Publicado nos Anais do VI Workshop GESITI e Evento Acoplado II GESITI/Saúde.
17/18 Juno de 2010.
ISSN: 1807-9350
Relatório:
UMA AVALIAÇÃO DA GESTÃO DOS SISTEMAS E TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO NOS HOSPITAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS/SP
João P. de Albuquerque, Marcelo Nerling, Edmir Parada Vasques Prado, Antonio José
Balloni, Homero Fonseca Filho
Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo
{joao.porto, mnerling, eprado, homeroff}@usp.br
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta sinteticamente os principais resultados de uma pesquisa
realizada junto a uma amostra de três hospitais da cidade de Guarulhos no estado de São
Paulo, com o intuito de mapear e avaliar o estado atual da Gestão dos Sistemas e
Tecnologias de Informação nos hospitais. Esta pesquisa teve o apoio do Núcleo de
Gestão da Informação da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Guarulhos e foi
realizada em cooperação com o Projeto GESITI do Centro de Tecnologia da Informação –
CTI Renato Archer, coordenado pelo Pesquisador Antonio J. Balloni. Neste trabalho são
apresentados e descritos tão-somente os resultados mais significativos, sendo que a
totalidade dos dados obtidos será disponibilizada em um CD anexo ao workshop GESITISaúde/2010.
O restante deste trabalho está organizado da seguinte forma: a Seção 2 apresenta uma
breve contextualização do município de Guarulhos e de sua rede hospitalar, enquanto que
a Seção 3 caracteriza os três hospitais que compõem a amostra deste estudo. A Seção 4
apresenta, então, os principais resultados e constatações da pesquisa, divididos nas
principais categorias da pesquisa: recursos humanos, gestão estratégica do hospital,
pesquisa e desenvolvimento, inovação tecnológica, equipamentos de tecnologia de
informação e comércio eletrônico. Por fim, a Seção 5 apresenta as considerações finais
deste estudo.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Segundo as estimativas, em 2009 o Brasil tem 191,5 milhões de habitantes espalhados
pelas suas 27 unidades da federação e 5.565 municípios. São Paulo se destaca como a
unidade da federação mais populosa, com 41,4 milhões de habitantes, seguida por Minas
Gerais (20 milhões) e Rio de Janeiro (16 milhões). Nestas três unidades da federação da
Região Sudeste concentram-se cerca de 40,4% da população brasileira. São Paulo é o
município mais populoso, com 11 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (6,2
milhões) e Salvador (3 milhões). Belo Horizonte (2,5 milhões) esteve no quarto lugar em
2000 e, a partir de 2007, caiu para sexto, tendo sido ultrapassado pelo Distrito Federal e
Fortaleza que, desde então, permanecem nos 4º e 5º lugares, respectivamente.
Excluindo-se as capitais, os municípios brasileiros mais populosos são Guarulhos (1,3
milhão), Campinas (1,1 milhão) e São Gonçalo (992 mil habitantes), que estão nas três
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primeiras posições desde de 2000. Borá (SP) continua sendo o município com a menor
população do País, estimada em 837 habitantes, 42 a mais que em 2000 (IBGE, 2009).
Guarulhos contava com uma população estimada de 532.726 habitantes em 1980,
passando para 1.072.717 em 2000. Conta em 2009 com uma estimativa de 1.299.283
habitantes. A Secretaria Municipal de Saúde de Guarulhos classifica os 11 hospitais
instalados em seu território em Hospitais Públicos Municipais; Hospitais Filantrópicos –
Convenio SUS; Hospitais Públicos Estaduais; Organizações Sociais de Saúde; Hospitais
Privados.
Na categoria Hospitais Públicos Municipais estão arrolados o HMU – Hospital Municipal
de Urgência; o HMC – Hospital Municipal Santa Casa da Criança de Guarulhos; o HMPB
– Hospital Municipal Pimentas – Bonsucesso. Na categoria Hospitais Filantrópicos –
Convenio SUS, estão contidos a Associação Beneficiente Jesus, José e Maria; Hospital
Stella Maris. Na categoria Hospita Público Estadual estão o Complexo Hospitalar Padre
Bento de Guarulhos. Na categoria Organizações Sociais de Saúde está o Hospital Geral
de Guarulhos. Na categoria Hospitais Privados está o Hospital Bom Clima; o Hospital
Carlos Chagas; o Hospital Saúde de Guarulhos.
