Assunto: Turismo
Revolução Gastronômica:
A mudança de hábitos alimentares com a chegada da
globalização
Michele Jacobsen e
Tamiris Mariano*
Resumo
Com o foco do assunto relacionado à gastronomia, este artigo aborda vários
contextos ligados a ela, como, as mais diferenciadas festas, culturas, patrimônio
histórico, as danças, os rituais, enfim, tudo que faz parte do consumo turístico. As
receitas culinárias constituem um bem cultural tão valioso quanto um monumento, já
que possibilitam entender a história de um lugar por meio de sua gastronomia. A
cozinha sempre acompanhou o homem em sua evolução e, por isso, traz marcas do
passado, do povo, da nação à qual pertence. Mas com os novos produtos
alimentares industrializados que tem conquistado um público em massa crescente,
os alimentos mais tradicionais na mesa do brasileiro, têm tido uma grande redução
em seu consumo. Isso se deve, em parte, à mentalidade moderna, que pressupõem
o consumo ilimitado que tem afetado os hábitos alimentares e automaticamente
influenciou na perda da identidade cultural alimentar de determinadas regiões. A
seguir, tudo isso será esclarecido e veremos o fascinante mundo da gastronomia,
despertando sua curiosidade sobre vários aspectos do turismo.
Palavras-chave: identidade cultural, mudança de hábitos, evolução, mentalidade
moderna.
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* Acadêmicos do curso de turismo da Universidade Luterana do Brasil
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1. Introdução
Este trabalho procurou verificar por que a população dos grandes centros
está incorporando progressivamente novos hábitos alimentares, os reflexos que a
globalização causa na cultura de determinada região, a comida industrializada, o
valor da praticidade, enfim, tudo que pode interferir no turismo.
Nos últimos anos, em virtude do desenvolvimento do turismo cultural, o
patrimônio converteu-se progressivamente em importante recurso econômico.
O turismo tem sua raiz nas diferentes manifestações patrimoniais, sejam
elas naturais ou culturais. Embora em grande parte do mundo falte informação,
quando falamos em turismo logo nos vem à memória de locais históricos, sejam eles
em qualquer parte do mundo, dentre alguns exemplos estão Machu Picchu, as
pirâmides maias, os castelos e catedrais da Europa.
No entanto, não é somente o monumento arquitetônico ou artístico
“visível” que constitui um foco de atenção. Tem os aspectos tradicionais da
cultura, como as festas, as danças e a gastronomia, ao conter significados
simbólicos e referirem-se ao comportamento, ao pensamento e a expressão
dos sentimentos de diferentes grupos culturais, também faz parte do
consumo turístico [...]. (SCHÜTER, 2003).
A gastronomia está assumindo cada vez maior importância como
mais um produto para o turismo cultural. As motivações principais
encontram-se na busca pelo prazer através da alimentação e da viagem [...].
A busca pelas raízes culinárias e a forma de entender a cultura de um lugar
por meio de sua gastronomia está adquirindo importância cada vez maior
[...]. Ainda que o prato esteja à vista, sua forma de preparação e o
significado para cada sociedade constituem os aspectos que não se vêem,
mas que lhe dão seu caráter diferenciado. (SCHÜTER, 2003).
.
2. A origem da gastronomia
A gastronomia (do grego antigo γαστρονομία; γαστρός ["estômago"] e νομία
["lei"/"conhecimento"]) é um ramo que abrange a culinária, as bebidas, os materiais
usados na alimentação e, em geral, todos os aspectos culturais a ela associados.
Um gastrônomo (gourmet, em francês) pode ser um(a) cozinheiro(a), mas pode
igualmente ser uma pessoa que se preocupa com o refinamento da alimentação,
incluindo, não só a forma como os alimentos são preparados, mas também como
são apresentados, por exemplo, o vestuário e a música ou dança que acompanham
as refeições.
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Por essas razões, a gastronomia tem um foro mais alargado que a culinária,
que se ocupa mais especificamente das técnicas de confecção dos alimentos. O
primeiro tratado sobre gastronomia foi escrito por Jean Anthelme Brillat-Savarin, um
gastrônomo francês que, em 1825 publicou a “Fisiologia do Paladar”, cujo título
completo em francês é Physiologie du Goût, ou Méditations de Gastronomie
Transcendante; ouvrage théorique, historique et à l'ordre du jour, dédié aux
Gastronomes parisiens, par un Professeur, membre de plusieurs sociétés littéraires
et savantes. Por este título que, em português poderia ser traduzido como "Fisiologia
do Paladar ou Meditações sobre a Gastronomia Transcendental, obra teórica,
histórica e atual, dedicada aos Gastrônomos parisienses, por um Professor, membro
de várias sociedades literárias e científicas", pode considerar-se a gastronomia
como uma ciência ou uma arte.
