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Quinta-feira
14 de agosto de 2014
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Opinião
PALAVRA DO LEITOR
Artigo
Gostaria de cumprimentar o senhor José Maria Rodrigues de
Vilhena pelo brilhante e cristalino artigo Não se manipula impunemente uma nação, edição do Jornal do Comércio do dia
5/8/2014, página 4. Digo que ele, o senhor José Maria Rodrigues
de Vilhena, não está só. A educação e o conhecimento podem
transformar todo um povo e, consequentemente, uma nação. E a
nação somos nós, o povo! A conjunção desses dois fatores - educação e conhecimento - é o meio de tornar um povo livre, capaz
de escolher e decidir, sensatamente, seus destinos. Conhecimento
é poder, dizem, mas sem um caráter enobrecido, caímos no puro
egoísmo. Aqueles que detêm o poder são responsáveis e têm a
obrigação de fazer o melhor pelo povo ao qual representam e por
quem são pagos. O que é bom para mim, tem que ser bom para o
outro também. O bem comum! (Cesar Viero)
Lutas
É de uma estupidez incrível o que é mostrado, na TV, em lutas
em que vale tudo, socos, pontapés e golpes baixos. Isso é um estímulo à violência e depois não querem que o Brasil tenha mais de
50 mil mortes por assassinatos todos os anos. (Inamar Belaterra,
Porto Alegre)
Gramado
Em Gramado, tudo já estava caro e, com o Festival de Cinema,
aumentaram mais ainda os preços. Isso espanta os turistas, e os
negociantes deveriam se lembrar que muitos poderão não voltar.
(Jéssica Palmer, Porto Alegre)
Robin Williams
Foi um grande ator de cinema. Uma pena que, como muitos
outros, lutava contra as drogas e o alcoolismo. Quando se fala para
os jovens sobre esses dois perigos mortais, muitos debocham, dizendo que é coisa de “velho careta”. Robin Williams tinha fama e
dinheiro e, no entanto, entrou em depressão como consequência
das bebidas e das drogas. Acabou se suicidando. Morre um dos
maiores atores da geração de Hollywood após 1980. (Geraldine
Menteger, Porto Alegre)
Brigas
Lamentável o que se viu na briga entre as torcidas do Corinthians e do Santos. Não sei como não houve mortes naquele triste
episódio. Antes, eu só via isso acontecer em Buenos Aires e na
Inglaterra, brigas ferozes entre torcidas. Pois acabou chegando
aqui. Mais uma tristeza para o futebol – decadente – brasileiro.
Isso tem que acabar e logo, é uma selvageria. (Oriovaldo Soter,
Porto Alegre)
Na coluna Palavra do Leitor, os textos devem ter, no máximo, 500 caracteres, podendo
ser sintetizados. Os artigos, no máximo, 2 mil caracteres, com espaço. Os artigos e
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de refletir as diversas tendências.
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ARTIGOS
A septuagenária Ajuris
Ícaro Carvalho de Bem Osório
É celularmeu afeto pela nossa associação, já que
dela faço parte desde meu nascimento, na condição
de dependente de meu pai, também magistrado. O
termo Ajuris sempre soou positivamente na minha
mente, vendo todos falarem nela com orgulho.
Com o avanço do tempo, pude testemunhar
sua grandeza, em especial pela plêiade de associados que nela investiram seu precioso tempo. A
estrutura montada vai desde uma sede campestre
até um plano de saúde, entre tantos outros benefícios que deixa ao alcance de seus associados e
dependentes. O amparo é amplo, não esquecendo
dos magistrados aposentados e das pensionistas,
que desfrutam da logística associativa para levar
ao cabo suas necessidades.
Enfim, chegar aos 70 anos de existência com
uma posição de vanguarda na órbita nacional por
seus posicionamentos e atitudes, é plena demonstração de maturidade e de organização, próprias
do povo gaúcho, o que é um diferencial. Comemoremos, pois.
Desembargador, presidente do
Conselho Deliberativo da Ajuris
O exemplo americano
Bene Barbosa
Foi manchete de diversos veículos de comunicação a determinação de que a proibição de cidadãos comuns portarem armas em público em
Washington era inconstitucional. A corajosa atitude foi tomada pelo juiz federal norte-americano
Frederick Scullin. Na decisão, o magistrado sustenta que “uma cidade não pode proibir o exercício de um direito constitucional”. Atualmente, 44
dos 50 estados do país permitem o porte livre de
armas e esse número vem crescendo na última
década.
