UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
USO DO FENTHION NO CONTROLE DE PULGAS
EM TAMANDUÁS-BANDEIRA (MYRMECOPHAGA
TRIDACTYLA) E DE CARRAPATOS EM ANTAS
(TAPIRUS TERRESTRIS) DE CATIVEIRO
Luiz Paulo Cobra Monteiro Filho
Itatiba, jul. 2006
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LUIZ PAULO COBRA MONTEIRO FILHO
Aluno do Curso de Especialização em Clínica Médica
e Cirúrgica de Animais Selvagens da Universidade
Castelo Branco
Matrícula AQ42554
USO DO FENTHION NO CONTROLE DE PULGAS
EM TAMANDUÁS-BANDEIRA (MYRMECOPHAGA
TRIDACTYLA) E DE CARRAPATOS EM ANTAS
(TAPIRUS TERRESTRIS) DE CATIVEIRO
Trabalho monográfico de conclusão do curso de
Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica de
Animais Selvagens, apresentado à UCB como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Clínica Médica e Cirúrgica de
Animais Selvagens, sob a orientação do Prof. Dr.
José Ricardo Pachaly.
Itatiba, jul. 2006
2
Dedico este trabalho a minha esposa Ana Carolina
que com muito amor e companheirismo inigualável
acompanhou cada instante de sua elaboração.
Dedico também aos meus queridos familiares, aos
meus pais Regina e Luiz Paulo e, em especial, ao
meu avô Luiz (sempre preocupado com o bem estar
dos cavalos quando seus netos voltavam de longas
cavalgadas) que sempre me criaram mostrando o
caminho do respeito ao próximo, seja ele humano,
seja ele animal.
iii
3
Agradecimentos
Ao meu insaciável e
paciente mentor Dr. Pachaly,
com quem muito aprendi
apenas
observando
sua
dedicação diária aos animais
selvagens. Apesar do convívio
esporádico, ele demonstrou a
importância do bom senso neste
nosso ramo da Clínica Médica
de Animais Selvagens, ainda
tão escasso de auxílio médico
profissional.
iv
4
MONTEIRO FILHO, Luiz Paulo Cobra
Uso do fenthion no controle de pulgas em tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
e de carrapatos em antas (Tapirus terrestris) de cativeiro.
No Zooparque de Itatiba foram selecionados sete tamanduás-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla) adultos saudáveis — três fêmeas e quatro machos — com massas corporais
variando entre 25,00 e 43,00 kg e duas fêmeas de antas (Tapirus terrestris) adultas
saudáveis, com média de massa corporal estimada em 180,00 kg. Esse animais foram
manejados nos seus respectivos recintos para aplicação tópica de uma solução de fenthion
a 15% (Tiguvon®), via tópica, a fim de controlar a presença de pulgas em tamanduásbandeira e carrapatos em antas. Não foi necessário capturar os animais, pois, sendo
condicionados, não se assustavam com a proximidade das pessoas. O fenthion foi aplicado
na região dorsal, entre as escápulas. O procedimento consistiu em dividir os animais em
dois grupos, de acordo com espécie e intervalo de aplicações. O primeiro grupo foi
composto por três tamanduás (um casal jovem e um macho solteiro), tratados uma vez a
cada seis meses. O segundo grupo, formado por quatro tamanduás (dois casais) e pelas
duas fêmeas de antas, foi tratado uma vez a cada três meses. O tratamento com fenthion
apresentou melhor eficácia no segundo grupo, tratado em intervalos trimestrais, sobretudo
no que se refere ao controle de carrapatos nas antas. Além disso, não induziu quaisquer
sinais clínicos de intoxicação aos animais medicados.
Palavras-chave: fenthion, pulga, carrapato, tamanduá-bandeira, anta.
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MONTEIRO FILHO, Luiz Paulo Cobra
Use of fenthion in the control fleas and ticks in giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla)
and brazilian tapirs (Tapirus terrestris) created in captivity.