No entanto, não se deve confundir esta ciência com a nutrição ou a dietética,
que estudam os alimentos do ponto de vista da saúde e da medicina, uma vez que a
gastronomia é estritamente relacionada ao aspecto comercial (no que diz respeito a
preparação de comida em restaurantes) e cultural (no que diz respeito ao estudo
desta ciência).
3. Vinho: A bebida de todos os povos
Um enólogo (especialista em vinhos) é um gastrônomo de bebidas (e,
muitas vezes, no sentido mais amplo do termo). O vinho é puro prazer e todo povo
possui o seu vinho. Pode ser vinho de uva, de arroz, de leite azedo, de palmeira, de
bagaço de uva, de cana-de-açúcar, de mandioca, de caju, de milho e até mesmo de
pimenta.
O vinho já era produzido por vários povos da antigüidade. Mas foi nos
mosteiros da Idade Média que ele aprimorou sua qualidade, com o desenvolvimento
das videiras nobres. Era utilizado na eucaristia e, também, nas mesas dos monges e
seus hóspedes.
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4. Globalização: Como esse fenômeno influencia na gastronomia
A tendência da gastronomia mundial é a globalização e, como contrareação, a regionalização. Portanto, devemos acompanhar as rápidas mudanças da
tecnologia e da sociedade, é claro que, sem perdermos a nossa identidade cultural.
O interesse do turismo pela gastronomia pode ajudar a resgatar antigas
tradições que estão prestes a desaparecer. Atualmente a cozinha tradicional não só
foi afetada pela globalização, que padroniza tudo, mas também sofreu os efeitos de
uma pós-modernidade juntamente com a renovação imaginativa.
Foi com essa situação que se deu a necessidade de revalorizar o patrimônio
gastronômico regional. Portanto, devemos assumir o ato de comer, visto como uma
tradição, e ao mesmo tempo, como um ato de criatividade, não sendo simplesmente
um ato de alimentar-se.
Geralmente as técnicas de preparo de certas receitas tem uma misturinha de
algumas nacionalidades, por exemplo, um chef de cozinha francês inventou fazer
um cheesecake que é uma torta de creme de queijo típica dos EUA, ganhou um
molho especial de goiaba, uma fruta bem tropical.
Como percebemos a técnica de preparo dessa receita é francesa, a torta é
de nacionalidade norte-americana e a fruta é tropical tipicamente brasileira
juntamente com o uso de temperos certamente de outras nacionalidades.
Sem dúvida esse entrelaçamento de nacionalidades vem enriquecendo e
aprimorando cada vez mais a arte de cozinhar, e provocando uma verdadeira
revolução na gastronomia.
Mas esse entrelaçamento entre os povos não é uma coisa nova. Nos dias
atuais ele anda num ritmo jamais visto, e acabou recebendo o nome de
globalização.
Com o surgimento do conceito de valorização das diferenças regionais e
nacionais em um mundo globalizado, encontra-se em franco crescimento o interesse
pelos restaurantes étnicos que, em sua maioria, serve a gastronomia tradicional sem
um valor agregado, representado por elementos que permitam uma melhor
compreensão da cultura.
Num mundo cada vez mais integrado pela informação e pela economia, é
quase impossível que a cultura também não sofra desta situação por que a
economia mundial está progressivamente ligada ao sistema global.
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A cozinha vem acompanhando o homem através dos tempos, misturando
ingredientes, técnicas, usos e costumes, regras morais e religiosas, aspectos
geográficos, políticos e sociais. Atualmente, os segredos da culinária correm
rapidamente de uma região para outra, eliminando fronteiras. Por isso é que hoje
comemos praticamente tudo em quase todos os lugares.
São os recursos tecnológicos que avançam numa velocidade espantosa, em
especial no que diz respeito à agronomia e à industrialização.
Os meios de transportes cada vez mais aperfeiçoados que deslocam
grandes quantidades de mercadorias de um local para o outro, num estralar de
dedos.
