ALINE ANTONIA DA SILVA
BIBLIOTECA NA ESCOLA:
caminhos, práticas e parcerias
São Paulo
2006
ALINE ANTONIA DA SILVA
BIBLIOTECA NA ESCOLA:
caminhos, práticas e parcerias
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao
Departamento
de
Biblioteconomia
e
Documentação da Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel
em
Biblioteconomia
e
Documentação.
Orientadora: Profª. Drª. Regina K. Obata
Ferreira Amaro
São Paulo
2006
Silva, Aline Antonia da
Biblioteca na escola: caminhos, práticas e parcerias /
Aline Antonia da Silva. – São Paulo: A. A. Silva, 2006.
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
–
Comunicações e Artes/USP, 2006.
Biblioteca escolar
Práticas bibliotecárias em biblioteca escolar
Escola
de
Termos de Aprovação
Nome do autor: Aline Antonia da Silva
Título da monografia: Biblioteca na escola: caminhos, práticas e parcerias
Presidente da Banca: Profª. Drª. Regina K. Obata Ferreira Amaro
Banca Examinadora:
_____________________________________________
______________________________________________
Aprovada em: ___/___/___
A minha família pela paciência e orações
A Dai pelo socorro constante e conselhos preciosos
Ao Wagner pelo incentivo, carinho e amor sem medidas...
Agradecimentos
À professora Regina Obata por acompanhar todos os percalços, dúvidas e
aflições no decorrer deste trabalho, mostrando-me apoio e acima de tudo
confiança.
Aos professores do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da
ECA-USP, que durante esses últimos cinco anos ajudaram em minha formação
acadêmica e profissional.
Aos profissionais com os quais trabalhei na Escola Nossa Senhora das
Graças e que me ensinaram tantas coisas no decorrer dos dois anos de
convivência.
Aos alunos da 3ª. série do ensino médio e 8ª. série do ensino fundamental da
Escola Nossa Senhora das Graças, ambas de 2004, por mostrarem o verdadeiro
valor de um bibliotecário e fazerem com que eu tivesse orgulho de escolher essa
profissão.
Aos funcionários da Secretaria de Graduação da ECA-USP, Fernanda e
Murilo que acabaram tornando-se meus amigos e participaram de vários
momentos da minha vida acadêmica.
Finalmente, a todos os grandes amigos que conheci e convivi nesse período
inesquecível, Tiago, Jussara, July, Karin, Caio, Alessandra, Juliétti, Daniela,
Silvana e, de maneira especial, a Dai que esteve comigo nessa reta final sendo
sempre meu ombro amigo, porto seguro e posto de informações.
“Foi-se o tempo em que a biblioteca
se parecia com um museu e o
bibliotecário era um catador de ratos
entre
livros
visitantes
curiosos
embolorados
olhavam
tomos
e
com
e
os
olhos
manuscritos
antigos. Agora a biblioteca é como
uma escola, e o bibliotecário é, no
mais alto sentido, um professor.”
(Melvin Dewey apud Muller, 1984)
Resumo
SILVA, Aline Antonia da Silva. Biblioteca na escola: caminhos, práticas e
parcerias. São Paulo, 2006. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso
de
Biblioteconomia
e
Documentação,
Escola
de
Comunicações
e
Artes,
Universidade de São Paulo.
Em ambientes educativos a biblioteca encontra uma série de dificuldades e
limitações para sua construção e instalação. A necessidade de mudanças na relação
entre escola e biblioteca. A busca por parcerias entre professor e bibliotecário. O
presente trabalho relata as mudanças ocorridas na biblioteca da Escola Nossa
Senhora das Graças e o Projeto Estudo do Meio – trabalho conjunto entre biblioteca
e professores.
Sumário
Apresentação................................................................................................ 9
1. Introdução.............................................................................................. 11
1.1 Objetivo Geral....................................................................................... 12
1.2 Objetivos Específicos............................................................................ 12
1.3 Procedimentos metodológicos.............................................................. 12
2. Biblioteca escolar: problemas e desafios.............................................. 13
2.1 Parcerias na escola: professores e bibliotecários................................. 21
3. Biblioteca escolar: uma experiência...................................................... 25
3.1 A reforma da escola e a reorganização da biblioteca........................... 27
3.1.1 Espaço físico e o mobiliário........................................................ 27
3.1.2 Acervo e sua disposição............................................................. 30
3.1.3 Classificação e sinalização......................................................... 31
3.2 O Projeto Estudo do Meio..................................................................... 35
4. Considerações Finais............................................................................. 40
Referências................................................................................................. 42
Bibliografia Complementar.......................................................................... 45
Anexos
Apresentação
O presente trabalho foi motivado por experiências pessoais na área de
biblioteca escolar em que durante alguns anos tivemos contato de maneira viva
com todos os desafios e recompensas presentes na vida cotidiana de um
ambiente educativo.
Nossas atividades profissionais foram desenvolvidas em duas instituições
distintas o que possibilitou ver a biblioteca dentro do ambiente escolar sob dois
focos e conceitos completamente opostos: na primeira víamos a biblioteca como
depósito de livros doados; e na segunda como um lugar de aprendizagem e
ligada aos projetos desenvolvidos na escola.
Partindo dessas vivências sentimos a necessidade de discutir algumas das
dificuldades que tanto a biblioteca quanto o bibliotecário encontram dentro da
escola.
Em vista dessas considerações iremos trabalhar primeiramente com as
dificuldades existentes no relacionamento entre biblioteca e escola trazendo a
discussão sobre a integração das duas instâncias e a repercussão na
comunidade escolar.
Fazemos uso das palavras de Silva (1999, p.32) “[...] Biblioteconomia e
Educação são ramos do saber que se articulam em diferentes perspectivas, e
talvez o eixo mais acentuado dessa articulação seja justamente a problemática
das bibliotecas escolares”.
A experiência prática de como acontece a construção de uma biblioteca é
relatada através da reforma na biblioteca da Escola Nossa Senhora das Graças
mostrando suas mudanças e dificuldades.
Num segundo momento a discussão será sobre a parceria que pode existir
entre bibliotecários e professores – mediadores no ambiente escolar – e quais os
possíveis caminhos para essa integração.
Entendemos que é necessário dar importância as inter-relações entre os
mediadores no ambiente escolar, sendo que são as atitudes desses profissionais
que podem vir a influenciar todas as atividades a serem desenvolvidas na própria
biblioteca escolar.
Usamos o exemplo do Projeto Estudo do Meio desenvolvido pela Escola
Nossa Senhora das Graças uma parceria de professores, coordenação
pedagógica, os alunos e biblioteca.
1 Introdução
A relação entre biblioteca e escola é rodeada por muitos obstáculos, sejam
eles de ordem prática ou mesmo institucional, em que há um estranhamento
entre ambas e o reflexo pode ser visto nas atividades pedagógicas que acabam
prejudicadas.
Em alguns momentos a biblioteca acaba sendo vista como um depósito de
livros sem muita utilidade, instalada numa sala sem infra-estrutura, sem um
acervo
adequado
as
necessidades
dos
usuários,
com
profissionais
despreparados para exercer as funções bibliotecárias e outros fatores que
acarretam o estigma que acompanha os serviços de informação em ambientes
educativos.
No entanto, o projeto pedagógico desenvolvido pela escola é o principal
responsável pela inserção da biblioteca em todas as atividades que irão fazer
parte do currículo escolar e também a peça fundamental para diminuir a distância
em relação aos alunos, desmistificando esse espaço nunca antes visitado.
Quando as barreiras entre biblioteca e comunidade escolar vão sendo
derrubadas são possíveis ver todos os benefícios e atrativos que podem existir
nessa integração. Transformar a leitura e a pesquisa em atividades lúdicas e não
apenas obrigatórias torna-se o principal desafio a ser enfrentado pela biblioteca e
toda sua equipe.
O bibliotecário quando inserido no contexto escolar tem que se mostrar
empenhado e motivado, buscar aliar-se ao professor em todas as atividades que
serão desenvolvidas em sala de aula. A parceria entre os dois trará segurança
para que os alunos passem também a utilizar a biblioteca no seu cotidiano.
1.1
Objetivo Geral
Relacionar a biblioteca com seus usos e práticas dentro da escola, dando
ênfase maior para a utilização da mesma dentro do processo de ensinoaprendizagem e o papel do bibliotecário como mediador desse processo.
1.2
Objetivos específicos
•
Verificar a relação entre biblioteca e escola;
•
Relatar a construção de uma biblioteca utilizando como exemplo a Escola
Nossa Senhora das Graças;
•
Observar o bibliotecário e o professor como mediadores na biblioteca escolar;
•
Verificar como a biblioteca pode ser inserida nos projetos educativos
utilizando o Projeto Estudo do Meio como exemplo prático.
1.3
Recursos Medotológicos
O presente estudo terá como base a revisão de literatura nas áreas de
biblioteca escolar e educação seguindo as variáveis: relação entre biblioteca e
escola, usos e práticas da biblioteca escolar, processo ensino-aprendizagem,
apropriação do conhecimento e bibliotecário como mediador.
Fizemos uso de dois relatórios desenvolvidos para as disciplinas Estágio
Supervisionado em Unidades de Informação e Planejamento Bibliotecário I
procurando mostrar a biblioteca escolar através de experiências práticas.
2 Biblioteca escolar: problemas e desafios
As bibliotecas, tanto escolar quanto pública, sempre foram alvos de muitas
discussões, especulações e mitos que as rodeiam desde o seu início e perduram
até hoje. Alguns problemas também as acompanham desde então: a falta de
infra-estrutura e de acervo, de políticas governamentais de desenvolvimento e
incentivo, de recursos financeiros e mais um montante considerável de itens são
constantes no cotidiano desses sistemas de informação.
