Competitividade e
Taxa de câmbio
S É RGIO KA N N E BLEY JÚ N I OR
P ROF. T I T ULA R F EA R P -U SP
DE PTO DE ECON OM I A
Motivação
“O desenvolvimento econômico depende do investimento em setores
cada vez mais sofisticados tecnologicamente, e tais inversões
dependem da diferença entre o custo do capital e a taxa de lucro
esperada, a qual, por sua vez, depende da competitividade do país na
produção de bens e serviços tradables”
Questão Proposta: A taxa de câmbio compensa a baixa produtividade
técnica (produtividade organizacional) e econômica (relativa ao custo
unitário do trabalho)?
Fato Estilizado – Custo Unitário
do Trabalho em Dólares
Perda de competividade da indústria
expressa pelo aumento relativo do
custo unitário do trabalho ao longo dos
anos 2000
Fonte: CNI – Nota Econômica
Decomposição do Custo Unitário Real em US$
Perfil da Inovação Tecnológica
na Indústria
Taxa de Inovação - Industria de Transformação
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
total
Produto
Empresa
2003
Ano
2003
2005
2008
2011
Total
34%
34%
38%
36%
Produto
55%
50%
52%
49%
Mercado
2005
Empresa
55%
50%
52%
41%
2008
Processo
Empresa
Mercado
2011
Mercado Processo
8%
81%
10%
80%
11%
84%
10%
89%
Empresa
78%
76%
81%
84%
Mercado
4%
5%
6%
6%
Atividades Inovativas
2005
2008
t
Dispêndio em P&D
coef
% Nº de Firmas
0.000 0.02
-0.088 -3.14 ***
-0.058 -2.36 **
% $ sobre Ativ. Inovativa
0.000 -0.03
0.026
0.067
3.16 ***
% $ sobre Receita
0.000 0.31
-0.001 -0.09
0.001
0.78
Dispêndio em Máquinas e
Eqp.
coef
coef
t
% Nº de Firmas
t
coef
2011
t
1.79 *
coef
t
coef
t
0.018 0.50
0.263
0.89
-0.007 -0.22
% $ sobre Ativ. Inovat.
0.061 1.04
0.118
2.35 **
0.103
2.01 *
% $ sobre Receita
0.004 1.83 *
0.003
2.11 **
0.033
1.76 *
Inovação e Apoio
Governamental
Financiamento
Indústria de
Transformação
Serviços
A projetos de P&D&I
Empresas que
receberam
Sem parceria Em parceria
apoio
com
com
governamental
univers.
univers.
Ano
Total de
Empresas
que
inovaram
2005
29.951
5.729 (19%)
-
369 (1%)
3.712 (12%)
1.952 (7%)
2008
37.808
8.653 (23%)
524 (2%)
319 (1%)
5.436 (14%)
2.681 (7%)
2011
41.012
14.174 (35%)
497 (2%)
383 (1%)
11.185 (27%)
3.071 (7%)
2005
2.418
351 (15%)
-
72 (3%)
127 (5%)
139 (6%)
2008
2.357
428 (18%)
51 (2%)
60 (3%)
81 (3%)
220 (9%)
2011
4.258
1.277 (30%)
206 (5%)
193 (5%)
398 (9%)
477 (11%)
Aquisição de
Máquinas e
Equiptos.
Outros
programas
de apoio
Modelo CDM - Crepon,
Duguet and Mairesse (1998)
Modelo CDM :
Comparação Internacional
País
Inovação
Tecnológica
País
Inovação
Produto
Inovação
Processo
-0,01
-0,02
0,069
0,022
Colômbia
México
Chile
Costa Rica
◊
+
◊
◊
1,92
1,18
0,60
0,63
França
França
França
Alemanha
*
*
•
•
0,14
0,13
0,06
-0,053
Panamá
◊
1,65
•
0,055
0,029
Uruguai
Argentina
◊
◊
0,8
0,24
Reino
Unido
Espanha
•
0,176
-0,038
Brasil
▪
0,13
Brasil
▪
0,448
-0,174
Fonte: ▪ Kannebley e Ledo (2014), ◊ Crespi e Zuniga (2011), + De Fuentes e outros (2015),
* Mairesse e Robin (2009),
• Griffit e outros (2006).