Os meios de comunicação interligando as diversas partes do planeta, quase
que instantaneamente, permitindo a divulgação rápida de usos e costumes, inclusive
daqueles relacionados à culinária.
As viagens e as migrações dos povos que levam hábitos culinários, receitas
e ingredientes de um lugar para outro, permitindo que pratos típicos de uma região
sejam elaborados em outra região, mesmo que elas tenham diferenças
significativas.
Tudo isso vem aumentando o intercâmbio de hábitos alimentares, tornando
as cozinhas de vários países cada vez mais parecidas, em especial, nos grandes
centros industrializados.
Mas ao mesmo tempo em que há uma preocupação com a tradição no
preparo dos vários pratos, também se observa um movimento de grande inovação
na culinária. Muitos pratos têm sido recriados, de acordo com as possibilidades
locais, dando origem a novas interpretações. Também é importante lembrar que, as
mais variadas culturas evoluíram dentro de um equilíbrio alimentar próprio, o que
demonstra que suas escolhas revelaram uma sabedoria apreendida através de
gerações.
4.1. Fast-food: o símbolo da modernidade
O fast-food é o principal fenômeno de consumo no mundo moderno. Os
sanduíches e refrigerantes ganham preferência quanto o mais importante é a
praticidade e a rapidez, sendo que o tempo é um dos grandes inimigos do prazer.
Mas nem sempre essa praticidade e rapidez valem a pena, pois como grandes
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problemas mais comuns de saúde pública, a obesidade e a anemia, estão atingindo
a todos os níveis sociais.
Os jovens, a partir de suas escolhas, desejavam mostrar que estavam
fundamentalmente rejeitando as convenções ditadas pela sociedade, construídas
históricamente e pautados pela tradição e pelos costumes. Portanto, apresentam
uma tendência maior a incorporar novos hábitos alimentares.
As refeições feitas em conjunto, com horário determinado e um cardápio
planejado, foram se tornando ocasiões cada vez mais excepcionais.
Assim, percebe-se que a alimentação de diferentes culturas está sendo
transformada muito rapidamente em todo o mundo, como parte de uma cultura que
também se modificou.
Estudiosos dos EUA concordam que o Mc Donald’s é um local onde os
americanos se sentem à vontade e no qual se sentirão “em casa” em qualquer lugar
do mundo, já que a estratégia da empresa repousa em parte na uniformidade
associada a cada estabelecimento: comida, entorno, arquitetura, ambiente, atos e
palavras.
Entretanto, o ritual de comer no Mc Donald’s está confinado à vida cotidiana,
uma vez que esse ato e as festas religiosas encontram-se distribuídos de forma
complementar na vida norte-americana.
Mas a maioria dos norte-americanos consideraria inadequado comer em um
restaurante fast-food no dia de Natal, de Ação de Graças, Domingo de Ramos ou
Domingo de Páscoa, porque em seu contexto cultural essas datas são consideradas
dias familiares, ocasiões de reunião de parentes e amigos próximos.
4.2. O valor da praticidade e rapidez
Hoje somos levados automaticamenre para tudo que possa facilitar o
trabalho na cozinha, mas modificou-se também porque a mulher de hoje está mais
voltada para o mercado de trabalho. Os alimentos são comprados quase prontos
para o consumo, os mais comuns são os congelados, os pré-cozidos e os prétemperados.
Além disso, as recomendações sanitárias fizeram com que muitas pessoas
modificassem seus hábitos tradicionais ao adotar uma dieta light que, por sua vez,
promete longa vida e um corpo esguio.
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Estes produtos, inventados pela indústria, são novos ao paladar e aos
hábitos. Assim, para facilitar seu consumo, normalmente a indústria vai se valer de
algumas estratégias. Por exemplo, a embalagem vai ser extremamente colorida para
chamar a atenção do consumidor, sem contar que os produtos passam a ser
fabricados incorporando enormes quantidades de açúcar, sal e gordura.
Seria difícil imaginarmos a alguns anos atrás que teríamos a variedade de
produtos industrializados de que dispomos hoje.
Outra questão pouco discutida é a diminuição da importância do ato
alimentar de quem mora nas cidade grandes, para eles não importa muito o que se
come, com que se come e como se come, esse típico habitante da cidade grande
come no intervalo do almoço um sanduíche, ou um pedaço de pizza, e bebe um
refrigerante, sozinho e de pé, no balcão de alguma lanchonete.
