam que os
materiais foram claros e ajudaram em suas escolhas.
Segundo Lerayer(18) a busca por uma alimentação alternativa é uma
realidade nos dias de hoje. Pode ocorrer por estética corporal, prevenção ou
manutenção da saúde. Como ficou evidente na presente pesquisa, em que os
objetivos do tratamento que os trabalhadores citaram com maior frequencia se
13
referem ao emagrecimento, a alimentação equilibrada e o controle de patologia
ou peso. O principal objetivo da dietoterapia foi a perda de peso, pois este fator
melhora as condições clínicas e metabólicas.(19) E, o segundo, foi alimentação
equilibrada, fator importante e relacionado a efetividade do primeiro. O que
neste estudo ficou claro ao observar que houve aumento no número de
refeições realizadas ao dia o que proporciona um equilíbrio no organismo e no
metabolismo que trarão os resultados almejados pela população em questão.
Com base nos prontuários do atendimento nutricional a diminuição de
peso não foi estatisticamente comprovada, mas verificou-se que mais da
metade da população reduziu o valor de IMC e de circunferência abdominal
(CA) entre as consultas. Para que houvesse um melhor resultado seria
necessário um prazo maior dentre os atendimentos que foram tabulados, pois
45 dias entre a primeira e a terceira consulta denotam prazo curto para que
fosse possível observar mudanças corporais efetivas. Também, houve
aumento de porções de frutas e hortaliças ingeridas nas refeições durante o
mesmo. E, por consequência, um leve acréscimo na quantidade de ingestão de
fibras, esses resultados já são de grande valia, pois demonstram que houve
empenho por parte dos pacientes e resultados positivos do atendimento
nutricional realizado, o aumento do consumo de fibras alimentares faz com que
haja um volume menor de alimentos durante as refeições e consequentemente
acarretará na redução do peso corporal que era o objetivo inicial. A motivação
para que ocorram mudanças é complexa e muitas variáveis intrínsecas e
extrínsecas, influenciam o processo em determinado momento. As influências
motivacionais de hoje podem ser diferentes das de amanhã, e metas em curto
14
prazo podem preceder sobre as de longo prazo. O problema é que, tornar-se
ou permanecer saudável, ou aprender o que alguém precisa para um cuidado
apropriado em DCNT, envolve metas em longo prazo, enquanto comer doces,
“só desta vez”, satisfaz uma meta em curto prazo.(20)
Neste estudo a amostra foi formada por uma maioria do sexo feminino.
Segundo Mukim(21), o percentual superior de mulheres atendidas reflete uma
demanda feminina mais acentuada aos serviços de prevenção primária, em
função de uma preocupação maior com sua própria saúde e estética corporal,
o que se confirma em estudos sobre saúde e sexo.
CONCLUSÃO
O atendimento nutricional focado para a promoção da qualidade de vida
e saúde do indivíduo exerce um papel primordial na efetividade do tratamento,
visto que neste estudo houve evolução positiva nos dados antropométricos
bem como nas mudanças dos hábitos alimentares.
Os resultados do atendimento nutricional não foram maiores e mais
positivos devido ao número de consultas e tempo entre as mesmas serem
insuficientes.
ABSTRACT
Population studies have provided evidence about the importance of diet
in the identification of risk factors for CVD, in the etiology of obesity. Quality of
diet, combined with other habits and behaviors must be part of programs to
promote health in the workplace. From the collection of data from 31 charts of
15
nutritional assessment were made comparisons and anthropometric and dietary
evaluations between three consultations occurred in the outpatient nutrition
company. Among whom 11 were males and 20 females, aged from 20 to 54
years. There was a reduction of BMI in 67.7% of patients, between the second
and third visit. After statistical analysis there was significant difference in
increased consumption of fruits, vegetables, number of meals a day, and
decreased abdominal circumference. The results of this study emphasize the
need for effective educational and nutrition intervention that promote orientation
or reorientation of food options, in order to provide healthier choices.
Key-word: nutrition assessment, occupational health, food and nutrition
education.
16
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nutrição do trabalhador: resultados da intervenção nutricional