3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Até o momento, a pesquisa levada ao cabo pela Equipe da Escola de Artes, Ciências e
Humanidades da Universidade de São Paulo, promoveu o levantamento de dados pela
aplicação do questionário em três hospitais de Guarulhos/SP, sendo dois deles públicos
municipais e um filantrópico. A amostra foi definida por conveniência, sendo o principal
critério para integrá-la a possibilidade e disponibilidade para o levantamento das
informações no hospital.
Hospital A
O Hospital A é um hospital filantrópico fundado em 1957 que atende tanto por convênios
particulares, como também é conveniado com o Sistema Único de Saúde. Conta
atualmente com 900 funcionários.
Hospital B
O hospital B é um hospital público fundado em 1992 que conta com 764 funcionários e
110 leitos, realizando uma média anual de 6.600 atendimentos com internação e mais de
15.500 atendimentos ambulatoriais. Devido ao seu porte, o hospital atende a toda região
sanitária do Alto Tietê, principalmente em atendimentos de urgência.
Hospital C
O Hospital C se trata de um hospital público fundado em 1987 e que conta atualmente
com 597 funcionários, 59 leitos, com uma média anual de 2.639 atendimentos com
internação e 62400 atendimentos ambulatoriais. Quase a totalidade de seus atendimentos
está relacionada à cidade em está localizado, possuindo ainda participação em relação à
região sanitária na central de regulação de urgência e emergência, e sendo também
referência no estado com o centro de reposição de enzimas para mps.
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Tabela 1: Características principais dos hospitais
Hospital A Hospital B Hospital C
Funcionários
900
764
597
Leitos
220
110
59
Internações
26.400
6.600
2.639
Laboratorial
25.000
15.500
62.400
Pode-se perceber que os três hospitais diferem ligeiramente de porte em relação ao
número de funcionários.
Quantidade de Funcionários
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Hospital A
Hospital B
Hospital C
A amostra tem predominância de hospitais públicos, que perfazem dois terços dos
hospitais analisados.
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Tipo de Hospital
PRIVADO
33%
PÚBLICO
67%
4. RESULTADOS DA PESQUISA
As próximas seções apresentam gráficos selecionados e algumas observações, em cada
uma das dimensões da pesquisa.
4.1 RECURSOS HUMANOS
Hospital A
O nível estratégico do Hospital A é composto por três diretorias, uma na área médica,
outra na área administrativa e um presidente. Tanto o diretor da área médica quanto o
presidente tem formação em medicina.
O hospital possui um total de 300 médicos, 630 enfermeiros e 270 funcionários em
atividades administrativas e de suporte. Cerca de 70% dos enfermeiros e demais
funcionários possuem ensino médio completo. Especificamente na área de TI são três
analistas, todos com nível superior.
As ações de capacitação profissional se concentram no treinamento regular de mão-deobra inexperiente, em sua maioria de enfermeiros. O hospital possui também uma
unidade educacional de formação de enfermeiros que são posteriormente aproveitados
pelo próprio hospital. Os treinamentos são todos presenciais e visam atender
necessidades específicas do hospital. Nos últimos anos a freqüência de treinamentos tem
alcançado mais de 20% dos enfermeiros.
Hospital B
O nível estratégico do Hospital B é composto por uma diretora, que é médica com
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especialização em gestão de saúde, e quatro chefias: médica, enfermagem,
administração (infraestrutura) e de planejamento. Essas quatro chefias são
respectivamente ocupadas com profissionais de formação em: medicina, enfermagem,
gestão de saúde e enfermagem com pós-graduação em administração pública.
Dos demais funcionários, aproximadamente 40 (5,2% do total de funcionários) possuem
apenas o ensino fundamental completo e 14 (1,8% do total) possuem formação até o
ensino médio/técnico. Os 710 demais colaboradores do hospital possuem formação
superior, assim distribuídos: 287 enfermeiros (37,6% do total), 260 médicos (34% do
total), 140 administradores de empresas (18,3% do total), 3 são analistas de sistemas
(0,4% do total) e 10 têm diversas outras formações (1,3%).