Em nosso país, limitações e dificuldades acontecem na maioria das
bibliotecas, como nos mostra Amaro (1998):
As situações que se encontram com freqüência no Brasil são largamente conhecidas.
Há um lento desenvolvimento de bibliotecas ou serviços de informação no país.
Quando existem, em geral em centro urbanos, são acompanhadas de vários
problemas. Em alguns casos, são bibliotecas pouco utilizadas; em outros, as
bibliotecas públicas são bastante freqüentadas, na maioria das vezes por alunos da
rede de ensino fundamental para os quais são oferecidos produtos documentários e
serviços informacionais inadequados. Esse panorama é mais dramático no âmbito
das escolas do ensino básico. Salvo raras exceções, ou inexistem bibliotecas ou elas
funcionam precariamente. (AMARO, 1998, p.7)
As bibliotecas públicas, quando são usadas para atender a alunos, acabam
por entrar no processo chamado de “escolarização”. Nesse processo acontece a
descaracterização dos serviços que deveriam ser oferecidos, culminando no
esquecimento da função principal de uma biblioteca pública que, originalmente,
destina-se à população em geral, sem especificações (SILVA, 1999, p.49).
Esse problema muitas vezes é causado pelo despreparo das escolas que não
possuem biblioteca e orientam seus alunos a buscarem fontes para sua
pesquisa na biblioteca pública mais próxima. Segundo Macedo (2005, p.65), “[...]
Mesmo havendo uma biblioteca pública por perto, certos gestores de escola não
têm consciência de que é sua obrigação oferecer tal ambiente de estudo e
pesquisa, para que o aluno seja iniciado nas lides da pesquisa escolar na
biblioteca sediada na escola”.
Quando se pensa na biblioteca escolar, as primeiras imagens que vêm à
mente são a de lugares escuros, cheirando a mofo, com vários livros velhos e
empoeirados nas prateleiras e uma senhora de óculos atrás do balcão. Ali não
se tem livre acesso aos livros e para usá-los é necessário jurar que nada será
danificado e que, caso isso aconteça, se está ciente de que a punição será
terrível.
Essas visões estigmatizadas de biblioteca são comumente encontradas,
como coloca Fragoso (2002b):
São invariavelmente distorcidas as visões que se costumam ter de uma biblioteca.
Ora é um lugar sagrado, onde se guardam objetos também sagrados para desfrute
de alguns eleitos. Ora, sob uma óptica menos romântica, é apenas uma instituição
burocratizada, que serve para consulta e pesquisa, assim como para armazenar
bolor, cupins e traças. Para poucos, aqueles que a freqüentam assiduamente, ela
constitui o local do encontro com o prazer de ler, conhecer, informar-se. (FRAGOSO,
2002b)
Pode parecer engraçado ou até mesmo estranho, mas ainda encontramos
lugares como os acima descritos, em que a biblioteca não passa de um depósito
de livros sem utilidade, verdadeiros criadouros dos mais diversos tipos de
insetos. O profissional responsável pelo espaço não tem a formação necessária
e acaba por não executar tarefas mínimas para o bom funcionamento da
biblioteca.
Observamos que alguns dos problemas da biblioteca escolar estão
relacionados aos seguintes fatores: falta de infra-estrutura, seu relacionamento
com a escola e o despreparo dos profissionais da biblioteca.
Os profissionais que atuam nas bibliotecas escolares, em sua maioria, não
têm disposição e preparo para tal tarefa e há os que não possuem formação
para atuar na organização, planejamento, administração e no trabalho
desenvolvido com os alunos (SILVA, 1999, p.15-6).
Muitas vezes, o posto de bibliotecário é ocupado por um inspetor da escola ou
um professor que por doença ou cansaço pedagógico 1 são designados a ficarem
responsáveis pela biblioteca escolar, considerado o lugar mais adequado para o
seu repouso até a aposentadoria (SILVA, 1999, p.16).
Outro obstáculo seria o espaço ocupado pela biblioteca dentro da escola, que
nem sempre condiz com o mínimo necessário ou, às vezes, nem mesmo existe
esse local como nos diz Silva (1999, p.15), “a biblioteca é um armário trancado,
1
Professores readaptados.
situado numa sala de aula, ao qual os alunos só têm acesso se algum professor
se dispõe a abri-lo... quando a chave é localizada”.
Temos ainda outra situação colocada por Amaro (2005, p.308) “na maioria
das vezes, a biblioteca disputa o espaço com outros setores, principalmente o
administrativo, que geralmente ocupa os espaços privilegiados da escola. [...]”.
Essa disputa por espaço pode acabar relegando a biblioteca a ser instalada
em locais inadequados para a conservação do acervo e afastada do convívio da
comunidade escolar, caracterizando um maior distanciamento entre biblioteca e
escola.
O descaso com que grande parte das bibliotecas escolares é tratada pode
refletir de maneira direta em sua utilização, tanto por professores quanto por
alunos. Quando a escola não integra a biblioteca no seu cotidiano como
participante ativa, acaba por distanciar ainda mais a comunidade escolar desse
espaço.
Amaro (1998) relata a situação da seguinte maneira:
[...] O Sistema de Informação enquanto processo comunicacional é entendido e
aplicado com eficiência no campo científico-tecnológico, mas ignora ou é ignorado
em sua função educativa. Existe em estranhamento entre os atores, as instituições e
as próprias áreas participantes do processo educativo, levando a um distanciamento
entre bibliotecários e educadores, biblioteca e escola e, finalmente, entre Ciência da
Informação e Educação. (AMARO, 1998, p.28)
A escola não considera que a biblioteca possua uma natureza educativa e
acaba ignorando-a em seu projeto pedagógico e educativo. Há assim um
estranhamento entre as duas instituições, reflexo da própria dissociação entre
biblioteca e sociedade (AMARO, 1999, p. 94).
Entretanto, alguns autores defendem que os vínculos entre biblioteca e escola
são tão profundos que as ações bibliotecárias acabam sendo condicionadas
pelas possibilidades e limites do próprio sistema educacional (MUELLER, 1982
apud AMARO, 1998).
O desenvolvimento do projeto pedagógico é resultado de um processo
coletivo de reflexão e decisão que envolve todos os profissionais da escola. A
falta de integração entre a biblioteca e o projeto pedagógico desenvolvido
demonstra que a biblioteca escolar está à margem do processo educativo, não
fazendo parte dele (MARTUCCI, 2005, p.256).
Alguns professores acabam não utilizando a biblioteca simplesmente por
acreditarem que o seu uso não irá trazer nenhuma mudança no processo de
ensino-aprendizagem e de nada adiantará incentivá-los a utilizar esse espaço
(SILVA, 1999).
Muitas vezes, os professores não contribuem para o envolvimento da
biblioteca escolar no trabalho pedagógico desenvolvido. Continuam com suas
aulas expositivas ou obedientes apenas aos livros didáticos. Essa prática acaba
impedindo
a
participação
de
outros
elementos
no
processo
ensino-
aprendizagem prejudicando a utilização da biblioteca a não ser quando é usada,
de maneira errônea, como “espaço de castigo” ou “espaço de cópia” (SILVA,
1999, p.19, aspas do autor).
Cabe ressaltar que não se pode reduzir a ausência da biblioteca no processo
de aprendizagem à passividade e comodidade dos professores, mas deve-se
lembrar que muitos sofrem com as más condições de trabalho e a falta de tempo
para pensar em um trabalho pedagógico que envolva a biblioteca escolar
(SILVA, 1999, p.22).
Os professores, em sua maioria, estão insatisfeitos com as condições de
trabalho: não há material didático, classes superlotadas, cansaço por
trabalharem em várias escolas e não serem valorizados (AMARO, 1998, p.31).
Essa realidade faz com que o professor não consiga inserir novos elementos ao
cotidiano dos alunos a não ser a sala de aula.
A atitude do professor acaba influenciando a postura do aluno, que não
encontra motivação para buscar conhecer e explorar as possibilidades da
biblioteca escolar e entende que, se o próprio professor não utiliza tal ambiente,
é porque este deve ser dispensável.
Pode ocorrer de o aluno procurar a biblioteca no intuito de buscar informação
em obra de referência ou simplesmente para desobrigar-se de alguma tarefa
solicitada pelo professor (MODESTO, 2005, p.192).
Silva (1999) mostra que é necessário mudar a impressão que os alunos têm
da biblioteca:
Logo, se, na escola, a relação do aluno com a biblioteca for caracterizada por
imposições, proibições, desconfortos, padronizações de gosto ou buscas
fracassadas, ele poderá carregar consigo, talvez para sempre, as marcas dessa
convivência negativa. Com vícios de uso enraizados (o hábito de cópias, por
exemplo) e frustrado com as experiências anteriores vivenciadas, será muito mais
difícil para o leitor ver a biblioteca (seja ela qual for) com bons olhos e usá-la com
avidez. (SILVA, 1999, p.70-71)
Transformar a biblioteca de um lugar de castigo em um espaço de liberdade,
mostrando aos alunos como “ler as estantes”, conhecendo assim as informações
disponíveis; buscar encurtar a distância entre a biblioteca e o seu público,
articular com os professores a inserção no planejamento escolar são atitudes
que trazem a biblioteca para mais próximo da comunidade escolar (GARCEZ et
al, 2005, p.268, aspas nossas).
