Apenas 12,4% das escolas de São Paulo têm bibliotecas
Só 12,4% das escolas públicas da cidade de São Paulo, de ensino fundamental e médio nas
redes municipal e estadual, têm bibliotecas. De cada dez colégios, apenas três abrigam
laboratórios de ciências. Os dados revelam a falta de equipamentos na rede pública, mesmo
na capital mais rica do país. Os governos municipal e estadual dizem que há esforços para
melhorar a estrutura.
Os números, do Censo Escolar 2013, foram compilados pelo portal QEdu, de informações
educacionais, a pedido do Estado. Se for colocada na conta a educação infantil, a proporção
de escolas públicas paulistanas com biblioteca recua para 9,9%. A média nacional é de 28,9%
dos colégios públicos com equipamentos em todas as fases de ensino.
As redes, porém, precisam correr: uma lei federal, de 2010, obriga a instalação de biblioteca
nas escolas até 2020, com ao menos um livro por aluno matriculado. As secretarias
argumentam que a oferta de leitura não se limita às bibliotecas.
É o caso da Escola Estadual Jardim Noronha V, no Jardim Noronha, extremo sul da capital.
A unidade não tem biblioteca, mas uma sala de leitura, um espaço com acervo menor e sem
bibliotecário. No local, os livros estão desorganizados nas estantes ou guardados, sem uso,
dentro de caixas de papelão. Metade do cômodo, separado por uma divisória, ainda serve
como sala para uma turma de quase 30 alunos.
O improviso começou em julho do ano passado, quando o colégio abrigou os alunos de
outra unidade do bairro, a Escola Estadual João da Silva, que foi fechada por problemas
estruturais no prédio. "Quase nunca vamos para a sala de leitura", conta a aluna Beatryz
Ferreira, de 8 anos, fã de Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho. "Seria legal a gente ler
mais histórias", diz Beatryz, que também gosta de caça palavras.
Como a sala de leitura é pequena, há ainda estantes em corredores e livros espalhados nos
escaninhos. É difícil encontrar o título preferido, mesmo que esteja no acervo. Segundo
professores e alunos, a maioria dos trabalhos de leitura é feita dentro da classe. Não há
programação fixa ou responsável direto pela sala de leitura, que recebe outras atividades,
como aulas de reforço. "A Beatryz até acompanha o que a professora passa, mas acho que
poderia desenvolver mais com boa estrutura", avalia a copeira Lúcia Ferreira, mãe da aluna.
A SEE (Secretaria Estadual da Educação) informou que a Escola Jardim Noronha V precisou
readaptar seus espaços por receber alunos da outra escola, que foi demolida. A pasta não disse
se há prazo de realocação ou previsão de reforma. A secretaria informou que 100% da rede
tem acervo de livros e revistas, disponíveis para os alunos nas salas de aula, e projetos de
leitura. Não informou, porém, sobre planos de construção de bibliotecas. A pasta lembrou
que não há lei que exija a presença de laboratórios de ciências e que são distribuídos kits para
atividades.
Ciência nas mãos
Entre as aulas teóricas de ciências e os experimentos, Vinícius Alcântara, de 14 anos, prefere a
segunda opção. "É bem mais legal para ver o conteúdo de perto e tirar dúvidas. Acho que a
gente até acredita mais nas matérias difíceis que o professor fala", diz. O número de práticas
na sua turma, entretanto, é reduzido.
O jovem estuda na Escola Municipal Palimércio Rezende, no Campo Limpo, zona sul da
capital. O colégio até tinha um laboratório de ciências, mas foi fechado há 15 anos. Por
segurança, atualmente os professores fazem experimentos na classe. São permitidos só os mais
simples, sem uso de fogo ou reagentes químicos. Outra dificuldade é em relação aos livros. A
sala de leitura tem atividades e programação, além de dois professores responsáveis. Mas, por
falta de espaço, algumas obras ficam empilhadas em outros cômodos e não há bibliotecário.
Como o acervo não é grande, o empréstimo de obras é restrito. "Às vezes não dá para levar o
livro para casa", conta Vinícius.
A SME (Secretaria Municipal de Educação) disse que o acervo da escola atende à demanda.
Segundo a pasta, há salas de leitura em quase toda a rede, além de programas de leitura, e os
CEUs (Centros Educacionais Unificados) têm 45 bibliotecas. A pasta também destacou que
práticas de ciências são feitas de acordo com as condições, mesmo sem laboratórios.
Por Estadão Conteúdo (São Paulo)
Fonte: UOL Educação
09/06/2014
Disponível em http://educacao.uol.com.br/noticias/agencia-estado/2014/06/09/apenas-124das-escolas-de-sao-paulo-tem-bibliotecas.htm
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