VS.27 - ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM HORTICULTORES
DA CIDADE DO RECIFE E REGIÃO METROPOLITANA, ESTADO DE PERNAMBUCO,
BRASIL ; Alves BA1; Oliveira Tn2; Nery MRG3; Alves AQ4; Alves AJ5 - 1Universidade
Federal de Pernambuco - Biologia; 2,5Universidade Federal de Pernambuco Farmácia; 3Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul - Vigilância
Sanitária; 4Escola Pernambucana de Saúde - Medicina
INTRODUÇÃO
Estima-se que milhares de pessoas em todo o mundo são acometidas por
doenças transmitidas por alimentos. O problema se agrava quando tratamos de
países em desenvolvimento, onde as condições higiênico-sanitárias são precárias,
as parasitoses intestinais são amplamente difundidas, sendo as hortaliças citadas
como um dos veículos de suas estruturas infectantes como ovos, cistos e larvas.
No Brasil, por sua vez, a prevalência de parasitoses intestinais é elevada. As
condições de saneamento básico, o nível socioeconômico, o grau de escolaridade, a
idade e os hábitos de higiene, entre outras variáveis, influenciam, de maneira
significativa, nessa prevalência Representando assim um grave problema de saúde
pública para o país1.
A infecção alimentar por helmintos e protozoários veiculados à ingestão de
hortaliças consumidas in natura tem aumentado. Este aumento é resultado de
vários fatores, destacando a expansão do comércio internacional de gênero
alimentício, a mudança de hábitos alimentares, o consumo extradomiciliar de
refeições rápidas. A principal forma de contaminação dessas hortaliças dá-se,
principalmente, através da água contaminada por material fecal de origem humana,
utilizada na irrigação de hortas ou ainda por contaminação do solo por uso de
adubos orgânicos com dejetos fecais.
A falta de controle em higiene de alimentos constitui um importante obstáculo
para implementar medidas contra as parasitoses intestinais. O diagnóstico
laboratorial de protozoários e helmintos, parasitas de humanos, em hortaliças e em
humano é de grande importância, uma vez que fornecem dados sobre as condições
higiênicas envolvidas na produção, armazenamento, transporte e manuseio destes
produtos1-14.
Este trabalho tem como objetivo, determinar a prevalência de estruturas
parasitárias em plantadores de hortaliças que são consumidas in natura pela
população da cidade do Recife e região metropolitana, Pernambuco. A Secretaria
de Saúde de Pernambuco, não apresenta dados sobre as parasitoses intestinais nos
horticultores da cidade do Recife. Neste contexto, o presente estudo apresenta
importância de saúde pública para o município.
MATERIAIS E MÉTODOS
Metodologia
O presente trabalho está dividido em duas partes, a primeira se trata de um
trabalho realizado através de uma pesquisa histórico documental de um laboratório
privado na cidade do Recife a Maxiclínica Médica Ltda. e posteriormente será
realizada uma pesquisa de campo.
Os dados foram coletados do banco de dados do sistema informatizado
desta clínica, onde foram analisados um total de 32 horticultores. Os laudos sem a
identificação do paciente apenas foram utilizados para os objetivos do projeto
e após análise foram imediatamente inutilizados e desprezados. Os dados foram
transcritos para um formulário individual elaborado especificamente para a pesquisa.
Foram consideradas apenas as informações indispensáveis ao estudo.
Essa primeira parte do trabalho não necessitou de aprovação do comitê de
ética em pesquisa, visto que se tratou de uma pesquisa documental. No entanto os
pesquisadores comprometeram-se ao sigilo através da assinatura de um termo
de confidencialidade, com a Maxiclínica.
Na época dos exames, as fezes foram processadas in natura para a
realização do exame parasitológico de fezes por 03 diferentes métodos, tais como:
exame direto, por sedimentação espontânea e método da centrifugo-flutuação
em solução de ZnSO4 a 33%. Foi empregado lugol, para visualização em
microscópio óptico – aumento de 100X – com o propósito de pesquisar cistos, ovos
e larvas de parasitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado parasitológico das amostras de fezes indica uma prevalência geral de
parasitos de 59%. Os principais parasitos identificados foram Ancilostomídeos
(51,86%), Strongyloides stercoralis (14,82%), Ascaris lumbricoides (3,7%);
Schitosoma mansoni (3,7%); Endolimax nana (18,52%); e Entamoeba histolytica
(3,7%) e E. coli (3,7%). Dentre todos os resultados obtidos, 21,9% apresentaram
poli parasitismo. As principais associações observadas foram entre Ancilostomideos
e Endolimax nana, ancilostomideos e Strongyloides stercoralis, ancilostomideos
e
Entamoeba
coli
e Entamoeba histolylica, Ancylostomideos e Ascaris
lumbricoides.
Diferentemente ao presente estudo Silva et al 13, encontrou uma maior
contaminação por protozoários que por helmintos.
CONCLUSÃO
Os autores concluíram que o elevado número de exames positivos aponta a
existência de deficiências na cadeia produtiva das hortaliças e a necessidade da
adequada higienização dos produtos agrícolas antes de seu consumo. A
disseminação de parasitas em humanos pode existir nas mais diversas formas tais
como a manipulação de alimentos plantadores, comercialização e consumo de
hortaliças contaminadas que favorecem a ingestão acidental de cistos, ovos e larvas.
Nossos resultados preliminares corroboram trabalhos anteriores que detectaram a
presença de helmintos e protozoários em hortaliças. A continuação deste trabalho
constitui uma ferramenta importante para o planejamento da saúde pública do
município do Recife.
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