DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM COMO INSTRUMENTOS NA
FORMAQÄO DO ENFERMEIRO: UMA REVISÄO DE LITERATURA
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMERÍA COMO INSTRUMENTOS EN LA FORMACIÓN DEL
ENFERMERO: UNA REVISIÓN DE LA LITERATURA
*Carvalho da Silva, CM., **Lopes de Azevedo, S., ***Cavalcanti Valente, GS,
****Machado T. F. Rosas, AM., **Marinho Chrizóstimo, M.
*Enfermeiro. Discente do Mestrado Académico em Ciencias do Cuidado em Saúde (MACCS).
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) Universidade Federal Fluminense
(UFF). Niterói (RJ). **Mestre em Enfermagem. Professora adjunta do Depto. de Fundamentos
de Enfermagem e Administracäo (MFE/ E E A A C / UFF). Niterói (RJ). ***Doutora em
Enfermagem. Professora Adjunta do Depto. de Fundamentos de Enfermagem e Administracäo
(MFE/ E E A A C / UFF). Niterói (RJ). ****Doutora em Enfermagem. Professora do Depto.
Metodologia de Enfermagem. Escola de Enfermagem Anna Nery. Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ). Brasil.
Palabras clave: Diagnóstico de enfermería; Enfermería; Enseñanza
Palavras chave: Diagnóstico de Enfermagem; Enfermagem; Ensino
RESUMO
Esta p e s q u i s a a p r e s e n t a u m a revisáo de literatura d o s artigos referentes ao t e m a "Diagnósticos de
E n f e r m a g e m " publicados no período dos a n o s 2 0 0 0 - 2 0 0 7 , e relaciona-os a u m a tendencia, a qual
c a d a v e z t e m se afirmado na prática e nas publicacóes m é d i c a s : o e s t u d o b a s e a d o em evidencias.
Para tal, utilizou-se a m e t o d o l o g i a de p e s q u i s a bibliográfica, utilizando-se c o m o fontes de d a d o s as
Revistas de E n f e r m a g e m nacionais i n d e x a d a s às b a s e de d a d o s LILACS (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciencias da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciencias da
Saúde) e Scielo (Scientific Electronic Library Online). Utilizando c o m o descritor o t e r m o "Diagnósticos
de E n f e r m a g e m " , f o r a m e n c o n t r a d o s 65 artigos. Para a análise d e m o n s t r a m o s a natureza dos
artigos, a titulacáo dos autores, e c o m o estes avaliam a visáo diagnóstica dentro do fazer/ e d u c a r na
Enfermagem,
procuramos
evidenciar
os
principais
teóricos
referenciados,
temáticas
e
proporcionalidade dos a n o s de publicacáo em questáo. P o d e - s e concluir q u e a p r o d u c á o de artigos
n a E n f e r m a g e m , dentro d a t e m á t i c a diagnóstico, t e m - s e a p r e s e n t a d o ainda e m p e q u e n a q u a n t i d a d e ,
e v i d e n c i a n d o a n e c e s s i d a d e de p r o d u c á o e aplicabilidade d e s t a s p r o d u c ó e s , nos c a m p o s da
d o c e n c i a e prática, visto a a f i r m a c á o da E n f e r m a g e m c o m o ciencia.