Quando os alunos e toda a comunidade escolar conseguem ver na biblioteca
algo que não um depósito, torna-se mais fácil compreender as possibilidades
existentes naquele espaço. Como afirma Bajard (2002):
A biblioteca tem uma dupla vocação traduzida na constituição do seu acervo,
composto de livros de literatura infanto-juvenil e de livros informativos. Ela é em
primeiro lugar, um espaço investido pela ficção, um local que pertence ao lúdico e à
magia. A ficção contribui para criar no leitor ou no ouvinte um universo imaginário que
lhe é necessário para iluminar seu cotidiano e lhe conferir sentido. A literatura
presente no acervo é a mina de onde surge essa ficção multifacetada. Além dessa
primeira vocação, ela é o lugar da pesquisa, dimensão que irá se desenvolvendo na
escolaridade, na medida em que o domínio da língua irá se fortalecendo. [...]
(BAJARD, 2002, p.287)
A biblioteca passaria a assumir o caráter de um laboratório de aprendizagem,
permitindo a toda comunidade escolar usufruir dos seus recursos em favor da
aprendizagem e do lazer.
Cerdeira (1975) fala sobre outras possibilidades:
[...] as bibliotecas escolares podem vir a ter não só uma importância nova como
também um novo caráter. Elas podem assumir um papel de muito maior relevância
do que aquele que usualmente tem tido no desenvolvimento e na oferta de
oportunidades mais flexíveis de educação, permitindo, além do suporte aos
currículos, oportunidade para aquisição personalizada de conhecimento, segundo as
motivações de cada educando. Desse modo, as bibliotecas escolares, embora
vinculadas ao sistema formal de ensino, cumpririam o papel de abrirem largas vias de
acesso a formas de educação que se caracterizariam por flexibilidade e pelo estímulo
à continuidade do processo educativo. (CERDEIRA, 1975, p.1-2)
Os resultados individuais da utilização da biblioteca não serão vistos somente
nas atividades escolares ou nos limites da biblioteca, mas estarão presentes na
construção do conhecimento como um todo.
A biblioteca caracteriza-se como um serviço de informação onde o sujeito não
é
apenas
receptor
de
informação
e
cultura,
mas
também
produtor,
estabelecendo uma relação de interação (AMARO, 1998, p.58).
Para que a biblioteca escolar estabeleça relações de interação com seus
usuários, deve-se observar que promover o acesso à informação e à cultura não
é suficiente, mas é necessário que ocorra a apropriação da instituição biblioteca
e dos seus elementos constitutivos (AMARO, 2005, p.305-306).
Quando é estabelecida essa relação de interação, o “usuário” não está
apenas no final da cadeia, acionando o sistema; mas sim faz parte de todo o
processo. O termo “usuário” torna-se inadequado para nomear esse sujeito
(AMARO, 1998, 115, aspas do autor).
A interação foi um dos conceitos que fundamentou a construção da Biblioteca
Escolar Interativa da escola Roberto Mange 2 . Essa nova concepção é definida
por Amaro (1998):
A biblioteca interativa é um serviço de informação que busca estabelecer relações de
interação entre o sujeito e a informação e a cultura para que o mesmo seja não só
um receptor, mas também um produtor. Nessa concepção, a biblioteca deixa de ser
apenas um espaço de difusão ou disseminação da informação e da cultura, para ser
também um espaço de expressão. (AMARO, 1998, p.58)
Para a construção da Biblioteca Escolar Interativa, na escola Roberto Mange,
foi necessário operar várias mudanças, desde a localização da biblioteca,
passando por questões estruturais até a utilização do espaço.
As transformações ocorridas na biblioteca do Roberto Mange buscaram
estabelecer a relação de interação do sujeito com a informação e a cultura. Para
que haja interação, o sujeito deve conhecer todas as linguagens pertencentes à
biblioteca. Como nos mostra Amaro (1999):
2
Nome que usaremos para designar a Escola Municipal de Ensino Fundamental “Professor Roberto
Mange”, localizada na região periférica da cidade de São Paulo onde foi implantada a Biblioteca
Escolar Interativa.
[...] a linguagem constitui-se no elemento fundamental da tríade do serviço de
informação, qual seja: o sistema de informação (a linguagem do espaço e dos
instrumentos documentários); o documento (a linguagem do produtor da informação e
cultura); os agentes (a linguagem da comunidade). As referências de Biblioteca
Interativa consideram a necessidade de uma relação autônoma do sujeito com essas
linguagens, para que ele possa apropriar-se da biblioteca e esta, ao mesmo tempo,
incorpore sua expressão, num processo contínuo de construção. A Biblioteca
Interativa deve constituir-se, pois, em um espaço onde o sujeito, de mero espectador,
transforme-se em protagonista da relação com a informação e cultura. (AMARO,
1999, p.96, grifos do autor)
Essas linguagens fazem parte da estrutura da biblioteca e nem sempre são
levadas em consideração quando se está organizando o espaço, o acervo e
outros itens. Há muita dificuldade para o estabelecimento de critérios que
possam fazer com que a biblioteca seja mais “legível” para todos que a utilizam e
não um amontoado de códigos estranhos.
Na biblioteca essas linguagens mediarão as informações iniciando um
processo, como nos apresenta Santos (2004):
[...] os processos de mediação dos fenômenos culturais atuam na construção
de sentidos, aqui compreendidos não como uma simples transmissão de
conteúdos pré-existentes, mas como resultado de uma relação que se
manifesta no confronto e na troca de subjetividade. O sentido não é um
objetivo, uma causa ou uma idéia, mas uma construção, um conjunto de
práticas que se desenvolvem em domínios diferenciados, que visam às
relações interpessoais como projeto de formação do sujeito. (SANTOS, 2004,
p.18)
Santos (2004) completa dizendo:
Desta forma, as mediações se caracterizam por instâncias de passagem, ou
seja, não existem relações diretas entre o sujeito que conhece e o objeto a ser
conhecido. Entre ambos medeiam o conjunto de conhecimentos, as teorias, as
linguagens, as práticas, os recursos e o lugar onde nos colocamos. A mediação
é esta passagem que sustenta os resultados do conhecimento e, portanto, as
práticas daí resultantes. [...] (SANTOS, 2004, p.20-21)
Na biblioteca escolar, a construção de um sistema de informação capaz de
dialogar com seus usuários e torná-los autônomos é uma tarefa árdua e, por
vezes, cheia de obstáculos.
2.1
Por
Parcerias na escola: professores e bibliotecários
vezes,
vemos
que
há
um
distanciamento
entre
as
funções
desempenhadas por bibliotecários e professores. Cada qual está fechado em
suas atividades sem conseguir uma articulação conjunta, prejudicando ainda
mais as relações entre a biblioteca e a comunidade escolar.
Essa distância, muitas vezes, poder ser causada pela postura do professor.
Silva (1999, p.19, aspas do autor) afirma que “não são poucos os casos de
professores que jamais entraram nas bibliotecas das escolas em que lecionam
ou que já têm pronto o argumento para explicar a distância que mantém da
biblioteca escolar. Os mais comuns são “elas não tem recursos”, “está
desatualizada”, “está sempre fechada”.
Amaro (1998) discorre sobre a questão das relações na biblioteca:
[...] descontentamentos, queixas e reclamações sobre seu mau funcionamento,
geram discussões em que os atores envolvidos no processo educativo – pais,
professores e alunos – acusam-se mutuamente; cada qual tem sua cota de razão,
mas não conseguem alcançar um entendimento que permita chegar à raiz dos
problemas. (CECCON, OLIVEIRA, OLIVEIRA, 1996 apud AMARO, 1998, p.31)
O distanciamento entre bibliotecários e comunidade escolar pode ser
agravado por essas acusações. No entanto, o maior problema a ser vencido
encontra-se entre professor e bibliotecário.
Segundo Fragoso (2002a):
A principal barreira a ser vencida nesse convívio parece ser a que tacitamente se
ergue entre o educador e o bibliotecário. Este, por nem sempre estar bem entrosado
com o ambiente educacional, costuma fechar-se em seus “domínios”, tornando-se
apenas mero entregador de livros. O professor, por utilizar exclusiva ou
principalmente a aula discursiva, uma obsolescência pedagógica, prescinde do
bibliotecário e não o procura. E assim se têm perdido ótimas oportunidades de um
trabalho entrosado que propiciaria a aprendizagem baseada na indagação e na
busca de conhecimentos mais amplos. (FRAGOSO, 2002a, aspas do autor)
O bibliotecário acaba adotando uma atitude de passividade frente aos
acontecimentos, queixando-se quanto a não utilização da biblioteca. Entretanto,
é necessário pensar numa mudança como sugere Silva (1999):
[...] convém ao bibliotecário abandonar a lamúria e conferir à atuação da biblioteca
escolar uma característica mais agressiva. Basta de reclamar que o aluno e o
professor não vão à biblioteca!Basta de lamentar que a biblioteca escolar está
esquecida na escola! Mais vale desenvolver mecanismos, que atraiam o professor e
o aluno para tarefa, eminentemente coletiva, de pensar e fazer uma biblioteca escolar
atuante, eficiente e capaz de enriquecer o trabalho docente e a aprendizagem do
aluno. (SILVA, 1999, p.64)
A busca por um culpado não irá fazer com que a realidade mude e tão pouco
ajudará a solucionar os problemas. Macedo (2005) mostra um dos possíveis
caminhos para mudanças concretas:
O importante é ter consciência de que todos os atores da comunidade escolar –
administradores, corpo docente e discente, pais e bibliotecários – precisam trabalhar
no projeto bibliotecário e educativo da escola, harmoniosamente, em parceria.
Somente assim os objetivos e a missão da escola serão plenamente alcançados.
