A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A MOTIVAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO DAS
NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA
Josevânia Teixeira Guedes1
Universidade Tiradentes
[email protected]
Professora-Orientadora: Ada Augusta Celestino Bezerra2
Universidade Tiradentes
[email protected]
RESUMO
O presente artigo se debruça sobre o tema Motivação e as novas tecnologias da informação e
comunicação no processo de formação de professores. O objetivo é demonstrar a necessidade da
motivação do professor, direcionada ao processo de utilização das novas ferramentas e
multifuncionalidade presentes no mundo contemporâneo, como também, apontar a necessidade
motivacional da aplicabilidade das NTIC’S - Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação no contexto da sala de aula por se constituírem, hoje, uma linguagem e um meio de trabalho
fundamental para a inserção social e produtiva. Para alcançar este objetivo, desenvolveu-se a
argumentação seguindo como fio condutor Antônio Nóvoa e as teorias da motivação no trabalho e as
visões contemporâneas da motivação, a partir de um estudo de Stoner e Freeman.
Palavras-chave: Motivação. Professor. Tecnologia. Educação.
ABSTRACT
This search looks at the theme Motivation and new information technologies and communication
in the process of the teacher. The objective is to show the necessity of teacher’s motivation is
directed to the process of digital inclusion and the utilization of multifunctional tools present in the
contemporary world, as also pointing the motivational necessity of applicability of ICTs in the reality
of classroom because it constitutes, nowadays, a language and basic working didactic tool for the
social and productive including. To catch this objective, it was developed an argumentation following
the conductor line of Antônio Nóvoa and the theories of motivation for working and the contemporary
views, from a study by Stoner and Freeman.
Keywords: Motivation. Teacher. Technology. Education.
INTRODUÇÃO
Ser professor é conquistar espaço acadêmico próprio através da produção, refletir
sobre sua prática, inovar no ensino e acrescentar saberes. Ser professor basicamente, ser
pesquisador, na perspectiva do eterno aprendiz. Charlot, (2000 p. 19) mostra a relação do
1
Pedagoga, Bacharel em Direito, Especialista em Metodologia do Ensino e Integrante do Grupo de Pesquisa
Políticas Públicas, Gestão Sócioeducacional e Formação de Professor ( GPGFOP/UNIT/CNPq).
2
Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Mestra em Educação pelo IESAE/FGV – Rio de
Janeiro. Pedagoga pela UFS, SE. Professora Titular na UNIT, Aracaju, SE, atuando na Graduação e no Mestrado
em Educação. Líder do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de
Professor (UNIT/CNPq).
2
saber com o professor como uma “[...] relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo, de um
sujeito confrontado com a necessidade de aprender”.
Trata-se da função reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB nº 9394/96; o
professor é um profissional da educação, que deve ter plano de carreira, acesso à formação
inicial e continuada e condições adequadas de trabalho.
Esse profissional, não pode ser visto tão somente como aquele que passa deveres e
explica no quadro a lição do dia; ele não traz consigo somente aula, como também
conhecimentos pedagógicos, científicos, atitudes e valores, crenças, estratégias. O professor
gera a estrutura, o envolvimento educacional de forma a promover as capacidades de
aprendizagem dos alunos, provocando, reforçando e otimizando os seus potenciais de
adaptabilidade e sociabilidade. Desse modo, converte os conhecimentos e as aquisições em
termos sistemáticos e explícitos, pragmatizando as teorias de comportamento e de
aprendizagem humana à base de estratégias de instrução e de interação, que visam
essencialmente modificar e maximizar as suas capacidades de aprender e reaprender.
Por ter diante de si tamanha responsabilidade na vida e no decorrer das etapas de
aprendizagem de uma criança, de um jovem ou de um adulto, o professor precisa estar
suficientemente preparado, aplicando os conhecimentos de uma pedagogia mais moderna e
atraente, ou seja, precisa ser um conhecedor da teoria pedagógica, na qual desenvolve sua
prática, deve conhecer a realidade do aluno, respeitar a individualidade de cada um e,
principalmente, estar motivado.
Nos exercícios de suas funções, o professor faz uso progressivo das Novas
Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC’s) por se constituírem, hoje, uma
linguagem motivacional e um meio de trabalho fundamental para a inserção social e
produtiva. As NTIC’s possibilitam, também, acesso rápido às informações, uma vez que se
trata de um veículo muito importante para a aprendizagem colaborativa e para o
desenvolvimento humano.