Seven healthy adult giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla) (three females and four
males), weighing from 25.00 to 43.00 kg and two healthy adult females of brazilian tapir
(Tapirus terrestris), weighing 180.00 kg, were handled periodically at their respective
enclosures for topical application of a 15% solution of fenthion (Tiguvon® spot-on),
aiming to control fleas the anteaters and ticks in the tapirs. There was not necessary to
capture the animals, since they were conditioned to not get scared with close presence of
people. Topical application of fenthion was accomplished in the dorsal area, between the
scapulas. The only difference between the treatments was the application interval. The
patients were separated in two groups according to species and application interval. The
first group was composed by three anteaters (a young couple and a single male), treated
every six months. The second group of anteaters (two couples) and the group of tapirs (two
females) were treated every three months. The treatment was more efficient in the three
months interval, mainly to control ticks in the tapirs. However, in the case of animals that
live in environment infested with fleas, fenthion was not effective, leading to a routine
procedure that included environmental treatment, as well as treatment of the animals with
fipronil.
Key Words: fenthion, flea, tick, giant anteater, tapir
6
“A nutrição adequada é a
chave para o sucesso na
criação e reprodução de
animais selvagens em
cativeiro.”
Murray Fowler, 19xx
vii
7
SUMÁRIO
Resumo...................................................................... v
Abstract..................................................................... vi
Lista de Figuras......................................................... ix
Parte
1. Controle populacional de ectoparasitos em animais
selvagens................................................................... 1
1.1. Ectoparasitos
Carrapatos
Pulgas
1.2. Antiparasitários
1.3. Possíveis efeitos tóxicos dos antiparasitários
2. Metodologia......................................................... 08
3. Resultados........................................................... 13
4. Conclusão............................................................ 14
Referências bibliográficas........................................ 15
viii
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USO DO FENTHION NO CONTROLE DE PULGAS EM
TAMANDUÁS-BANDEIRA (Myrmecophaga tridactyla) E DE
CARRAPATOS EM ANTAS (Tapirus terrestris) DE CATIVEIRO
1. Controle populacional de ectoparasitos em animais selvagens
A infestação de ectoparasitos em animais selvagens cativos e respectivos
recintos é uma preocupação constante e crescente para a medicina veterinária
desta área.
O clima tropical brasileiro torna a situação mais problemática, pois é
totalmente propício ao completo desenvolvimento os ciclos reprodutivos da
maioria dos ectoparasitos, dificultando cada vez mais o controle de algumas
doenças. Do mesmo modo, a escassez de informações biológicas sobre
determinadas
espécies
animais
acaba
complicando
também
o
trabalho
veterinário.
Contudo, graças às pesquisas já realizadas com os animais domésticos, é
possível adaptar as técnicas e os conhecimentos desenvolvidos para tratar os
animais selvagens.
9
1.1 . Ectoparasitos
Carrapatos
Os carrapatos apresentam uma variação de tamanho, de 3 mm a 12 mm
(fêmeas ingurgitadas), e estão divididos em duas famílias, os da família Argasidae
(chamados de “carrapatos moles’) e os da Ixodidae (“carrapatos duros”).
SLOSS et al. (1999) afirmam que na América do Norte existem
aproximadamente 25 espécies de carrapatos moles e 55 de carrapatos que
possuem carapaça dorsal – chamada de “placa óssea”. Em praticamente todas as
espécies de carrapatos a larva (seis patas) eclode do ovo e muda para ninfa (oito
patas), já passando a se alimentar do sangue do hospedeiro. Até à cópula e para
a postura o carrapato adulto necessita se alimentar de sangue. Durante a sucção
do sangue os carrapatos podem transmitir microorganismos causadores de
doenças, como Ehrlichia spp., Babesia spp. E mesmo Rickettsia rickettsii, agente
etiológico da Febre Maculosa, entre tantos outros.
Em condições normais esse repasto sanguíneo é realizado
preferencialmente em determinadas partes do corpo do animal hospedeiro, sendo
a cabeça, o pescoço e as orelhas as áreas mais afetadas. Na espécie Tapirus
terrestris observa-se ainda uma outra área corporal em que se pode avaliar o grau
de infestação de carrapatos, a região inguinal (Figura 1). Trata-se assim de um
local que permite analisar com maior precisão a eficácia do tratamento
medicamentoso.
10
Figura 1 – Avaliação clínica da região inguinal de uma anta (Tapirus terrestris) quanto à
integridade do tegumento e à presença de carrapatos.
Pulgas
Pulgas são insetos achatados lateralmente, sem asas, pertencentes à
ordem Siphonaptera (HOFFMANN 1987).
As pulgas apresentam alto potencial para saltar, devido principalmente ao
terceiro par de pernas, que é mais longo do que os outros dois pares, os quais se
iniciam na região torácica. Já as peças bucais das pulgas são estruturas grandes
e desenvolvidas para sugar o sangue (SLOSS et al., 1999).
