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MUDANÇAS NO CICLO DE VIDA FAMILIAR A PARTIR DA ADOÇÃO
Michelle Vitório Marchetto
Orientadora: Dr.ª Maria Aparecida Crepaldi
2010
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FAMILIARE INSTITUTO SISTÊMICO
MUDANÇAS NO CICLO DE VIDA FAMILIAR A PARTIR DA ADOÇÃO
Monografia apresentada ao Familiare
Instituto Sistêmico para obtenção do
grau de especialista em Terapia
Relacional Sistêmica.
Michelle Vitório Marchetto
Orientadora: Dr.ª Maria Aparecida Crepaldi
2010
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Dedico este estudo ao meu marido, pais,
irmã e cunhados, além de todos os
casais e/ou pais adotantes que abriram
seu coração para receber uma criança
em sua família.
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Agradecimentos
Agradeço a Deus por me proporcionar experiências maravilhosas através do
dom da vida.
Aos meus pais, agradeço a oportunidade de conhecer, aprender e vivenciar o
sentido e a experiência de uma família cheia de carinho e amor.
Ao meu marido, agradeço a compreensão pelos dias que passei longe deste, além
de oferecer o apoio e carinho necessários durante o período de construção deste
trabalho. Agradeço ainda a oportunidade de formar uma nova família e filhos,
futuramente.
À minha irmã e cunhados por estarem presentes e disponíveis para dividir
angústias.
Às colegas de curso por dividirem suas experiências profissionais durante esses
três anos e meio de Curso de Especialização.
Aos professores por se dedicarem a nossa turma com tanto carinho, serem
modelos de terapeutas e por dividirem os seus conhecimentos conosco, que nos
ajudaram na nossa formação como terapeutas relacionais sistêmicos.
Em especial a professora Maria Aparecida Crepaldi, agradeço a paciência de
orientar este trabalho e a compreensão e espera até que pudesse me reorganizar para
terminá-lo.
Aos meus amigos, agradeço o ombro amigo nos momentos difíceis e nas
mudanças pelas quais passei durante este período.
Por fim, agradeço a família pesquisada que abriu as portas de sua casa e permitiu
a concretização deste trabalho, antes apenas uma idéia. Obrigada pela confiança
depositada. Sem vocês, este estudo não seria possível!
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ADOÇÃO
“Quando o coração reclama
O silêncio omisso
Equilibrista
E na corda bamba grita
O desassossego...
Quando o coração aflito
Se liberta de medos
E em seu espírito urge
O aconchego...
Quando o coração surpreende
Convexo, pleno, sem fronteira
E desponta o seio
Da maternidade...
O coração desarma
O mito
E se faz ventre
Diante do berço”.
(Teresa Drummond)
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Resumo
A temática da adoção está em evidência devido às novas normas de adoção advindas da
Lei 12.010, de 29 de julho de 2009. Sabe-se que a inserção de um novo membro na
família provoca mudanças nas relações familiares. Portanto, este trabalho, um estudo de
caso, se torna relevante e tem como objetivo verificar as mudanças na dinâmica familiar
geradas pela inserção de um novo membro na família por meio da adoção, além de
caracterizar a rede de apoio social familiar durante o processo de adoção. Para atingir
tais objetivos, foram aplicados uma entrevista semi-estruturada, dois genogramas e um
mapa de rede. Participou da pesquisa, uma família composta por pai, mãe, filha
biológica e filho adotivo. Pode-se observar que após a adoção da criança, houve
mudanças nas relações entre os membros da família nuclear e com as famílias de
origem: diminuição de conflitos e aproximação da família de membros antes distantes.
Verificou-se ainda que a rede de apoio da família, composta por 72 pessoas e 1
instituição religiosa, foi essencial para a família em questão, pois possibilitou que a
mesma passasse pelo momento de adoção, e ajudasse na reorganização das funções e
dos papéis dos membros da família.
Palavras-chave: adoção, dinâmica familiar, rede social de apoio.
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Lista de Ilustrações
Figura 1.Mapa de Rede .................................................................................................. 22
Figura 2. Genograma antes da adoção, sem as relações ................................................ 29
Figura 3. Genograma da família antes da adoção .......................................................... 31
Figura 4. Genograma após adoção, sem relações .......................................................... 32
Figura 5. Genograma após adoção ................................................................................. 33
Figura 6. Mapa de rede familiar..................................................................................... 35
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Sumário
Introdução ....................................................................................................................... 10
Fundamentação Teórica.................................................................................................. 12
Família e Ciclo Vital ................................................................................................ 12
Dinâmica Familiar ................................................................................................... 16
Adoção ..................................................................................................................... 18
Rede Social de Apoio............................................................................................... 21
Objetivos......................................................................................................................... 24
Objetivo Geral .......................................................................................................... 24
Objetivos Específicos............................................................................................... 24
Metodologia .................................................................................................................... 25
Caracterização da Pesquisa ...................................................................................... 25
Participantes ............................................................................................................. 25
Procedimentos .......................................................................................................... 26
Instrumentos. ........................................................................................................... 26
Coleta de dados. ...................................................................................................... 27
Análise de dados...................................................................................................... 28
Resultados....................................................................................................................... 29
Discussão ........................................................................................................................ 37
Caracterização da Família ........................................................................................ 37
Adoção como possibilidade de mudanças relacionais ............................................. 37
Rede Social de Apoio Familiar ................................................................................ 39
Considerações Finais ...................................................................................................... 42
Referências ..................................................................................................................... 44
Apêndices ....................................................................................................................... 47
Apêndice 1 ............................................................................................................... 48
9
Apêndice 2 ............................................................................................................... 49
Anexos ............................................................................................................................ 50
Anexo 1 .................................................................................................................... 51
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Introdução
O presente estudo tem como objetivo verificar as mudanças na dinâmica familiar
geradas pela inserção de um novo membro por intermédio da adoção. A escolha deste
tema se deu por dois motivos. Primeiramente, o interesse da autora pela temática em
questão e, por conseguinte a facilidade em entrar em contato com a família participante
deste estudo. Tal facilidade se deve ao fato de que no ano de 2007 a pesquisadora
realizou um contato com a família que adotou o bebê maternado em estágio pela
mesma.
Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, existem 2,5 mil crianças cadastradas,
prontas para serem adotadas no Brasil e cerca de 18 mil candidatos a pais adotivos. Pela
lógica sobrariam pais, mas a conta não é tão simples assim. Cerca de 80% dos pais
procuram crianças com menos de 3 anos, mas apenas 7% das crianças prontas para
serem adotadas estão nesta faixa etária. Irmãos têm mais dificuldade para encontrar uma
família, pois 84% dos candidatos a pais preferem adotar apenas uma criança. No total,
65% das pessoas que querem adotar uma criança procuram abrigos e maternidades, mas
o caminho correto é a Vara da Infância e Juventude de cada cidade.