RESUMEN
Esta investigación presenta una revisión bibliográfica de los artículos s o b r e el t e m a "Diagnóstico de
Enfermería", publicados d u r a n t e los a ñ o s 2 0 0 0 - 2 0 0 7 , y se refiere a una t e n d e n c i a q u e se ha
a f i r m a d o en la práctica y en las revistas m é d i c a s : el estudio b a s a d o en la evidencia. C o n este fin,
h e m o s utilizado la m e t o d o l o g í a de b ú s q u e d a bibliográfica, utilizando fuentes de datos c o m o las
revistas de e n f e r m e r í a nacional i n d e x a d a s a la b a s e de datos L I L A C S (Literatura L a t i n o - A m e r i c a n a y
del C a r i b e en Ciencias de la Salud), M E D L I N E (Literatura Internacional en Ciencias Salud) y S C I E L O
(Scientific Electronic Library Online). Se optó por utilizar el t é r m i n o "Diagnóstico de Enfermería",
d o n d e f u e r o n e n c o n t r a d o s 65 artículos. Para el análisis se puso de manifiesto la naturaleza de los
artículos, la valoración de los autores, y c ó m o estos evalúan el diagnóstico en el hacer/educar en
enfermería. Se d e s t a c a r o n los principales teóricos referenciados, t e m a s y proporcionalidad de los
a ñ o s de la publicación en cuestión. Se p u e d e concluir q u e la producción de artículos de enfermería,
dentro de la t e m á t i c a del diagnóstico, se ha h e c h o incluso en p e q u e ñ a s cantidades, lo q u e indica la
n e c e s i d a d de la p r o d u c c i ó n y aplicación de estos productos en las esferas de la e n s e ñ a n z a y la
práctica, t e n i e n d o en c u e n t a la consideración de e n f e r m e r í a c o m o ciencia.
ABSTRACT
This research presents a review of articles on the topic of "Nursing Diagnosis," published during the
years 2 0 0 0 - 2 0 0 7 a n d refers to a t r e n d w h i c h has increasingly been m e n t i o n e d in practice a n d in
medical journals: T h e study is b a s e d on evidence. To this e n d , we u s e d the m e t h o d o l o g y of a
bibliographic s e a r c h , using data s o u r c e s s u c h as the national nursing journals indexed in the L I L A C S
d a t a b a s e (Latin-American a n d C a r i b b e a n Health S c i e n c e s Literature), M E D L I N E (International
S c i e n c e Literature Health) S c i E L O (Scientific Electronic Library Online). We c h o s e to use the term
"Nursing Diagnosis," that w a s f o u n d in 65 articles. For the analysis it w a s revealed the nature of the
items, the a s s e s s m e n t of the authors a n d h o w they e v a l u a t e d the diagnosis t e a c h i n g of nursing. It
highlighted the m a i n theoretical references, issues of proportionality a n d the years of the publication
in question. It can be c o n c l u d e d that the production of nursing articles, within the t h e m e of the
diagnosis, has b e e n m a d e e v e n in small quantities, w h i c h indicates the n e e d of production a n d
application of t h e s e articles in the fields of t e a c h i n g a n d practice.
INTRODUCÁO
A ciencia da E n f e r m a g e m está b a s e a d a n u m a a m p l a estrutura teórica, e o p r o c e s s o de
Enfermagem
é
um
método,
através
do
qual
essa
estrutura
é
aplicada
á
prática.
A
participagáo do cliente n e s s e p r o c e s s o é de f u n d a m e n t a l importancia, pois oferece subsídios
para o levantamento e validagáo d o s dados, e x p r e s s a n d o s e u s reais problemas, procurando
realizar troca de informagoes,
d e s e n v o l v e r um
de expectativas e de experiencias. A s s i m ,
será possível
plano de c u i d a d o s mais a d e q u a d o e estabelecer resultados atingíveis.
