Governança corporativa, a ética e a
sustentabilidade
A ética de resultados e a ética de princípios
Como conceituar a ética? Qual é a diferença
entre a ética de resultados e a ética de princípios?
Assumiremos que a ética é um conjunto de regras
sobre o que é moralmente certo e errado; porém,
referimo-nos a regras ou preceitos resultantes da
reflexão do individuo ou de um conjunto de indivíduos
quanto à sua validade, não impostas pela cultura, ainda
que eventualmente influenciadas por ela.
Adicionalmente trataremos aqui de duas categorias
éticas: a ética de resultados e a ética de princípios.
A ética de resultados e a ética de princípios
Considerado por muitos o pais da ciência política,
Nicolau Maquiavel (1469-1527) descreveu, em sua
famosa obra O príncipe, diretrizes a serem observadas
por dirigentes políticos de sua época, cujo contexto era
o das monarquias absolutistas e principados.
Os pressupostos da ética de resultados de
Maquiavel não qualificam seu propositor como
“maquiavélico”, no sentido negativo frequentemente
atribuído ao seu pensamento. O foco de O Príncipe é o
resultado, o objetivo, a ser atingido, e é nesse ponto que
reside o grande perigo da ética de resultados.
A ética de resultados e a ética de princípios
A ética de resultados pode ser absorvida
tanto por líderes com objetivos mais elevados.
Considerando o contexto conturbado e instável
que viveu Maquiavel, parece razoável supor que
a manutenção do poder por príncipes foi
considerada um objetivo lícito e válido pelo
pensador, devendo seu trabalho ser devidamente
contextualizado.
A ética de resultados e a ética de princípios
A visão de liderança preconizada por
Maquiavel nos capítulos 15 e 25 de O príncipe,
pode ser sintetizada em um conjunto de 12
atributos essenciais a serem observados pelos
dirigentes políticos que desejarem preservar seu
poder. Em linhas gerais, bons príncipes:
- São capazes de dosar defeitos e virtudes para o
alcance de resultados.
- São prudentes quanto às finanças e atentos
contra o perigo da ostentação de riqueza.
A ética de resultados e a ética de princípios
- Não almejam ser amados, mas sim respeitados.
- Aplicam punições exemplares para
desencorajar ataques à sua posição.
- Priorizam o objetivo maior de manutenção do
Estado, atuando conforme for necessário em prol
da sustentação do poder, porém preservando sua
boa imagem.
- Têm a habilidade requerida para transitar entre
os poderosos e o povo.
A ética de resultados e a ética de princípios
- Evitam o ódio e o desprezo do povo, o que os
torna vulneráveis.
- Equacionam tanto os recursos ofensivos (os
exércitos) quanto defensivos (as barreiras, das
quais a melhor é o conjunto dos seus defensores:
o povo).
- Equacionam adequadamente as parcerias
externas.
A ética de resultados e a ética de princípios
- Atraem a retêm bons assessores.
- Sabem adequar-se às necessidades do
momento político.
- São proativos, planejando e implementando
eles mesmos os meios mais eficazes de defesa
da sua posição e construindo seus próprios
destinos.
A ética de resultados e a ética de princípios
O conjunto dos atributos relacionados
reforça a consideração de que o
“maquiavelismo” não apenas não é focado no
que é considerado mau, mas também agrega
quesitos aplicáveis ou desejáveis à condução
dos negócios do Estado, das organizações
orientais para fins lucrativos e das
organizações em geral.
A ética de resultados e a ética de princípios
Considere-se, por exemplo, a prudência no
que se refere às finanças. A liberalidade esta,
segundo Maquiavel, associada à ostentação,
cuja manutenção exige cobrança adicional de
impostos, fiscalização mais dura e ações para
obter recursos financeiros adicionais.
Considere-se, ainda, a proatividade. Para
Maquiavel, muitos acreditam que “as coisas do
mundo são governadas pelo destino de Deus”,
não podendo ser mudadas pelos homens.
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