As pulgas são responsáveis pela indução de dermatites alérgicas e pela
transmissão de várias doenças em pessoas e animais, como viroses, verminoses,
peste bubônica, tularemia e salmonelose. Em animais domésticos, a pulga que
causa a maior parte dos problemas é a Ctenocephalides feli felis (SOUZA, 2000).
Por muito tempo somente cães e gatos eram vistos como alvos especiais
das pulgas. Atualmente se sabe que as pulgas infestam várias outras categorias
animais, não apenas os domésticos. A observação desses insetos indesejáveis
em
zoológicos,
criadouros,
centros
de
triagem,
ou
quaisquer
outros
estabelecimentos que mantenham animais selvagens em cativeiro gera extrema
preocupação. Isso exige tratamentos imediatos para erradicar o problema, tanto
11
no animal infestado, como no ambiente em que ele vive. Vale ressaltar que a
palavra “erradicar” talvez não seja a mais apropriada para se referir às tentativas
de controle da população de carrapatos num determinado grupo animal. No
entanto, em se tratando de pulgas, ela serve muito bem ao propósito. Quando a
presença de pulgas é detectada num animal selvagem de cativeiro, o problema já
está disseminado por todo o recinto, e um recinto infestado por pulgas é um forte
indicativo da presença de ratos, em especial o Ratus ratus ou rato de telhado.
A situação estrutural dos zoológicos facilita infestações subseqüentes e
circunvizinhas por pulgas, principalmente porque as pulgas demonstram cada vez
menos a característica de ter hospedeiros específicos, ou seja, caso não
encontrem o hospedeiro preferencial, se deslocam para outra espécie animal,
mais próxima (SLOSS et al., 1999).
Outra característica biológica da pulga que facilita a disseminação é o seu
próprio ciclo de desenvolvimento. Larvas e pupas podem se alimentar unicamente
de fezes para manterem a continuidade do desenvolvimento (SLOSS et al., 1999).
Fezes estas, no caso, tanto de pulgas adultas como de um hospedeiro – matéria
orgânica mais que abundante no ambiente de um zoológico.
1.2 Antiparasitários
O médico veterinário que trabalha com animais selvagens defronta-se
diariamente com o problema de infestação de endo e ectoparasitos, tanto em
aves
como em
mamíferos selvagens.
Para combatê-los
utiliza grupos
farmacológicos distintos, onde cada grupo apresenta um determinado efeito
químico sobre o parasito. Trata-se de fármacos já utilizados em animais
12
domésticos e que agora têm seu uso adaptado aos animais selvagens. Algumas
dessas substâncias químicas já não apresentam resultados satisfatórios, devido à
resistência que os parasitos adquiriram em função do uso indiscriminado por
pessoas não capacitadas profissionalmente. Entre os fármacos mais utilizados
estão os derivados fenólicos, os benzimidazóis, as salicilanilidas, as pirimidinas,
os organofosforados, os imidazotiazóis e as avermectinas (CUBAS et al. 2006).
1.3 Possíveis efeitos tóxicos dos antiparasitários
Apesar da similaridade com os animais domésticos há ainda muitos
aspectos a serem pesquisados pela clínica médica de animais selvagens sobre o
uso de antiparasitários. Tanto no caso de aves como no de mamíferos selvagens,
é necessário uma observação atenta, e que se façam considerações em relação
aos sinais clínicos que possam vir a ocorrer devido ao efeito tóxico de um
antiparasitário. Caso ocorra um quadro de intoxicação, a investigação sobre suas
causas deve incluir diversas variáveis, incluindo desde a possibilidade de sobredosagens, falhas na produção de determinadas partidas de fármacos, o estado de
saúde do animal quando o fármaco foi administrado, até as condições nas quais o
fármaco foi usado, sobretudo porque há substâncias químicas com moléculas de
inseticidas
agrícolas
que
são
utilizadas
como
ectoparasiticida,
como
organofosforados, carbamatos, piretróides e alguns derivados formamidínicos
(SÁ-ROCHA, 2006).
