EVOLUIR É PRECISO, AS MULHERES EVOLUÍRAM.
Laércio Fernandes dos Santos1
Por mais que em certos momentos se pensa que a evolução feminina tenha conquistado o
mais alto lugar no pódio social, isso ainda é pouco perante a realidade apresentada a frente de nossos
olhos. E para observar com nitidez e realismo precisa-se esboçar uma trajetória na história.
Ao longo da história a mulher sofreu discriminação profunda e, para tanto, façamos um
feedback histórico. Assim trazer, aqui, a submissão a calar, unicamente se calar, suas idéias não
entravam em voga, aliás, nem tinham o direito de opinar. Outra questão que intriga quem vive num
processo de respeito ao sexo feminino, é o desrespeito ao corpo. Nem se quer a mulher tinha direito de
posicionar-se quanto a quantidade de filhos que deveria ter, era apenas ter “todos aqueles que Deus
lhes dava”. E neste mesmo sentido, imaginar o grau de prazer sexual que sentiam, era extremamente
proibido qualquer manifestação sexual. Por outro lado, ao homem sim poderia sentir prazer e até
mesmo anunciar este. Hoje tudo mudou a mulher pode e tem o direito de sentir prazer sexual, ou até
mesmo, manifestar disposição ou não ao sexo. Com essa idéia muitas revistas trazem orientações para
que cada vez mais a mulher sinta orgasmo e satisfação em suas relações íntima.
No passado cabia a mulher apenas um “direito” obedecer ao que os homens mandavam e
desmandavam. Experiência sexual para mulheres era coisa de mulher mal falada. Agora para os
homens não tinha fazer sexo pela primeira vez com a gatinha da mesma idade, isso acontecia com a
empregada ou em um bordel. Essa triste história vem mudando com o passar dos tempos. “Graças a
Deus!”, não claro que não, graças a fibra de resistência de mulheres guerreiras que enfrentaram “a
chuva e o temporal”. Pode-se confirmar isso, no livro A Revolução Feminina de MOURA, 1989:
Pela primeira vez na história estamos na vanguarda e eles na retaguarda. Às vezes chegam
até a reclamar de que os temos transformado em objetos sexuais, por aí se vê machões
...Nós os queremos a compreendemos tanto que já assimilamos o caos. Claro, sabemos
1 Graduado em Letras – UPF, Especialista em Pedagogia Social – UPF, Professor da Escola Estadual de Educação Básica
Nicolau de Araújo Vergueiro – Passo Fundo – RS, Professor Tutor Externo do Centro Universitário Leonardo da Vinci –
UNIASSELVI e Professor de Disciplinas de Pós-graduação – Portal Faculdades.
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muito bem como muito mais fácil renunciar a uma emoção do que a um hábito e vamos
fazer tudo para que não tenham medo do nosso governo: o governo do coração.
A autora está muito otimista no seu discurso, mas ainda muita coisa tem de mudar para que se
possa realmente dizer que os homens obedecem ao governo feminino. Se bem que se olhar a questão
da autonomia da sexualidade feminina, a evolução é bem grande, sem dúvida.
Em mil 1960 é que renasce o marco de movimentos de libertação das mulheres por todo o
mundo, mas em anos anterior a este, muitos movimentos isolados se deu, porém é no ano de 1960
que, inclusive, se institui o dia reservado às mulheres. No Brasil em plena Ditadura as mulheres de fibra
se organizam e lutam por seus direitos. Esta luta foi constante para se chegar ao Século XXI com
muitas conquistas em prática. Segundo Caderno BRASIL/MEC, 2007, apresenta a seguinte afirmação:
Em reconhecimento dessas lutas, o dia 08 de março foi instituído pela ONU, em 1977, como
Dia Internacional da Mulher o que nos dá a oportunidade de fazer um balanço dos
progressos e conquistas a respeito do lugar ocupado pelas mulheres e dos obstáculos à sua
cidadania e levar o conjunto da sociedade e dos governos a refletirem sobre as formas de
enfrentar as desigualdades de gênero.