(n.s.)
(n.s.)
(n.s.)
(n.s.)
(n.s)
Relação entre Produtividade e
Crescimento do Emprego entre
firmas
3.5
3
BRAZIL
Spain
France
Italy
United
Kingdom
2.5
2
1.5
1
0.5
0
-0.5
-1
-1.5
-2
1st 2nd 3rd 4th
1st 2nd 3rd 4th
1st 2nd 3rd 4th
Fonte: OECD Economic Surveys: Brazil 2013
1st 2nd 3rd 4th
1st 2nd 3rd 4th
% Valor Exportado por Tipo de
Firma (1997 – 2014)
100,0
90,0
86,0
80,0
69,1
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
13,9
11,7
10,0
-
Não Industrial
INDUSTRIAL
0,1
0,9
Micro
Pequena
4,3
Especial
Média
Grande
Resposta assimétrica das
exportações às variações da taxa
real de câmbio
Períodos de Desvalorização da Moeda são indutores à entrada no
mercado externo.
Firmas Médias e Grandes
- maior resiliência às variações cambiais, ajustando em seu coeficiente
de exportação
- melhores pré-condições de entrada - auto-seleção ;
Firmas Menores
- mais sensíveis à variação cambial
◦ promovendo entradas e saídas associadas aos movimentos de
desvalorização e valorização cambial (auto-seleção versus aprendizado nas
exportações);
Número de Firmas Industrias
Versus Taxa Real de Câmbio
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1997
1998
1999
2000
2001
Total
2002
2003
2004
2005
BLS- manuf
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Taxa Real de Câmbio
2012
2013
2014
Taxa Real de Câmbio e Número de
Firmas – Micro e Pequenas
250
200
150
100
50
0
Ano
1997
1998
Micro
1999
2000
2001
Pequena
2002
2003
Especial
2004
2005
2006
2007
BLS- manuf
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa Real de Câmbio
2013
Taxa Real de Câmbio e Número de
Firmas – Médias e Grandes
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Ano
1997
1998
1999
Média
2000
2001
2002
Grande
2003
2004
2005
2006
BLS- manuf
2007
2008
2009
2010
2011
Taxa Real de Câmbio
2012
2013
Histerese nas Exportações
Micro : Persistência na Atividade Exportadora
𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑡
= 0,45 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑡−1 + 0,12 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑡−2 + 0,06𝐸𝑥𝑝𝑜𝑟𝑡𝑖𝑡−3 + 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠
Macro: Assimetria da Elasticidade-Preço da Demanda das Exportações
◦ Quantum exportado responde mais a desvalorizações cambiais
◦ Elasticidades de longo prazo mais elevadas em períodos de forte depreciação, do
que em períodos de forte apreciação;
◦ No curto prazo o quantum exportado responde a variações de preços relativos
somente em momentos de desvalorização.
Fontes: Kannebley (2008), Kannebley e Valeri (2006), Kannebley, Prince e Baroni (2015)
Ganhos Ex-Post de Produtividade
Prêmio de Produtividade - Estreantes em 2000
0,6
Título do Eixo
0,5
0,4
0,3
0,2
Instáveis
0,1
Eventuais
0
Permanentes
1999
2000
2001
Exportadoras
2002
2003
◦
Exportadoras
1999
0,3058
2000
0,3197
2001
0,3735
2002
0,4123
2003
0,4364
Permanentes
0,3429
0,38
0,3803
0,5255
0,5504
Eventuais
0,3194
0,2103
0,2362
0,214
0,1696
Instáveis
0,2252
0,3104
0,3413
0,3138
0,3583
Fonte: Kannebley , Esteves, Silva e Araújo (2009)
Efeito Indireto da
Desvalorização do Real
em que
20
10
0
-10
𝐶𝐼𝐼 = 0,17 𝐶𝐸 + 𝑑𝑢𝑚𝑚𝑖𝑒𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 +
𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠
-20
“empresas internacionalizadas com foco
na inovação são maiores, possivelmente
aproveitam de maneira mais eficiente os
rendimentos crescentes de escala e
inserem-se no comércio internacional
mais intensamente, pois exportam e
importam mais que as outras categorias
de firmas”.