O tema da adoção está muito presente na mídia já que no dia 4 de agosto de
2009 foi publicada no Diário Oficial a Lei Nacional de Adoção (Lei 12.010, de 29 de
julho de 2009), que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O novo
texto cria um cadastro nacional de crianças e adolescentes em todo o país e dá direito ao
adotado de conhecer seus pais biológicos depois dos 18 anos. Além disso, facilita os
procedimentos para adoção e permite que qualquer pessoa maior de 18 anos,
independente do seu estado civil, adote uma criança. A única restrição para a adoção
individual é que o adotante tenha pelo menos 16 anos a mais que o adotado. A opinião
das crianças durante o processo de adoção é outra exigência do novo estatuto, estas não
11
podem passar mais do que dois anos em abrigos e os irmãos devem ser adotados pela
mesma família. Este ainda destaca a importância dos serviços auxiliares do Juizado da
Infância e Juventude composto por equipe interdisciplinar, inclusive o psicólogo, que
deverá promover a preparação gradativa dos membros da família para a nova situação
familiar.
A adoção é a inclusão em uma nova família, de forma definitiva e com aquisição
de vínculo jurídico próprio de filiação, de uma criança ou adolescente cujos pais
morreram, aderiram expressamente ao pedido, são desconhecidos ou mesmo não podem
ou não querem assumir suas funções parentais, motivando que a autoridade judiciária
em processo regular lhes tenha decretada a perda do poder familiar (LUPPI, SPITZ &
SAÚDE, 2002). Depois que a adoção se concretiza, a família ganha mais um membro e
há uma transformação na organização familiar exigindo do sistema uma reorganização
que se dá por meio de renegociação de papéis e funções entre todos os seus membros.
Portanto, este estudo se torna importante para verificar de que forma as relações
entre os membros da família nuclear e da família ampliada são modificadas após a
adoção de uma criança. As informações colhidas neste estudo se tornam relevantes
porque podem ajudar os profissionais que atuam em equipe interdisciplinar a preparar as
famílias que gostariam de adotar uma criança para futuras mudanças nos padrões
relacionais, além de auxiliarem os psicoterapeutas familiares no trabalho com famílias
com membros adotados.
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Fundamentação Teórica
Família e Ciclo Vital
Este estudo preconiza a família como sendo um sistema plurigeracional de
relações interpessoais, ou ainda como um sistema composto por indivíduos. Cerveny &
Berthoud (2002) afirmam que o indivíduo é, ao mesmo tempo, uma parte e um todo de
um sistema maior que por sua vez pertence a sistemas maiores (social, cultural,
econômico, temporal, entre outros), num processo contínuo de comunicação e
integração. Devido à constante comunicação e integração com sistemas maiores,
entende-se a família como um sistema em constante processo de mudança.
Neste processo, podemos destacar as mudanças que acontecem naturalmente,
conforme a vida vai passando. Essas mudanças podem ser agrupadas em etapas num
indivíduo, devendo ser consideradas como ciclo vital individual: nascimento, infância,
adolescência, idade adulta, velhice e morte.
A família também tem seu ciclo vital. Entretanto, há divergências entre autores
sobre o número e a característica de cada fase ou etapa. Carter & McGoldrick (1995)
adotam a classificação de ciclo vital familiar dividida em seis fases: jovens solteiros,
novo casal, filhos pequenos, adolescente, lançando os filhos e seguindo em frente,
famílias no estágio tardio da vida. Tal classificação foi obtida através de um estudo com
famílias americanas.
Contudo, neste estudo, adotou-se outra classificação, a de Cerveny & Berthoud
(1997). As autoras previamente mencionadas desenvolveram uma classificação baseada
em um estudo com famílias paulistas e obtiveram quatro fases: Fase de Aquisição, Fase
Adolescente, Fase Madura e Fase Última. Esses estágios nem sempre se apresentam de
forma bem definida, havendo sobreposição de fases.
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A primeira fase caracteriza-se pela aproximação do casal, surgimento da paixão
e decisão de união do casal (assumindo a conjugalidade), nascimento dos filhos,
vivendo a parentalidade e busca de outras aquisições. Dentre essas aquisições podemos
destacar: patrimônio, estabilidade financeira, novas formas de relacionamento,
reorganização de papéis para cada um dos membros tanto da família nuclear como com
a família ampliada (conviver e estabelecer fronteiras com esta última), estabelecimento
de um estilo de vida. Tais aquisições deram nome a esta fase que se estende até a préadolescência dos filhos. A Fase de Aquisição pode durar muitos anos para os casais que
retardam a vinda dos filhos até terem garantido a estabilidade econômica e/ou
emocional as quais julgam adequadas para o sucesso da parentalidade.
Para Cerveny e Berthoud (2002) a transição para a parentalidade tem início com
o desejo e a decisão de ter filhos ou com uma gravidez inesperada e não-interrompida,
prolongando-se até a construção de uma relação triádica e tendo seu ápice de
intensidade nos primeiros meses após o nascimento do bebê. A chegada dos filhos,
neste período, transforma a díade do casal em tríade, podendo acarretar uma grande
mudança na relação a dois, além de poder gerar sentimentos de ciúmes do filho,
distanciamento do parceiro e divisão das atenções. Nesta fase, a rede de apoio social se
faz necessária para o acolhimento de cada parceiro.
Vivendo com filhos pequenos é um período extremamente desafiador
para pais e mães. O núcleo familiar deve se reorganizar para cada
nova fase de desenvolvimento dos filhos, para atender as demandas
que surgem (2002, p.55).
Entretanto, essas mudanças nem sempre ocorrem no mesmo ritmo para a mulher
e o homem, fato que geralmente ocasiona ou aumenta os conflitos entre os cônjuges.
Pode se configurar como um período de crise ou de transição, vindo a adquirir
14
significados singulares em cada um deles, embora caracterize mudanças profundas e
irreversíveis nos indivíduos, no subsistema conjugal e no grupo familiar em todas as
famílias. As autoras definem crise “como um período temporário de desorganização do
funcionamento de um sistema, precipitado por circunstâncias que transitoriamente
ultrapassam as capacidades do sistema para adaptar-se interna e externamente”
(Cerveny & Berthoud, 1997, p.62).
A dificuldade da realização adequada das tarefas desenvolvimentais é o
problema central nessa fase da família e a causa da maioria dos conflitos conjugais. Tais
dificuldades freqüentemente ocasionam queixas de disfunção sexual e depressão (Carter
& McGoldrick, 1995). Dessa forma, segundo as autoras a adaptação da família após o
nascimento de cada filho depende não apenas de sua capacidade de realizar as tarefas
concretas de cuidado e sustento do novo membro, como também de superar
adequadamente as tarefas de desenvolvimento requeridas pela nova estrutura e
funcionamento familiar.
Outras situações também alteram e mobilizam o sistema familiar. Ceveny e
Berthoud (1997, p. 71) afirmam que a chegada de outra criança, independente de ser o
segundo, terceiro...; transforma novamente a organização da família exigindo do sistema
uma reorganização que se dá por meio de renegociação de papéis e funções entre todos
os seus membros. Os pais precisam se dedicar novamente ao período de maternagem do
bebê, dessa vez com mais experiência, porém, com menos tempo exclusivo, pois tem
que atender às demandas dos outros filhos, que são muito diferentes.