Os derivados fenólicos (tiabendazol, disofenol e nitroscanato) não são
muito utilizados na área de animais de companhia, por induzir hepatites tóxicas
em gatos domésticos. Se adaptarmos esta situação para os animais selvagens, a
13
melhor opção é excluir tais substâncias de qualquer tratamento de felídeos
selvagens. Já as salicilanilidas, como o closantel, ocasionam no animal tratado de
maneira inadequada sinais como apatia, fraqueza muscular, ataxia, insuficiência
respiratória, cegueira e morte. O closantel age desacoplando a fosforilação
oxidativa das células dos parasitos, causando inanição aguda, e posteriormente o
óbito. Todos esses antiparasitários causam o mesmo efeito no parasito e no
hospedeiro e, sendo assim, o efeito tóxico é somente uma questão de dose,
segundo SÁ-ROCHA (2006).
Já os anti-helmínticos agem no sistema nervoso do parasito podendo atuar
também sobre o sistema nervoso do hospedeiro, causando paralisia, depressão,
perda progressiva da capacidade motora, prostração, falta de respostas para
estímulos do meio (como radiação solar excessiva, sons agudos e repentinos,
etc.) e morte por parada respiratória. Dentre alguns anti-helmínticos utilizados
estão os avermectinas, os organofosforados e os imidazotiazóis, como o
levamizol, amplamente administrado em aves na atualidade. Os efeitos desses
anti-helmínticos são explicados pela ação potencializada da neurotransmissão
GABAérgica. O GABA (ácido gama-aminobutírico) é o principal neurotransmissor
inibitório do encéfalo dos mamíferos e das aves (CUBAS et al. 2006).
Já em relação aos organofosforados, a ação se dá pela inibição da
acetilcolinesterase que se encontra nos motoneurônios dos helmintos, causando
paralisia espástica. No caso específico do uso do fenthion, tema abordado neste
trabalho, uma dosagem incorretamente calculada pode ocasionar a inibição
irreversível da acetilcolinesterase nos pacientes medicados. Os sinais clínicos
14
gerados pelo uso inadequado desse princípio ativo são espasmos musculares,
tremores, ataxia e convulsões clônico-tônicas (CUBAS et al. 2006).
15
2. Metodologia
Este estudo experimental iniciou-se em maio de 2005, ocasião na qual
foram selecionados sete tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) adultos
saudáveis, sendo três fêmeas e quatro machos, com massas corporais variando
de 25,00 a 43,00 kg, além de duas fêmeas de antas (Tapirus terrestris) adultas
saudáveis, com média de massa corporal estimada em 180,00 kg.
O objetivo foi testar a eficiência do emprego de uma formulação de
fenthion a 15% (Tiguvon® spot-on – Figura 2) para controle das populações de
carrapatos em Tapirus terrestris e pulgas em Myrmecophaga tridactyla. Trata-se
de um produto comercialmente destinado a bovinos domésticos, porém já
empregado com sucesso e plena segurança por BROTTO et al. (1999) em cães e
gatos domésticos.
Figura 2 – Apresentação comercialmente disponível do fenthion no mercado brasileiro.
16
As aplicações foram padronizadas de acordo com intervalos préestabelecidos, formando-se assim dois grupos. O primeiro foi constituído por três
tamanduás (um casal jovem e um macho solteiro), tratados uma vez a cada seis
meses. Já o segundo grupo, formado por dois casais de tamanduás-bandeira e
duas fêmeas de antas, foi tratado uma vez a cada três meses. Todos os animais
do experimento eram pertencentes ao plantel do Zooparque, zoológico particular
localizado na cidade de Itatiba – SP. Os pacientes do primeiro grupo se
encontravam instalados numa baia do recinto denominado “Savana Africana”, e
no recinto “Cerrado Novo”. Os animais do segundo grupo encontravam-se
separados: as duas fêmeas de antas no recinto chamado “Lagoa do Taim”, e os
outros dois casais de tamanduás num setor destinado especificamente à
reprodução da espécie.
A dose aplicada foi de uma gota (0,03 ml) por kg de peso para cada animal
participante do experimento. O local escolhido para aplicação foi região dorsal,
entre as escápulas, por via tópica (Figura 3). No momento da administração
preocupou-se em acoplar uma agulha (30x7G ou 30x8G ou 40x12G) na seringa
para gerar uma aspersão em fio com maior pressão. A seleção da agulha
dependerá da distância com a qual o médico veterinário irá trabalhar. Foram
usadas luvas de procedimento durante a aplicação do fenthion nos animais,
sendo esta feita no sentido contrário dos pêlos, especialmente nos indivíduos da
espécie Myrmecophaga tridactyla que possuem pêlos muito queratinizados
(Figura 4).
