A farsa dos
movimentos
sociais
U
pedro ladeira/folhapress
Carta ao Leitor
ne os governos de Lula e Dilma Rousseff
o apoio ao que seus ideólogos chamam
de “movimentos sociais”, que nada mais
são do que grupos organizados para servir de
massa de manobra aos interesses políticos radicais. O encarregado de organizar e manter vivos
esses grupos é Gilberto Carvalho, que, de sua sala no Palácio do Planalto, atua como um ministro para o caos social. Essa pasta, de uma forma
ou de outra, existe em todos os governos populistas da América Latina e se ocupa da cínica estratégia de formar ou adotar grupos com interesses que não podem ser contemplados dentro da
ordem institucional, pois implicam o desrespeito às leis e aos direitos constitucionais. Ora são
movimentos de índios que reivindicam reservas
em áreas de agronegócio altamente produtivas
e até cidades inteiras em Santa Catarina e no
Rio Grande do Sul, ora são pessoas brancas como a neve que se declaram descendentes de escravos africanos e querem ocupar à força propriedades alheias sob o argumento improvável
de que seus antepassados viveram ali. A estratégia de incitar esses grupos à baderna e, depois, se vender à sociedade como sendo os únicos capazes de conter as revoltas é a adaptação
moderna do velho truque cartorial de criar dificuldades para vender facilidades.
Brasília assistiu, na semana passada, a uma
dessas operações. Alguns índios decidiram impedir que as pessoas pudessem ver a taça da Copa do Mundo, exposta no Estádio Mané Garrincha. A polícia tentou reprimir o ato, e um dos silvícolas feriu um policial com uma flechada.
Atenção! Isso ocorreu no século XXI, em Brasília, a cidade criada para, como disse o presidente
Stedile com Carvalho, em Brasília: bastou um dedo de
prosa e o cerco do MST ao Planalto virou confraternização,
mas quem vai parar a guerra prometida se “Aécio ganhar”?
Juscelino Kubitschek no discurso de inauguração da capital, há 54 anos, demonstrar nossa
“pujante vontade de progresso (...), o alto grau de
nossa civilização (...) e nosso irresistível destino
de criação e de força construtiva”. Pobre JK.
Mostra uma reportagem desta edição que progresso, civilização e força construtiva passam
longe de Brasília. As ruas e avenidas da capital e
de muitas grandes cidades brasileiras são território dos baderneiros.
Há três meses, o MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, mandou seus militantes
profissionais atacar o Planalto. Gilberto Carvalho
foi até a rua, onde, depois de uma rápida conversa, se combinou que Dilma receberia os manifestantes. “O MST contesta o governo, e isso é da democracia”, explicou Carvalho, o pacificador, que
com um dedo de prosa dissolveu o cerco feroz.
O MST é um movimento arcaico, com uma pauta
de reforma agrária do século passado em um Brasil com quase 90% de urbanização e 80% da produção dos alimentos consumidos pelos brasileros
vinda da agricultura familiar. Por obsoleto, já deveria ter desaparecido. Mas Carvalho não permite
que isso ocorra. O MST faz parte do exército de
reserva e precisa estar pronto se convocado. Foi o
que se deu na semana passada, quando João Pedro Stedile, um dos fundadores do movimento,
obediente ao chamado do momento, atirou: “Só
espero que não ganhe o Aécio Neves, porque aí
seria uma guerra”. É impossível não indagar: contra quem seria essa guerra? A resposta é óbvia:
contra a vontade popular e contra a democracia.
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4 de junho, 2014 | 13
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