A Fase Adolescente é determinada pela entrada dos filhos na adolescência.
Nesta fase ocorrem profundas mudanças pessoais nos adolescentes, devido aos
hormônios decorrentes da puberdade, além de mudanças relacionais de pais, mães e
15
filhos. Ao mesmo tempo, o casal, agora na meia idade, começa a preocupar-se com a
aparência, saúde e envelhecimento; e a terceira geração entra na velhice.
Esse período caracterizado por muitas transições exige que os pais flexibilizem e
renegociem as regras, fronteiras, limites e valores que constantemente são questionados
pelo filho adolescente, a fim de construir um padrão mais flexível de relação de
autoridade.
A partir da maior autonomia dos filhos, o casal pode dispensar mais tempo para
a relação e se reaproximar e reorganizar a vida conjugal. Caso os conflitos desse
período não sejam resolvidos, separações podem ocorrer.
A terceira fase, Fase Madura, tem seu início quando os filhos atingem a idade
adulta e a família, então, passa a vivenciar o período da maturidade. Cerveny &
Berthoud (2002, p.26) afirmam que a tarefa da família é mudar o relacionamento entre
pais e filhos, que agora são iguais em independência e capacidade de gerenciar as
próprias vidas.
A Fase Madura traz consigo a saída dos filhos de casa e pode deflagrar uma
crise, principalmente nas mães que dedicaram suas vidas somente aos filhos: o ninho
vazio. Esta se caracteriza por uma perda no sentido da vida. Nos homens, a crise pode
ser deflagrada com a aposentadoria, comum também neste estágio. A aposentadoria
pode também gerar mudanças no padrão de vida devido à queda na renda.
Muitos filhos que saem de casa neste período saem para unir-se a um parceiro,
formalmente ou informalmente. Portanto, com o casamento dos filhos, os pais têm
também que se adaptar à entrada de novos membros na família extensa e, mais uma vez,
renegociar regras de convivência e padrões de relacionamento (Cerveny & Berthoud,
2002, p.27).
16
A Fase Última caracteriza-se pelo envelhecimento dos pais e por transformações
na estrutura familiar. Dessa forma, é comum que ocorra a morte de um dos cônjuges e
que um dos filhos assuma os cuidados da geração idosa. Neste período, o idoso precisa
lidar com outras perdas: de funções, papéis e do corpo saudável e forte. Por todos esses
motivos e pela chegada dos netos há, novamente, a reorganização das relações entre as
gerações.
Quando as relações foram bem resolvidas nas fases anteriores,
geralmente o sistema familiar consegue se adaptar às novas demandas
que a fase última da vida apresentam. Porém, conflitos trazidos de
fases anteriores dificultam em muito as renegociações necessárias
nesse momento do ciclo vital (2002, p.27).
Dinâmica Familiar
Cerveny & Berthoud (2002) consideram que a dinâmica familiar consiste na
forma como os membros da família se relacionam, como estabelecem e mantêm
vínculos, como lidam com problemas e conflitos, os rituais que cultivam, a qualidade
das regras familiares, a definição de sua hierarquia e o delineamento dos papéis
assumidos pelos membros da família. As autoras acreditam que a dinâmica familiar
pode mudar ao longo do ciclo de vida, conforme as fases deste ciclo vão passando.
A maneira pela qual as pessoas se relacionam pode ser denominada padrão
transacional ou relacional. Wendt & Crepaldi (2008) apresentam os tipos de padrões e a
definição de cada padrão:
• relacionamento harmônico: união entre dois ou mais membros familiares que
nutrem sentimentos positivos um para com o outro e que possuem interesses,
atitudes ou valores recíprocos. Inclui diferenciação dos membros entre si e com
suas famílias de origem.
17
• relacionamento muito estreito ou superenvolvimento: há fusão e dependência
emocional entre os membros familiares, ou seja, não há diferenciação entre os
membros.
• relacionamento fundido e conflitual: estreita dependência emocional e presença
constante de conflitos entre os membros familiares, não havendo diferenciação
entre os mesmos.
• aliança: ligação baseada nas lealdades invisíveis que interferem, também, no
processo de diferenciação, porém em menor grau que o superenvolvimento.
• relacionamento conflituoso: constantes atritos que geram muita ansiedade e
desavenças no meio familiar traduzidos por dificuldades de comunicação, tais
como desqualificações e desconfirmações do outro, podendo evoluir para
padrões de comunicação simétricos capazes de gerar violência física;
• relacionamento vulnerável: há conflito explícito, mas que, entretanto,
apresentam risco de haver conflitos em condições adversas ou fases de transição;
• relacionamento distante: caracteriza a forma de relacionamento encontrada
principalmente nas famílias desligadas, com fronteiras rígidas. O relacionamento
entre os membros caracteriza-se por pouco contato, principalmente de ordem
emocional;
• rompimento: ligação emocional entre os membros é mantida, apesar de não
haver contato entre os mesmos.
• triangulação: é a configuração emocional de três pessoas, na qual a pessoa
"triangulada" cumpre uma função periférica de regulação da tensão existente
entre outras duas e, "na ausência de conflito explícito, encontra-se em um estado
de insegurança e mesmo de sofrimento emocional.
• coalizão: aliança de duas pessoas contra uma terceira.
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Cada padrão definido acima possui uma representação que pode ser inserida na
representação gráfica da família, o genograma (vide anexo 1). Esses padrões não são
estáveis, se modificam conforme as fases do ciclo vital familiar. Dessa forma, de acordo
com o capítulo anterior, a inserção de um novo membro provocará uma reorganização
nos padrões relacionais. Portanto, adotar uma criança ou um adolescente, ou seja, inserir
um novo membro no sistema familiar modificará tais padrões.
Adoção
O Comitê de Especialistas da Organização Mundial de Saúde afirma que a
adoção é o modo mais completo de recriar relações familiares para uma criança privada
de família e de promover relações paterno-filiais. Ducatti (2004) acrescenta que a
adoção é mais uma forma de constituição familiar.
As motivações dos adotantes para receberem uma criança na condição de filho
em sua família é um aspecto bastante pesquisado. Segundo estudos a principal
motivação apresentada para a adoção foi a infertilidade dos pais. Outros motivos para se
adotar: perda recente de um filho ou de um parente próximo; crença de que a inclusão
de uma criança na família aumentaria a probabilidade de fecundação dos casais com
problemas de fertilidade; desejo de ter filhos quando já se passou da idade em que isto é
possível biologicamente; filantropia; contato com uma criança que desperta o desejo da
maternidade ou paternidade; parentesco com os pais biológicos que não possuem
condições de cuidar da criança; anseio de serem pais, por parte de homens e mulheres
que não possuem um parceiro amoroso; desejo de ter filhos sem precisar passar por um
processo de gravidez, por medo deste processo ou até por razões estéticas; desejo de ter
companhia na velhice, o medo da solidão; preenchimento de um vazio existencial; a
tentativa de salvar um casamento; e possibilidade de escolher o sexo da criança
19
(Mariano & Rossetti-Ferreira, 2008; Costa & Rossetti-Ferreira, 2007; Reppold & Hutz,
2003; Schettini, Amazonas & Dias, 2006; D’Andrea, 2002).