Quanto à capacitação de funcionários, as medidas do hospital concentram-se na
educação permanente a partir de necessidades internas, às vezes envolvendo instrutores
externos. Dessa forma, tanto a direção como os cargos de gerência e supervisão não
participaram de medidas de capacitação nos últimos anos, mas apenas o nível
operacional (profissionais da administração e dos principais processos) recebeu
capacitação nesse período.
Hospital C
O perfil dos diretores do hospital reflete uma distribuição de poder de acordo com a
divisão clássica no serviço público, cumprindo uma função política e técnica. O diretor vai
depender de quem está no comando da Prefeitura. As divisões são de confiança do
Diretor de Departamento. A mídia é a pauta. Há uma tendencia de atribuir o cargo de
confiança atendendo a qualificação e os serviços prestados, com valorização para a
corresponsabilidade técnica.
O nível estratégico do Hospital C é composto por quatro diretores. Um Diretor de
Departamento, que é médica; um Diretor Clínico/Médico; um Diretor AdministrativoFinanceiro; um Diretor Geral (Presidente/Executivo). As duas últimas vagas citadas
estavam incompletas na data da entrevista. Não se recebeu informações sobre
processualidade, logística ou planejamento estratégico. Há chefias de 'divisão'. Não há
organograma. Há ainda uma chefia de Sessão Técnica de Informação em Saúde e uma
pessoa responsável pelo faturamento.
O perfil dos funcionários não foi informado. Esses dados estão centralizados na
Secretaria Municipal de Saúde.
No quesito capacitação de funcionários, as medidas do hospital concentram-se na
educação permanente a partir de necessidades internas, às vezes envolvendo instrutores
externos. 'Há demanda e pouco oferta segundo os critérios colhidos pela Direção'. Há
iniciativas e reconhecimento da importância da qualificação pela Direção. Há o
diagnóstico de um vício/viés pessoal e político na formação de gestores, sem contribuição
efetiva, registrado nos sucessivos governos.
Os funcionários fazem concurso para emprego celetista na Autarquia, com lista, chamada,
nomeação, posse, efetivo exercício em um concurso dito 'moroso e burocrático'. A
contratação de médicos de emergência é difícil. O primeiro emprego do técnico e do
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enfermeiro é a práxis, por força de uma formação insuficiente, o que aumenta o risco da
atividade. As capacitações ocorrem sobre supervisão da Chefia da Enfermagem. Os
principais cursos internos fornecidos trataram do tema da reabilitação neonatal;
capacitação permanente em amamentação; cursos permanentes em humanização no
Hospital e no Município.
Oferece qualificação aos funcionários
Hospital A
Hospital B
Hospital C
Capacitação e Desenvolvimento do Colaborador
A partir de necessidades de
mão-de-obra de enfermagem
33%
Módulos internos com
instrutores externos.
67%
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Proporção Média de Colaboradores Treinados nos últimos 2 anos
20%
18%
16%
14%
12%
10%
Hospital A
Hospital B
8%
Hospital C
6%
4%
2%
0%
Alta direção
Cargos gerenciais
Profissionais
supervisores
Profissionais da
administração
Profissionais dos
principais processos
Quantidade de Médicos
300
290
280
270
260
250
240
Hospital A
Hospital B
Hospital C
4.2 GESTÃO ESTRATÉGICA DO HOSPITAL
Hospital A
O Hospital A não possui um plano estratégico formalmente definido, mas apenas um
planejamento orçamentário que abrange o período de um ano. Esse plano é definido pela
diretoria sem o envolvimento dos demais níveis hierárquicos. Posteriormente, parte desse
plano é divulgado aos níveis de gerência do hospital. O plano é revisto a cada três meses.
Sendo uma instituição filantrópica, que conta com serviços conveniados com a prefeitura
da cidade, para atendimento da população carente, a obtenção de recursos financeiros se
torna mais importante do que o atendimento às expectativas dos clientes. Mais ainda, o
hospital oferece atendimento a toda a região sanitária e não somente à cidade onde está
localizado.
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O Hospital A não utiliza ferramentas de gestão para a definição e o acompanhamento das
estratégias. Novas tecnologias relacionadas ao hospital são obtidas pelos médicos
através da participação em feiras e congressos. Geralmente, as inovações colocadas em
prática, ou que se tornam prioridade para o hospital, são aquelas relacionadas a melhoria
da qualidade na prestação do serviço. Como conseqüência, o plano estratégico prevê
muito pouco investimento em novas tecnologias.
