Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n No 60 n MAIO/2012 CORREIOS 3 ATRAINDO O DESENVOLVIMENTO O estado do Ceará continua um dos principais alvos de investimentos industriais do país. Trinta e duas indústrias entregaram propostas de protocolos de intenções ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial, nas quais pleiteiam a instalação de unidades fabris. Outras nove, já implantadas, esperam apenas definir a data de inauguração Jogos do SESI 2012 Os Jogos do SESI representam uma das maiores organizações esportivas do Brasil, fundamentado na participação e na ação socioeducativa, contribuindo para promoção social e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores das indústrias. Mais de 3.200 trabalhadores/atletas das diversas indústrias Cearenses participam anualmente dos Jogos do SESI, os quais são disputados em 10 modalidades. Contamos com o incentivo da sua indústria para o sucesso dos Jogos do SESI 2012. C M Y CM Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará MAIO 2012 | No 60 ........................................................................................ Competitividade 12 Destaque Empresarial Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF) da Construção Civil promove capacitação para empresas fornecedoras do setor Sustentabilidade 16 Qualidade no trabalho Prêmio realizado pelo SESI reconhece boas práticas e incentiva empresas industriais a adotarem a responsabilidade social 20 CAPA Novo laboratório SENAI inaugurou um moderno laboratório de tintas, que atenderá ao setor da construção civil cearense e da Região Nordeste SISTEMA FIEC | CEDIP | EDITORAÇÃO Solidariedade 28 Foco na primeira infância Revista FIEC realiza ação de responsabilidade social e doa leite em pó às crianças atendidas pelo Iprede brasileiro, a aguardente de cana-de-açúcar acompanha a história cultural do Brasil desde seu descobrimento Sobral 35 Unidade Integrada SESI-SENAI Região Norte do Ceará vai ganhar ainda este ano uma nova unidade do SESI e do SENAI para incentivar mais ainda a indústria dessa área Seções Trigo 32 da cachaça 36 Importância Produto genuinamente de exportar contam, em nosso estado, com CIN e Apex-Brasil para ajudá-las em seus negócios Tintas 26 História E PEQUENAS 08 MICRO Empresas que têm vontade CY K Estado tem dez indústrias em processo de implantação e mais 106 empresas pleiteiam estabelecer seus negócios na 'terra do sol' Mercado externo MY CMY Novas indústrias para o Ceará Câmara Setorial Nova câmara implantada pela Adece vai ajudar nas políticas em prol do desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo MensagemdaPresidência........5 Notas&Fatos..............................6 Inovações&Descobertas.........19 Atletismo | Tênis | Tênis de Mesa | Natação | Xadrez | Futsal | Futebol de Campo | Futebol Soçaite | Voleibol | Volei de Praia Núcleo de Assessoria Técnica em Lazer 3421.5848 | 3421.5809 www.sfiec.org.br/sesi no link do SESI Esporte Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 3 Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita. Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho Serviço Social da Indústria — sesi CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães Instituto Euvaldo Lodi — IEL Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec. org.br), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec Revista da FIEC. – Ano 6, n 60 (mai. 2012) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm. Mensal. ISSN 1983-344X 1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia. MensagemdaPresidência Roberto Proença de Macêdo Desafios do Pacto pelo Pecém A iniciativa do governador Cid Gomes de propor Pecém, para mecânica geral, eletroeletrônica, petróleo e gás, que a Assembleia Legislativa, por meio do seu Conselho de Altos soldagem, calderaria, logística, construção civil, informática Estudos Estratégicos, assumisse a mediação do processo de enga- industrial e siderurgia. jamento da sociedade na implantação do Complexo Industrial e 2. “A cadeia de suprimentos: desde matérias-primas, passanPortuário do Pecém (CIPP) gerou a ideia da construção compar- do pelos alimentos, até os serviços técnicos”. tilhada de um Pacto pelo Pecém. Nesse desafio, temos acumulado uma experiência de mais de dois Esta ação liderada pelo deputado Roberto Cláudio, presidente da anos em um trabalho do IEL, no âmbito do Promimp, Programa Assembleia, dá oportunidade de se criar um Plano de Estado para de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural, o CIPP, capaz de atender à magnitude e à importância desse projeto do Ministério de Minas e Energia (MME). Os empresários do separa o desenvolvimento do Ceará, em uma visão de longo prazo. tor industrial vêm sendo conscientizados e preparados para invesA articulação entre os mais diversos setores interessados leva tir na qualidade e em processos, de forma a atender com padrão à possibilidade de uma grande abraninternacional à grande demanda de gência na abordagem do tema, que produtos e serviços. Na busca do sucesso do possibilita contemplar todos os deta3. “O ambiente de negócios para a lhes envolvidos, discutir amplamente atração dos investimentos privados”. Pacto pelo Pecém, coloco os desafios postos e assegurar que o O compartilhamento de informações projeto tenha começo, meio e fim, e em discussão a necessidade de entre os setores públicos e privados sirva como plataforma de progresso uma autoridade local para a gestão para a integração das grandes cadeias para esta e para as próximas gerações. produtivas é fundamental para a sudo CIPP, capaz de articular o Nós que integramos o setor produperação desse desafio. A FIEC está tivo temos todo o interesse em estar conjunto dos agentes participantes pronta para interagir no que estiver ao juntos e em dar nossas contribuições seu alcance para atuar nas áreas onde para aumentar a velocidade de monta- e de assegurar a unidade e a a demanda industrial ocorrer. gem dessa