Ebrahim (2001) apresenta dois tipos de adoção: clássica e tardia. A primeira
caracteriza-se pela adoção de bebês até dois anos e a tardia por crianças a partir dessa
idade. O autor ainda afirma que a maior procura é pela adoção clássica. Costa &
Campos (2003) acreditam que exista uma idealização da criança adotada, os pais
procuram uma criança perfeita, sem problemas de saúde, semelhante fisicamente aos
pais, recém-nascido, cujo comportamento acredita-se que poderá ser mais facilmente
moldado pelos adotantes e/ou ainda encobrir os temores e receios com relação a
história, origem e genética da criança.
Além da idealização da criança adotada, Lázaro (2005) aponta outros fatores
contribuem para a não adoção de crianças mais velhas e preferência por bebês:
• o medo de que a criança adotada, por ter permanecido um longo período de seu
processo desenvolvimental na instituição ou transitando entre diferentes
famílias, não se adapte à realidade de uma família devido a "vícios", "má
educação", "falta de limites" e "dificuldade de convivência";
• a negativa expectativa quanto à possibilidade do estabelecimento de vínculos
afetivos entre os adotantes e a criança tendo em vista seu histórico de rejeição e
abandono associado à consciência de sua não pertença (biológica) à família
adotiva;
• o mito de que ao longo do processo de desenvolvimento da criança, seus desejos
por conhecer a família biológica serão intensificados de modo a comprometer a
relação com a família adotiva, sendo este o motivo de constantes conflitos que,
quase sempre, culminam com a revolta e/ou fuga do filho adotivo;
20
• o tempo de espera nas filas pela adoção de crianças, coordenadas pelos juizados
da infância e juventude, tende a ser longo e o processo burocrático se apresenta
como obstáculo dos mais difíceis de serem superados;
• muitas famílias temem - e por isso recusam a guarda provisória - que depois de
um tempo de convívio, que certamente resultará na construção de vínculos
afetivos com a criança, esta tenha que ser devolvida a sua mãe, pai ou família
biológica.
Alguns autores acreditam que tais medos e mitos são fruto do desconhecimento
e preconceitos dos pais. Paiva (2004) afirma que a família é uma criação cultural que
pode ou não estar fundada em laços biológicos. A adoção tem representado a
possibilidade de formar uma família assentada não na biologia, mas na cultura. Dessa
forma, segundo Berthoud (1997) o apego, definido como uma forte vinculação entre
indivíduos ou mesmo entre um indivíduo e um objeto material, é desenvolvido através
do convívio entre as partes. Maldonado (1995) e Weber (1998) também afirmam que o
amor de uma família adotiva é construído da mesma forma que de uma família
biológica por pequenos gestos, palavras e ações, que ter o mesmo sangue não é garantia
de amor nem do sucesso da relação.
Dessa forma, é importante ressaltar a necessidade da execução de um trabalho
com os pais adotantes, tanto em grupos ou apenas com àqueles requerentes da adoção.
Isso porque prevalece uma perspectiva na qual a criança abandonada tem a função de
resolver o sofrimento daqueles que não têm condições de gerar filhos biológicos, ao
invés de uma perspectiva que considera as carências das crianças abandonadas (Santos,
2004; Pontes, Cabrera, & Ferreira, 2008; Weber, 2003).
Portanto, se faz necessário um preparo dos profissionais que atuam em
instituições responsáveis pela adoção.
21
Nos processos de adoção os técnicos são fundamentais, não tanto para
selecionar (que é o que fazem a maior parte das agências de adoção),
mas para preparar: esclarecer, informar, instruir, educar, conscientizar,
desmistificar preconceitos e estereótipos; modificar motivações,
desvelar vocações, lapidar desejos... (Weber, 2003, p.35).
Esta mesma autora ainda acredita que talvez poucas pessoas estejam aptas para
serem pais, mas que pouquíssimas não seriam capazes de tornarem-se capazes de
exercer este papel.
Além dos profissionais citados acima, outras pessoas são considerados
importantes nesse processo, pois auxiliam a família neste período de intensas
modificações. Tais pessoas fazem parte da rede social de apoio individual e familiar.
Rede Social de Apoio
Segundo Sluzki (1997) a rede social pessoal, também conhecida como rede
social significativa, é o conjunto de seres com quem interagimos de maneira regular,
com quem conversamos, com quem formamos vínculos: família, amigos, relações de
trabalho, de estudo, de inserção comunitária e de práticas sociais. Para o autor, é através
da interação com essas pessoas que construímos e reconstruímos nossa identidade.
Pode-se dividir a rede social pessoal em dois tipos: micro-rede e macro-rede. A
primeira é composta pelas pessoas significativas e a última é composta pela comunidade
a qual fazemos parte, nossa sociedade, nossa espécie, nossa ecologia.
A rede social pessoal pode ser registrada através de um mapa de redes que inclui
todos os indivíduos com quem interage uma determinada pessoa (Sluzki, 1997, p.4142). Esse mapa é sistematizado em quatro quadrantes (família, amizade, relações de
trabalho ou estudo e relações comunitárias) e em três áreas: um círculo interno de
relações íntimas, um círculo intermediário de relações pessoais com menor grau de
22
compromisso e um círculo externo de conhecimentos e relações ocasionais. O conjunto
dos habitantes desse mapa mínimo constitui a rede social pessoal do informante.
Figura 1.Mapa de Rede
A rede social de uma pessoa pode ser analisada em termos de suas características
estruturais, das funções dos vínculos e dos atributos de cada vínculo. As características
estruturais da rede são: tamanho (número de pessoas da rede), densidade (conexão entre
os membros independentes do informante), composição ou distribuição (que proporção
do total dos membros da rede está localizado em cada quadrante e círculo), dispersão
(distância entre os membros), homogeneidade/heterogeneidade demográfica e
sociocultural, atributos dos vínculos e tipo de funções.
As funções atribuídas aos membros, vínculos da rede, são: companhia social
(estar junto), apoio emocional (apoiar, compreender, ser empático), guia cognitivo e de
conselhos (compartilhar informações pessoais e proporcionar modelos de papéis),
regulação social (reafirmar responsabilidades, neutralizar desvios de comportamento),
ajuda material e de serviços (colaborar de forma específica com base em conhecimentos
23
de especialistas ou ajudar financeiramente, inclui os serviços de saúde), acesso a novos
contatos.
Cada vínculo pode ser analisado por meio dos seguintes atributos: função
predominante, multidimensionalidade ou versatilidade, reciprocidade, intensidade
(compromisso, grau de intimidade), freqüência dos contatos, história.