(MACEDO, 2005, p.182)
Todos devem trabalhar para trazer ao cotidiano da escola uma gama de
possibilidades dentro do processo de aprendizagem, traçando planos de ação
conjunta. Cabe dar maior ênfase nas ações de professores e bibliotecários, como
aponta Macedo (2005):
Ao professor e também ao bibliotecário caberá aproveitar todos os momentos para
conduzir o aprendiz a praticar leituras nos diversos aspectos, cuidando do despertar
das capacidades básicas e dos sentidos reais e figurados, do apurar a sensibilidade e
a imaginação, para “ler a vida” ao seu derredor, para entender o social e o cultural;
enfim, não só ficar sentado na carteira escolar ouvindo o professor. [...] (MACEDO,
2005, p.174, aspas do autor)
Podem-se observar mudanças significativas na comunidade escolar quando
professor e bibliotecário unem-se, pensando na construção do conhecimento e
na transformação dos métodos de ensino.
A construção do conhecimento acontece pela ação desses dois mediadores,
que conduzem os indivíduos a conhecer determinada informação e a construírem
suas próprias idéias e opiniões.
Esses mediadores devem trabalhar de modo que possibilite sincronizar as
ações bibliotecárias e as atividades pedagógicas, fazendo com que haja uma
ligação mais profunda entre escola e biblioteca.
Segundo Amaro (2005):
Mesmo havendo equipes extremamente motivadas, estáveis e comprometidas com a
qualidade de ensino – condições poucas vezes encontradas juntas na área da
educação –, é difícil imaginar que só o pessoal da área de ensino dará conta do
espaço da biblioteca. Deve existir uma relação de cooperação entre os dois
segmentos. A formação de educadores-profissionais da informação, ou profissionais
da informação-educadores, para a gestão e mediação interativas da biblioteca
escolar deve ser considerada seriamente. (AMARO, 2005, p.312)
Vemos que as ações de bibliotecários e professores devem complementar-se,
já que não é possível obter resultados satisfatórios com ações isoladas. Esses
dois mediadores são responsáveis diretos pelo incentivo dado à comunidade
escolar, devendo haver uma complementaridade entre as duas áreas.
Observamos que o incentivo vindo da sala de aula pode influenciar a prática
da leitura e da pesquisa, fazendo com que a biblioteca seja vista de maneira
atrativa pela comunidade escolar.
Para que os alunos possam encontrar na biblioteca esse local, cabe ao
bibliotecário encontrar novas formas de conduzir e transformar esse espaço.
Corrêa (2002) discorre sobre essa atitude:
O bibliotecário deve participar da vida escolar de seus usuários, participando do
desenvolvimento do programa educativo que o professor colocará em prática na sala
da aula, onde a biblioteca constituirá uma extensão das atividades de classe, onde o
aluno buscará resposta aos questionamentos levantados em sala. Através desta
parceria os anseios de incentivo à pesquisa serão atingidos pelo professor, que
instiga a formulação de questões em suas aulas, e pelo bibliotecário que auxiliará na
busca de informações que resultem na solução do problema. (CORRÊA, 2002)
O bibliotecário deve procurar estar atento às atividades programadas para os
alunos, buscando caminhos para a biblioteca estimular os hábitos da leitura.
Incentivando o desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva do indivíduo
(CALDIN, 2005).
Os deveres do bibliotecário incluem: o planejamento em cooperação com os
professores e o trabalho direto com a comunidade escolar. Esse profissional não
pode mais ficar banido a situação de “guardião das prateleiras da biblioteca”, pois
isso não condiz mais função sendo hoje um instrumento útil para dar vitalidade
ao programa educativo (DAVIES, 1974, p.42, aspas do autor).
Como nos diz Dudziak (2001, p.129) “a verdadeira mediação educacional
ocorre quando o bibliotecário convence o aprendiz de sua própria competência,
incutindo-lhe autoconfiança para continuar o aprendizado, transformando-o num
aprendiz autônomo e independente”.
Além de mediador, o bibliotecário ainda deverá fazer brotar em cada um dos
seus usuários a satisfação de aumentar seus conhecimentos e o hábito da
leitura, não por obrigação. Trazendo ao cotidiano de muitas pessoas a
possibilidade de apropriar-se da cultura do seu povo e de outras partes do mundo
fazendo-o, muitas vezes, sentir-se parte desse todo.
3
Biblioteca escolar: uma experiência
Tivemos a oportunidade de acompanhar a construção de uma nova biblioteca
da Escola Nossa Senhora das Graças no período em que atuamos como
estagiários 3 na instituição e achamos válido relatar as mudanças pelas quais
passaram tanto a biblioteca quanto a escola.
A Escola Nossa Senhora das Graças (ENSG), fundada em 1960, está situada
no bairro do Itaim-Bibi, região nobre da cidade de São Paulo rodeada por
edifícios residenciais de classe média e média-alta e centros empresariais.
Em 1972, com a nova Lei de Diretrizes e Bases, foi criado o curso de 1º. grau,
encerrando-se pouco a pouco as turmas de Educação Infantil. Em 1975, um
movimento espontâneo de pais e alunos resultou, no ano seguinte, na criação do
2º. grau.
A Biblioteca acompanha a escola desde seus primeiros passos e sempre teve
um papel importante dentro dos projetos desenvolvidos pela escola. O serviço
realizado pela Biblioteca enriquece o trabalho de ensino-aprendizagem
desenvolvido em sala de aula: citamos o exemplo dos alunos de 1ª. a 4ª. séries
que têm como atividade programada ir semanalmente a biblioteca para leitura
livre, elaboração de pequenas pesquisas e para ouvir histórias.
A Biblioteca realiza também o trabalho de auxílio à pesquisa, selecionando o
material bibliográfico adequado aos temas que são propostos em sala de aula e,
além disso, organiza eventos como feira de livros e visitas a outras bibliotecas e
gibitecas.
Há alguns anos, a Biblioteca ficava em um anexo em frente à quadra de
esportes da escola, o que gerou diversas discussões e a posterior mudança para
onde está atualmente. Neste local, ficou ao mesmo tempo isolada de todo o
barulho, mas perto do lugar de maior movimentação dos alunos, que é o pátio
interno.
3
Em que foram elaborados dois relatórios sobre as mudanças na biblioteca para as disciplinas
Planejamento Bibliotecário I e Estágio Supervisionado em Unidades de Informação pela graduanda
Aline Antonia da Silva; ambos no ano de 2004.
Segundo Amaro (1999, p.97), “um dos indicadores da participação da
biblioteca como elemento constitutivo do processo educativo e da relação
biblioteca-escola é o lugar que ela ocupa na distribuição e organização espacial
da escola”.
Assim como no Roberto Mange, em que a biblioteca passou do subsolo para
o pavimento superior, a biblioteca da ENSG passou de um ambiente externo (ao
lado da quadra de esportes) para um lugar no centro da escola.
No entanto, a mudança maior ocorreu alguns anos depois, em 2004, onde
além da biblioteca toda a ENSG passaria por uma grande reforma.
3.1
A reforma da escola e a reorganização da biblioteca
A reforma da ENSG teve como principal motivação a crescente procura por
vagas para novos alunos, porém a estrutura da escola não comportaria o
aumento no número de alunos. Pensando numa maneira de sanar esse
problema decidiu-se pela ampliação das instalações.
A escola antes tinha apenas dois pavimentos – térreo e 1º. Andar –, com a
ampliação passou a ter cinco andares. Foram momentos de apreensão e
extrema criatividade, pois nasceu a idéia de incluir toda comunidade escolar
nesse processo de mudança.
Foi nesse momento que nasceu o projeto “Atrás dos tapumes”, que mais
tarde deu origem a um livro ilustrado com fotos da reforma e depoimentos de
alunos, pais, funcionários e ex-alunos. Esse projeto consistiu em instigar a
imaginação dos alunos sobre quais seriam os resultados da reforma em toda a
escola e como seriam as atividades nos novos espaços.
Nessa reforma a biblioteca passou por uma mudança ainda maior, já que
ganhou o espaço antes ocupado pela sala de informática, no pavimento superior.
Houve a necessidade de colocar-se uma escada para ligar os dois andares,
porém sem perder muito espaço e com a resistência para suportar a intensa
circulação de pessoas.
Os desafios para a biblioteca estavam apenas começando. Havia agora a
necessidade de adaptação ao novo espaço e a busca por vencer as barreiras
que surgiam no cotidiano, sem prejudicar os serviços oferecidos e atividades
programadas pelos professores.
3.1.1
Espaço físico e o mobiliário
O novo espaço exigia diversas mudanças tanto no posicionamento do acervo
quanto no mobiliário. No entanto, devia-se observar como seria possível fazer
essas alterações sem causar um impacto negativo.
O ambiente da biblioteca deve acolher o sujeito sem o isolar da realidade
existente fora dali, possibilitando o diálogo entre biblioteca e escola (AMARO,
1999, p.97).
O projeto da nova biblioteca da ENSG permitiu que ela estivesse visível para
os alunos, porém longe do barulho. Isso foi conseguido ao se fazer com que, no
pavimento superior, a parede que seria no corredor de acesso às salas de aulas,
fosse metade de vidro com isolamento acústico. Desta forma, todos que
passavam pelo corredor podiam ver a biblioteca e de dentro da biblioteca podiase ver o que acontecia fora.
Outro ponto interessante foi a construção de uma clarabóia exatamente em
cima da escada que ligava os dois pavimentos, aumentando a iluminação
natural. O pavimento superior ainda contava com três amplas janelas que
permitiam a entrada de mais luminosidade e ventilação, deixando o ambiente
mais claro e agradável nos dias de sol.
No pavimento superior ficou instalada a sala de contos, usada para contar
histórias para as séries do ensino fundamental que, uma vez por semana, tinham
essa atividade. Essa sala foi projetada – com uma porta de isolamento acústico –
para que a biblioteca pudesse abrigar atividades simultâneas, como a hora do
conto e a pesquisa individual.
O pavimento inferior teve poucas mudanças estruturais: o piso, que era de
madeira, foi trocado por paviflex, a porta foi aumentada e passou a ter uma
escada de ferro.