Nesse sentido, um dos pressupostos fundamentais para se
trabalhar a motivação de professores na era da informação e do conhecimento é a valorização,
incentivo e preparação do docente para o uso significativo das NTIC’s.
No entender de Zanchetta (2008) as NTIC’s foram ganhando prestígio no cenário
educacional, passando a integrar de forma mais sistemática as agendas educativas, muito em
razão de uma suposta sintonia com os problemas da sociedade urbana contemporânea, além
da adequação a um mercado de trabalho que solicita profissionais cada vez mais
especializados e habilitados para operar com diferentes mídias.
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Ainda em Carl Rogers (1994), já propunha seu ideal de ensino, que o papel do
professor se assemelhe ao do terapeuta e o do aluno, ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa
do professor é de facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo.
Nesse sentido, o uso das tecnologias contribui para facilitar a prática docente. Tardif
(2002 p. 36) define essa prática, como um saber “[...] plural, formado pelo amálgama mais ou
menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares
e experienciais.”
Para explorar os objetos de sua realidade, aprender sobre eles, conhecê-los e
representá-los, o diálogo enseja troca de idéias com os colegas sobre o que pensa,
conversando, desenhando, dramatizando, escrevendo, enfim, assimilando os fatos, os objetos
do mundo real de acordo com sua compreensão, mas, de modo criativo, contexto em que as
tecnologias ampliam a acessibilidade.
A superação dos antigos paradigmas educacionais, já é uma realidade na formação e
na prática docente. Deve demonstrar habilidade de respeitar o nível de desenvolvimento do
aluno, seus interesses e aptidões; acompanhar seu raciocínio, que vai aonde o próprio discente
quer e pode chegar. Há que “situar o saber do professor na interface entre o individual e o social,
entre o ator e o sistema, a fim de captar a sua natureza social e individual como um todo” (Tardif,
2002, p. 16)
A formação do professor para o uso das NTIC’s segundo Nóvoa (1992, p. 16) é “[...]
um processo que necessita de tempo. Um tempo para refazer identidades, acomodar inovações, para
assimilar mudanças”. As mudanças que estão presentes a cada instante no contexto escolar,
exigem que o docente se adéque a esta nova realidade, incorporando ao procedimento didático
e metodológico a utilização de novas tecnologias a fim de fazer o ato de aprender mais
prazeroso e, consequentemente, mais eficaz, além do que mais adequada à realidade do aluno
que utiliza as NTIC’s no cotidiano.
Crescem as demandas sociais e psicológicas do professor que não pode vir a ser
atendida, de maneira minimamente eficaz sem a formação específica para esses fins, ou seja,
os docentes devem estar preparados para poder aplicar em sala de aula as novas tecnologias,
não como um mero recurso, mas como uma ferramenta que possibilite ao professor uma
melhor apreensão dos conteúdos pelos discentes. Sendo assim, é imprescindível que ele esteja
plenamente valorizado na ação laborativa, uma vez que a motivação deve estar precedida de
valorização.
O profissional da educação motivado perceberá o grande potencial que possui o que
diretamente conduzirá a um melhor resultado no processo ensino-aprendizagem. No que
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compete ao uso das NTIC’s no processo de desenvolvimento profissional e motivacional, o
professor é envolvido em uma série de situações que vão desde a expressão do discurso ao
desenvolvimento da aula aos seus agentes, procurando levar o aluno à satisfação de suas
metas de aprendizagem. Para propiciar a ressignificação do processo de aprendizagem, o
docente, necessita do domínio técnico das NTIC’s e reflexão crítica a fim de dar a elas a
significação social necessária para a sua utilização pedagógica. E, a partir dessas perspectivas,
o professor poderá empreender um ensino motivador e inovador, criando situações de
aprendizagem estimulantes e favorecendo a diversidade na criação e construção do
conhecimento.
Entende-se que se grande parcela da responsabilidade do processo de aprendizagem
está no professor, para isso, os dirigentes educacionais devem, então, propiciar-lhes
incentivos para a gestão de suas tarefas, motivando-os ao trabalho, uma vez que a maioria dos
profissionais da educação possui em si uma verdadeira paixão pela atividade educadora, o que
lhe falta é a valorização, motivação, incentivo e respeito também de forma que os mesmos
possam executar suas tarefas de maneira satisfatória.
