CRISE HIPERTENSIVA
Prof. Cláudio L. Pereira da Cunha
CRISE HIPERTENSIVA
Conceito
Elevação crítica da pressão arterial que requer
atenção imediata.
Compreende Emergências e Urgências Hipertensivas
 Emergências: Risco iminente de vida ou
deterioração rápida de órgãos-alvo. Requer
redução imediata da PA (em 1 a 2 horas)
 Urgências: Risco de vida em potencial; risco menor
de deterioração de órgãos-alvo. Redução mais
lenta da PA (em até 24 horas)
CRISE HIPERTENSIVA
Redução Rápida da Pressão Arterial
Envolve diferentes situações clínicas:
Elevação crítica da PA com repercussão em órgãosalvo (ex.: encefalopatia hipertensiva)
HA deteriorando quadro clínico não dependente da
elevação da PA (ex.: sangramento pós-operatório)
CRISE HIPERTENSIVA
Sobrevida em 1 ano
PSEUDOCRISE HIPERTENSIVA
 Grupo heterogêneo de hipertensos, que apresentam elevação
transitória da PA em eventos emocionais, dolorosos ou
desconfortáveis, como enxaqueca, tonturas rotatórias, dores
músculo-esqueléticas, pós-operatório imediato, síndrome do
pânico
 Não há evidência de deterioração rápida de órgãos-alvo
 Abordagem da causa que levou o paciente ao serviço de
emergência e o tratamento sintomático por si só
acompanham-se de redução ou normalização da PA. Indica-se
apenas o tratamento crônico da HA; tratamento agressivo
pode trazer mais riscos que benefícios.
CRISE HIPERTENSIVA
Fisiopatologia
HA: hipertrofia e remodelação de artérias e arteríolas, com
maior resistência periférica e menor capacidade de
vasodilatação.
Modifica-se a auto-regulação do fluxo sangüíneo (coração,
cérebro, rins):
 normal: fluxo estável em PA média de 80 a 120 mmHg
 hipertenso crônico: fluxo estável em PA de 120 a 180
mmhg
Hipertenso tolera PA elevada e pode ter hipofluxo cerebral ou
coronariano em reduções da PA, mesmo dentro dos valores
normais
CRISE HIPERTENSIVA: FISIOPATOLOGIA
Calibre dos vasos vs. PA média em gatos
ENCEFALOPATIA
HIPERTENSIVA
CRISE HIPERTENSIVA: FISIOPATOLOGIA
Fluxo cerebral vs. PA em normo e hipertensos
EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS (I)
1.Hipertensão grave associada a complicações agudas
A- Cerebrovasculares
-Encefalopatia hipertensiva
-Hemorragia intracerebral
-Hemorragia subaracnóidea
-AVC isquêmico com transformação hemorrágica
B- Cardiocirculatórias
-Dissecção aórtica aguda
-Edema pulmonar agudo
-Infarto agudo do miocárdio
-Angina instável
C- Renais
-Insuficiência renal rapidamente progressiva
EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS (II)
2.Hipertensão maligna (com papiledema)
3.Crises adrenérgicas graves: crises do feocromocitoma;
dose excessiva de drogas ilícitas (cocaína, “crack”,
LSD, etc.)
4.Hipertensão na gestação: eclâmpsia, síndrome HELLP,
hipertensão grave em final de gestação.
5.Cirurgia e trauma: traumatismo craniano e
hemorragias cirúrgicas.
URGÊNCIAS HIPERTENSIVAS (I)
1.Hipertensão acelerada (sem papiledema)
2.Hipertensão com insuficiência coronariana, insuficiência
cardíaca, aneurisma de aorta, acidente vascular cerebral
isquêmico não complicado, queimaduras extensas,
epistaxes severas, estados de hipocoagulabilidade
3.Crises renais: glomerulonefrites agudas, crise renal da
esclerodermia, síndrome hemolítico-urêmica
4.Pré-operatório em cirurgia de urgência
5.Intra-operatório (cirurgias cardíacas, vasculares,
neurocirurgias, feocromocitoma, etc.)
URGÊNCIAS HIPERTENSIVAS (II)
6.Hipertensão severa no pós-operatório (transplante de órgão,
neurocirurgias, cirurgias vasculares, cardíacas, etc.)