(GOUVEIA; LOPES. 2004)
O p r o c e s s o de E n f e r m a g e m é constituído de um conjunto de e t a p a s : coleta de dados,
diagnóstico de E n f e r m a g e m , planejamento,
i m p l e m e n t a g á o e avaliagáo, q u e focalizam a
individualizagáo do c u i d a d o m e d i a n t e u m a a b o r d a g e m de solugáo de p r o b l e m a s a qual se
f u n d a m e n t a em teorias e m o d e l o s conceituais de E n f e r m a g e m . D e n t r e e s s a s etapas, o
diagnóstico de E n f e r m a g e m tem m e r e c i d o d e s t a q u e por se tratar de u m a etapa dinamica,
sistemática, o r g a n i z a d a e c o m p l e x a do p r o c e s s o de E n f e r m a g e m , significando náo a p e n a s
u m a simples listagem de p r o b l e m a s , m a s u m a f a s e que envolve avaliagáo crítica e t o m a d a
d e decisáo. ( G A L D E A N O , 2 0 0 3 )
O p e n s a m e n t o crítico-reflexivo é u m a cadeia de idéias e conseqüencias, u m a imagem
mental de algo que está presente na realidade e que muitas vezes náo é diretamente
explicitado; é impulsionador de investigagáo e c o n d u z a uma conclusáo a partir de metas
estabelecidas, no qual as crengas t a m b é m devem ser consideradas. Além dos d a d o s e das
idéias c o m o fatores correlatos, a reflexáo, a observagáo e as sugestöes t a m b é m sáo
indispensáveis ao p e n s a m e n t o reflexivo. A reflexáo é u m a agáo para o desenvolvimento
docente e ao estar estritamente relacionada a esse processo promoverá a geragáo de
conhecimento profissional; é u m a estratégia de auto-formagáo, à medida que propicia ao
professor um questionar de problemas e princípios que envolvem sua atividade. A reflexáo
constituí a reconstrugáo da experiencia docente, surge da prática e volta à ela num
constante processo cíclico. (BAIRRAL, 2003)
Utilizando os diagnósticos de e n f e r m a g e m , de uma classificagáo c o m o a da North American
Nursing Diagnosis Association (NANDA), é possível, ainda, o uso de uma linguagem
c o m u m , de estrutura organizada. (GOUVEIA; L O P E S . 2004)
O diagnóstico é "uma f o r m a de expressar as necessidades de cuidados que identificamos
naqueles de q u e m cuidamos. Por exemplo, ao avaliarmos um doente internado e
concluirmos que ele tem alto risco para lesáo de pele, essa afirmagáo - alto risco para lesäo
de pele, ou alto risco para integridade da pele prejudicada - nada mais é do que a expressáo
de uma situagáo do doente que, em nosso julgamento, necessita de intervengáo de
E n f e r m a g e m . Se é uma situagáo que necessita de intervengáo de E n f e r m a g e m , é u m a
necessidade de cuidado. Com isso, podemos, entáo, afirmar que diagnósticos de
E n f e r m a g e m expressam necessidades de cuidados". (BRAGA, 2003)
A NANDA, contribuindo de f o r m a significativa para o desenvolvimento e refinamento dos
diagnósticos de e n f e r m a g e m , tem desenvolvido um sistema conceitual para classificar os
diagnósticos em uma taxonomia. Em 1989, publicou a T a x o n o m i a I e, com base em diversas
avaliagöes, publicou, em 2 0 0 1 , a T a x o n o m i a II cuja estrutura foi aceita em sua conferencia
bienal em 2000. (BRAGA, 2003)
O principal trabalho da N A N D A é direcionar a padronizagáo de linguagem dos diagnósticos.
Padronizar a linguagem é estabelecer um acordo sobre regras para utilizagáo de
determinados termos. A t é 2000, a N A N D A classificava os diagnósticos de e n f e r m a g e m
n u m a estrutura designada T a x o n o m i a I, que era constituída por nove categorias c h a m a d a s
de Padröes de Respostas H u m a n a s .
A classificagáo em Padröes de Respostas H u m a n a s vinha sendo bastante criticada. Em
1994, o Comite de T a x o n o m i a - parte da N A N D A - enfrentando sérias dificuldades para
classificar novos diagnósticos que eram aceitos, reconheceu que era viável u m a nova
estrutura para a classificagáo. Decidiu, entáo, verificar se surgiriam conjuntos "naturais" de
diagnósticos utilizando o método "Q-sort" naturalístico*, cuja primeira rodada concluiu-se na
conferencia da N A N D A de 1994.
A s e g u n d a rodada foi concluída mais tarde, e os resultados foram apresentados na
conferencia de 1996. A estratégia permitiu identificar 21 categorias para classificarem-se os
diagnósticos, e esse era um número muito grande que prejudicaria a sua utilidade c o m o
estrutura de classificagáo.