O desenvolvimento profissional do professor não se estabelece, apenas, a partir do
domínio de conhecimento sobre tal ato de ensinar, mas também se firma na sua atitude
enquanto docente e nas relações sociais, profissionais e pessoais que desenvolve na
comunidade de aprendizagem onde atua. Nesse sentido, o docente deve mobilizar não apenas
conhecimentos pedagógicos específicos, mas, sobretudo, articular outras competências que
contribuam para o êxito da sua prática, tais como: autopercepção, expectativa com relação ao
ambiente de trabalho e, é claro, motivação.
Assim, o comprometimento com o trabalho e a satisfação às exigências profissionais,
sociais e educativas atribuídas ao bom desempenho do professor se pautam na perspectiva de
trabalho oferecida pela escola e nas condições de desenvolvimento profissional que ela pode
oferecer. A relação satisfação-comprometimento só se dará com investimento e valorização
do trabalho docente.
Em 29 de janeiro de 2009, o decreto nº 6.755, institui a Política Nacional de Formação
de Profissionais do Magistério da Educação Básica, cuja finalidade é organizar a formação
inicial e continuada dos profissionais do magistério para a educação básica. Este documento
legal será realizado na forma do TÍTULO VI - Dos Profissionais da Educação da Lei no
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Este decreto, sem dúvida, durante a sua execução irá
proporcionar àqueles profissionais da educação que, ainda, não tiveram.
5
MOTIVAÇÃO DO PROFESSOR A PARTIR DA UTILIZAÇÃO DAS NTIC’s
O professor, via de regra, estar motivado frente aos novos avanços tecnológicos,
primeiro porque estes estão presentes na vida e, segundo, porque estão chegando em nossas
escolas e fazem parte do cotidiano dos nossos alunos, portanto, estar motivado é uma ação
presente no ato de ensinar.
Vive-se, atualmente, uma nova realidade tecnológica. O mundo torna-se virtual. E
neste, contexto, o professor não pode deixar de estar inserido. Sabe-se, que a grande maioria
dos docentes são imigrantes digitais, ou seja, aqueles que não nasceram no espaço sóciohistórico e cultural das tecnologias digitais. Aculturaram-se na oralidade, da escrita e da mídia
massiva. Logo, é necessário que o profissional da educação esteja motivado para adquirir
competências para atuar neste novo cenário mundial.
Chiavenato (2004, p.477) define motivação como sendo “[...] o direito de exercer altos
níveis de esforço em direção a determinados objetivos organizacionais, condicionados pela
capacidade de satisfazer algumas necessidades individuais”.
Assim, pode-se inferir que motivar é prover razões, porque se age ou se pensa de
formas diversas. Motivo é tudo o que causa interesse, a curiosidade, à vontade e a razão para
agir. Uma pessoa motivada é uma pessoa entusiasmada. Enfim, tudo o que pode fazer mover,
que determina algo. Em uma empresa os trabalhadores podem se sentir altamente motivados
ou vice-versa, dentro de seu setor, por uma simples medida ou atitude de seu chefe.
Manter-se no mercado competitivo é um dos grandes desafios que a era moderna
informacional proporciona às organizações. Não há dúvidas de que o modo de administrar as
instituições vem se modificando gradualmente mediante a aquisição de novos recursos. As
grandes mudanças na economia mundial, a conhecida globalização, a preferência por
organizações enxutas e o espetacular avanço da tecnologia, levaram à passagem da antiga
sociedade industrial para uma nova sociedade baseada na informação e no conhecimento, a
sociedade da “Era da Informação”.
As estratégias orientadas para o conhecimento geram uma variedade de receitas
intangíveis, que podem advir dos clientes, dos fornecedores ou das pessoas da organização.
Estas receitas intangíveis podem ser conhecimento, competência, referências, soluções ou
imagem.
Durante a revolução industrial, as máquinas substituíram a força física. Na economia
do conhecimento, as máquinas complementam a capacidade intelectual do ser humano. As
6
empresas que insistirem em manter as velhas políticas administrativas já possuem destino
traçado: o fracasso. A inovação, a definição de objetivos e metas a serem atingidas pelo
coletivo, valorizando o trabalho de cada um dos funcionários são as ferramentas que induzem
ao sucesso.
Cada sujeito é único, diferente e tem muito em si mesmo que pode ser proveitoso para
os que o rodeiam. Isso deve estar presente no espírito de cada um, para que todos vivam bem.