Sluzki (1997) afirma que a rede social de uma pessoa, passa por três processos:
expansão, estabilidade e retração. O primeiro acontece devido à incorporação de novos
vínculos, através da inserção do indivíduo em creche, escola, clube, turma, além de
envolver-se com namorados, casar-se com eles e por fim, ter filhos. O segundo período,
a estabilidade, acontece quando o indivíduo está na fase madura e cultiva as relações
que estabeleceu até o presente momento. Por fim a retração ou extinção ocorre à medida
que o indivíduo envelhece, este sofre mais perdas ao mesmo tempo que as
oportunidades de substituição para essas perdas se reduz drasticamente já que as pessoas
significativas tendem a morrer e há menos ocasiões sociais para se fazer novos amigos,
além de o indivíduo ter menos energia para manter tais vínculos.
24
Objetivos
Objetivo Geral
• Verificar as mudanças na dinâmica familiar geradas pela inserção de um novo
membro familiar por meio da adoção.
Objetivos Específicos
• Identificar como era a dinâmica familiar antes da adoção;
• Identificar como está a dinâmica familiar após a adoção;
• Caracterizar o processo de adaptação familiar ao novo membro;
• Caracterizar a rede de apoio familiar.
25
Metodologia
Caracterização da Pesquisa
A pesquisa é um estudo de caso, já que pretende verificar os resultados em
apenas uma família. Esta ainda é uma pesquisa qualitativa, pois é baseada na obtenção
de dados descritivos que se dá a partir do contato do pesquisador com a situação de
estudo, procurando entender o fenômeno segundo a perspectiva dos participantes. Para
Wendt & Crepaldi (2008):
(...) a pesquisa qualitativa destaca-se por encerrar uma preocupação
em
estudar
as
seqüências
específicas
dos
comportamentos
interpessoais, nas quais as ações de cada pessoa são visualizadas em
uma seqüência interativa que depende das ações dos demais parceiros
de interação, ou seja, inclui aspectos complexos de interdependência
nas relações familiares, sejam eles emocionais, relacionais, e
comunicacionais.
Estudando
pequenas
amostras,
os
estudos
qualitativos privilegiam as regularidades, mas se preocupam com as
singularidades nas análises de cada grupo familiar em especial. Na
pesquisa com famílias é importante não perder de vista a
complexidade das relações que este grupo social encerra (p.303).
Participantes
A escolha da família apresentada neste estudo se deu por facilidade de acesso da
mesma1. Dessa forma, os participantes da pesquisa caracterizam-se por serem membros
1
A pesquisadora realizou maternagem com a criança adotada durante o período em que o menino
permaneceu internado na UTI Neonatal. Tal atividade faz parte de um estágio curricular de Psicologia
Clínica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina no Hospital Universitário.
Após o término do estágio, esta conheceu a família adotiva do menino. Tal atividade, segundo Boing e
Crepaldi (2004) se caracteriza por ser uma tentativa de minimizar os efeitos da privação da mãe,
26
de uma família brasileira de classe média de um centro urbano do Sul do Brasil. Esta é
composta por um casal cuja mãe tem 40 anos e o pai 37 anos, ambos trabalham fora.
Estes possuem uma filha biológica de 8 anos e um filho adotivo de 2 anos.
Vale ressaltar que a menina nasceu com dificuldades de deglutição e com seu
tônus muscular amolecido. Os médicos que acompanham a menina suspeitam de
alguma doença do colágeno, porém esta não se enquadra com as que a ciência já
descobriu. Atualmente, depois de tratamentos médicos e fisioterápico, a filha tem
apenas dificuldades de locomoção.
Procedimentos
Instrumentos.
Para obtenção dos dados utilizou-se uma entrevista semi-dirigida (vide Apêndice
1), elaboração de um mapa de redes e dois genotogramas, também designados como
genogramas.
O roteiro de entrevista foi elaborado de acordo com os objetivos da pesquisa,
que se propôs a caracterizar a família em questão e adquirir maiores informações sobre
a mesma.
O Genograma representa o mapeamento gráfico da “história e do padrão
familiar, mostrando a estrutura básica, a demografia, o funcionamento e os
relacionamentos da família”, configurando-se como um gráfico sumário dos dados
coletados (McGoldrick & Gerson, 1995, p. 145). Wendt e Crepaldi (2008, p. 303)
acrescentam que o Genograma explicita a estrutura e dinâmica familiar ao longo de
várias gerações e das etapas do ciclo de vida familiar, além dos movimentos emocionais
a ele associados.
acolhendo o bebê, interagindo com ele, oferecendo-lhe cuidados de higiene e alimentação e, sobretudo,
contato afetivo através do olhar, do toque terno, de cantigas e da palavra.
27
Coleta de dados.
O primeiro contato com a família realizou-se através de telefonema. Neste
explicitou-se os objetivos do estudo e verificou-se a disponibilidade da família para
participação no estudo. Num segundo telefonema, marcou-se o dia para a coleta de
dados em sua residência. A escolha do local se deu para garantir maior espontaneidade
na coleta dos dados.
Realizou-se a coleta de dados no dia 17 de outubro de 2009, na residência da
família. Esta se iniciou às 14:50 horas e terminou às 16:45 horas. Ao chegar à residência
da família, a pesquisadora foi recebida por M. Estavam ainda em casa R., L. e G. Todos
cumprimentaram a pesquisadora e foi dado início a coleta de dados.
Primeiramente, foram explicados a família os objetivos da pesquisa, além dos
procedimentos que seriam utilizados, e entregou-se o termo de consentimento para o
casal. Ambos leram o termo e o assinaram. O gravador foi ligado e deu-se início a
entrevista semi-estruturada.
Assim que a entrevista semi-estruturada terminou, iniciou-se a construção dos
genogramas. Primeiramente, construiu-se o genograma que representava a família antes
da adoção de G., seguido do genograma após a adoção do menino.
Ao término da construção do mapa de redes, agradeceu-se a participação e
colaboração de todos os membros da família. R. se desculpou por ter que se ausentar em
determinados momentos para cuidar das crianças. O gravador foi desligado e um lanche
teve início. Durante este último, M. mostrou os álbuns de aniversário de G. Às 17:10
horas do dia 17 de outubro de 2009, deixou-se a casa da família.
28
Análise de dados.
As informações coletados no dia do encontro com a família foram analisadas de
diferentes formas.
A gravação do encontro da família foi transcrita e seu conteúdo serviu de apoio
para a complementação dos dados colhidos nos genogramas e no mapa de redes. Os
dados obtidos da entrevista semi-estruturada serviram para melhor caracterizar a
família, as pessoas significativas e importantes no processo de adoção e situar a adoção
na mesma.
Os dados obtidos pelos dois genogramas foram comparados a fim de identificar
as diferenças de ambos, caracterizando as mudanças nas relações e no ciclo de vida da
família em questão, antes e após a adoção. A construção do mapa de redes mostrou as
pessoas significativas para a família, aquelas essenciais no processo de adoção, aquelas
que forneceram apoio.