7.Crises adrenérgicas leves/moderadas
-Síndrome do rebote (suspensão abrupta de inibidores
adrenérgicos)
-Interação medicamentosa-alimentar (tiramina vs. Inibidores
da monoamina oxidase)
-Consumo excessivo de estimulantes (anfetaminas,
tricíclicos, etc.)
8.Na gestação: pré-eclâmpsia e hipertensão severa
CRISE HIPERTENSIVA
Avaliação Clínica
 Avaliação do estado mental
 Cuidadoso exame: • cardíaco
• pulmonar
• neurológico
• fundoscópico
 Pesquisa rápida de pistas para hipertensão
secundária (sopro abdominal, estrias, diferença entre
pulsos radial e femural, fácies)
 Exames laboratoriais: para avaliar a função renal
(urinálise, creatinina), bioquímica de sangue, ECG, RX Tórax.
CRISE HIPERTENSIVA
Características Clínicas
 PA diastólica: usualmente maior que 140 mmHg
 Fundoscopia: hemorragias, exsudatos e edema de
papila
 Estado neurológico: cefaléia, confusão, sonolência,
estupor, perda visual, déficits focais, convulsão e
coma.
 Achados cardiológicos: impulso apical proeminente,
cardiomegalia e insuficiência cardíaca.
 Manifestações renais: oliguria, azotemia
 Sintomas gastrointestinais: náusea e vômitos
CRISE HIPERTENSIVA
Condições que Podem Simular
 Insuficiência VE aguda
 Uremia, particularmente com sobrecarga de volume
 AVC
 Hemorragia subaracnóide
 Epilepsia (pós-ictal)
 Tumor cerebral
 Colagenoses (ppte. lupus) com vasculite cerebral
 Encefalite
 Simpatomiméticos: cocaína, anfetaminas
 Ansiedade aguda com síndrome de hiperventilação
CRISE HIPERTENSIVA
Princípios Gerais do Tratamento
 Após definir a condição de urgência ou emergência,
iniciar o tratamento, estabelecendo-se metas de
duração e intensidade da redução da PA e dos níveis a
serem atingidos
 Redução inicial não deve ultrapassar 25% dos níveis
prévios da PA média
 Critério prático: não reduzir PA diastólica abaixo de
100 mmHg
 Emergências: preferir via endovenosa (bomba infusora
melhor)
 Urgências: Drogas via oral, sublingual ou injetável
CRISE HIPERTENSIVA: DROGAS ENDOVENOSAS
(Em Geral Furosemida 20-40 mg EV Associado)
Droga
Dose
Nitroprussiato
(Nipride®)
Nitroglicerina
(Tridil ®)
0,25-10
mcg/kg/min
5-100
mcg/min
Hidralazina
10-20 mg EV
(somente para ou 10-40 mg
obstetrícia)
IM, a cada 6
horas
Metoprolol
(Selozoc ®)
Esmolol
Início
Ação
Imediato
2-5 min.
10-30 min.
Duração Indicação
formal
1-2 min. Todas as
emergências
5-10
Isquemia
min.
coronariana
Efeitos adversos
e precauções
Náuseas,
vômitos, cianeto.
Cefaléia,
taquicardia
3-8
horas
Taquicardia, e
eclâmpsia,
cefaléia, vômitos.
Piora da angina e
IAM
5 mg, EV
5-10 min.
Repetir cada
10 min.S/N até
20 mg
3-4
horas
100-500
mcg/kg 1-5
min. por 4
min. e 50-300
mcg/kg/min
15-30
min.
1-5 min.
Préeclâmpsia
Dissecção
aórtica. Pósop.
feocromocit
oma.
Insuficiência
Coronariana
Bradicardia,
bloqueio AV, ICC
e broncospasmo
CRISE HIPERTENSIVA: DROGAS VIA ORAL
Droga
Dose
Início Ação
Duração
Efeitos
adversos e
precauções
Captopril
6,25-25 mg VO
ou SL (repetir
em uma hora,
se necessário)
15-30 min.
6-8 horas,
Hipotensão,
insuficiência
renal (estenose
de artéria renal
bilateral),
hipercalemia
Clonidina
0,1-0,2 mg, VO
de hora em
hora, até 0,6 mg
30-60 min.
6-8 horas
Hipotensão
postural,
sonolência,
boca seca
Minoxidil
5-10 mg, VO
(repetir S/N
após 4 horas)
30 min.
2 horas
8-24
horas
Retenção de
volume,
taquicardia
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Crise Hipertensiva - Hospital de Clínicas/UFPR