Hospital B
O Hospital B possui plano estratégico formalmente definido e conhecido pela diretoria e
pelas gerências e supervisões. Por estar subordinado à Secretaria Municipal de Saúde
(SMS), o planejamento possui contornos particulares, pois o plano estratégico é
estabelecido para alcançar as metas estipuladas pela SMS, processo do qual participam a
liderança executiva e os líderes de processos. Há revisão periódica do plano em reuniões
semestrais, nas quais a execução do plano é também acompanhada. Além disso, o grau
de satisfação dos clientes tem alta importância no planejamento, assim como também os
recursos existentes.
O Hospital B não utiliza as ferramentas de Balanced Scorecard e KPI, mas afirma manterse informado sobre novas tecnologias por meio de revistas, feiras e congressos,
benchmarking e Internet. Também considera que a inovação tecnológica pode melhorar a
qualidade do atendimento e a imagem do hospital, prevendo investimentos para
introdução de inovação tecnológica.
Hospital C
O Hospital C não possui um plano estratégico formalmente definido e conhecido pela
diretoria e pelas gerências e supervisões. Por estar subordinado à Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), o planejamento possui contornos segundo diretrizes governamentais. O
plano estratégico é estabelecido para alcançar metas dadas, a priori, pela SMS. Desse
processo participam a liderança executiva e os líderes.
Não havendo um plano formalmente definido como diretriz para o setor hospitalar, fica
reduzida a possibilidade de revisitar as diretrizes através de revisões periódicas do plano,
em reuniões semestrais, nas quais a execução do plano é também acompanhada. Com
isso, seria possível pensar na tríade da gestão: Formulação, implementação e avaliação
de políticas públicas, segundo planos, programas, projetos e ações.
O plano se limita à tímida execução da LDO e da LOA – Lei de Diretrizes Orçamentárias e
Lei Orçamentária Anual. O Hospital faz parte do orçamento da municipalidade, estando
ligado ao Departamento de Gestão da Prefeitura. É na 'Mesa de Pactuação', que reúne os
diversos hospitais, que se promovem as estratégias. A SMS faz essa intermediação.
A satisfação dos 'clientes' tem importância no planejamento. Porém, este é de curto prazo,
limitando-se a um ano.
O Hospital C não utiliza as ferramentas de Balanced Scorecard e KPI. Afirma manter-se
informado sobre novas tecnologias por meio de revistas, feiras e congressos,
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benchmarking e Internet. Também considera que a inovação tecnológica pode melhorar a
qualidade do atendimento e a imagem do hospital, prevendo investimentos para
introdução de inovação tecnológica.
A diretora sabe da existência de novas tecnologias relacionadas ao seu negócio, tanto por
meio de revistas, pela internet e também pela participação em congressos. A melhoria da
qualidade está ligada, segundo a direção, à introdução da inovação tecnológica.
Tipo de Planejamento do Hospital
Orçamentário 33%
Estratégico 67%
Periodicidade de Revisão do Plano
De 6 a 12
meses De 3 a 6 meses 67%
4.3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Hospital A
A pesquisa e desenvolvimento não é uma atividade realizada pelo Hospital A. Essa
atividade limita-se a iniciativas de médicos e estão associadas as suas pesquisas
particulares ou a cursos de aperfeiçoamento e formação no qual eles estejam
participando. Como conseqüência, a atividade de P&D realizada nos últimos quatro anos
não é relevante. Da mesma forma, a à aquisição de outros conhecimentos externos não é
relevante.
Hospital B
Quanto à pesquisa e desenvolvimento, o Hospital B realiza muito poucas atividades nesse
sentido, geralmente desenvolvidas individualmente por médicos de seu quadro. Dessa
forma, considera não relevante a atividade de P&D realizada nos últimos quatro anos, e
confere baixa importância à aquisição de outros conhecimentos externos.
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Hospital C
São ocasionais as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, realizadas no período
entre 2006 e 2010, no Hospital C. O investimento foi baixo e a prioridade é considerada
como de nível médio pela Direção.
4.4 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Hospital A
O Hospital A é uma instituição filantrópica e, portanto, a diretoria não está preocupada
com a vantagem competitiva que a inovação tecnológica possa trazer. A instituição não
tem o objetivo de competir com outros hospitais para obter a participação maior no
mercado de prestação de serviços de saúde. Por essa razão, não é dada importância a
TI, como ferramenta para agregar valor, melhorar o desempenho e disseminar a
informação.
