O mais importante da equipe
Afirmar que em uma equipe existe alguém mais importante que outro é tão imbecil quanto dizer que
Rodrigo Constantino teria a visibilidade que tem não fosse por Olavo de Carvalho.
A própria frase em si já configura um despautério, pois se existe uma equipe, é impossível que
dentro dela exista alguém “mais importante”.
Na equipe todos têm o mesmo peso. O que ocorre é que as funções são diferentes e em
determinados momentos uma parte da equipe age de maneira mais acentuada ou diversa, ganhando
glamour e exposição. Isso faz parecer aos mais desavisados que esse segmento pode ser mais
importante – nada mais equivocado.
Um dos maiores desafios dos grandes gestores é formatar equipes eficazes e eficientes. Não bastam
pessoas capacitadas e preparadas, é preciso que compreendam o spirit corpus, deixando “egos e
superegos” em segundo plano – em alguns casos isso é simplesmente i-m-p-o-s-s-í-v-e-l.
Casos clássicos verificam-se nos grandes times de futebol que contratam três ou quatro craques e
nada conseguem além de quase caírem para a divisão inferior. Por que isso acontece? Exatamente
porque esses “craques” possuem egos tão grandes que se lhes torna impossível compreender a
existência da equipe.
No Pan-Americano de 1987, a dúvida não era quem seria o campeão do basquete, mas sim quem
seria o vice-campeão, pois todos sabiam que era “impossível” vencer o time dos EUA, porém o
Brasil foi lá e venceu o jogo por 120 a 115. Os próprios americanos se quedaram em quadra
absolutamente incrédulos, isso aconteceu porque eles jogaram com o ego e o Brasil com a equipe.
Aquele time nunca teve um mais importante, Oscar sempre soube disso, por isso se tornou tão
grande.
Por incrível que pareça no mundo corporativo, gestores e líderes com o intuito de “motivar” parte
da equipe – ou por ignorância mesmo- fomentam esse tipo de imprecisão, causando fissuras
impossíveis de serem “remendadas”. O grande diferencial da equipe é justamente “ser uma equipe”,
bem diferente de um “bando”, que nada mais é que um ajuntamento de pessoas sem liderança,
objetivo, motivação, enfim, um bando.
No setor público, principalmente, reclama-se muito da falta de gente. Não há uma repartição sequer
em que todos digam que falta pessoal, porém nunca se vê nenhum dos servidores reclamar da falta
de equipe, mal sabem eles que essa ferramenta lhes proporcionaria a tão almejada redução do
trabalho e otimização da qualidade. Se gente resolvesse a Índia não teria problemas e o Japão não
teria invadido a China.
É muito difícil encontrar equipes trabalhando em corporações e instituições. Geralmente são grupos
de pessoas com algum interesse comum, sem o liame principal que caracterizaria a equipe, qual
seja, o interesse do grupo se sobrepondo às perspectivas individuais.
Para quem ainda não se convenceu de que em nenhuma equipe há o mais importante, peço que
imagine o seguinte: uma corrente liga o ponto “A” ao ponto “B”. Qual elo é o mais importante?
Exatamente, impossível dizer, porque se um deles se romper, comprometerá os demais.
Na equipe é a mesma coisa. Um “exemplo” insólito de equipe são as mãos. Nelas, nenhum dedo é
igual ao outro e juntos fazem um trabalho importantíssimo. Se um falhar, o trabalho do grupo fica
comprometido. Alguém arrisca dizer qual dos dedos é o “mais importante”?
Download

O mais importante da equipe