O material usado para a construção da escada acabou transformando-se em
um problema, pois quando as pessoas desciam, fazia muito barulho. Foi
necessário conscientizar a comunidade escolar disso, para que o contratempo
fosse contornado.
Os novos mobiliários foram cuidadosamente escolhidos e projetados para
atender as necessidades, tanto das séries do ensino fundamental quanto das do
ensino médio.
Com isso houve uma divisão do espaço do pavimento superior: de um lado
ficaram as obras de referência 4 , livros de artes, mesas para estudo em grupo –
mesas de cor clara e cadeiras vermelhas – e um posto de trabalho. No outro lado
ficou toda a coleção de livros infantis, mesas para crianças 5 – mesas amarelas e
cadeiras coloridas – prateleiras coloridas e mais um posto de trabalho.
Essa divisão do espaço fez-se necessária para que os alunos de 1ª. a 4ª.
séries tivessem um local compatível com seu tamanho e suas necessidades. O
uso de mesas e cadeiras maiores era desconfortável e eles não se sentiam bem
em dividir o espaço com os alunos do ensino médio.
O antigo mobiliário ficou no pavimento inferior, juntamente com o restante do
acervo – livros didáticos, livros de literatura, fitas de vídeo etc. – e outro posto de
trabalho.
Essa disposição não fazia parte do projeto da nova biblioteca, porém ocorreu
que depois da reforma pronta o engenheiro informou que não seria possível
colocar todo o peso do acervo no pavimento superior já que a estrutura não
agüentaria.
Teve-se então que trabalhar com essa realidade e readequar os planos que
haviam sido feitos antes da reforma. Foi necessário mudar a idéia principal que
era deixar o pavimento inferior apenas para estudos em grupo e o superior para
pesquisas individuais.
O espaço da biblioteca infantil e da sala de contos foram os únicos onde foi
possível executar o projeto inicial e usar o mobiliário personalizado desenvolvido
para esses ambientes. As prateleiras seriam de madeira e teriam cores e alturas
diferenciadas para as faixas etárias dos alunos.
4
Documentos através dos quais se podem obter rapidamente uma informação concisa: dicionários,
enciclopédias, manuais, guias, bibliografias etc.
5
Mobiliário projetado para crianças de até 10 anos.
Tanto as mesas da área infantil quanto da área de estudo em grupo tinham o
formato Windows 6 que possibilitavam o fácil encaixe uma nas outras e permitiam
o trabalho de grupos maiores.
A adaptação ao novo mobiliário e ao espaço não levou muito tempo, mas por
conta de se ter uma vitrine aberta a todos os alunos (parede de vidro), gerou
grande curiosidade e excitação nos alunos das séries iniciais do ensino
fundamental. Os outros alunos habituaram-se rápido com as novas instalações e
ficaram satisfeitos com as mudanças.
3.1.2
Acervo e sua disposição
Após a reforma, o acervo sofreu uma mudança radical quanto a sua
disposição anterior, já que ele teve de ser divido entre os dois pavimentos na
tentativa de utilizar todo o novo espaço que foi agregado.
No pavimento inferior o acervo ficou dividido em: livros de literatura
estrangeira e brasileira, livros didáticos, livros de Educação, Filosofia, Psicologia,
revistas e fitas de vídeo.
Todas as prateleiras apresentam uma etiqueta identificando quais são os
livros disponíveis e a classificação; as revistas e as fitas de vídeo são alocadas
em caixas identificadas que permitem aos usuários visualizar a localização dos
materiais.
Os livros não circulantes – enciclopédias, livros de artes, dicionários e atlas –
ficaram no pavimento superior, em prateleira afixadas nas paredes ao lado das
mesas de estudo em grupo, e receberam o mesmo sistema de identificação com
etiquetas.
A parte infantil passou por uma mudança na sinalização das caixas onde
ficavam os livros, sendo que agora teriam o critério das cores das prateleiras, que
dividiriam o acervo juntamente com a classificação. As cores diferenciadas
6
Termo utilizado pelo designer para determinar as mesas encaixáveis que lembravam o formato do
logotipo do Windows.
tinham como princípio dividir os livros de acordo com a faixa etária a qual eles
destinavam-se.
As fitas de vídeo foram a parte mais polêmica de nosso acervo, já que por
alguns motivos elas não podiam ser emprestadas para que os alunos as
levassem para a casa. Caso fosse necessário emprestar o aluno deveria tentar
assistir a fita de vídeo nas dependências da escola e em horário distinto do das
aulas.
No entanto, o empréstimo a professores era liberado mesmo que fosse para
levar para a casa e sem período certo para devolução. Essa era uma política
adotada anterior à nossa chegada e nada foi mudado até a nossa saída.
Contava-se ainda com um pequeno acervo de CDs, Dvds e CD-ROMs 7 , que
durante o trabalho que desenvolvemos não tinham sido incorporados ao acervo
para empréstimos.
3.1.3
Classificação e sinalização
No Roberto Mange, o desenvolvimento da linguagem de representação dos
recursos informacionais deveria seguir o princípio da interação com o sujeito.
Dessa forma, três condições foram seguidas como nos mostra Amaro (1998):
a) a linguagem deveria ser de fácil assimilação, para não se constituir em um
obstáculo no processo de comunicação do sujeito com a biblioteca;
b) deveria possibilitar o atendimento da concepção de Biblioteca Interativa no que
se refere à multiplicidade de ações e relações e mobilidade para transformações;
c) a linguagem deveria permitir o reconhecimento das linguagens utilizadas em
outras instituições de informação e cultura do país e de outras partes do mundo
(AMARO, 1999, p.98, grifos do autor)
Foi então utilizada uma adaptação da 20ª. edição da CDD, sendo que ela
atende apenas o último item: é um dos sistemas mais utilizados no Brasil e em
7
Siglas comumente usadas para designar respectivamente: Compact Disc, Digital Vídeo Disc e
Read-Only Memory.
outros países. A adaptação foi necessária para que houvesse uma adequação
com aos outros requisitos (AMARO, 1998, p.96).
Os tradicionais sistemas de classificação, Classificação Decimal de Dewey
(CDD) e Classificação Decimal Universal (CDU) 8 recebem muitas críticas e
podem tornar-se um problema na biblioteca. Amaro (1999) fala sobre a estrutura
da CDD:
[...] são sistemas pouco flexíveis; a estrutura é hierarquizada e divide todas as áreas
do conhecimento em 10 classes, numa ordem numérica de 000 a 999 e suas
subdivisões. Por ser uma linguagem formal construída, que utiliza uma codificação
numérica, o seu uso pode criar uma barreira entre o sistema de informação e o
usuário. Em bibliotecas escolares essa barreira pode ser intransponível. No entanto,
desde a sua criação, não surgiram instrumentos capazes de substituí-lo,
principalmente na organização física dos documentos pelo seu conteúdo. (AMARO,
1998, p.95)
No caso da ENSG, adotou-se na biblioteca a CDU adaptada, que teve
algumas simplificações feitas pela primeira bibliotecária da escola 9 e para
notação de autor foi usada a Tabela PHA. A adaptação da CDU fez-se
necessária para o tipo e tamanho da biblioteca onde não foi preciso usar todos
os sinais do sistema original.
A CDU adaptada foi usada para classificar todos os livros da biblioteca,
exceto os infantis, que receberam outra codificação. Outros materiais como as
fitas de vídeo, CDs e Dvds também foram identificados com códigos
diferenciados.
Para os livros infantis foi criada a seguinte representação:
•
J → livros infantis
•
JC → livros de contos infantis
•
JP → livros de poesias infantis
•
JQ → quadrinhos
Esses dois sistemas de classificação são utilizados e conhecidos em serviços de informação de
várias partes do mundo; por isso chamamos de tradicionais.
9
Por volta da década de 70.
8
Com essa representação a etiqueta dos livros infantis apresentava duas
informações: na primeira linha, a classe – J, JC, JP ou JQ – e, na segunda linha
a notação de autor.
Os livros infantis foram organizados em caixas 10 , sendo que as da classe J
recebiam como identificação uma etiqueta com a letra de sobrenome do autor e
as das outras classes tinham uma etiqueta que as dividia por gênero – poesias,
contos e quadrinhos.
Houve ainda, após a reforma, a divisão do acervo por faixa etária feita através
das prateleiras coloridas, para tentar evitar que os alunos das séries iniciais do
ensino fundamental emprestassem livros que não fossem adequadas à sua
idade.
Essa atitude foi necessária após a reclamação dos pais de um aluno da 2ª.
série do ensino fundamental, que levou para casa um livro que tratava de sexo e
adolescência. Os pais disseram que a bibliotecária havia sido negligente em
deixar que o aluno levasse esse livro e pediram à professora que observasse
melhor os materiais que os alunos emprestavam.
Para que fossem evitados transtornos com os pais, tomou-se essa atitude,
mesmo o corpo docente e a bibliotecária estando conscientes de que não era a
decisão mais acertada para a questão.
Foram inevitáveis os problemas decorrentes dessa nova divisão, no início os
alunos não entendiam as mudanças e acabavam pegando livros de faixas etárias
diferentes. Em decorrência disso começou-se um trabalho para que os alunos
identificassem as diferentes cores e qual era a cor da sua idade.
Esse trabalho consistiu em produzir e espalhar pela biblioteca cartazes
coloridos com figuras indicando qual era cor correspondente a cada série. Em
outro momento, foi desenvolvida uma gincana onde as equipes eram divididas
por série de acordo com as cores usadas nas prateleiras. Os resultados dessas
atividades foram satisfatórios e fez com que os alunos assimilassem essa
novidade.
Caixas de arquivo morto cortadas ao meio em diagonal que eram encapadas com plásticos
coloridos.