O monitorando do ambiente externo é feito apenas pela participação dos médicos em
congressos e feiras, aproveitando-se as inovações que contribuam com a melhoria na
qualidade do serviço prestado, ou na redução de custo. Por essa razão, no Hospital A os
maiores investimentos de TI estão previstos para o almoxarifado e a área administrativa.
Hospital B
Como o Hospital B é uma instituição pública, a diretoria não encara a inovação
tecnológica como vantagem competitiva, porém considera que o uso da tecnologia agrega
valor aos serviços prestados, ao contribuir para a disseminação rápida de informação e
para a melhoria da performance/desempenho do hospital. As principais dificuldades para
maior investimento em inovação tecnológica são financeiras e não de qualificação,
entretanto considera o nível de conhecimento de seus funcionários é insuficiente para
implantação de tecnologia de informação.
O hospital está monitorando o ambiente externo através da participação em feiras/
congressos/ eventos e reuniões com representantes do setor. Os principais elementos
monitorados usando a TI são os interesses e/ou nível de satisfação dos clientes.
Não foi possível obter informações detalhadas acerca do percentual de investimento em
inovação nos últimos três anos, mas as áreas prioritárias para investimento apontadas
foram administração e sistemas de almoxarifado. Os fornecedores de produtos/serviços
inovadores abrangem pequenas/médias empresas nacionais, uma universidade privada, e
também desenvolvimento próprio. Além disso, o governo federal foi também apontado
como um fornecedor de inovações.
Os principais entraves à inovação no hospital se devem à indisponibilidade de verba e à
baixa qualificação de seu quadro de funcionários. O hospital não tem parceria para
desenvolvimento de inovação, porém conhece linhas de crédito e/ou incentivos
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governamentais do Ministério de Ciência e Tecnologia, já tendo utilizado esse recurso
para aquisição de equipamentos (hardware). Além disso, afirma estar disposto a participar
de um esforço conjunto para a inovação tecnológica coordenado por uma entidade
pública.
As prioridades do hospital com referência à inovação concentram-se na informatização e
na utilização de bases de dados para armazenar informações dos clientes. O hospital não
possui sistema de qualidade baseado nas normas ISO, porém já utiliza a metodologia 5S
para gestão de qualidade.
No quesito cooperação para inovação, o Hospital B considera alta a importância da
introdução das inovações tecnológicas entre 2006 e 2010. Nesse período o hospital
esteve envolvido em arranjos cooperativos com outras organizações com vistas a
desenvolver atividades inovativas, destacando-se entre elas uma universidade privada e
fornecedores. Com universidade privada, o hospital realizou cooperação de Pesquisa e
Desenvolvimento, enquanto que com fornecedores as cooperações se concentraram em
outras atividades de cooperação (como o desenvolvimento de software).
Dentre os fatores que prejudicaram as atividades inovativas do Hospital, destacam-se
com alto grau de importânica: riscos econômicos excessivos, falta de pessoal qualificado,
escassez de fontes apropriadas de financiamento, escassez de serviços técnicos externos
adequado e centralização da atividade inovativa em outro hospital. Com grau de
importância médio foram também mencionados os fatores: elevados custos da inovação e
escassas possibilidades de cooperação com outras empresas/instituições.
Hospital C
O Hospital C é uma instituição pública e a diretoria não encara a inovação tecnológica
como vantagem competitiva, porém, considera que o uso da tecnologia agrega valor aos
serviços prestados, contribuindo para a disseminação rápida de informação e para a
melhoria da performance/desempenho do hospital.
São as dificuldades financeiras para maior investimento em inovação tecnológica e não
qualificação de seus funcionários que restringe a implantação de tecnologia de
informação. O monitoramento de elementos do ambiente externo se dá pela participação
em feiras/ Congressos/ Eventos; na participação em Comitês Setoriais e na participação
em Redes de Inovação.
O hospital está monitorando o ambiente externo usando a TI para interesse e/ou nível de
satisfação dos clientes, por meio do 'questionário de satisfação'. Para o hospital C, as
áreas que se prevê maior investimento para a introdução de inovação tecnológica são os
sistemas operacionais e de almoxarifado.