29
Resultados
Para construir o primeiro genograma, explicou-se o que era um genograma e que
os indivíduos do sexo masculino seriam representados por quadrados e os indivíduos do
sexo feminino por circunferências. Pediu-se ainda para que o casal falasse quais eram as
pessoas que compunham a família antes de G. nascer, além de seus parentescos e
filiações, e mortes existentes. Dessa forma, o primeiro desenho obtido foi o seguinte:
Figura 2. Genograma antes da adoção, sem as relações
Após obter o desenho das pessoas que compunham a família, indagou-se sobre
as relações entre a família nuclear e as duas famílias de origem. M. contou que a relação
com a família do marido era conturbada já que eles não aceitavam ter uma criança com
problemas, no caso L. Dessa forma, havia muito conflito do casal com a mãe de R. e
30
com a irmã mais velha do mesmo. As duas outras irmãs de R. sempre brigavam entre si.
M. relatou ainda que a mãe de R. era muito próxima do genro casado com a terceira
descendente dela, além de que os primos de L. serem muito próximos.
Após esses relatos, perguntou-se como era a relação da família nuclear com a
família de origem de M. Esta começou a rir e disse que havia muito conflito, apesar de
todos serem próximos. M. contou que tinha uma relação muito próxima com a irmã
mais velha. Entretanto, rompeu relações com a irmã tendo em vista o fato de que esta
tratava suas duas filhas adotivas de forma diferente dos filhos biológicos. M. falou ainda
que a mesma irmã tem muitos conflitos com a irmã que nasceu em seguida. Esta última,
muito próxima de M., briga muito com o segundo irmão que vem depois dela, além
deste último brigar muito com os filhos da segunda filha nascida e com o irmão que
veio depois dele. M. termina o relato dos conflitos contando que tem conflitos com o
irmão mais novo e com o único filho da irmã mais velha. Por fim, ela conta que o
primeiro irmão homem tem ótimo relacionamento com o terceiro irmão homem e que o
segundo e o quarto irmãos homens têm ótima relação. Ela acredita que essas
proximidades se devem ao fato desses irmãos terem estilos de vida parecidos. M. e o
quarto irmão homem brigam muito também. M. contou que L., desde pequena, foi
muito apegada a ela e ao filho de sua prima.
Por fim, esse relato todo da situação das relações familiares antes da adoção de
G. pode ser caracterizado da seguinte maneira:
31
Figura 3. Genograma da família antes da adoção
Após terminar o primeiro genograma, foram verificados possíveis falecimentos e
nascimentos e, ainda acrescentou-se novas pessoas além do membro adotado em
questão, G. Este genograma foi representado da seguinte forma:
32
Figura 4. Genograma após adoção, sem relações
Ao completar as informações acima citadas, indagou-se sobre alterações nas
relações entre a família nuclear e as famílias de origem. M. relatou que L. continua
muito ligada nela, que ambos os filhos tem um relacionamento muito bom. M. falou que
a presença de G. foi uma bênção já que reaproximou todos da família de R., que depois
de cerca de 5 meses da chegada de G., a família do marido está fazendo um movimento
de reaproximação. Conta também que por causa disso L. está tendo mais contatos com
os primos dessa família, além de o relacionamento de M. com a sogra e as cunhadas
estarem muito melhor. M. ainda relatou que G. tem adoração pela prima mais nova,
nascida após ele, e que R. não briga mais com a mãe e com a irmã.
Em relação à família de M., M. continua em conflito com seu sobrinho, rompida
com sua irmã e possui novos conflitos com a sua ex-cunhada (separada do irmão mais
novo). M. relata ainda, que sua irmã mais velha está rompida com o ex-marido.
33
Contudo, algumas mudanças positivas ocorreram nas relações dessa família. M. está
cada vez mais próxima da sua sobrinha, filha mais velha da sua irmã mais velha, já que
esta é madrinha de G. e seu filho tem ótima relação com L. e G., que têm adoração pelo
primo de segundo grau. Outra boa modificação foi o irmão homem mais velho de M.
voltar a freqüentar as reuniões familiares e os aniversários de criança porque está muito
ligado a G., segundo relato de M. o irmão cuida de seu filho nos eventos familiares, o
que a deixa tranqüila, não precisando cuidar do filho. Esta ligação também fortaleceu a
relação de M. e R. com ele já que antes, esse distante de ambos. Outro irmão que se
aproximou de M. foi o segundo irmão mais velho. L. ainda pode se aproximar mais de
sua prima adotiva mais nova.
Tais informações coletadas podem ser representadas da seguinte maneira:
Figura 5. Genograma após adoção
34
Por fim, a fim de coletar os últimos dados, construiu-se um mapa de redes de
apoio com o casal. Neste mapa de redes foram relatadas as pessoas importantes em todo
o processo de adoção de G. Ao relatarem essas pessoas, houve apenas uma discórdia
entre o casal: a posição da mãe de R., já que só depois de 5 meses da chegada de G. foi
que reataram o relacionamento. Para M., ela não apareceria ou estaria no último círculo
(menos próximo), já para R., ela estaria no primeiro círculo. Dessa forma, o casal entrou
em acordo e colocou a mãe de R. no círculo mais próximo pois R. considerou a mãe
como um apoio pessoal dele.
Em relação ao quadrante das relações de trabalho e estudo, o círculo interno é
composto por 9 membros (a professora de G., 3 amigos do trabalho de M. e 5 amigos do
trabalho de R.); o círculo intermediário é composto por 7 membros (6 amigos do
trabalho de M. e 1 amigo do trabalho de R.); o círculo externo é composto apenas pela
orientadora educacional de L.
O quadrante das relações comunitárias é composto por 4 membros no círculo
interno (médica do ambulatório do HU responsável pelo desenvolvimento de G.,
pediatra das crianças, empregada da família e outros dois médicos das crianças), 3
membros no círculo intermediário (um casal de vizinhos e a fisioterapeuta de L.) e o
Centro Espírita no círculo externo.
O quadrante das amizades é composto por 2 membros no círculo interno (um
casal de amigos de R. e M.), 5 membros no círculo intermediário (4 amigos de M. e 1
amigo de R.) e não há membros no círculo externo.
O último quadrante do mapa de rede familiar, Família, é o mais numeroso pois, é
composto por 7 membros no circulo interno (as mães do casal, a sobrinha de M. – filha
de sua irmã mais velha- e o filho da mesma, a segunda irmã mais velha de M., o
segundo irmão mais velho de M. e a irmã do meio de R.), 11 membros no círculo
35
intermediário (a irmã mais nova de R., as cunhadas de M., a irmã mais velha de M. e a
filha adotiva mais velha desta última, o segundo irmão mais novo de M., a primeira exesposa do terceiro irmão mais velho de M. e a filha deste último) e o círculo externo é
composto pelo restante da família extensa, não mencionados anteriormente. Restante da
família é composto por 22 pessoas.