10
A codificação dos materiais de audiovisual ficou da seguinte forma: FVD →
fitas de vídeo; CD → CDs de música; CDR → CD-ROM e DVD → Dvds. Todos
recebiam etiquetas com sua sigla correspondente e números em seqüência
crescente a partir do 001.
Até o término da elaboração dos relatórios 11 , os materiais de audiovisual não
estavam todos identificados com etiquetas e nem inseridos no acervo circulante
da biblioteca.
Para que toda a comunidade escolar conhecesse as novas instalações da
biblioteca e a disposição do acervo, foram programadas visitas ao novo espaço
com o acompanhamento da equipe da biblioteca.
Para a sinalização do acervo foram usadas etiquetas com imãs nas
prateleiras de metal, que mostravam quais materiais estavam ali e a sua
classificação. Na parte infantil foram feitos cartazes indicando a série e a cor
correspondente a cada uma.
Não ocorreram grandes problemas quanto à utilização do acervo após todas
as mudanças, a comunidade escolar incorporou as novidades rapidamente e
adaptou-se bem aos novos códigos e as alterações na organização.
Todo o processo de mudança, tanto da biblioteca quanto de toda a escola, foi
aceito pela comunidade escolar sem grandes dificuldades e não foram
necessários muitos esforços para que todos se apropriassem dos novos
espaços, de modo especial o da biblioteca.
11
Relatórios elaborados para as disciplinas: Planejamento Bibliotecário I e Estágio Supervisionado
em Serviços de Informação em 2004; pela graduanda Aline Antonia da Silva.
3.2
O Projeto Estudo do Meio
Vimos que as ações conjuntas de bibliotecários e professores podem
favorecer a aprendizagem, trazendo novas inserções educativas para o cotidiano
da comunidade escolar.
Foi possível observar esse processo no Projeto Estudo do Meio desenvolvido
na Escola Nossa Senhora das Graças (ENSG), onde todas as áreas da escola
são envolvidas, inclusive a biblioteca.
A história do Projeto Estudo do Meio começa da seguinte forma:
Há alguns anos, preocupados em tornar a aprendizagem dos alunos cada vez mais
significativa e acreditando ser um instrumento de trabalho muito rico, a Escola
começou a apresentar o Projeto de Estudo do Meio.
Essas atividades extra classe, não livresca, possibilitam um contato do aluno com o
ambiente, ou local visitado, de tal forma que ele possa constatar, questionar ou
levantar hipóteses de trabalho a respeito das questões teóricas estudadas em classe.
Os estudos do meio são sempre atividades iniciadas em sala de aula, a partir de
problemas levantados pelas diferentes disciplinas e encerradas em classe, quando os
dados coletados são analisados, discutidos, organizados e avaliados, possibilitando o
desenvolvimento de conceitos e a construção de conhecimentos num trabalho
integrado por várias disciplinas.
Nessa oportunidade, continua-se o trabalho de aperfeiçoar as relações
interpessoais, estimulando a convivência em grupo e os valores de respeito, da
solidariedade, de cooperação não apenas no trabalho em grupo a ser desencadeado,
mas também na organização dos quartos e na própria experiência de viajar com
colegas e professores. Colocar-se no lugar do outro, ampliar o conhecimento de si e
do outro – eis importantes desafios dessa atividade 12 .
O Projeto consiste em uma viagem que os alunos fazem junto com alguns
professores, a duração é de cinco dias e o local varia todos os anos. Os alunos
têm atividades monitoradas durante todos os dias, onde entrevistam moradores
da cidade, fazem pesquisa sobre a história do lugar (lendas, folclore regional etc.)
e são instigados a observar os pormenores culturais que existentes.
Esse projeto é elaborado para as séries finais do ensino fundamental – 7ª. e
8ª. –, buscando colocar em prática idéias contidas na Proposta Pedagógica de
5ª. a 8ª. série:
No período definido entre 11 e 14 anos, os alunos passam por profundas
transformações físicas e psicológicas que reorientam o seu processo de formação de
12
Trecho do relatório elaborado para a disciplina Estágio Supervisionado em Unidades de Informação
em 2004, pela graduanda Aline Antonia da Silva; relatório em anexo.
identidade pessoal. Algumas certezas provisórias da infância, como pais protetores,
corpo e sentimentos de crianças adquirem outro significado: o adolescente começa a
percebe uma subjetividade própria.
Na busca de novos referenciais, os jovens procuram tornar mais significativo sua
identidade, seus parâmetros e crenças pessoais. E nesse momento inicia-se também
um amadurecimento das capacidades cognitivas, caracterizado por um aumento de
autonomia de pensamento e maior vigor no raciocínio.
Assim, o trabalho pedagógico-educacional de 5ª. e 8ª. série do Ensino Fundamental
tem como principal finalidade fornecer aos alunos condições favoráveis ao
conhecimento de si mesmo, à construção de projetos pessoais e ao desenvolvimento
cognitivo 13 .
Procurando desenvolver nos alunos habilidades para lidar com situações
novas e ter ações independentes, propõe-se:
•
Colaborar no desenvolvimento do auto-conhecimento, através da reflexão
sobre as transformações físicas e psicológicas que ocorrem na adolescência
e do conhecimento da história de jovens e de outros tempos e espaços;
•
Contribuir para que se perceba e reflita sobre diferentes possibilidades de
atuação nos diversos espaços e situações nos quais estão inseridos;
•
Desenvolver a noção de que ele é o agente de sua educação e responsável
pelo seu processo aprendizagem;
•
Planejar atividades de trabalho em grupo com a intenção de propiciar o
diálogo, o respeito às diferenças, valorizar a diversidade como necessária a
construção de todo e qualquer conhecimento, oferecendo momentos
coletivos de planejamento e organização de projetos de trabalho;
•
Promover atividades pedagógicas, disciplinares e multidisciplinares, que
possibilitem o desenvolvimento das capacidades cognitivas;
•
Colocar o aluno diante de situações em que o comprometimento, a
responsabilidade e a autonomia são essências para o encaminhamento e
soluções dos problemas enfrentados 14 .
Pensando na melhor maneira de colocar os alunos frente à diversidade,
buscando pôr em práticas a proposta pedagógica surge a idéia de montar o
Projeto. O principal objetivo é proporcionar aos alunos uma experiência que,
provavelmente, não seria vivida em seu cotidiano por conta do seu padrão de
vida.
As atividades realizadas visam contemplar todas as matérias trabalhadas em
sala de aula:
•
13
14
Idem.
Idem.
Artes – arquitetura e trabalhos artesanais locais;
•
História – os costumes e tradições;
•
Português – literatura e lingüística;
•
Matemática – dados estatísticos;
•
Ciências – fauna e flora;
•
Geografia – localização, clima, relevo etc.
A biblioteca foi inserida no Projeto para que orientasse os alunos nos mais
variados aspectos. Vejamos:
Durante todo o projeto a biblioteca exerce o papel decisivo na coleta e tratamento das
informações coletadas no decorrer das visitas, entrevistas e observações. Esse
processo começa antes mesmo da viagem, em sala de aula são passadas pelos
funcionários da biblioteca as instruções necessárias para que nada seja perdido sob
o olhar do aluno, fazendo com que cada detalhe possa virar um registro legível
quando for trabalhado na volta.
Outro fator importante que tem como objetivo ajudar diretamente na pesquisa são os
levantamentos bibliográficos com intuito de disponibilizar o maior número de livros
sobre os temas abordados, fornecendo total suporte às pesquisas 15 .
Desde a implementação do Projeto, a biblioteca buscou incorporar ao seu
acervo materiais que servissem de subsídio às pesquisas feitas após a viagem.
Alguns exemplares foram adquiridos nas localidades visitadas, em sua
maioria, com conteúdo ligado as tradições locais, fatos históricos e curiosidade
da região. Grande parte desses livros é de autoria dos próprios moradores da
cidade em parceria com o governo local.
Durante o período de pesquisas, o espaço da biblioteca sofria algumas
modificações, porém buscando não causar problemas para o restante da
comunidade escolar. Na tentativa de não prejudicar a utilização da biblioteca foi
criado um cronograma, com a finalidade de reservar horários livres para as
outras séries.
Com a reforma, foi possível dividir o espaço da seguinte maneira: o pavimento
inferior seria para pesquisas individuais que não estavam ligadas ao Projeto. Já o
pavimento superior ficaria reservado para o desenvolvimento dos trabalhos
15
Idem.
relacionados ao Projeto e nos expositores ficariam os materiais disponíveis para
pesquisa.
Nesse período a biblioteca desenvolve algumas atividades:
•
Levantamento bibliográfico dos materiais existentes no acervo relacionados
aos assuntos pesquisados no trabalho;
•
Orientação de pesquisas realizadas na biblioteca e também em sites da
Internet;
•
Cópia das páginas dos livros, pois os mesmos não podem ser retirados da
biblioteca durante os trabalhos para atividades fora da biblioteca;
•
Orientação na realização das referências bibliográficas no final da
pesquisa 16 .
As orientações oferecidas pela biblioteca, procuram fazer com que o aluno
desenvolva autonomia em suas pesquisas. Os livros à disposição para consultas
ao conteúdo, permitem a eles escolherem as informações conforme o que ache
necessário e segundo suas idéias.
Os alunos passam a elaborar os trabalhos usando o suporte dos materiais
disponíveis no acervo da biblioteca, transformando todas as informações
coletadas em diversas produções como: painéis, revistas, jornais, relatórios e
seminários.
Durante esse Projeto, observamos como a relação entre professor e
bibliotecário pode render bons resultados, trazendo melhorias no que tange o
desenvolvimento à aprendizagem dos alunos.
Integrar a biblioteca e toda a escola era uma necessidade constantemente
presente, porém só foi possível trilhar novos caminhos quando as divergências
foram sendo discutidas e as barreiras entre bibliotecário e comunidade escolar
foram sendo derrubadas.