As questões de gênero vão muito além do âmbito da sexualidade, elas perpassam o direito à
educação entendida a anos atrás como algo sem importância, até porque mulher era visto como mera
dona de casa e objeto de satisfação masculina. E ainda, ao direito ao voto e de ser votada que, ao
mesmo tempo em que não precisava estudar, tão pouco, opinar para escolher quem representava as
esferas governamentais. Porém olhando no retrovisor da história percebe-se que não só se conquistou
o direito de voto, mas o espaço de ocupar cadeiras parlamentares e de expor suas idéias políticas
calcadas na sensibilidade e visão feminina. A busca pelo emprego foi e é uma outra luta constante,
pois mulher que saia trabalhar fora não era bem vista. O homem era quem sustentava a família e a
administrava.
E é nessa reflexão que se pretende pautar, pois os hábitos foram mudando diariamente e não
só a rotina feminina, mas o próprio homem que se via como o centro do pódio começou a derrubar a
máscara na adaptação rotineira. Porque em vez de encontrar em casa uma mulher pronta para servir,
por exemplo: alcançar a toalha e cuecas ou o cuidado com os filhos, o homem começou se deparar
com um mundo totalmente novo. Pensa-se que mais difícil foi a adaptação da figura masculina, mais
do que a feminina. Pois a mulher por natureza sempre soube se virar, por mais submissa que fosse,
cuida dos filhos, educa-os e entende os sentimentos de choro e antes de tudo isso, carrega o peso de
uma gravidez por nove meses, sente dores que nunca um homem ousaria sentir. Dessa forma, a
mulher não esmoreceu na luta pois nunca fugiu dos desafios. Mas a sociedade machista impregnada
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quer as sufocar tentando calar essas guerreiras até mesmo, com a injustiça de pagar salários bem mais
baixos pelos mesmos cargos ocupados pelos homens. Como retrata BRASIL/MEC, 2007: “Um outro
aspecto importante, que evidencia as desigualdades entre gêneros, são as ocupações exercidas como
assalariados por ambos os sexos.”
O que me intriga até hoje é perceber que muitos especialistas afirmavam com convicção de
que as mulheres não se adaptariam no mundo do trabalho, pois este espaço era exclusivo para
homens que tinham competência e força. Hoje a prova aparece nitidamente demonstrando o contrário
deixando claro que as mulheres não são mais jeitosas para este mundo, como este espaço ficou muito
mais agradável do que era com um toque feminino.
Só que nisso tudo, um fator em desvantagem para o mundo feminino é que com sua saída do
ambiente familiar cabe desempenhar sua função externa, e diga-se de passagem, com muita
competência, ela não se desvinculou das responsabilidades e das preocupações da casa, dos filhos.
Mesmo no mundo do trabalho ela não perde a vigilância da casa. Porque a mulher mesmo com toda
jornada pesada e dupla ela não perdeu a sensibilidade e humanidade que sempre teve. Coisa
comprovada nas palavras de Madre Teresa de Calcutá, apud BRASIL/MEC, 2007: “if we really want to
love we must lern how to forgive.”
Isso me fez repensar estas questões e escrever tal texto porque por alguns anos quando
desempenhava a função de diretor e rodeado de mulheres que a todo o momento me mostravam a
capacidade, sensibilidade, agilidade e compreensão, sem falar da sensatez com que resolviam os
obstáculos diários. E, em momento algum esqueciam da preocupação da casa e dos filhos. Esperamos
que com o passar dos tempos mais homens percebam esta evolução e cada vez mais acheguem-se ao
mundo feminino para dividir responsabilidades e, ao mesmo tempo aprender. Como falei,
anteriormente, as mulheres evoluíram e com certeza evoluirão muito mais, porque elas não deixam de
usar e ocupar o espaço social a cada dia.
REFERÊNCIAS
MOURA, Márcia. A revolução feminina. Rio de Janeiro: Erregê, 1989.
BRASIL, MEC. Mulher e trabalho.Brasília: Ministério da Educação, 2007.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.
Brasília:MEC/SEF, 1998.
BEMFAM, Sociedade Civil Bem Estar Familiar no Brasil. Cidadão adolescente. Rio de Janeiro:
BEMFAM/DEMEC,2000.
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