Operações de Proteção Pessoal
As contradições do mundo moderno - na medida em que as ciências se
desenvolvem, possibilitando maior longevidade ao ser humano, surgem novas formas de
extermínio, produzidas por essas mesmas ciências; na medida em que melhoram os índices
econômicos de muitas sociedades, aumentam as diferenças sociais, que dificultam o
acesso das camadas mais carentes à saúde, educação e moradia dignas; quanto mais se
desenvolvem a sociologia, a psicologia e as ciências sociais, pior fica o comportamento
humano, assumindo, o homem, em determinados momentos, atitudes próprias dos piores
irracionais.
Em virtude dos direitos destinados aos criminosos, à morosidade da justiça, à
corrupção dos agentes responsáveis pela manutenção do Estado e, conseqüentemente à
sensação de impunidade gozada por esses criminosos, as grandes metrópoles e as
pequenas cidades tornaram-se alvo das quadrilhas que fatiaram as nossas cidades.
Agora, com o advento do Campeonato Mundial de Futebol e dos Jogos
Olímpicos, cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, etc., podem
se tornar alvo, não só de grupos criminosos locais, como também de grupos oriundos do
exterior, inclusive terroristas.
Com a falência da segurança pública, gerada pela falta de recursos,
treinamento, fiscalização de seus agentes e descaso das autoridades locais, sobrou como
última alternativa, ao cidadão de bem, recorrer à segurança privada para a proteção de
seus bens, serviços e instalações. Obviamente, que esta possibilidade está restrita àqueles
que ainda podem pagar para ter uma proteção para a família, sua casa, seu investimento,
seu laser, etc.
Contudo, como profissional de segurança, tenho observado que a maioria dos
agentes, que se propõem a proteger pessoas, não são possuidores do adequado
treinamento que a função lhes exige. Isto se torna mais perceptível quando a busca pelo
conhecimento ficou restrita aos assuntos ministrados, apenas, ao curso de extensão em
segurança pessoal, em uma escola de formação de vigilantes. Além de os conteúdos
estabelecidos pelo Departamento de Polícia Federal serem incipientes, as escolas de
formação ainda podam dias de curso, cargas horárias e quantidade de disparos com armas
de fogo, durante a realização dos diversos cursos. Isto sem tocar na qualidade dos
instrutores, que muitas vezes não possuem a experiência necessária para estarem ali, na
frente da turma. Assim, o agente, formado, certificado e credenciado para exercer a
atividade de segurança pessoal não conseguirá executar sua missão, sendo alvo de críticas
e, até mesmo, substituição por integrantes da segurança pública – que também não estão
capacitados e nem credenciados para este tipo de atividade profissional.
Assim, ao agente de segurança pessoal privada, que pretenda se manter na
atividade, com qualidade, deve tomar uma decisão de caráter pessoal irrevogável: buscar a
excelência. A cada dia, novas oportunidades são oferecidas aos bons profissionais. Hoje já
não se levam em consideração as indicações pessoais ou preços mais baixos, quando se
trata da contratação de agentes, por pessoas que buscam, de fato, segurança. Não raro,
encontrarmos empresas que aplicam testes profissiográficos, quando da contratação de
seus agentes. Logo, a busca pela excelência deve ser uma constante no agente de
segurança. Cursos extracurriculares existem, a rodo, mas o agente deve ter o discernimento
de não apenas buscar uma certificação, mas sim os conteúdos que possam complementar
seus conhecimentos adquiridos. Deve ter uma atenção especial em cada escolha, não
somente buscando a idoneidade dos cursos oferecidos, mas também a experiência
profissional daquele que se propõe a transmitir os conhecimentos.
O Agente de Segurança Pessoal ideal deve ser observador e inteligente,
habilidoso em suas relações com as pessoas, alerta quanto às suas responsabilidades e
deve ter temperamento controlado. Deve conhecer todos aqueles que estão sob a sua
responsabilidade, direta ou indireta, sabendo discernir o que pode constituir ameaça real,
evitando ações precipitadas ou exageradas e, principalmente, deve impor respeito pela sua
conduta, apresentação e correção de atitudes.
Autor:
Jorge Heleno de Araújo é militar da reserva do Corpo de Fuzileiros Navais, auditor de
segurança, pedagogo e Presidente da ONG Segurança nas Cidades. Autor do livro
Segurança Pessoal de Personalidades.
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