Apesar das pessoas serem diferentes em relação ao que as motivam, aos comportamentos,
valores sociais, necessidades, capacidade de atingir e delimitar objetivos. Existem três
suposições inter-relacionadas sobre o comportamento humano:
o comportamento é causado, ou seja, existe uma finalidade do
comportamento. O comportamento é causado por estímulos internos ou
externos;
o comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em todo
comportamento humano. O comportamento não é casual ou aleatório, mas
sempre orientado e dirigido para algum objetivo;
o comportamento é orientado para os objetivos. Subjacente a todo
comportamento existe sempre um impulso, um desejo, uma necessidade, uma
tendência, expressões que servem para designar os motivos de
comportamento. (Chiavenato, 1998: 76-77)
Desta forma, a sustentação da motivação tem sido e continua a ser, uma das questõeschave no crescimento pessoal e profissional de cada um. Para atender à questão-chave da
motivação deve-se possibilitar ao professor condições de satisfação no trabalho. A satisfação
possibilita respostas emocionais positivas no exercício das obrigações diárias. Por estar
envolvido numa atividade que contribui com o processo formativo instrucional, cognitivo e
ético do indivíduo, o professor é, muitas vezes, vítima de pressões e cobranças. Trabalhar
promovendo a aprendizagem é difícil, árduo, pois envolve não apenas técnicas, mas o
desenvolvimento de competência dos atores envolvidos. Quem ensina também aprende e é
essa preocupação com o aprendizado que norteia a busca por satisfação no trabalho. O ato de
ensinar pressupõe também o desenvolvimento profissional dos docentes, assim como mostra
Pimenta & Libâneo (2007, p.42.):
O desenvolvimento profissional dos professores tem se constituído em
objetivo de políticas que valorizem a formação dos professores [...] numa
perspectiva que considera a sua capacidade de decidir e de, confrontando
7
suas ações cotidianas com as produções teóricas, rever suas práticas e as
teorias que as informam, pesquisando a prática e produzindo novos
conhecimentos para a teoria e a prática de ensinar.
A busca por um desenvolvimento profissional do docente é um processo contínuo que
se inicia no ingresso de sua formação. Numa trajetória dinâmica, uma vez que o ato de
conhecer, de estar inserido nos novos contextos da pedagogia moderna não se extingue na
conclusão de um curso de formação de professor.
Em 29 de janeiro de 2009, o decreto nº 6.755, institui a Política Nacional de Formação
de Profissionais do Magistério da Educação Básica, cuja finalidade é organizar a formação
inicial e continuada dos profissionais do magistério para a educação básica. Este documento
legal será realizado na forma dos artigos 61 a 67 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
– Lei das Diretrizes e Bases da Educação - LDB, e abrangerá as diferentes modalidades da
educação básica. A referida política estabelece os princípios e objetivos que devem servir
como parâmetro para sua implementação.
O decreto determina a criação dos Fóruns
Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente, responsáveis por diagnosticar e
planejar as ações de formação em parceria com as instituições públicas de ensino superior.
Diante desse contexto, é fundamental, que haja políticas públicas que desenvolva
estratégias de formação inicial e continuada, objetivando não apenas competência técnica dos
profissionais da educação, como também o autoconhecimento e o compromisso político do
educador, aspectos fundamentais de sua formação profissional.
AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO NO TRABALHO
Com o advento da Revolução Industrial, surgem novas organizações de trabalho.
Despertou-se, a partir daí, o interesse em torno de fatores que induzem ao aumento da
produtividade humana. Torna-se uma preocupação constante das organizações a busca por
condições capazes de levar os trabalhadores a desempenharem suas funções, cada vez mais,
de forma eficiente e eficaz. Desvendar os fenômenos de motivação passou a ser uma das
preocupações das empresas modernas. Várias correntes foram desenvolvidas, como as de
Maslow, Herzberg e Mac Gregor.
Assim, o estudo da motivação no trabalho do professor a partir da utilização das
NTIC’s é o foco central deste estudo. As teorias da motivação tratam das forças propulsoras
do indivíduo para o trabalho e estão normalmente associadas à produtividade e ao
8
desempenho, despertando o interesse de dirigentes. Desta forma, o crescimento dos estudos
da motivação no trabalho se dá pela possibilidade de atender ao sonho dos dirigentes de criar
um motor propulsor, um combustível que mantenha o homem trabalhando, conforme as
expectativas da organização.
Os administradores contemporâneos costumam usar simultaneamente dois modelos de
motivação. Para seus subordinados preferem o modelo das relações humanas; tentam reduzir
as resistências, aumentando a moral e a satisfação. No entanto, para eles próprios, preferem o
modelo dos recursos humanos, sentem que seus talentos são subutilizados e buscam receber
mais responsabilidades dos seus superiores.