Em 1998, o Comite de T a x o n o m i a organizou e enviou à diretoria da N A N D A quatro
resultados de "Q-sort", usando diferentes estruturas: a primeira era o resultado do
"naturalístico" realizado entre 1994 e 1996; a s e g u n d a usava a estrutura proposta por Jenny;
a terceira usava a estrutura da Nursing O u t c o m e s Classification ( N O C ) " , e a quarta tinha
corno base os Padröes Funcionais de Saúde. Considerou-se que n e n h u m a dessas
estruturas era c o m p l e t a m e n t e satisfatória, m a s que a dos Padröes Funcionais de Saúde era
a melhor delas. A s s i m , com a permissao da autora, a N A N D A modificou a estrutura dos
Padröes Funcionais de S a ú d e e criou u m a quinta alternativa que foi apresentada a seus
m e m b r o s em 1998.
(9
10)
Nessa conferencia, os m e m b r o s foram convidados a distribuir os diagnósticos já aceitos
entre os d o m i n i o s que essa quinta estrutura previa. Dessa etapa, resultaram 40 conjuntos de
respostas possiveis de serem analisados. Durante a coleta desses dados, o Comité de
T a x o n o m i a anotou os comentarios, questöes e dificuldades expressas pelos participantes,
bem c o m o as sugestöes feitas para melhorar a estrutura em estudo. C o m essas notas e os
conjuntos de respostas, foram feitas modificagöes adicionais à estrutura: divisao de um
d o m i n i o em dois, criagao de d o m i n i o que nao existia e renomeagao de d o m i n i o s para que
melhor espelhassem os diagnósticos neles contidos. Na visao da NANDA, publicada em
2 0 0 1 , a estrutura taxonómica final é pouco parecida com a proposta original de Gordon, m a s
reduziu os erros de classificagao e redundancias a valores muito próximos de zero, o que é
u m a condigao altamente desejável para u m a estrutura taxonómica. ( B R A G A et. al.
G O R D O N , 2003)
A Enfermagem baseada em evidencia tem sua origem no movimento da medicina baseada
em evidencias e é definida c o m o "o consciencioso, explicito e criterioso uso da melhor
evidencia para tomar decisao sobre o cuidado individual do paciente"; requer habilidades
que nao sao tradicionais na pràtica clinica, pois exige identificar as questöes essenciais nas
t o m a d a s de decisao, buscar informagoes cientificas pertinentes à pergunta e avaliar a
validade das informagöes. A intuigao, observagöes nao sistematizadas, principios
fisiopatológicos nao sao desconsiderados, porém nao sao fontes de evidencias com alto
grau de validade. Evidencia é "algo" que fornece provas, e a evidencia pode ser
categorizada em niveis. (CRUZ; P I M E N T A , 2005)
As evidencias devem ser buscadas para sustentar as decisöes clinicas de diagnóstico,
intervengöes e resultados. O ato diagnóstico em Enfermagem tem c o m o foco as respostas
h u m a n a s às enfermidades e seu tratamento e aos processos de vida. A validade das
associagöes entre as manifestagöes apresentadas pelos doentes (dados objetivos e
subjetivos) e o diagnóstico atribuido é ponto fundamental. A prática baseada em evidencia
contribui para a acurácia diagnóstica, pois preve que se busquem resultados de pesquisas
que indiquem essa validade. (CRUZ; PIMENTA, 2005)
Conseguindo unir a prática diagnóstica à E n f e r m a g e m evidenciada, pode-se implementar o
cuidado ao cliente de u m a forma padronizada, visto que o reconhecimento da Enfermagem
c o m o ciencia dá-se pela formagao de diretrizes, dentre estas os Diagnósticos de
E n f e r m a g e m . Sendo assim, torna-se explicita a importancia do ensino desta prática de
forma problematizadora, pois é refletindo e experimentando que o estudante de Enfermagem
poderá desenvolver a competencia de diagnosticar e planejar a as agöes de cuidado, que
consideramos essenciais na formagao do enfermeiro.
