UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE VETERINÁRIA
IMPORTÂNCIA DA DESMITE DO LIGAMENTO
SUPRAESPINHOSO NOS DIAGNÓSTICOS DE LOMBALGIA EM
EQUINOS MARCHADORES NO ESTADO DE MINAS GERAIS
Daniel Queiroz França1; Brunna Patrícia Almeida da Fonseca2
1- Estudante de graduação e bolsista de Iniciação Científica PROBIC/CNPq , Universidade Federal de Viçosa
2- Professora Adjunta / Orientadora, Universidade Federal de Viçosa
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
No presente trabalho foram utilizados 14 animais marchadores em
atividade, com idade entre 4 e 17 anos, de ambos os sexos e com histórico
de claudicação e/ou diminuição de performance. Os animais foram
atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa ou
em regiões e municípios adjacentes.
Em cada atendimento os equinos eram submetidos ao exame físico da
região toracolombar (figura 1), composto pela inspeção, palpação, testes
de mobilidade e análise do animal em movimento, segundo o protocolo de
Fonseca (2008). Posteriormente realizava-se o exame ultrassonográfico
utilizando um transdutor linear de 7.5 MHz. Para tal era feita uma
preparação da área a ser acessada, umedecendo os pelos com álcool
etílico e aplicando gel de contato hidrossolúvel para melhor contato com o
transdutor. Foram obtidas imagens longitudinais e transversais à linha axial
dorsal para se obter total acesso às estruturas, como sugerido por Denoix
(1999) e Fonseca (2008). As alterações do LSE foram, então,
caracterizadas em relação à ecogenicidade e paralelismo das fibras.
O LSE possui um padrão ecóico mais fibroso na região lombar; apresenta
fibras longitudinais paralelas, que se tornam levemente oblíquas em sua
inserção no ápice dos processos (figura 2A). Lesões hipoecóicas do
ligamento supraespinhoso são compatíveis com desmites agudas (figura
2B). Focos hiperecóicos, com ou sem sombras acústicas, podem ser
visualizadas no ligamento supraespinhoso e refletem desmopatias crônicas
(figura 2C). Desmites de inserção podem ser identificadas por
irregularidades na superfície dos processos espinhosos, com alterações na
ecogenicidade e orientação das fibras do ligamento (figura 2D).
(A)
(B)
(D)
(C)
FIGURA 2 – Imagens ultrassonográficas longitudinais do LSE e lesões (setas)
compatíveis com desmite. (A) padrão normal do LSE; (B) foco hipoecóico; (C) pontos
hiperecóicos; (D) irregularidade da superfície óssea.
Os resultados do presente trabalho mostraram que 12, ou seja, 85,7% do
total de animais examinados, apresentaram algum grau de lesão no
ligamento supraespinhoso compatível com o diagnóstico de desmite.
Resultado similar também foi encontado por Henson et al. (2007) em um
estudo realizado com 39 equinos. Os autores relataram que todos os
animais examinados apresentaram pelo menos uma imagem sugestiva
de desmite no LSE durante avaliação ultrassonográfica dos mesmos. Os
autores não encontraram diferença entre os grupos de equinos
estudados, independente se eram atletas ou apresentavam sinais
clínicos de dor lombar.
Em relação a distribuição das lesões encontradas, 43,2% acometiam os
segmentos entre T14 e T18 da coluna vertebral (gráfico 1), concordado
com os dados encontrados por Jeffcott (1980), em um estudo de 443
casos; Henson et al. (2007) e Alves et al. (2004).
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Nº de Lesões
Com a grande procura por animais de sela destinados ao lazer familiar e a
competições, observa-se um aumento no nível de exigência atlética dos
mesmos. Devido à tal fato, associado à característica das provas de
marcha exigir resistência, condicionamento e esforço físico do animal, uma
alta incidência de afecções do sistema locomotor é notada, podendo a dor
lombar representar 4,35 a 32% dessas afecções.
A desmite do ligamento supraespinhoso (LSE), dentre as lombalgias, é
uma lesão que acomete mais comumente os segmentos entre T14 e L3 da
coluna vertebral de equinos atletas. O tamanho e a anatomia funcional
complexa, conjuntamente com a alta exigência dos ligamentos que
estabilizam a coluna vertebral toracolombar durante a prática das
modalidades esportivas, parecem estar relacionados às causas dessa
afecção. Entretanto, limitações no diagnóstico e tratamento devido à
dificuldade de realização do exame clínico e exploração das estruturas que
compõem a região toracolombar são associadas a um considerável custo e
possuem um grande impacto na indústria do cavalo. Diante disso o objetivo
do presente trabalho foi avaliar a prevalência da desmite do ligamento
supraespinhoso em equinos marchadores no Estado de Minas Gerais
ressaltando a necessidade da padronização de um exame físico e do
emprego de exames complementares que possibilitem o diagnóstico mais
preciso quanto ao local e característica das lombalgias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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GRÁFICO 1
8
7
6
5
4
3
2
1
0
T10 T11 T12 T13 T14 T15 T16 T17 T18
L1
L2
L3
L4
L5
L6
Local das Lesões
CONCLUSÃO
FIGURA 1 – Testes de mobilidade realizados durante o exame físico dos animais.
O exame detalhado da região toracolombar é de extrema importância no
diagnóstico de desmite do ligamento supraespinhoso, concordando com a
literatura de ser esta a lesão mais prevalente dentre as enfermidades
toracolombares em equinos atletas.
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