Na formação e no exercício profissional do professor evidencia-se a possibilidade de
se empreender programas e articular estratégias para o estímulo motivacional. Dirigentes
escolares têm tido, a cada dia, preocupação em oferecer melhores serviços educacionais à
comunidade. A concorrência entre as instituições privadas de ensino ocasiona uma pressão no
professor que se converte em insatisfação e falta de atitude.
Na rede pública, a desvalorização salarial, insegurança, desestruturação dos locais de
trabalho e o público escolar, oriundo de comunidades socialmente desprivilegiadas, com
problemas educacionais de causas patológicas e sociais são fatores que levam o professor a
desmotivação. Nesse contexto, não há atrativos que impulsione o emocional do docente a agir
e reagir e a motivação do professor, nesse caso, deve atender a duas demandas fundamentais
para a educação moderna: valorização financeira e o incentivo à formação profissional com o
uso das NTIC’s, fundamental para a inclusão na Era da Informação e do conhecimento.
Partindo da importância do incentivo à formação do professor com o uso das NTIC’s,
Kenski explica que: (2008, p. 19): “As tecnologias invadem nossas vidas, ampliam a nossa
memória, garantem novas possibilidades de bem-estar [...] que nem podemos imaginar como seria a
vida sem eles [...]”, daí a importância de o professor levar para a sala de aula tecnologias que o
auxiliem no fazer pedagógico, entretanto para a sua utilização, o profissional deve estar
motivado.
Motivação no trabalho, especialmente, relacionada aos docentes da rede pública deve
atender as premissas aqui apresentadas. As concepções acerca da motivação são variadas e
cada qual atende ao tipo de demanda que se quer suprir. Nesse sentido, o conhecimento sobre
as teorias motivacionais é primordial para o desencadeamento de trabalhos que viabilizem
essa finalidade.
VISÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE MOTIVAÇÃO
9
As visões contemporâneas da motivação concentram-se em certos fatores que podem
afetar esse particular. As teorias de conteúdo enfatizam o ‘quê’ da motivação – o conteúdo
dos objetivos e aspirações do indivíduo. As teorias de processo, por outro lado, enfatizam o
‘como’ da motivação – os processos de pensamento que se transformam em animus.
A visão contemporânea da motivação concentra-se nas necessidades internas que
motivam o comportamento. Tentando reduzir ou satisfazer suas necessidades, as pessoas
agem de determinadas maneiras, conforme se tenta demonstrar na figura abaixo:
FIGURA 01 – VISÃO CONTEMPORÂNEA DA MOTIVAÇÃO
IMPULSO
(Tensões para
satisfazer uma
necessidade)
NECESSIDADE
(Privação)
AÇÕES
(Comportamento
direcionado para
objetivos)
SATISFAÇÃO
(Redução do impulso e satisfação da
necessidade original)
Fonte: STONER e FREEMAN, 1999, p. 324
Teoria de Abraham Maslow
O psicólogo americano, da área Clínica, Abraham Harold Maslow, em meados da
década de 40, estabeleceu a Teoria das Necessidades. Ele demonstrou, a partir de sua teoria,
a interferência de fatores sociais na vida das pessoas. Entendia que os elementos do tipo
pessoal e social estavam interligados. Nesse sentido, buscou entender o indivíduo a partir de
uma percepção multidimensional, considerando a existência de diversas necessidades. A
motivação seria o caminho para a satisfação das carências dominantes. Essa “hierarquia de
necessidades” é demonstrada em forma de pirâmide.
A teoria de Maslow admite que as necessidades humanas possam ser classificadas da
seguinte maneira: necessidades fisiológicas; necessidades de segurança; necessidades sociais;
necessidades de ego ou de auto-estima e necessidades de auto-realização.
Essas necessidades formam uma hierarquia piramidal que se estende das necessidades
fisiológicas, na base, às de auto-realização, no topo, conforme evidencia a Figura 02:
10
FIGURA 02 – PIRÂMIDE REPRESENTANDO A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE
MASLOW.
Fonte: Maitland (2000)
A Teoria dos dois fatores, de Herzberg
Frederick Herzberg, psicólogo, consultor e professor universitário norte-americano,
pautou sua teoria num dos pontos mais criticados da teoria de Maslow: a de que a satisfação
das necessidades básicas não é fonte de motivação, mas sim de movimento. Para ele, a
motivação é fruto da satisfação de necessidades complexas como estima e auto-realização.
