24 Dinheiro&Direitos 53 dezembro 2014-janeiro 2015
PLANOS COPARTICIPATIVOS
Taxas | Comparação | Desvantagens
Cuidado: o barato
A mensalidade pode ser menor do que a de
um plano integral. Mas, cada vez que você usar
um serviço médico, terá que pagar uma taxa.
Shutterstock
T
COMO FIZEMOS O ESTUDO T
Avaliamos cinco operadoras e 13 planos.
■ Em setembro, coletamos dados
das operadoras de planos de saúde
e dos corretores, levantando preços
de 13 planos de cinco operadoras.
Incluímos em nossa pesquisa as
condições de planos de saúde integrais
e coparticipativos, o qual é o foco deste
artigo. O objetivo foi comparar as duas
modalidades para apontar qual é a mais
vantajosa. Para tanto, simulamos o
uso dos planos em três cenários (dois
planos individuais e um familiar).
er um plano de saúde integral pode
pesar muito no orçamento. As
mensalidades costumam ser altas
e tornam-se ainda mais impraticáveis à medida que a idade avança.
Por conta disso, há pessoas que optam pelos
planos coparticipativos, por apresentarem
valores mensais bem mais suaves. Assim fica
mais fácil garantir o atendimento médico,
certo? Ledo engano. Nosso estudo mostrou
que, ao usar esse tipo de plano, o barato pode
sair muito caro. Por exemplo, uma mulher
de 65 anos que fizer uma tomografia e uma
ressonância, pagará R$ 390 além da mensalidade (veja o perfil 2 na página ao lado, além
de outros exemplos que comparam o plano
coparticipativo ao integral).
Primeiro, entenda a diferença entre os dois
planos. Embora ambos sejam regulamentados e fiscalizados pela Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) e ofereçam as
mesmas coberturas, a grande questão está no
valor final a se pagar. No plano integral (individual ou familiar), a mensalidade possui um
valor fixo. E, na hora de utilizar os serviços
médicos (consultas, urgências, exames simples e especializados e internação hospitalar), o consumidor não desembolsa nem um
centavo a mais. Já no coparticipativo, além do
valor da mensalidade, será preciso pagar uma
taxa cada vez que usar um desses serviços.
Essa taxa de coparticipação pode ser um
valor fixo ou um percentual em cima do valor
total do serviço. Dependendo do plano, não
será cobrada em todos os procedimentos. Há
operadoras que não cobram em consultas de
emergência ou em internações. Isso vai depender do plano contratado. Ainda assim, o problema é: em geral, quem tem um plano coparticipativo vai pagar algo além da mensalidade.
Até mesmo em um exame simples será preciso
abrir a carteira. Em uma coleta de sangue, por
exemplo, haverá cobrança de coparticipação
para cada item do pedido médico, como triglicerídeos, colesterol, glicose, etc.
Nunca se sabe quanto pagar
Essa incógnita do quanto pagar no final do
mês é que torna o plano coparticipativo desaconselhável. Afinal, saúde é algo que não se
pode prever. Mesmo um jovem saudável pode,
do dia para a noite, desenvolver uma doença
grave ou sofrer um acidente que exija cirurgia e
internação. Nesses casos, o valor a ser pago no
final do mês com o plano pode crescer muito.
O problema se torna ainda maior para quem
tem um plano coparticipativo coletivo, cujo
reajuste da mensalidade não precisa de autorização da ANS e não tem percentual máximo
definido. Assim, além de pagar as taxas de coparticipação, será preciso arcar com reajustes
que costumam ser altos.
Idosos e portadores de doenças preexistentes devem fugir dos planos coparticipativos.
Como a probabilidade de usá-lo é maior, é
grande a chance de que o valor pago no final
do mês ultrapasse o que seria gasto com a
mensalidade de um integral.
Diante de todos esses motivos, acreditamos que, por mais caro que seja, o ideal seja a
contratação de um plano integral. Assim, não
haverá surpresas de estouro no orçamento. ■
DEPENDENDO DO PLANO,
NÃO É COBRADA TAXA
DE COPARTICIPAÇÃO EM
URGÊNCIAS E INTERNAÇÃO
Dinheiro&Direitos 53 dezembro 2014-janeiro 2015
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to pode sair caro
ALÉM DA MENSALIDADE, CADA PROCEDIMENTO TEM SEU CUSTO
Operadora
Plano coparticipativo (quarto particular)
Taxa de coparticipação (R$)
Consultas
Atendimento
de urgência
Exames simples
Exames
especializados
Internação
10,00
15,00
4,00
15,00
-
32,50
-
até 75,00
até 75,00
-
20%
(máximo de
R$ 50)
-
20%
20%
-
Uniestadual Família Coparticipativo 50%
em consultas
50%
-
-
-
-
Uniestadual Família Coparticipativo 30%
em consultas, exames e terapia
30% (máximo
de R$ 90)
-
30% (máximo
de R$ 90)
30% (máximo
de R$ 90)
-
Unifamília Coparticipativo 50% em consultas
50%
-
-
-
-
Unifamília Coparticipativo 30% em consultas,
exames e terapia
30% (máximo
de R$ 90)
-
30% (máximo
de R$ 90)
30% (máximo
de R$ 90)
-
Saúde Pleno Coparticipação 20%
6,82
-
20%
20%
40,00
Saúde Pleno Coparticipação Fixo
11,84
16,30
até R$ 32,71
até R$ 32,71
-
Completo
Essencial
Assim
Pleno
Flex coparticipação
Unimed Curitiba
Uniflex
Unimed Fortaleza
Uniplano
Multiplano
Unimed Goiânia
São Francisco
QUANTO MAIS SE USA, MAIS PESA NO BOLSOT
INDIVIDUAL
INDIVIDUAL
FAMILIAR
Ana, 25 anos
Rita, 65 anos
Ney, 55 anos
Teresa, 46 anos
Bruno, 19 anos
Ana fez o plano Assim Completo com
Coparticipação (R$ 272 ao mês). Ela
precisou de uma consulta de emergência
(R$ 15) e, depois, de uma consulta com
gastro (R$ 10), que lhe solicitou dois
exames (ao todo, R$ 30). Neste mês, a fatura
do plano foi de R$ 327. Se ela tivesse o plano
integral da Assim, teria pago R$ 278.
Ana teria poupado R$ 49
Rita tem o plano São Francisco (Pleno
com Coparticipação de 20%), pelo qual
paga R$ 1.008. Quando precisou fazer uma
tomografia (R$ 150) e uma ressonância
magnética (R$ 240), o custo mensal subiu
para R$ 1.398. Caso o seu plano fosse
integral (São Francisco Plano Pleno Total),
ela sempre gastaria por mês R$ 1.188.
Rita teria poupado R$ 210
Ney fez o plano Unimed Goiânia (Unifamília
Coparticipativo 30%), incluindo a esposa e o
filho (R$ 904 por mês). Quando precisaram
de três consultas (R$ 135 ao todo) e quatro
exames especializados (R$ 360 ao todo), a
mensalidade foi para R$ 1.399. Se tivessem
o integral Unimed Goiânia (Unifamília), o
valor mensal seria de R$ 1.234.
Ney teria poupado R$ 165
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A mensalidade pode ser menor do que a de um plano