O hospital tem investido menos de um por cento em inovação tecnológica, na relação
comparativa com o faturamento nos últimos 3 anos e a expectativa futura não é superior
ao indicador já apontado. Os maiores fornecedores de produtos/serviços inovadores são
pequenas/médias empresas nacionais, universidades públicas e centros de pesquisas. A
falta de verba e de parcerias não potencializa a ação no sentido sentido de superação dos
entraves à implementação de investimentos em inovação.
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O hospital C estaria disposto a participar de um esforço conjunto para a inovação
tecnológica coordenado por uma entidade pública. Ele desconhece tipos de
financiamento, linha de crédito ou incentivo governamental existentes para investimento
em inovação tecnológica. Uma das prioridades no investimento em inovação deverá se
dar para fins de utilização de bases de dados para armazenar informações dos clientes.
O hospital C afirma possuir um sistema da qualidade, pelo qual não é certificado,
chamado CQH. Trata-se de uma metodologia adotada no hospital desde 2005.
No quesito cooperação para inovação, o hospital C considera alta a importância da
introdução das inovações tecnológicas entre 2006 e 2010, ainda que tenham sido
escassas. Nesse período o hospital esteve envolvido em arranjos cooperativos com outra
(s) organização (ões) com vistas a desenvolver atividades inovativas. Os fornecedores, as
universidades e os institutos de pesquisa tem grau 'a' na importancia de cada categoria de
parceiro, enquanto que os centros de capacitação profissional e de assistencia técnica
ficam com o conceito 'b'. Outros hospitais, consultorias não foram avaliadas por
inexistirem. A prática tem sido informal. O processo de reestruturação do hospital visa
reconhecimento social e institucional das ações.
A cooperação também teve parceiros na temática do treinamento, de ensaios para testes
de produtos e outras atividades de cooperação. Dentre os fatores que prejudicaram as
atividades inovativas do Hospital, que tem uma importância média para a Diretoria, estão
a falta de pessoal qualificado (b); a escassez de fontes apropriadas de financiamento (a);
os elevados custos da inovação (a).
Intenção de Investimento em Inovação Tecnológica (% faturamento)
< 1%
Entre 1 e 2%
Entre 2 e 3%
Entre 3 e 4%
> de 4%
Hospital A
Hospital B
Hospital C
4.5 EQUIPAMENTOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Hospital A
A TI não é uma área reconhecida como estratégia para o Hospital A. Em função disso, os
investimentos feitos até o momento e os previstos são inferiores a um por cento do
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faturamento. A falta de verba é o maior entrave a inovação tecnológica no hospital. Mais
ainda, o Hospital A não possui parceria com entidades púbicas para o desenvolvimento de
inovação tecnológica e desconhece linhas de financiamento para essa finalidade.
O Hospital A conta com 220 computadores conectados em rede, alguns dos quais são
terminais virtuais, dos quais 180 estão conectados à Internet. Além disso, possui 35
impressoras laser, 25 impressoras jato de tinta e 5 impressoras matriciais.
O Hospital A possui um software de gestão hospitalar próprio, desenvolvido por uma
microempresa nacional. Com 18 módulos, o sistema possui 220 terminais implantados e
cerca de 500 usuários. O custo estimado do sistema é de R$ 80.000,00 e começou a ser
utilizado em 2005. O sistema utiliza banco de dados Btrieve e linguagem COBOL. A
Em relação à base de dados, o Hospital A não possui uma central de dados no hospital
(DataWarehouse). Tampouco se utiliza software de gerenciamento de banco de dados ou
dispositivos de armazenamento. O sistema próprio tem base de dados centralizada
utilizada pelos departamentos: administrativo, financeiro fiscal, recursos humanos,
hotelaria, urgência/pronto socorro, centro cirúrgico, laboratório clínico, controle de
estoques, registro médico, ambulatórios e centro diagnóstico. Não há previsão de
investimento em TI para o próximo trimestre.
Hospital B
Para o Hospital B, é baixa a importância da aquisição de máquinas e equipamentos
realizada entre 2006 e 2010. O hospital possui 19 PC conectados à Rede Internet, tres
impressoras jato de tinta e cinco impressoras laser. Os aplicativos mais utilizados são
word, access, excel e power point, além do Corel Draw.