30
Arbix, De Negri e Salerno (2004) :
15
20
25
Linear prediction
dmcii
CII – coeficiente de Insumos Importados
CE – Coeficiente de Exportações
Fitted values
30
35
Repasse Cambial / Pricing to
Market
“Pricing to Market” para Exportações
𝑃𝐸𝑥𝑝
𝑒𝑃𝑑𝑜𝑚
: 0,6 a 0,7
Aos preços de Importação : Elasticidade de 0,63 a 0,75
Aos preços ao Atacado : Elasticidade de 0,18
Importação
Atacado
Bens de Capital
0,78
0,30
Bens Intermediários
0,72
0,27
Bens de Consumo
0,46
0,03
Fontes: Assahide (2015), Kannebley e outros (2015), Prince e Kannebley (2013).
Conclusões
Questão Proposta: A taxa de câmbio compensa a baixa produtividade técnica
(produtividade organizacional) e econômica (relativa ao custo unitário do
trabalho)?
Desvalorização cambial recente deve elevar a competitividade das exportações de
produtos manufaturados;
Impacto sobre a base exportadora pode se converter em aumento da
produtividade agregada;
O ponto é dar maior parcela no crescimento da produção e do emprego às firmas
mais produtivas;
Caso contrário, a correção do CUT necessitará de desvalorizações cambiais
recorrentes e/ou declínio do salário real.
A prevalecer o padrão de inovação e a estrutura de proteção não obteremos
ganhos de produtividade compatíveis aos padrões internacionais e perda de
competividade será recorrente;
Sérgio Kannebley Júnior
[email protected]
Depto de Economia – FEARP/USP
Bibliografia
Crespi, G. and Zuniga, p. Innovation and Productivity: Evidence from Six Latin American Countries. IDB
working paper series ; 218, 2011.
Fuentes, C. , Gabriela Dutrenit, Fernando Santiago, and Natalia Gras Determinants of Innovation and
Productivity in the Service Sector in Mexico. Emerging Markets Finance & Trade, 51:578–592, 2015.
Griffith, R., Huergo, E., Mairesse, J. and Peters, B. INNOVATION AND PRODUCTIVITY ACROSS FOUR
EUROPEAN COUNTRIES. OXFORD REVIEW OF ECONOMIC POLICY, VOL. 22, NO. 4, 2006.
Kannebley, S. Jr. Tests for hysteresis hypothesis in Brazilian industrialized exports. Economic Modelling,
v. 25, p. 171-190, 2008.
KANNEBLEY JÚNIOR, Sérgio ; ESTEVES, L. A. ; SILVA, A. M. P. ; Araújo, Bruno C., Auto-Seleção e
Aprendizado no Comércio Exterior das Firmas Industriais Brasileiras. Revista ANPEC, v. 10, p. 715-740,
2009.
Kannebley, S. Jr.; Baroni, J. P. M. T. e Prince, D., Macro-hysteresis test for brazilian exports of
manufactured products: a threshold panel approach; Metroeconomica, forthcoming, 2015
Bibliografia
Kannebley, S. Jr; Reis, G. H. A., Toneto, R. Jr. Repasse Cambial na Indústria de Transformação Brasileira:
Uma Análise para Preços de Importações e ao Atacado – 1999 a 2012.
Kannebley, S. Jr. E Ledo, B. Financiamento, inovação e produtividade do trabalho na indústria de
transformação brasileira: evidências a partir da PINTEC. Texto para discussão FINEP, 2014.