5. O cozinheiro e o chef de cozinha-Quais suas diferenças?
Um cozinheiro, ainda que seja capaz e experiente, precisa ter seu
trabalho orientado e dirigido por um chefe, responsável por tudo na cozinha.
Já o chefe de cozinha, deve ser um artista e administrador. Suas tarefas
consistem em realizar as compras de cada dia, planejar os menus e
distribuir o trabalho entre o pessoal da cozinha. Também deve supervisionar
a execução dos pratos, trocar idéias com o maître, e examinar todos os
pratos preparados em sua cozinha. (SENAC, 1998).
O chef precisa, portanto, ter sensibilidade artística, paladar muito
apurado e também conhecimento de todos os assuntos da cozinha, pois só
assim estará capacitado para orientar outras pessoas. A tarefa é complexa,
sem dúvida, mas não impossível. (SENAC, 1998).
5.1. O cozinheiro e o chef de cozinha-O que eles têm em comum?
Seja ele um chef de cozinha ou um cozinheiro, um dos primeiros
pontos é sua vocação, ou seja, ele deve gostar do que faz e, acima de tudo,
querer fazer bem feito. Outro princípio do qual jamais eles devem se afastar
é o do equilíbrio. (SENAC, 1998).
Outro ponto igualmente importante é sua formação profissional.
Ele precisa de muito estudo e de muitos anos de trabalho e experiência,
para adquirir um amplo conhecimento de cozinha, tanto popular como
clássica. É o contato com essas cozinhas que dará a ele a possibilidade de
criar algo fino e sofisticado. (SENAC, 1998).
Por mais inovador e criativo que seja, um chef ou um cozinheiro
sempre vai se inspirar em velhas receitas e técnicas culinárias que ele já
aprendeu. Mas é importante que o profissional da cozinha seja sempre
muito curioso e não se deixe aprisionar pela tradição, estando aberto para
as novidades e para as discussões gastronômicas que correm pelo mundo.
(SENAC, 1998).
Essas discussões, apesar de sempre muito proveitosas e ricas
para a culinária, devem ser olhadas com espírito crítico e cautela. Não se
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pode mudar tudo e esquecer do imenso trabalho de profissionais anteriores.
(SENAC, 1998).
6. A cozinha regional no Brasil e suas diversas tendências
A maior, mais forte e definitiva influência sobre a culinária
brasileira é a portuguesa, cuja marca está na maneira de preparar os
alimentos, no uso do doce e do sal, na fritura, nos refogados, nos cozidos e
sopas. (SENAC, 1998).
Mas também recebemos vários ensinamentos dos indígenas,
sendo que a maior herança foi a farinha de mandioca. Já dos negros
tivemos o inhame, o azeite-de-dendê, o quiabo, o cuscuz, a galinhad’angola e a melancia. (SENAC, 1998).
“Não podemos nos esquecer ainda da influência dos
povos imigrantes, principalmente da Europa e da Ásia [...]”.
(SENAC, 1998, p. 123).
A origem do nosso povo, acrescida a fatores como a geografia do país, fez
com que a cozinha brasileira virasse bastante de um lugar para outro, embora
existam características comuns a determinadas áreas. São esses traços
característicos que determinam várias cozinhas regionais em nosso país, cozinhas
essas que estão se trocando constantemente de norte a sul, com modificações e
adaptações locais.
O brasileiro ficou conhecido como um povo que tem mania de casar as
coisas. Foi assim com o whisky escocês e a água de coco, o macarrão italiano com
a carne, o arroz com o feijão, e o queijo com a goiabada.
Quanto às bebidas, o forte são o café e a cachaça, tornadas bebidas
nacionais. Mas há ainda a cerveja, muito consumida no país, sem contar com os
sucos de frutas, os refrigerantes e os vinhos.
Temos a cozinha amazônica com sua autenticidade, sendo considerada a
mais autêntica das cozinhas brasileiras, por sua origem indígena. Essa cozinha
utiliza-se de vários peixes oferecidos pela riqueza de rios da região.
A cozinha nordestina com sua resistência, o peixe também é uma das
principais marcas do Nordeste, destacando-se a cozinha do Maranhão, de forte
influência indígena e negra.
A cozinha baiana com seus deuses, repleta de ingredientes e condimentos,
a cozinha baiana é uma verdadeira tentação. Cheia de influência africana e
portuguesa, ela é rica em molhos e cheiros. A tão conhecida devoção dos baianos
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aos santos e às festas não seriam as mesmas sem o acarajé, o cuscuz, o bobó, o
xinxim, o abará, o vatapá, o caruru, e o mais importante é preciso ter talento.