17
Figura 3 - Aspersão de fenthion em anta (Tapirus terrestris), por meio de
seringa provida de agulha 30x8G.
Figura 4 - Aspersão de fenthion em tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla), por meio de seringa provida de agulha 40x12G.
18
As aplicações foram realizadas em horários com temperatura amena e/ou
em dias nublados, tentando evitar assim a rápida absorção do medicamento e,
consequentemente, uma possível intoxicação posterior.
Os
animais
foram
examinados
periodicamente
pelo
médico
veterinário, e observados diariamente pelos tratadores. O acesso fácil ocorreu
somente com as antas por estarem mais condicionadas pelos tratadores, sendo
possível inclusive deitá-las para a realização de exames clínicos mais minuciosos
(Figura 5).
Figura 5 - Anta (Tapirus terrestris) condicionada a deitar-se,
para facilitar a avaliação clínica do tegumento.
Pode-se afirmar que as aplicações de fenthion foram feitas sem qualquer
tipo de problema comportamental. Os animais eram relativamente mansos, salvo
alguns indivíduos da espécie Myrmecophaga tridactyla, que apresentavam
temperamento agressivo. Contudo, a estrutura de seus recintos e seu
condicionamento alimentar possibilitaram transpor o perigo de aproximação
(Figura 6).
19
Figura 6 – Tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) condicionados
a se alimentar em local que facilita a administração de medicamentos.
20
3. Resultados
Para o controle periódico da população de carrapatos em antas e de pulgas
em tamanduá-bandeira os resultados foram satisfatórios para o grupo cuja
aplicação teve intervalos trimestrais. A avaliação macroscópica demonstrou a
eficácia do medicamento neste padrão de intervalo. Já no caso do grupo que
obedeceu aos intervalos semestrais de aplicação de fenthion, os efeitos não
foram satisfatórios apresentando novas infestações dos ectoparasitos combatidos
em cada espécie.
No caso dos ambientes infestados por pulgas, o que ocorreu apenas com
os tamanduás-bandeira do grupo dois, o fenthion não foi eficiente para proteger
os animais e combater adequadamente as pulgas. Desta maneira, assim como
ocorre com os procedimentos realizados com animais domésticos, além de tratar
o ambiente com Assuntol®, os tamanduás foram contidos num puçá (Figura 7) e
tratados com banho de aspersão com um fármaco de ação aguda, o fipronil
(Front-line®).
Figura 7 - Aspersão de fipronil em tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) infestado por pulgas.
21
4. Conclusão
O fenthion (Tiguvon®) apresentou eficácia no controle da população
de carrapatos em antas (Tapirus terrestris) e de pulgas em tamanduás-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla), quando empregado por via tópica na dose de 0,03
ml/kg, em intervalos de três meses. Não foi observado nenhum sinal de efeito
tóxico em nenhum dos pacientes tratados.
22
Referências bibliográficas
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Ltda, 1997.
BROTTO, W.G.; PACHALY, J.R.; CIFFONI, E.M.G; ALVES, R.A.C. Uso de uma
formulação de fenthion a 15% indicada para bovinos no controle de pulgas em
cães e gatos. In: I Congresso de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do
Mercosul, 1999, Foz do Iguaçu. Anais... Curitiba: ANCLIVEPA-PR, 1999. p. 24.
CVE. Informe Técnico – Febre Maculosa Brasileira. São Paulo: Centro de
Vigilância Epidemiológica Prof. “Alexandre Vranjac”, 2002.
HOFFMANN, R.P. Diagnóstico de Parasitismo Veterinário. Porto Alegre:
Editora Sulina, 1987.
PIRES, R.C. Toxicologia Veterinária – guia prático para o clínico de
pequenos animais. Campinas: Edições HP, 2005.
SÁ-ROCHA, L.C. de. Intoxicações.In: CUBAS, Z.S. et.al. Tratado de Animais
Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Editora Roca Ltda., 2006.
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SLOSS, M.W.; ZAJAC, A.M.; KEMP,R.L. Parasitologia Clínica Veterinária. 6ª.
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SOUSA, C.A. Pulgas, alergia à pulgas e controle de pulgas, uma revisão. (trad.
Vanessa Barcellos Duque) Dermatology Online Journal. Califórnia, vol. 3, n. 2,
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Disponível em: http://dermatology.cdlib.org/DOJvol3num2/fleas/fleas-por.ht ml .
Acesso em: 5 jan.2007.
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