KANNEBLEY JÚNIOR, Sérgio ; VALERI, Jùlia de Oliveira . PERSISTÊNCIA E PERMANÊNCIA NA ATIVIDADE
EXPORTADORA. In: João Alberto De Negri e Bruno César Pino Oliveira de Araújo. (Org.). As Empresas
Brasileiras e o Comércio Internacional, .Brasília - DF: IPEA, 2006, v. , p. 159-187
OECD Economic Surveys: Brazil 2013.(Increasing the pie: Productivity and competitiveness of Brazilian
firms)
PRINCE, Diogo ; KANNEBLEY JÚNIOR, Sérgio . Strong hysteresis in Brazilian imports: a panel
cointegration approach. Journal of Economic Studies (Bradford), v. 40, p. 528-548, 2013.
Modelo CDM
1,
𝐷𝑖 =
0,
𝑠𝑒 𝐷𝑖∗ = 𝑥1𝑖 𝛽1 + 𝑢1𝑖 > 𝑐
𝑠𝑒 𝐷𝑖∗ = 𝑥1𝑖 𝛽1 + 𝑢1𝑖 ≤ 𝑐
◦ 𝑥1 = (𝑃𝑂, 𝐹𝐶𝑡−1 , 𝑀𝑆, 𝑃𝑀, 𝑂𝐶, 𝐶𝑃, 𝐷𝑃, 𝑇𝑃)
𝐸𝑖∗ = 𝑥2𝑖 𝛽2 + 𝑢2𝑖 ,
𝑠𝑒 𝐷𝑖 = 1
0,
𝑠𝑒 𝐷𝑖 = 0
◦ 𝑥2 = (𝐹𝑃, 𝐹𝐶𝑡−1 , 𝑀𝑆, 𝑃𝑀, 𝑂𝐶, 𝐶𝑃, 𝐷𝑃, 𝑇𝑃)
𝐸𝑖 =
𝐼𝑖 = 𝐸𝑖∗ 𝛾 + 𝑥3𝑖 𝛽3 + 𝑢3𝑖
◦ 𝑥3 = (𝐸𝑡−3 , 𝑃𝑂, 𝑃𝑀, 𝑂𝐶, 𝐶𝑃, 𝐷𝑃, 𝑇𝑃)
𝑃𝑖 = 𝐼𝑖 𝛿 + 𝑥4𝑖 𝛽4 + 𝑢4𝑖
◦ 𝑥4 = (𝑃𝑂, 𝐾, 𝐻, 𝑁𝑇)
Valor Exportado Médio por
Tipo de Firma
700
600
500
400
300
200
100
0
1997
1998
1999
INDUSTRIAL
2000
Micro
2001
2002
Pequena
2003
2004
Especial
2005
2006
Média
2007
2008
Grande
2009
2010
BLS- manuf
2011
2012
2013
Taxa Real de Câmbio
2014
Type of threshold variable : 𝑤 = 𝑓(𝑥)
𝑥
Coefficients
𝑃𝑋/𝑃𝐼
Recent variations
Accumulated variations
Δ𝑥𝑗𝑡
𝑃𝑊
Λ𝑗𝑡
𝑃𝐾
Λ𝑗𝑡
𝑉𝑗𝑡
Υ𝑗𝑡𝑃𝑊
-1.44
-1.52
-1.66
-1.48
-1.82
Υ𝑗𝑡𝑃𝐾
Regime 1
(0.13)
(0.14)
(0.15)
(0.15)
(0.16)
𝛾1 [𝑤]
-0,047
-0,047
-0,057
-0,075
-0,115
𝑃𝑋/𝑃𝐼
-0.55
-0.58
-0.70
-0.69
-0.64
-
-
𝑃𝑋
𝑃𝐼
Regime 2
(0.08)
(0.08)
(0.08)
(0.07)
(0.07)
𝛾2 [𝑤]
0,040
0,040
0,052
-
0.094
𝑃𝑋
𝑃𝐼
-
-0.88
-0.88
-1.15
-1.01
-
(0.11)
(0.11)
(0.14)
0.76
0.70
0.61
(0.13)
Regime 3
0.71
0.66
𝑌𝑊
(0.17)
(0.18)
(0.19)
(0.17)
(0.18)
Download

Sergio Kannenbley Jr