METODOLOGIA
Este estudo c o m p ö e - s e de uma pesquisa bibliográfica, o que c o m p r e e n d e u m a revisao
abrangente, profunda, sistemática e critica de publicagöes de E n f e r m a g e m , e possibilita a
criacäo de uma base de conhecimento para pesquisa e outras atividades especiais no
cenário da prática.
De acordo c o m Marconi (2006), a pesquisa bibliográfica consiste no e x a m e da literatura
científica, para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado t e m a .
Através dela é possível ter um domínio da bibliografia especializada, proporcionando
atualizacäo do pesquisador e leitor sobre o assunto em tela.
A selecäo deu-se pela leitura das publicacöes brasileiras de E n f e r m a g e m publicadas entre
os anos de 2 0 0 0 a 2 0 0 7 , que continham artigos que a b o r d a v a m u m a visäo diagnóstica,
através da pesquisa eletrônica, nas revistas indexadas às base de d a d o s LILACS (Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciencias da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional
em Ciencias da Saúde) e Scielo (Scientific Electronic Library Online), acessadas através do
descritor "diagnósticos de E n f e r m a g e m " c o m o indexador.
Foram analisados 65 artigos, dentre os quais 9 (nove) publicados no ano de 2000, 2 (dois)
em 2 0 0 1 , 11 (onze) em 2002, 5 (cinco) em 2003, 5 em 2004 (cinco), 14 (catorze) em 2005, 8
(oito) em 2006 e 11 (onze) artigos referentes ao ano de 2007. ( G r á f i c o 1)
As principais revistas nacionais onde foram encontrados os artigos a g r u p a m - s e na tabela a
seguir ( T a b e l a 1):
RESULTADOS E ANÁLISE
O Processo de Enfermagem caracteriza-se em uma de suas fases na concretizagao de
diagnósticos de Enfermagem através do levantamento de problemas do paciente e/ou o
ambiente que o cerca e interage com o m e s m o . A necessidade de publicagao deste t e m a
um pouco incógnito a muitos enfermeiros a c o s t u m a d o s a u m a prática pouco direcionada por
muitos m o m e n t o s tornou-se presente no pais.
S e g u n d o S A N C H E S (2004, p. 24), na d é c a d a de 1980, a Lei do Exercício Profissionai
atribuiu privativamente ao enfermeiro a prescrigao de E n f e r m a g e m . C o m o , para se
prescrever é preciso que se tenha um problema determinado, muito se quis saber a respeito
dos diagnósticos e da Classificagao formatada pela N A N D A . Embora houvera de fato esta
procura, a autora em seu estudo, verificou que no intervaio entre os anos de 1990 a 1999
existiram a p e n a s 21 publicagoes dentro desta temática.
Os 65 artigos encontrados em nossa busca, e n g l o b a n d o as publicagoes c o m p r e e n d i d a s
entre os anos de 2000-2007 totalizam 162 autores, c o m uma média de tres autores por
publicagao. Seria um número substancial, se nao houvesse o fato de que muitos autores
participam da autoria de mais de um artigo dentre os estudados.
Dentre os autores pesquisados, 9% sao g r a d u a n d o s bolsistas de extensao e/ou monitores
d e disciplina, d e F u n d a m e n t o s d e E n f e r m a g e m o u E n f e r m a g e m Médico-cirúrgica, 1 1 % sao
enfermeiros generalistas, 7 % enfermeiros pós-graduados, 3 2 % Enfermeiros Mestres e 4 1 %
enfermeiros doutores. Pode-se destacar que praticamente todos os autores estao ligados à
docencia, d e m o n s t r a n d o que os profissionais da área assistencial apesar de estarem
afincados dentro do universo diagnóstico na sua prática, precisam contribuir c o m a
divulgagao dos seus achados, publicando, implementando o trabalho do enfermeiro e redescobrindo parámetros de representagao de problemas, intervengoes e resultados.