A cozinha mineira, suas delícias juntamente com sua hospitalidade, os
mineiros são conhecidos pela sua mesa farta e variada. O trivial da mesa mineira é
tradicionalmente feijão, angu, farinha de milho ou de mandioca, arroz, lombo de
porco, lingüiça, carne-seca, galinha e couve. Mas de todos eles o tutu é a sua
grande honra e glória. Sem contar com sua hospitalidade que é muito conhecida.
As cozinhas do Rio de Janeiro e de São Paulo, a cozinha carioca e paulista,
de um modo geral, elas são cozinhas tradicionalmente portuguesas, acrescidas de
arroz e feijão, mas que também sofreram influência da culinária italiana, francesa,
alemã, japonesa, árabe e norte-americana. Mas quando falamos de Rio de Janeiro
não posemos deixar de falar da feijoada, o prato nacional do Brasil.
A cozinha gaúcha, geralmente descendente de índios, portugueses e
espanhóis, foi desse homem que se originou o churrasco gaúcho, um dos pratos
mais típicos do país, especialmente na região sul, e como complemento
indispensável aparece o mate-chimarrão. Famoso também no sul é arroz de
carreteiro, guisado com charque.
7. A gastronomia faz parte do turismo cultural
“O uso turístico do patrimônio faz com que a
gastronomia adquira cada vez maior importância para
promover um destino e para atrair correntes turísticas”.
(SHLÜTER, 2003, p. 69).
A gastronomia como patrimônio local está sendo incorporada aos
novos produtos turísticos orientados a determinados nichos de mercado,
permitindo incorporá-los agentes da própria comunidade na elaboração
desses produtos, assistindo ao desenvolvimento sustentável da atividade.
A gastronomia faz parte da nova demanda por parte dos turistas
de atrativos culturais. O desenvolvimento do turismo cultural é estimulado
em razão de sua capacidade de gerar receita e empregos no lugar em que
se manifesta[...]. (SCHLÜTER, 2003).
É conveniente levar em conta que nem todos os turistas são movidos
exclusivamente pela cultura, já que alguns o são em parte, enquanto outros
consideram a cultura um elemento vinculado a outra motivação principal; e para
outros, ainda, a cultura é um atrativo simplesmente acidental.
“O surgimento do turismo cultural, que aumenta ano a
ano, traz consigo conseqüências enormes para a conservação
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do patrimônio, e a isso não estão indiferentes os museus”.
(SCHLÜTER, 2003, p. 81).
Por um lado, é uma realidade que tem uma importantíssima
transcendência econômica e que contribui para que muitas pessoas
melhorem seu nível de vida. Por outro, centenas de milhares de visitantes
circulando ano após ano por um mesmo espaço cultural não deixam de ter
um impacto negativo sobre sua conservação. (SCHLÜTER, 2003).
Classificam-se os museus em diferentes tipos, atendendo à
natureza de suas coleções; e quanto maior sua capacidade de atração
sobre os diversos públicos, maior número de visitantes serão capazes de
captar. (SCHLÜTER, 2003).
O público em geral e os turistas, em particular, se dirigem
principalmente aos museus representativos da história, da cultura e das
tradições do país anfitrião no afã de conhecer o que lhes pareça mais
inédito e especial. (SCHLÜTER, 2003).
As coleções excepcionais de interesse universal, tanto de arte, de
arqueologia ou de outra disciplina, são desfrutadas por um crescente
número de pessoas, como visitantes permanentes, estabelecendo-se uma
relação museu-comunidade muito interessante para conhecer uma
sociedade e seu comportamento. (SCHLÜTER, 2003).
Ainda que a gastronomia faça parte dos museus etnográficos ao
mostrar as diferentes maneiras de produzir e consumir alimentos de
diversas culturas, não são muitos ainda os museus dedicados
exclusivamente a um produto alimentar ou a um prato em particular. Talvez
as bebidas alcoólicas tenham ganho terreno a respeito. (SCHLÜTER, 2003).
Tanto as viagens como os meios de comunicação de massa tornam
homogêneas as pautas culturais e fazem com que a gastronomia pareça pouco
diferenciada. No entanto, as diferenças existem e as possibilidades de intercâmbio
se expandem.