De acordo com estudo realizado pelo The
Crime Prevention Research Center, dos EUA, descobriu-se que 11,1 milhões de norte-americanos
agora têm autorização para portar armas, contra 4,5 milhões em 2007. Esse aumento de 146%
resultou na queda de 22% nas taxas de crimes
violentos, que agora possui taxas de homicídios
semelhantes às que tinha na década de 1960 e
sete vezes menor que a brasileira. Tenho certeza que alguns leitores estão pensando sobre os
ataques em escolas norte-americanas, fatos esses
que muitas vezes são utilizados por aqueles que
tentam justificar o desarmamento civil. Pois bem,
sinto decepcioná-los, mas tais casos caem ano
após ano. De acordo com a The National School
Safety Center, outro conceituado instituto americano, entre 1992 e 2010, houve uma redução de
55% no número de vítimas. O dado comprova o
que boa parte de sérios pesquisadores apontam:
uma das possíveis causas de ataques em escolas
é exatamente a proibição de se entrar e permanecer armado nesses locais, o que incentivaria esse
tipo de ataque. De maneira semelhante, a nossa
Constituição Federal também prevê que a autodefesa é, inquestionavelmente, um direito garantido. Não obstante, também é resguardada pelos
artigos 23 e 25 do Código Penal.
Todavia, de maneira discrepante e não satisfeito em observar a cristalina legislação, o Estado ainda desrespeita a vontade majoritária de
60 milhões de brasileiros, que votaram contra a
proibição da comercialização de arma de fogo e
munição no País em 2005. Contrariando o óbvio,
as autoridades insistem em fazer valer a surreal
tese do desarmamento. O maior exemplo disso é
a hercúlea tarefa que o cidadão tem de cumprir se
quiser renovar o registro da posse de arma. Confrontado com um sistema burocrático e moroso,
as pessoas bem intencionadas entram na ilegalidade por não conseguirem vencer as infindáveis
etapas impostas pelo sistema. Com a comercialização responsável de armas, os americanos não
dispõem de índices de guerra civil que o Brasil
lida diariamente.
Bacharel em direito e presidente
da ONG Movimento Viva Brasil
Por menos verdades absolutas
Gustavo Schwetz
Nos últimos meses, recebi bombardeios de
informações. Doutores em genocídios e especialistas em indústria bélica expuseram suas teses
para que todos pudessem ver e ouvir. Fontes utilizadas? Vídeos caseiros de três minutos e meio,
textos opinativos, argumentações de sete linhas
e discursos unilaterais. Não consigo entender
como pessoas inteligentes ainda se utilizam do
maniqueísmo como método de sustentação argumentativa. Bom e mau? Oprimido e opressor?
Imperialista e socialista? Somos todos colocados,
diariamente, em pacotes. Quando nos sentimos
sufocados e tentamos abrir nossas mentes, pasmem, somos ironizados por todos extremos.
A última linha do parágrafo anterior lembra-me a palavra prol. Mais um método utilizado
para a generalização de algo com tantos seres
humanos envolvidos. Os judeus, por exemplo,
estão inseridos, hoje em dia, na sociedade como
um todo. Não há uma massa amorfa que pensa
exatamente da mesma maneira e segue a multidão sem qualquer reflexão ou pensamento crítico. Tenho certeza, também, que nas comunidades palestinas, a premissa também é verdadeira.
Infelizmente, o que prevalece em nossas mentes,
quase sempre, é o discurso extremista de ambos
os lados.
Eu preciso acreditar que a utilização do termo Holocausto para caracterizar a ação do governo israelense na Faixa de Gaza é utilizada apenas
por indivíduos que nunca ouviram falar na Segunda Guerra Mundial. Campos de extermínio,
limpeza étnica, morte aos diferentes. Há sofrimento em ambos os lados. Há revolta pela guerra
e suas vítimas inocentes em ambos os lados.
Chegou a hora de acordarmos. É o momento
dos moderados entrarem em campo. Como julgar
países inteiros pelas ações dos seus governantes?
Como odiar povos pelos extremismos da minoria? Não posso falar por todos jovens judeus, mas
tenho certeza de que a maioria concorda comigo.
Acreditamos que a paz só será feita sem a utilização do “mas”. E, se não há perspectivas de
resolução pacífica no centro do conflito, cabe a
nós, gaúchos, começarmos dando o exemplo.
Coexistência como palavra de ordem. Chega de
intolerância ou tolerância. Devemos lutar pela
existência do outro.
Jornalista
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