( G r á f i c o 2)
Graduandos
Enfermeiros
Enfermeiros
Enfermeiros
Enfermeiros
bolsistas de extensao e/ou monitores de disciplina (9%)
generalistas (11%)
pós-graduados (7%)
Mestres (32%)
doutores (41%)
A a b o r d a g e m utilizada na pesquisa dentre os artigos q u e a n a l i s a m o s , disponibiliza-se da
seguinte m a n e i r a : 5 4 % dos artigos elegeram uma patologia ou situagao problema vivida
c o m o t e m a central do artigo, pontuando os principais diagnósticos de E n f e r m a g e m ; 1 0 %
utilizaram-se da validagáo de instrumento de d a d o s dentro dos diagnósticos de
E n f e r m a g e m ; 1 2 % dos estudos c o m p u n h a m - s e de comparagöes entre grupos de análises
onde era levantado um m e s m o diagnóstico de E n f e r m a g e m e c o m p a r a d a s as características
definidoras de cada grupo; 8% retrataram atitudes de profissionais e estudantes frente aos
diagnósticos, suas formulagöes e definigöes; 1 4 % deles foram f u n d a m e n t a d o s no estudo de
um diagnóstico de E n f e r m a g e m eleito, suas características definidoras e fatores
relacionados; a p e n a s 2 % foram c o m p u t a d o s c o m o estudos d e casos clínicos, onde foram
levantados diferentes diagnósticos de E n f e r m a g e m , náo relacionados a uma patologia
específica, m a s a problemas e necessidades de um determinado cliente. ( G r á f i c o 3)
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Patologia ou situagáo e seus diagnósticos ( 5 4 % )
Validagáo de Instrumentos de D a d o s (10%)
C o m p a r a g á o de G r u p o s de análise (12%)
Atitude profissional frente à linguagem diagnóstica (8%)
Estudo de um diagnóstico (14%)
Estudo de caso (2%)
Q u a n t o ao e m b a s a m e n t o dos artigos, t a m b é m foram analisadas as evidencias q u e levaram
ao f e c h a m e n t o dos diagnósticos em questáo, o referencial q u e conduziu às conclusöes.
S e g u n d o C R U Z (2005), na prática clínica, frequentemente, a enfermeira t e m que trabalhar
c o m um número reduzido de manifestagöes, interpretando-as para afirmar um diagnóstico.
N e m s e m p r e os pacientes apresentam todas as manifestagöes de um diagnóstico conforme
elas sáo indicadas em livros textos ou nas classificagöes de diagnósticos de E n f e r m a g e m .
A l é m disso, vários diagnósticos compartilham características definidoras, dificultando o
estabelecimento de diagnósticos c o m alto grau de acurácia.
O b s e r v a m o s que há necessidade de se realizarem estudos que d e m o n s t r e m validade das
relagöes entre as manifestagöes e os diagnósticos, pois as evidencias d e v e m ser buscadas
para sustentar as decisöes clínicas de diagnóstico, intervengöes e resultados, visto que o ato
diagnóstico em E n f e r m a g e m t e m c o m o foco as respostas h u m a n a s às enfermidades e seu
tratamento e aos processos de vida. A validade das associagöes entre as manifestagöes
apresentadas pelos doentes (dados objetivos e subjetivos) e o diagnóstico atribuido é ponto
fundamental. A s s i m , a prática baseada em evidencia contribui para a acurácia diagnóstica,
pois preve que se busquem resultados de pesquisas que indiquem essa validade.