Mostrar que a biblioteca é um lugar onde toda a comunidade escolar poderia
encontrar não somente fomento para pesquisas, mas também cultura e lazer foi
um processo demorado.
16
Idem.
Ainda não se conseguiu fazer com que toda a comunidade perceba a
biblioteca como um espaço de expressão e idéias, mas sabe-se que a semente
já foi lançada e resta agora esperar os frutos dessa empreitada.
4 Considerações Finais
A biblioteca escolar pode ser um dos determinantes para a melhoria na
aprendizagem e na relação de toda a comunidade escolar com a informação e
cultura.
Para que isso seja possível as barreiras que existem entre escola e biblioteca
têm de ser derrubadas fazendo com que a integração entre as duas instituições
seja efetiva.
Cabe a escola buscar maneiras de inserir a biblioteca nas atividades
desenvolvidas e tornar essa prática um hábito tanto para o corpo docente quanto
para alunos. Quando a comunidade apropria-se da biblioteca passa a utilizá-la
sem limitações, dúvidas e problemas.
Os professores podem ajudar nessa aproximação exercendo a função de
desmistificar as idéias criadas e tentar inserções criativas entre sala de aula e
biblioteca. Levando os alunos a verem o lado lúdico e sem obrigatoriedades que
a biblioteca escolar também possibilita.
O trabalho conjunto de professor e bibliotecário podem caracterizar uma
ligação importante para o desenvolvimento de projetos educativos que levem os
alunos a conhecer a biblioteca.
Aos bibliotecários fica o desafio de buscar espaço dentro da escola
mostrando que as possibilidades na utilização da biblioteca são inúmeras e
podem trazer mudanças significativas ao currículo escolar.
A experiência que tivemos na biblioteca da Escola Nossa Senhora das
Graças (ENSG) ajudou a ver e compreender os diversos caminhos e obstáculos
que fazem parte da construção cotidiana de um serviço de informação.
Nessa experiência aprendemos diariamente novas maneiras de entender a
diversidade com a qual trabalhamos e qual era a melhor forma de trazer a
informação e a cultura para mais perto de todos que por ali passavam.
Durante o período em que estivemos envolvidos nos projetos desenvolvidos
pela ENSG, de modo especial na reforma pela qual a biblioteca passou,
vivenciamos momentos que mostraram que vale acreditar na biblioteca como
algo dinâmico dentro da escola.
Foram momentos que fizeram com que pudéssemos sentir a biblioteca
“pulsar” e viver todos os acontecimentos ao seu redor não como um anexo, mas
como parte integrante no processo de aprendizagem.
E são esses momentos que nos fazem acreditar que a luta para que a
biblioteca escolar faça parte da escola não é uma utopia distante e sim uma
realidade possível.
Referências
AMARO, Regina K. Obata Ferreira. Biblioteca Interativa: concepção e construção
de um serviço de informação em ambiente escolar. 1998. 129f. Tese (Doutorado em
Ciência da Informação e Documentação) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo, 1998.
AMARO, Regina K. Obata Ferreira. Construção interativa da biblioteca escolar. In:
MACEDO, Neusa Dias de (Org.). Biblioteca escolar brasileira em debate: da
memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora SENAC São Paulo:
Conselho Regional de Biblioteconomia – 8ª. Região – São Paulo, 2005. p. 304-313.
BAJARD, Élie. Caminhos da escrita: espaços de aprendizagem. São Paulo:
Editora Cortez, 2002.
CALDIN, Clarice F. Reflexões acerca do papel do bibliotecário de biblioteca escolar.
Revista da Associação Catarinense de Bibliotecários, v. 10, n. 2, p. 163-168,
2005.
Disponível em:
<http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=130&layout=abstract>.
Acesso em: 07
mar. 2006.
CECCON, Claudius, OLIVEIRA, Miguel Darcy de, OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. A
vida na escola e a escola da vida. 31. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
CORRÊA, Elisa C. Delfini et al. Bibliotecário escolar: um educador? Revista da
Associação Catarinense de Bibliotecários, v. 7, n. 1, p. 107-123, 2002.
Disponível
em:
<http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=77&layout=html>.
Acessado em: 07 mar. 2006.
DAVIES, Ruth Ann. La biblioteca escolar, propulsora de la educación. Buenos
Aires: Bowker Editores Argentina, 1974.
DUDZIAK, Elisabeth Adriana. A Information Literacy e o papel educacional das
bibliotecas. 2001. 173f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo, 2001.
FRAGOSO, Graça Maria. Biblioteca na escola. Revista da Associação Brasileira
de
Bibliotecários,
v.
7,
n.
1,
p.124-131,
2002a.
Disponível
em:
<
http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=78&layout=html>. Acessado em: 07 mar.
2006.
FRAGOSO, Graça Maria. Biblioteca escolar: profissão e cidadania. Revista da
Associação Catarinense de Bibliotecários, v. 7, n. 2, p. 240-250, 2002b.
Disponível
em:
<http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=79&layout=html>.
Acessado em: 07 mar. 2006.
GARCEZ, Eliane F., BLATTMANN, Ursula. Projeto bibliotecário e pedagógico. In:
MACEDO, Neusa Dias de (Org.). Biblioteca escolar brasileira em debate: da
memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo:
Conselho Regional de Biblioteconomia – 8ª. Região – São Paulo, 2005. p. 266 –
269.
KUHLTHAU, Carol. Como usar a biblioteca na escola: um programa de
atividades para o ensino fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
MACEDO, Neusa Dias de (Org.). Biblioteca escolar brasileira em debate: da
memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo:
Conselho Regional de Biblioteconomia – 8ª. Região – São Paulo, 2005.
MARTUCCI, Elisabeth M. Projeto bibliotecário e pedagógico. In: MACEDO, Neusa
Dias de (Org.). Biblioteca escolar brasileira em debate: da memória profissional
a um fórum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Conselho Regional de
Biblioteconomia – 8ª. Região – São Paulo, 2005. p.255-258.
MODESTO, Fernando. Missão e objetivos. In: MACEDO, Neusa Dias de (Org.).
Biblioteca escolar brasileira em debate: da memória profissional a um fórum
virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo: Conselho Regional de Biblioteconomia
– 8ª. Região – São Paulo, 2005. p. 192-194.
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Bases para uma política educacional para as
bibliotecas.
In:
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
BIBLIOTECONOMIA
E
DOCUMENTAÇÃO, 11, 1982, João Pessoa. Anais... João Pessoa: Associação
Profissional de Bibliotecários da Paraíba, 1982. v. 1, p. 116 - 128.
OBATA, Regina Keiko. Biblioteca Interativa: construção de novas relações entre
biblioteca e educação. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação,
São Paulo, Nova Série, v.1, n.1, p.91-103, 1999.
SANTOS,
Valdirene
de
Marcos.
Mediação documentária em ambientes
educativos do terceiro setor. 2004. 2 v. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2004.
SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. 3. ed. São Paulo:
Cortez, 1999. (Coleção Questões da nossa época, v.45)
Bibliografia Complementar
ANDRADE, Maria Eugênia Albino de. Biblioteca e educação infantil. In: CAMPELLO,
Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
ANDRADE, Maria Eugênia Albino de. A biblioteca faz a diferença. In: CAMPELLO,
Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed.
Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
ANTUNES, Walda de Andrade. Biblioteca escolar no sistema de ensino
brasileiro: um desafio em tempos de leitura e uso da informação. 1998. 171f.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna,
1989.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A educação como cultura. São Paulo: Brasiliense,
1985.
CAMPELLO, Bernadete et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática
pedagógica. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
CASTRO, Yeda Virginia. A biblioteca escolar no contexto educacional brasileiro. In:
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 1., 1982, Brasília.
Anais... Brasília: Ministério da Educação e Cultura: Secretaria da Cultura: Fundação
Nacional Pró-Memória: Instituto Nacional do Livro, 1982. p. 181.
CARVALHO, Lídia Izecson de. Bibliotecas escolares: ainda um desafio. São
Paulo: FDE, 1991.
CERDEIRA, Theodolindo. A biblioteca escolar no planejamento educacional. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 8,
1975, Brasília. Anais... Brasília: [s.n.], 1975. (separata)
DAVIS,
Robert
H.
Sistemas
de
aprendizagem:
uma
abordagem
ao
desenvolvimento da instrução. São Paulo: McGraw-Hill, 1979.
FRAGOSO, Graça Maria. Biblioteca na escola: uma relação a ser construída.
Revista da Associação Catarinense de Bibliotecários, v.10, n. 2, p. 169-173,
2005.
Disponível
em:
<http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=129&layout=html>.
Acessado em: 07 mar. 2006.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1982.
GARDNER, Jwel. Servicios bibliotecario em la escuela elemental. 2. ed. México:
Editorial Pax-Mexico, 1967.
LITTON, Gaston. Bibliotecas escolares. Buenos Aires: Bowker Editores, 1974.
MACEDO,
Neusa
Dias
de,
SEMEGHINI-SIQUEIRA,
Idméia.
Biblioteca
Pública/Biblioteca Escolar do país em desenvolvimento: diálogo entre
bibliotecária e professora para reconstrução de significados com base no
Manifesto da Unesco. São Paulo: CRB-8/FEUSP, 2000.
ANEXO
Relatório para a disciplina:
Estágio Supervisionado em Unidades de Informação
A Biblioteca
A biblioteca da Escola Nossa Senhora da Graças acompanha a escola desde
seus primeiros passos e sempre teve papel importantíssimo dentro da educação
e instrução dos alunos e professores.