Portanto, o mapa de redes de apoio terminado pode ser apresentado da seguinte
maneira:
Figura 6. Mapa de rede familiar
36
37
Discussão
Caracterização da Família
Segundo Cerveny & Berthoud (1997), a família estudada está na primeira fase
do ciclo vital: a fase de aquisição; que é caracterizada pela formação do casal,
nascimento dos filhos até a chegada dos mesmos na pré-adolescência e aquisição de
estabilidade financeira e patrimônios. O casal possui a estabilidade financeira,
patrimônios (apartamento e carros), porém a filha mais velha do casal possui 7 anos e o
filho adotado apenas 2 anos.
O menino foi adotado no ano de 2007 pela família através de uma adoção
clássica. Ebrahim (2001) caracteriza este tipo de adoção como a integração de bebês até
dois anos na família. Portanto, a adoção de G. foi do tipo clássica já que o menino foi
adotado com cerca de quatro meses de vida.
Em entrevista, o casal relatou que a decisão de adoção foi tomada durante o
namoro, por filantropia e, depois de casados, por quererem uma criança saudável,
diferente da primeira filha, L. O motivo da filantropia foi mencionado em Mariano &
Rossetti-Ferreira (2008) e Costa & Rossetti-Ferreira (2007) como sendo uma das
motivações mais presentes nos casais adotantes.
Adoção como possibilidade de mudanças relacionais
Cerveny & Berthoud (1997) apontam que a chegada de mais um filho
caracteriza-se como um período de crise, que provocará uma desorganização do
funcionamento do sistema familiar, acarretando uma nova organização através de
mudanças no relacionamento e renegociação de papéis.
Esta afirmação foi confirmada através da comparação das figuras 3 e 5. Na
primeira figura, que caracteriza as relações familiares antes da adoção de G., pode-se
38
observar que a família apresenta muitos conflitos, com as duas famílias de origem (tanto
a de M. como com a de R.), além de um distanciamento com um irmão de M. Após a
chegada de G. na família, pode-se observar, na figura 5, que os conflitos com a família
de R. foram resolvidos, com a de M. quase todos foram resolvidos e o irmão de M. se
reaproximou tanto da família estudada como dos outros.
Esta última informação consta também na entrevista com a família em que
perguntou-se como era relação de G. com a família extensa. M. respondeu que a relação
do menino com a família é muito boa, “todo mundo adora ele”. Ela ainda relatou que
por causa de G., um irmão do pai que era mais distante está até comparecendo às festas
de crianças, o que não fazia antes de G. entrar para a família. Durante a construção do
genograma após a adoção de G., M. e R. relataram que após a chegada de G., a família
de R. se reaproximou deles de maneira progressiva, ao ponto de com cinco meses que a
criança estava na casa, a família de R. voltou a freqüentar a casa do casal e os conflitos
cessaram.
Além das mudanças de padrão de relacionamento com a família extensa, a
inserção de G. na família provocou mudanças na família nuclear. Tal informação é
relatada pelo casal na entrevista também quando perguntou-se o que mudou na família e
na rotina deles. R. e M. responderam que tudo. M. falou que agora não ficam mais tão
em cima de L., que ela ficou mais independente com a chegada de G. R. falou que agora
tudo o que eles planejam é sempre pensando nos dois filhos e que antes viviam em cima
de L., por causa do problema da coluna da menina.
Nestas frases do casal percebe-se que o apego – caracterizado por Berthoud
(1997), Maldonado (1995) e Weber (1998) é construído no convívio entre as partes,
através de pequenos gestos, palavras e ações, que ter o mesmo sangue não é garantia de
amor nem do sucesso da relação – já foi desenvolvido.
39
Rede Social de Apoio Familiar
Sluzki (1997) afirma que a rede social de apoio é composta por pessoas pelas
quais formamos vínculos e pode ser representada por um mapa de rede. Este último é
composto por quatro quadrantes e três áreas. A rede pode ser analisada conforme suas
características estruturais, funções e atributos de cada vínculo.
A rede de apoio da família estudada, de acordo com as características estruturais,
é uma rede cujo tamanho é composto por 72 pessoas e 1 instituição religiosa sendo que
o quadrante da família é o maior (40 pessoas), seguido pelas relações de trabalho e
estudo (17 pessoas, sendo 15 pessoas do trabalho e 2 de estudo). O quadrante das
relações comunitárias é composto por 8 pessoas e 1 instituição religiosa e o quadrante
das amizades possui 7 pessoas.
Verifica-se então que a família extensa da família nuclear estudada é a principal
rede de apoio da família. Portanto, a composição ou distribuição da rede de apoio pode
ser representada numericamente da seguinte forma: a família corresponde a 54,7% de
toda a rede de apoio, as amizades correspondem a 9,5% da rede de apoio, as relações de
trabalho ou estudo 23,3% e as relações comunitárias 12,5%.
Vale ressaltar ainda que, apesar de o quadrante de amizades ser o menor, a
função que seria desempenhada por mais amigos, o apoio emocional, também é
desempenhado por outros quadrantes, família e relações de trabalho. Tal informação
pode ser vista a seguir, na descrição das funções de cada integrante do mapa de rede
familiar.
Em relação às funções atribuídas aos membros, pode-se verificar que no
quadrante da família:
40
- o círculo interno é composto por 5 integrantes que exercem a função de apoio
emocional e 2 de guia de conselhos, além de exercerem também a função de apoio
emocional;
- o circulo intermediário possui 11 pessoas que exercem a função de apoio
emocional;
- e o círculo externo é composto 22 pessoas exercem a função de apoio
emocional.
No quadrante de relações de trabalho ou estudo:
- a área interna possui 8 integrantes que exercem a função de apoio emocional e
1 integrante de ajuda de serviço ( a professora de G. colabora com seus conhecimentos
pedagógicos na educação do menino);
- a área intermediária é composta por 7 pessoas que possuem a função de apoio
emocional;
- a área externa é composta por 1 integrante que realiza a função de ajuda de
serviço ( a orientadora educacional do colégio dos filhos do casal também colabora com
seus conhecimentos pedagógicos na formação escolar das crianças).
O quadrante das amizades é composto por:
- um área interna, com 2 pessoas que exercem a função de apoio emocional ao
casal;
- uma área intermediária, com 5 pessoas que também apóiam emocionalmente o
casal.
O último quadrante, relações comunitárias, é composto por:
- uma área interna cujos 4 integrantes, profissionais de saúde, exercem a função
de ajuda de serviço de saúde e 1 integrante (a empregada da família) que exerce 3
41
funções (companhia social, apoio emocional e ajuda de serviço – cuidando das crianças
enquanto o casal trabalha);
- uma área intermediária composta por 2 pessoas que exercem função de apoio
emocional (vizinhos) e 1 profissional de saúde que exercea função de ajuda de serviço
de saúde;
- uma área externa que contem uma instituição espiritual, que exerce duas
funções (acesso a novos contatos e apoio emocional ou espiritual).
Verifica-se que alguns integrantes da rede social de apoio familiar exercem mais
de uma função: mãe de M., A. (sobrinha de M.), a empregada da família e o Centro
Espírita. Dessa forma, segundo Sluzki (1997), esses integrantes podem ser analisados,
através dos atributos do vínculo, como vínculos versáteis ou multidimensionais. Os
outros integrantes da rede social de apoio familiar são classificados como não versáteis
já que exercem apenas uma função.