Dentre os principais referenciais utilizados d e s t a c a m - s e as teóricas de E n f e r m a g e m . U m a
das mais citadas foi W a n d a Horta, evidenciada no estudo de O L I V A (2005), que estuda a
atitude de alunos e enfermeiros frente aos diagnósticos de E n f e r m a g e m . A sistematizagao
da assistencia no Brasil iniciou-se com as pesquisas desta teórica, que propós um cuidado
organizado baseado em fases interrelacionadas (histórico, diagnóstico, prescrigao e
resultado). ( Z A N E T T I , 1992)
FARIAS (2000) aborda a Teoria do Auto-cuidado de Dorothea Orem que engloba o
autocuidado, a atividade de autocuidado e a exigencia terapeutica de autocuidado. O
autocuidado, é a prática de atividades iniciadas e executadas pelos individuos em seu
próprio beneficio para a manutengao da vida e do bem-estar. A atividade de autocuidado,
constitui u m a habilidade para engajar-se em autocuidado. A exigencia terapeutica de
autocuidado, constitui a totalidade de agöes de autocuidado, através do uso de métodos
válidos e conjuntos relacionados de operagöes e agöes ( T O R R E S a p u d F O S T E R &
J A N S S E N S , 1999).
O autocuidado é a prática de atividades que o individuo inicia e executa em seu próprio
beneficio, na manutengao da vida, da saúde e do bem-estar. T e m c o m o propósito, as agöes,
que, seguindo um modelo, contribui de maneira especifica, na integridade, nas fungöes e no
desenvolvimento humano. ( T O R R E S apud HORTA, 1999).
O Modelo Conceitual de Myra Estrin Levine aparece nos estudos de PICCOLI (2001) e de
FLORIO (2003). Esta estudiosa caracteriza o h o m e m c o m o um todo dinamico, em constante
interagao com o ambiente; além deste ponto, este modelo preocupa-se com o paciente que
adentra em um estabelecimento de saúde necessitando de assistencia, ou seja, com estado
de s a ú d e alterado. Em seu modelo conceitual, Levine desenvolveu quatro principios de
conservagao: de energia, da integridade estrutural, da integridade pessoal e da integridade
social do paciente. (PICOLLI a p u d L E O N A R D , 2001)
Já o Modelo de KING (1981) pesquisado por V I E I R A (2000) sobre mulheres com filhos
prematuros, desenvolveu, através de sua teoria sobre o Sistema Conceitual, quatro
conceitos centrais, sendo eles: o meio ambiente, a saúde, o ser h u m a n o e a e n f e r m a g e m . O
Sistema Conceitual é c o m p o s t o por tres sistemas interatuantes: o sistema pessoal, no qual
insere a idéia de que cada ser h u m a n o f o r m a um sistema, e de que por meio de interagöes,
esses seres h u m a n o s formarao duplas, pequenos ou grandes grupos, constituindo assim um
outro sistema, ao qual d e n o m i n a de sistema interpessoal. Esses seres h u m a n o s agrupados,
estruturarao organizagöes de acordo com suas necessidades e interesses, f o r m a n d o um
novo sistema, o sistema social ( G E O R G E , 1990). A s s i m , o Sistema Conceitual da teoria
proposta por KING (1981) se baseia nesses tres sistemas interatuantes e dinamicos,
identificando conceitos relevantes dentro de cada um deles. (VIEIRA apud KING, 2000)
Os autores pesquisados tem definigöes particulares a respeito dos diagnósticos, que
a c a b a m c o n s e q u e n t e m e n t e denotando fungöes aos m e s m o s . O Quadro seguinte demonstra
tais definigöes dos autores, que em sua totalidade transferem vantagens ao trabalho
b a s e a d o no diagnóstico do enfermeiro ( T a b e l a 2):
M e s m o com todas estas vantagens, observa-se que em muitos c a m p o s de prática, os
diagnósticos náo sáo implementados, isto é refletido na d e f a s a g e m do cuidar,
desentendimento entre equipes de e n f e r m a g e m acerca dos cuidados, atraso e/ou
inexistencia de cura e educagáo em saúde.