O hospital B possui um software de gestão integrada chamado JSaúde (ou JAPI Saúde),
desenvolvido em conjunto com uma empresa JAPI de desenvolvimento nacional de
pequeno porte. O sistema possui 2 módulos e tem 13 terminais implantados, com 60
usuários. Seu custo não foi informado porque faz parte do Sistema Municipal de Dados da
SMS. O sistema iniciou a operação em 2004. Trata-se de um sistema desenvolvido
utilizando banco de dados PostGree e linguagem Java.
Os hospital não possui aplicativos de contabilidade, recursos humanos, compra/venda ou
gestão de ativos. Entretanto, possui software de controle de estoque que compõe o
sistema integrado JSaude. Para composição de custos e determinação de preços o
hospital utiliza planilhas eletrônicas.
Em relação à base de dados, o Hospital C não possui uma central de dados no hospital
(DataWarehouse). Tampouco se utiliza software de gerenciamento de banco de dados ou
dispositivos de armazenamento. Não há previsão de investimento em TI para o próximo
trimestre.
Hospital C
Para o Hospital C, é baixa a importância da aquisição de máquinas e equipamentos
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realizada entre 2006 e 2010. O hospital possui 53 PCs, todos conectados à Internet, e 34
impressoras laser. Três PC contém aplicativos do tipo word, access, excel e power point.
O Hospital C não possui aplicativos de manipulação e tampouco programas aplicativos
(softwares) na área de gestão empresarial e/ou gestão hospitalar. Não possui programas
aplicativos (softwares) nas áreas de: gestão integrada; recursos humanos; compra e
venda; gestão de ativos; composição de custos e determinação de preços
O Hospital possui programas aplicativos (softwares) na área de Controle de Estoques. O
Nome do Software: Módulo de Almoxarifado do Sistema JAPI SAÚDE. Contém um
módulo, um terminal com dois usuários. Custo não informado porque faz parte do Sistema
Municipal de Dados da SMS. O sistema iniciou a operação em 2006. Trata-se de um
sistema desenvolvido utilizando banco de dados PostGree e linguagem Java.
Em relação à base de dados, o Hospital C não possui uma central de dados no hospital
(DataWarehouse). Tampouco há dispositivos de armazenamento de dados. Há uma
estimativa de investimento em dispositivos de armazenamento de dados para o próximo
trimestre.
As tecnologias de segurança utilizadas são os Software Antivírus, Software de gestão de
identidade e acesso, segurança com logon único e software firewall. Há previsão de
investimento em segurança de rede para o próximo trimestre.
São utilizadas como tecnologias de telecomunicações o IP, o PBX, Banda Larga,. Há
previsão de investimento no próximo trimestre. As parcas soluções de TI utilizadas no
Hospital C são: Groupware; Supply Chain Management; Sistema de apoio a decisão;
Softwares financeiros. Também aqui há previsão de investimento em soluções de gestão
de TI no próximo trimestre.
O Hospital C não utiliza computadores pessoais, estações de trabalho ou terminais. No
quesito sobre as 'barreiras para o uso de TI em geral', a Direção entende como de
'bastante' importância o fato de que os gastos com TI são muito altos. Também de
'bastante' importância é o fato de que novas versões de softwares surgem com muita
freqüência. O diagnóstico de que os 'suprimentos/soluções de TI' não suprirem de fato as
necessidades do Hospital, tem 'muita importância' na análise da Direção.
Para a Direção do Hospital C, o nível de qualificação profissional em relação à TI, sendo
muito baixo entre empregados tem 'pouco importância'. Nesse mesmo critério está a
dificuldade em recrutar pessoal qualificado em TI. Também tem pouca importância para a
Direção o fato do pessoal existente relutante em usar TI ou o fato da falta de uma
estratégia atualizada de uso de TI. A Direção vê benefícios nos aplicativos e não faz uso
da telemedicina.
Publicado nos Anais do VI Workshop GESITI e Evento Acoplado II GESITI/Saúde.
17/18 Juno de 2010.