Assim, o comportamento humano do trabalho é orientado por dois fatores: os Higiênicos e os
Motivacionais.
Frederick Herzberg ressaltou a importância da motivação no trabalho e afirmou que o
maior fator motivacional para o homem encontra-se no interior de seu próprio trabalho. Seu
modelo divide-se em dois fatores: de higiene (necessidades físicas) e motivação (necessidades
de crescimento), na sua teoria escolheu fatores para serem estudados separadamente:
Os que causam satisfação
Os que causam insatisfação
Os fatores de higiene incluem: salário, supervisão, companheiros de trabalho e
políticas organizacionais.
Os fatores de motivação incluem: realização, reconhecimento, responsabilidade e a
natureza do trabalho em si.
Para o teórico, a forma de motivar os funcionários é oferecer níveis apropriados de
fatores de motivação, uma vez que os fatores de higiene não promovem a motivação, não
11
importa o quanto sejam favoráveis. Ele afirma que os fatores de higiene, na verdade, não
chegam a estimular, mas que precisam ser pelo menos satisfatórios para não se tornarem a
causa de desmotivação das pessoas.
Um ambiente de trabalho seguro e saudável, por si só, não irá motivar os
funcionários a trabalharem com mais afinco e/ou melhor, porém deixa-os
satisfeitos o bastante para que os outros fatores possam motivá-los. No
entanto se as condições de trabalho causam insatisfação, as pessoas
tornam-se desmotivadas, e tanto esses como outros elementos simplesmente
não irão funcionar como motivadores. Maitland (2002, p. 9)
Se os fatores de higiene estiverem em ordem e forem satisfatórios, os funcionários
estarão motivados para trabalhar, ou seja, atingirem as metas, responsabilidade pelas tarefas e
deveres realizados, sensação de ter alcançado algo que valeu a pena, reconhecimento pelo
trabalho realizado, pelo empenho e desempenho, possibilidade do desenvolvimento pessoal,
transferência de cargo e promoção.
Herzberg com seu estudo do comportamento organizacional desfez a visão tradicional,
acreditava que o trabalho em si é o principal motivador no ambiente de trabalho e que todas
as outras influências possíveis são de importância secundária.
Chegou ainda à conclusão de que os fatores responsáveis pela satisfação profissional
são totalmente desligados, distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional: o
oposto da satisfação profissional não seria a insatisfação, mas sim, nenhuma satisfação
profissional; e, da mesma forma, o oposto de insatisfação seria nenhuma insatisfação
profissional e não satisfação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns profissionais da educação se distanciam dos avanços tecnológicos, o que
impõe uma necessidade premente, motivacional e de capacitação continuada para que o
educador possa atuar dignamente frente aos avanços tecnológicos, fazendo o uso destas
ferramentas dentro das perspectivas didático-pedagógicas atuais.
12
A discussão proposta neste artigo permite concluir que a busca do saber docente numa
perspectiva de acesso às NTC’s não pode ocorrer, a não ser que seja dirigida através do
pensamento reflexivo (Ortega y Gasset, 1973), que lhe permita enfrentar as contradições do
processo educacional e desarmar algumas armadilhas grosseiras a que se vê frequentemente
submetido, como o adiamento de tomada de consciência dos problemas que hoje atingem a
humanidade e as justificativas e movimentos evasivos para não enfrentá-los.
Nóvoa (1992) afirma que o professor que reflete sobre a sua prática docente está
sempre disposto a experimentar novos saberes através das práticas de reflexão. E é impossível
alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existiam.
Dito isto, torna-se urgente que este processo de inclusão a partir do pensamento
reflexivo se faça emergencialmente, uma vez que os educadores atuam em um cenário no qual
crianças e adolescentes dominam as ferramentas virtuais, ou seja, são nativos tecnológicos.
Entretanto, no sentido da utilização destes recursos disponíveis com a inclusão das NTIC’s no
cotidiano escolar, se encontra inúmeras dificuldades que precisam ser encaradas de forma
desafiadora, caso contrário, correremos o risco de continuar com um padrão educacional que
não educa, mas que aliena e aprisiona.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996.
________ DECRETO Nº 6.755, DE 29 DE JANEIRO DE 2009 que Institui a Política
Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica.
13
CHARLOT, B. Da relação com o saber. Porto Alegre, ArtMed. 2000.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos. São Paulo: Compacta, Atlas, 1998.
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KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 3 ed.
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