A educagáo em saúde constitui um conjunto de saberes e práticas orientados para a
prevengáo de doengas e promogáo da s a ú d e (Costa & López, 1996). Trata-se de um recurso
por meio do qual o conhecimento cientificamente produzido no c a m p o da saúde,
intermediado pelos profissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas, u m a vez
que a c o m p r e e n s á o dos condicionantes do processo saúde-doenga oferece subsídios para a
adogáo de novos hábitos e condutas de saúde.
Dentro dessa perspectiva, os diagnósticos integram o processo a partir do m o m e n t o que as
intervengöes por eles indicadas influenciam o m o d o de pensar e agir do enfermeiro, que
trabalha objetivando resultados que m u d e m de f o r m a consciente a maneira c o m o o paciente
ve sua s a ú d e e c o m o o m e s m o passará a administrá-la.
C O N S I D E R A C Ö E S FINAIS
A análise dos estudos que se utilizam de Diagnósticos de E n f e r m a g e m classificados pela
N A N D A nos levaram a refletir sobre a necessidade de que o profissional de E n f e r m a g e m
saiba dominar estes conceitos, saber manipular a N A N D A para náo se equivocar no
f e c h a m e n t o do diagnóstico e eleger as melhores intervengöes de acordo com as
necessidades do paciente, d e p e n d e n d o portanto da f o r m a c o m o o processo ensinoaprendizagem ocorre no ambito da formagáo do enfermeiro, o nível de competencias que ele
desenvolverá para melhor implementar este cuidado.
Acreditamos que os enfermeiros ligados à assistencia d e v e m procurar atuar mais
intrinsecamente no uso e na publicagáo deste tema, e p o n d o os seus achados, bem c o m o os
resultados da implementagáo dos cuidados, visto que o b s e r v a m o s neste estudo u m a certa
tendencia no país a formulagáo de artigos com a temática diagnóstica por parte dos
enfermeiros ligados à docencia.
A N A N D A (2006) conceitua o diagnóstico c o m o "um j u l g a m e n t o clinico sobre as respostas
do indivíduo, da família ou da c o m u n i d a d e aos processos vitais, ou aos problemas de
saúde atuais ou potenciais, o qual fornece a base para a selegáo das prescrigöes de
Enfermagem, e
para
o estabelecimento de resultados, pelos quais o enfermeiro é
responsável", sendo assim, é um instrumento imprescindível para o desenvolvimento
assistencial, confirmando a necessidade de formulagáo de estudos clínicos e aplicados em
hospitais, Unidades Básicas de Saúde, nos Programas e nas Secretarias de saúde, náo
s o m e n t e por enfermeiros vinculados à docencia.
S A N C H E S (2005) salienta, e concordamos, que falta ainda a maior divulgagáo e m o m e n t o s
de reflexáo por parte dos enfermeiros em relagáo à classificagáo da prática de E n f e r m a g e m .
Formular terminologia específica d e p e n d e ainda da realizagáo de pesquisas, ampliagáo de
resultados e divulgagáo, bem c o m o criatividade. A educagáo continuada, tanto para
enfermeiros que atuam na assistencia c o m o os que atuam no ensino, é um outro m e c a n i s m o
através do qual se pode atingir mudangas de comportamento.
Concluindo, p e r c e b e m o s que e m b o r a as produgöes científicas sejam poucas, o que se tem
produzido conforma-se em u m a boa qualidade, com informagöes contundentes, precisas e
aproveitáveis sobre este tema, repletos de resultados construtivos, que certamente, muito
contribuiráo para u m a assistencia efetiva de E n f e r m a g e m , com base nas evidencias.
Foi gratificante realizar este estudo, visto que p e r c e b e m o s o quanto é significativa atuagáo
reflexiva do enfermeiro que atua no ensino de graduagáo em E n f e r m a g e m , pois deste
ensino, p o d e r e m o s encontrar náo só a efetivagáo de u m a assistencia h u m a n i z a d a e
completa pelo enfermeiro, c o m o t a m b é m , a publicagáo e o gosto pela pesquisa, levando
para o mercado de trabalho profissionais comprometidos com a contribuigáo cientifica.
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