ISSN: 1807-9350
Infraestrutura de Hardware
250
200
150
Quantidade de computadores
Com acesso a Internet
100
Com acesso à rede
50
0
Hospital A
Hospital B
Hospital C
4.6 COMÉRCIO ELETRÔNICO
Nenhum dos hospitais analisados apresentou iniciativas relevantes em relação a comércio
eletrônico.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na amostra analisada, os três hospitais convergem em diversos aspectos, enquanto que
em certos sentidos, o Hospital A, que é privado (comunitário), tem características
peculiares em relação aos Hospitais B e C que são públicos. Em comum, todos os
hospitais apresentam dificuldades em inovação tecnológica, particularmente na área de
TI. A justificativa do alto gasto com TI e o fato de que novos software surgem no mercado
com freqüência são mais relevantes do que a disponibilidade de pessoal qualificado em TI
para justificar os problemas do baixo investimento em TI e por conseqüência, na própria
possibilidade de ampliar a atuação por meio do comércio eletrônico e telemedicina –
ferramentas de que nenhum dos hospitais analisados dispõe.
Em grandes linhas se pode afirmar que os hospitais B e C se tratam de hospitais públicos
clássicos, com forte ligação política com o governo. Possuem um “nível estratégico”
centralizado e empregados concursados. Não há um planejamento estratégico real, mas
sim um planejamento de nível mais tático, a partir das diretrizes estabelecidas pela SMS.
Tampouco há uma gestão da organização segundo fluxo de processos e logística. A
formação continuada ou capacitação é baixa desde a direção até a base. Principalmente
para os funcionários da direção, foi chamada a atenção para a baixa qualidade na oferta
de cursos, capacitações e treinamentos.
Os hospitais B e C não possuem um “plano estratégico” real, de médio e longo prazo, pois
dependem fortemente da dotação orçamentária da SMS. Por isso, o planejamento é
anual, seguindo a LDO e LOA. Não possuem autonomia financeira, orçamentária e
patrimonial. A 'mesa de pactuação', regulada pela SMS, é o momento de compor as
responsabilidades para partilhar o orçamento da SMS.
A P&D tem baixa e média prioridade para todos os hospitais analisados. Trata-se de uma
Publicado nos Anais do VI Workshop GESITI e Evento Acoplado II GESITI/Saúde.
17/18 Juno de 2010.
ISSN: 1807-9350
instituição comunitária e duas públicas, todas não competitivas. Há um baixo investimento
em TI e inovação tecnológica, frente ao faturamento. Os principais parceiros para
inovação são pequenas e médias empresas, universidades e os fornecedores.
O Hospital C possui um tímido sistema de aferição da qualidade, limitado a uma pesquisa
de opinião, chamado 'questionário de satisfação'. A justificativa para a timidez no
investimento está na escassez de financiamento e nos altos custos da inovação
tecnológica.
Quanto aos equipamentos de TI, os três hospitais contam com parcos recursos. O
Hospital A foi o que apresentou um sistema de informação mais abrangente, o qual no
entanto está baseado numa plataforma tecnológica um tanto obsoleta, pouco escalável e
de difícil manutenção. Os hospitais B e C compartilham o sistema desenvolvido para a
SMS, que no entanto abrange apenas dois módulos de vários planejados, de forma que
grande parte das atividades do hospital está descoberta.
Os três hospitais pesquisados se declararam dispostos a participar de um esforço
conjunto para inovação tecnológica coordenado por uma instituição pública. A formação
da base de dados para armazenagem de informações dos pacientes foi apontada como
prioritária nos hospitais públicos.
Currículo resumido do coordenador
João Porto de Albuquerque
Possui Bacharelado em Ciência da Computação (Unicamp, 2001) e Doutorado (direto) em
Ciência da Computação (Unicamp, 2006, bolsa CAPES/DAAD), tendo realizado
doutorado-sanduíche na Universidade de Dortmund, Alemanha (2004-2006, bolsa DAAD)
e cursado graduação incompleta em Ciências Sociais (Unicamp, 2002-2004). É Research
Fellow da Alexander von Humboldt-Stiftung, pela qual realizou pós-doutorado na área de
Sistemas de Informação, junto ao grupo de Informática Social e Aplicada da Universidade
de Hamburgo (2006-2008), e estágio de pesquisa junto à London School of Economics
(Europe Fellowship, 2007). Desde 2008 é professor doutor na Escola de Artes, Ciências e
Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP). Tem experiência nas áreas de
Ciência da Computação e Administração da Informação, com ênfase em Sistemas de
Informação, Engenharia de Software, Segurança da Informação, Redes de Computadores
e no estudo interdisciplinar de Aspectos Sociotécnicos de Sistemas de Informação em
diálogo com os estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).
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Uma avaliação da GEstão dos SIstemas e Tecnologias de