O acervo da biblioteca tem como principal objetivo servir de base para todos
os tipos de pesquisas desenvolvidas na biblioteca. Também busca atender aos
pedidos feitos por professores de materiais específicos para alguns trabalhos.
Dentre as características que a biblioteca apresenta pode-se dividir em:
Características Funcionais e Características Estruturais; em que cada uma
abrange todos os principais aspectos da biblioteca.
Nos parágrafos que seguem será feita a distinção de cada item imprescindível
dentro do funcionamento da biblioteca.
A Escola e a Biblioteca
O serviço realizado pela Biblioteca enriquece o trabalho de ensinoaprendizagem desenvolvido em sala de aula. Os alunos de 1ª. a 4ª. série, como
atividade programada, vão semanalmente à Biblioteca para leitura livre,
elaboração de pequenas pesquisas e para ouvir histórias.
A Biblioteca realiza ainda trabalho de auxilio e orientação à pesquisa,
selecionando o material bibliográfico adequado aos temas que são propostos em
sala de aula. Pode organizar eventos culturais como Feira de livros, Sebinho
(feira de livros usados), visitas a gráficas e editoras, a outras bibliotecas e
gibitecas, assim como outras atividades que possam complementar às de sala de
aula.
Missão da Biblioteca
Atender aos usuários: alunos, professores, funcionários e integrantes da
comunidade, através da prestação de serviços de informação, cultura e lazer de
qualidade; dentro de um ambiente acolhedor e fundamentado numa filosofia que
propicie o desenvolvimento das habilidades pedagógicas e culturais.
Características Estruturais
A biblioteca conta com uma área útil (acervo e mesas para consulta e estudo)
bem estruturada e ocupada de maneira a não desperdiçar qualquer espaço que
seja. Todos os mobiliários foram comprados buscando conforto e praticidade.
Devido a um início de infestação de cupins tivemos que trocar todas as
prateleiras que anteriormente eram de madeira por prateleiras de alumínio, que
na realidade se adaptaram bem melhor à disposição dos materiais da biblioteca.
Temos o privilégio de nos estarmos alocados estrategicamente num local em
que temos grande luminosidade, porém que não afeta o acervo e com janelas
amplas que permitem uma ótima circulação de ar dentro da biblioteca.
A biblioteca há alguns anos atrás ficava em um anexo em frente a quadra de
esportes da escola o que gerou diversas discussões e a posterior mudança para
onde estamos atualmente. Nesse atual local ficamos ao mesmo tempo isolados
de todo o barulho, mas perto do lugar de maior movimentação dos alunos, que é
o pátio interno. A segurança de toda a escola é reforçada por se tratar de um
local onde se encontrar jovens de classe média e alta, tentando evitar problema
como seqüestros.
A disposição da biblioteca, quanto a parte de acervo, e a comunicação visual
existente tanto fora quanto dentro demonstrando todas as regras (não entrar na
biblioteca de mochila, por exemplo) e a localização dos materiais. Em
determinados períodos do ano quando os professores irão trabalhar com
determinado assunto, fazemos um levantamento bibliográfico e deixamos esses
livros e revistas em expositores comprados exatamente com essa finalidade.
Contamos ainda com uma prateleira utilizada para colocar as revistas mais novas
que permite a visualização das capas, muito parecido com a disposição das
revistas em bancas de jornal.
Todos os equipamentos que utilizamos na biblioteca sempre são atualizados
e nunca apresentaram nenhum problema, mas quando isso ocorre são
imediatamente substituídos para não prejudicar o bom funcionamento dos
serviços da biblioteca. Temos uma equipe de informática na escola que
proporciona todo o suporte que precisamos quando o assunto é o sistema usado
e para a manutenção de portas, lâmpadas etc. também existem funcionários em
total disposição para atender aos nossos pedidos.
Nossa biblioteca ainda conta com acesso a uma área verde localizada dentro
da escola, sem dizer das plantas que temos na área de estudo cuidadas
pessoalmente pela bibliotecária.
Proposta pedagógica – 5ª. a 8ª. série
No período definido entre 11 e 14 anos, os alunos passam por profundas
transformações físicas e psicológicas que reorientam o seu processo de
formação de identidade pessoal. Algumas certezas provisórias da infância, como
pais protetores, corpo e sentimentos de crianças, adquirem outro significado: o
adolescente começa a perceber uma subjetividade própria.
Na busca de novos referenciais, os jovens procuram tornar mais significativo
sua identidade, seus parâmetros e crenças pessoais. E nesse momento se inicia
também um amadurecimento das capacidades cognitivas, caracterizado por um
aumento de autonomia de pensamento e maior rigor no raciocínio.
Assim, o trabalho pedagógico-educacional de 5ª. a 8ª. série do Ensino
Fundamental tem como principal finalidade fornecer ao alunos condições
favoráveis ao conhecimento de si mesmo, à construção de projetos pessoais e
ao desenvolvimento cognitivo.
Para isso propõe-se a:
•
Colaborar no desenvolvimento do auto-conhecimento, através da reflexão
sobre as transformações físicas e psicológicas que ocorrem na adolescência
e do conhecimento da história de jovens e de outros tempos e espaços;
•
Contribuir para que se perceba e reflita sobre diferentes possibilidades de
atuação nos diversos espaços e situações nos quais estão inseridos;
•
Desenvolver a noção de que ele é o agente de sua educação e responsável
pelo seu processo de aprendizagem;
•
Planejar atividades de trabalho em grupo com a intenção de propiciar o
diálogo, o respeito às diferenças, valorizar a diversidade como necessária a
construção de todo e qualquer conhecimento, oferecendo momentos coletivos
de planejamento e organização de projetos de trabalho;
•
Promover atividades pedagógicas, disciplinares e multidisciplinares, que
possibilitem o desenvolvimento das capacidades cognitivas;
•
Colocar o aluno diante de situações em que o comprometimento, a
responsabilidade e a autonomia são essenciais para o encaminhamento e
soluções dos problemas enfrentados.
Estudo do Meio
Há alguns anos, preocupados em tornar a aprendizagem dos alunos cada vez
mais significativa e acreditando ser um instrumento de trabalho muito rico, a
Escola começou a apresentar projetos de estudo do meio.
Essas atividades extra classe, não livrescas, possibilitam um contato do aluno
com o ambiente, ou local visitado, de tal forma que ele possa constatar,
questionar ou levantar novas hipóteses de trabalho a respeito das questões
teóricas estudadas em classe.
Os estudos do meio são sempre atividades iniciadas em sala de aula, a partir
de problemas levantados pelas diferentes disciplinas e encerradas em classe,
quando os dados coletados são analisados, discutidos, organizados e avaliados,
possibilitando o desenvolvimento de conceitos e a construção de conhecimentos
num trabalho integrado por várias disciplinas.
Nessa oportunidade, continua-se o trabalho de aperfeiçoar as relações
interpessoais, estimulando a convivência em grupo e os valores de respeito, de
solidariedade, de cooperação não apenas no trabalho em grupo a ser
desencadeado, mas também na organização dos quartos e na própria
experiência de viajar com colegas e professores. Colocar-se no lugar do outro,
ampliar o conhecimento de si e do outro – eis importantes desafios dessa
atividade.
Os resultados de tal aprendizagem, muitas vezes, são organizados em
trabalhos do tipo: painéis, seminários, revistas, jornais, relatórios produzidos
pelos alunos, como uma síntese de todo o processo vivido no estudo do meio,
desde a proposta até a apresentação final.
O estudo do meio é, para nós, um instrumento de trabalho, é uma estratégia
que permite ao aluno observar e registrar, olhar, ouvir, sentir o meio que nos
cerca. E, mais que isso, é uma forma de refletir sobre o que nossa percepção
nos informou e como contribuir para proporcionar um pouco mais de bem-estar a
cada um de nós.
Serviços da Biblioteca
Durante todo o projeto a Biblioteca exerce um papel decisivo na coleta e
tratamento das informações coletadas no decorrer das visitas, entrevistas e
observações. Esse processo começa antes mesmo da viagem, em sala de aula
são passadas pelos funcionários da Biblioteca as instruções necessárias para
que nada seja perdido sob o olhar do aluno, fazendo com que cada detalhe
possa virar um registro legível quando for trabalhado na volta.
Outro fator importante que tem como objetivo ajudar diretamente na pesquisa
são os levantamentos bibliográficos com o intuito de disponibilizar o maior
número de livros sobre os temas abordados, fornecendo total apoio para as
pesquisas.
Os principais serviços de apoio são:
•
Levantamento bibliográfico dos materiais existentes no acervo relacionados
aos assuntos pesquisados;
•
Orientação nas pesquisas realizadas na biblioteca e também em sites da
internet;
•
Providenciar cópias das páginas dos livros, pois os mesmos não podem ser
retirados da biblioteca durante os trabalhos, para atividades fora da biblioteca;
•
Orientação na realização das referências bibliográficas no final da pesquisa.
Considerações Finais
Simples relato
Todo trabalho realizado durante dois meses de pesquisa dos alunos, foi
importante para trazer mais certeza sobre a minha escolha profissional, em que
tive a oportunidade de criar um vínculo de confiança mútua com eles e poder ver
em cada detalhe a importância da orientação que eu prestava e da satisfação no
término de cada descoberta, de cada dúvida finalmente esclarecida depois de
muito trabalho.
Enfim, muito além de um balcão, mas um conhecimento profundo das
necessidades e frustrações de cada aluno ou usuário, como preferir.
Aprendizado na prática
Afirmo com toda a certeza que mesmo tendo feito esse trabalho no lugar em
que trabalho e onde fiz o trabalho da primeira parte da disciplina, aprendi muitas
coisas novas: os principais fatores diferenciais foram os públicos com os quais
trabalhei e o teor do trabalho realizado.
Download

ALINE ANTONIA DA SILVA