Neste momento a rede social pessoal do casal está em momento de estabilidade,
eles cultivam as relações que estabeleceram até a data da coleta de dados. Contudo, com
a chegada dos filhos do casal, apesar da rede pessoal do casal estar estável, a rede de
apoio familiar está em expansão. Sluzki (1997) explica tal afirmação através da inserção
das crianças em novos ambientes e conseqüentemente formação de novos vínculos com
a escola, clube, turma e futuramente com namorados e esposos dos filhos.
42
Considerações Finais
Ao analisarem-se as informações acima, verifica-se que a inserção de um novo
membro na família por meio da adoção é uma possibilidade para transformações nas
relações familiares, tanto dentro da família nuclear como da mesma com a família
extensa. Neste caso, a maioria das transformações foram positivas, pois alguns conflitos
foram resolvidos e a aproximação entre as pessoas foi possível.
Em relação a rede de apoio da família em questão, percebe-se que a família
possui um boa rede de apoio. Esta possibilitou que a família passasse por este momento
de crise, que é a chegada de mais um filho na família, e auxiliasse na adaptação e
reorganização de funções e papéis da mesma, oportunizando e facilitando a formação do
vínculo entre a família, nuclear e extensa, e seu novo membro.
Para realizar este estudo e obter as informações relatadas acima, deparou-se com
algumas facilidades e outras dificuldades. Dentre as facilidades encontradas, pode-se
citar a disponibilidade da família e a relação anterior existente entre a família e a
pesquisadora, que proporcionaram um clima de descontração e confiança durante a
coleta dos dados. Este mesmo clima descontração também se tornou uma dificuldade
porque permitiu que as crianças estivessem descontraídas e brincassem durante toda a
atividade. Dessa forma, as pequenas ausências de R. para cuidar das crianças, durante a
coleta de dados, fizeram com que algumas informações fossem obtidas apenas de M.,
sem a opinião de R. Contudo, essas ausências não invalidam os dados coletados.
Por fim, o estudo desenvolvido se torna relevante na medida em que os
conhecimentos produzidos serão úteis para psicólogos, terapeutas familiares e outros
profissionais que trabalham com a temática da adoção. Tais conhecimentos podem
ajudar para que esses profissionais se interessem a investigar a família e sua rede de
43
apoio social a fim de identificar seus recursos e acioná-la neste momento de crise
estudado, a adoção, além de prepararem a família para prováveis mudanças nas relações
dentro da família nuclear e com a família extensa.
Entretanto, alguns questionamentos ainda podem ser feitos. Será que as
transformações nas relações familiares serão sempre positivas? Será que outros conflitos
ou outros tipos de relações podem surgir? Não tenho respostas para estas indagações no
momento. Um estudo de caso é um trabalho que possui limitações devido a pequena
amostra. Dessa forma, percebe-se a necessidade de novos estudos com amostras
maiores a fim de obter outras informações que ajudarão os profissionais que trabalham
com as famílias candidatas a adoção de uma criança.
44
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21(2), 302-310.
47
Apêndices
48
Apêndice 1
Roteiro de Entrevista
1) Qual é a idade de cada membro da família?
2) Quais são as profissões do casal?
3) Em que colégio e série a menina está?
4) O menino fica em casa? Fica com quem? Vai para a creche e colégio?
5) Como é a rotina da família? Contem um dia de semana e outro de final de
semana.
6) Como foi a decisão de se adotar uma criança? Quais os motivos que levaram a
adoção?
7) A família extensa participou da decisão?
8) Quem da família extensa apoiou esta decisão? Quem não apoiou?
9) Alguém de fora da família apoiou também? Alguém de fora foi contra?
10) Como foi o processo de adoção? Quanto tempo durou? Quais foram os
sentimentos presentes nesse processo todo?
11) Antes de conhecer o menino, como vocês imaginavam que seria a criança
adotada?
12) Quem são as pessoas que ajudaram neste processo?
13) Como foi a chegada do menino? Que facilidades e dificuldades encontraram?
Tudo foi como vocês imaginavam?
14) Comparando ao que vocês imaginavam do menino antes de ser adotado e com o
que vocês encontraram, quais foram as semelhanças e as diferenças?
15) Como foram esses dois anos após a adoção do menino?
16) E agora como está sendo com o menino em casa? Quem ajuda no cuidado com
ele? Como é a relação dele com a família extensa?
17) O que mudou na família e na rotina de vocês?
18) Quais são as perspectivas futuras para a menina?
19) E para o menino, o que vocês desejam para ele?
20) E para a família? Como vocês imaginam que será o futuro da família?
49
Apêndice 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Meu nome é Michelle Vitório, sou pós-graduanda do Curso de Especialização em
Terapia Relacional Sistêmica do Familiare Instituto Sistêmico, e estou desenvolvendo a
pesquisa: “Mudanças no ciclo de vida familiar a partir da adoção” orientada pela Prof. Dra.
Maria Aparecida Crepaldi. Esta pesquisa tem como objetivo verificar as mudanças na
dinâmica familiar geradas pela inserção de um novo membro na família por meio da
adoção. O estudo se mostra importante por ser um tema que pode ajudar os profissionais
que atuam em equipes interdisciplinares a preparar as famílias que gostariam de adotar uma
criança para futuras mudanças, além de psicoterapeutas que trabalham com famílias com
membros adotivos.
Estou convidando o(a) senhor(a) a participar da pesquisa a qual constará de uma
entrevista. A entrevista será realizada em sua residência e será gravada. Se o(a) Senhor(a)
estiver de acordo em participar da pesquisa posso garantir que as informações fornecidas
serão confidenciais e só serão utilizados com fins científicos. Ao fim da pesquisa, a
gravação será destruída. Caso surja alguma dúvida acerca da pesquisa, ou desejar não fazer
mais parte dela poderá entrar em contato com a pesquisadora através do telefone:
(48)96081526.
Profa Dra Maria Aparecida Crepaldi
Pesquisadora: Michelle Vitório
Eu, _____________________________________________________________, fui
esclarecido sobre a pesquisa “Mudanças no ciclo de vida familiar a partir da adoção”, e
concordo que meus dados sejam utilizados na realização da mesma.
Florianópolis, _____ de ___________________ de 2009.
1. Assinatura: ______________________________ RG: _____________________
50
Anexos
51
Anexo 1
Símbolos Genetograma
(Retirado de Wendt & Crepaldi, 2008, p.309-310)
52
Outras informações familiares de especial importância
também podem ser anotadas (McGoldrick & Gerson,
1995):
1. Background étnico.
2. Religião ou mudança religiosa.
3. Educação.
4. Ocupação ou desemprego.
5. Serviço Militar.
6. Aposentadoria.
7. Problemas com a lei.
8. Abuso físico ou incesto.
9. Obesidade.
10. Fumo.
11. Data que membros da família deixaram a casa:
DC’74.
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Michelle Vitório Marchetto - Familiare Instituto Sistêmico +