Além de importante para a confecção de produtos de turismo cultural, o
conhecimento das pautas culturais associadas à gastronomia é fundamental para
aqueles que atuam na indústria da hospitalidade em seu conjunto.
O fato de poder apreciar como se foram intercambiando, através do tempo e
do espaço, os recursos e as pautas culturais sobre a base de sabores e cores,
certamente abrirá um novo espaço para o turismo cultural.
8. Os rituais que acompanham as refeições
Os
comportamentos
rituais
são
formais,
estilizados,
repetitivos
e
estereotipados. Realizam-se em locais especiais e em momentos definidos. Incluem
ordens litúrgicas: seqüências estabelecidas de palavras e de ações instituídas por
alguém diferente dos atuais participantes.
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Transmitem, também, informação sobre os participantes e sobre suas
tradições culturais. Realizados ano após ano, geração após geração, os rituais
traduzem mensagens, valores e sentimentos do momento. São tão sociais que
alguns participantes sentem-se mais envolvidos do que outros.
De todos os rituais, o da comida é o mais comum, já
que se pratica em todos os lugares e é um fator de
diferenciação social e cultural com base na forma de preparar e
ingerir a comida, naquilo que se come, com quem e nos ciclos
da alimentação diária. (SCHLÜTER, 2003).
A diferença entre o fato de se limitar a comer para consumir alimento e o ato
de comer como forma de sociabilidade constitui o autêntico núcleo do que se
denomina cultura.
Os tempos modernos alteraram os tradicionais ritos da mesa. A jornada de
trabalho já não está subordinada às refeições, mas a refeição está subordinada à
jornada de trabalho.
9. Festas comemorativas
A comida adquire características particulares durante as celebrações, seja
durante os rituais de cerimônia pessoais (casamentos, batizados, etc.) ou durante os
de importância coletiva (Natal, Ramadã, etc.).
Por outro lado, o caráter festivo da alimentação não se esgota no cotidiano,
mas se expressa também com grande intensidade no âmbito religioso, quando cada
festa ou celebração conta com pratos especialmente preparados.
É possível distinguir quatro diferentes tipos de festas com sua
correspondência gastronômica:
Ecofestas: são aquelas que se relacionam com acontecimentos
“astronômicos” ou com as estações, e geralmente estão associadas a rituais
antigos destinados à obtenção e manutenção de reserva suficiente de
comida.
Teológicas: celebram acontecimentos religiosos.
Seculares: são aquelas que festejam fatos relevantes do país em
seu conjunto, de uma região ou de algum acontecimento próprio da
localidade. Basicamente visam à criação de uma coesão social nos
diferentes níveis (nacional, estadual, municipal ou regional).
Privadas: correspondem aos ritos de transição que se observam
na vida das pessoas. (SCHLÜTER, 2003, p. 57-58).
“Na Europa as festas religiosas mais importantes são o
Natal e a Páscoa. Sua influência estendeu-se por todo o
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continente americano pelas sucessivas ondas migratórias”.
(SCHLÜTER, 2003, p. 62).
10. Conclusões finais
“A gastronomia, sem dúvida, está ganhando terreno
como atração tanto para residentes como para turistas. Não só
nutre o corpo e o espírito, mas faz parte da cultura dos povos”.
(SCHLÜTER, 2003, p. 89).
O paradigma moderno difundiu-se no mundo todo. As novidades da indústria
alimentar conquistam novos consumidores todos os dias, como o fast-food que
penetrou no cotidiano das metrópoles e na vida das pessoas, ou seja, a população
frisou que o hábito de consumir produtos cada vez mais industrializados é uma
marca da modernidade, principalmente na mentalidade dos jovens.
Percebemos também, de forma muito restrita uma nova preocupação com a
saúde, devido a qualidade desses alimentos.
Portanto, concluímos que, tudo isso faz parte da globalização e é uma
tendência mundial e não podemos mudar isso. Devemos evoluir, renovar mas, sem
nunca perdermos a verdadeira identidade cultural e a raiz das receitas culinárias.
11. Obras consultadas
SCHLÜTER, Regina G. Gastronomia e turismo. Traduzido por Roberto
Sperling. São Paulo : Aleph, [2003]. Tradução de: Gastronomía y turismo.
SENAC. DN. A história da gastronomia. Maria Leonor de Macedo Soares
Leal. Rio de Janeiro : Ed. Senac Nacional, [1998]. 144p. il.
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Ravolucao gastronomica: A Mudanca de Habitos com a Globalizacao