ação articulada e de imple- agilidade de ação. 4. “Governança do Complexo”. mentação do que precisa ser feito para Reforçamos as colocações feitas ansuperar os desafios identificados. teriormente pelo setor empresarial Observando os desafios listados pelo documento Iniciando o sobre a necessidade de uma coordenação institucionalizada do Diálogo (página 67), que dá a partida no processo de discussão CIPP, com a participação efetiva dos municípios de Caucaia e São para a construção do Pacto pelo Pecém, verifico o quanto o Gonçalo no conjunto de agentes públicos e privados interessaSistema FIEC pode contribuir efetivamente para o sucesso de, dos, tendo em vista a multiplicidade dos problemas que podem pelo menos, quatro deles: ocorrer, tais como a explosão populacional, os efeitos ambientais 1. “A mão de obra, tanto a do canteiro de obras quanto a que vai negativos e as dificuldades logísticas e de mobilidade, garantindo ocupar os postos oferecidos na operação dos empreendimentos”. a boa qualidade de vida da população. Para atender a esse ponto de prioridade absoluta, o SENAI está Na busca do sucesso do Pacto pelo Pecém, coloco em discussão ampliando sua estrutura existente e seu quadro docente para a necessidade de uma autoridade local para a gestão do CIPP, que atuar nas suas instalações atuais e vai construir em regime de seja capaz de articular o conjunto dos agentes participantes e de urgência o Centro de Formação Profissional e Tecnológica do assegurar a unidade e a agilidade de ação. “ “ Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa CDU: 67(051) 4 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 5 q u e a c o n t e c e n o Si s t e ma F I EC , n a Po l í t i c a e n a E c o n omia Importados CIN Estágio Participação bate novo recorde Cearenses participam de missão na Alemanha empresas finalistas do Prêmio IEL >> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected] O Centro Internacional de Negócios (CIN/CE), ligado à FIEC, articulou a participação de 20 empresários cearenses dos setores de energia, alimentos, fármacoquímico e metal-mecânico em missão empresarial brasileira à Feira Hannover 2012, líder no segmento industrial internacional. A feira ocorreu de 23 a 27 de abril. Além da visitação à feira, os participantes tomaram parte de rodadas de negócio e realizaram visitas técnicas a indústrias da área de automóveis, maquinários agrícolas e torneiras, bem como ao Instituto Fraunhofer de Energia Eólica e Tecnologia de Sistemas Energéticos (IWES). A Fraunhofer é a maior instituição de pesquisa aplicada da Europa. A articulação nacional da missão foi do CIN/RS. Foto: ARQUIVO CIN A participação dos produtos importados no mercado brasileiro de bens industriais continua crescendo e bate novo recorde. O coeficiente de penetração de importações, que considera tanto o consumo final das pessoas quanto o de insumos pela indústria, atingiu 22,2% no acumulado dos últimos quatro trimestres encerrados em março. Foi o maior valor da série iniciada em 1996. As informações são do estudo Coeficientes de Abertura Comercial, divulgado pela CNI. O coeficiente de penetração das importações está 0,3 ponto percentual acima do recorde anterior, de 21,9%, registrado no último trimestre de 2011. Segundo a pesquisa, realizada em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), com exceção do ano de 2009, o índice de participação de produtos importados no mercado brasileiro sobe desde 2003 e acumula crescimento superior a 10 pontos percentuais. A Armtec Tecnologia e a Nufarm, empresas clientes do IEL/CE, são finalistas da etapa nacional do Prêmio IEL Melhores Práticas de Estágio 2011. A premiação busca identificar e divulgar as melhores práticas de estágio de modo a estimular diferenciais de mercado e a consequente geração de negócios. Na categoria micro e pequena empresa, a Armtec Tecnologia em Robótica foi a vencedora da etapa estadual do prêmio com o caso do estagiário Alisson Patrick Oliveira Callou, estudante de Engenharia Mecânica da Unifor. A Nufarm, empresa do setor agrícola, foi a vencedora estadual na categoria média empresa, destacando a estagiária Daiane da Silva, do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sindroupas Nova diretoria assume para o quadriênio 2012-1016 O Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas de Homem e Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas) tem nova diretoria para o quadriênio 2012-2016. O presidente Adriano Monteiro Costa Lima, da Maresia, e os demais oito membros da diretoria foram empossados em solenidade realizada em 6 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 16 de abril, na FIEC. Adriano Lima assume o Sindroupas com o desafio de estimular os negócios das empresas cearenses, que vêm caminhando, ao lado de outros do setor têxtil, para se recuperar da crise em 2011, que ainda repercute. O Sindroupas possui atualmente 25 empresas associadas. Indicadores industriais Indústria cearense cresce em ritmo superior ao país Em março de 2012, a indústria cearense apresentou crescimento de 21,58% em seu faturamento, no comparativo com o mês anterior. O acréscimo é superior ao da indústria nacional, cuja variação alcançou 17,3% na mesma base de comparação. No primeiro trimestre de 2012, a indústria de transformação cearense apresentou resultados positivos. A variável vendas totais acumulou expansão de 7,22%, enquanto as exportações industriais cresceram 8,10% e a massa salarial real apresentou variação de 2,9%. Os dados, publicados em 9 de maio, são da pesquisa Indicadores Industriais, realizada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), da FIEC, em parceria com a CNI. AGENDA ................................................... A CNI recebe inscrições para o Prêmio CNI de Economia 2012 de 1º de julho a 31 de agosto. O objetivo da 5ª edição do prêmio é estimular a pesquisa econômica aplicada de alta qualidade sobre a indústria e temas relevantes para o crescimento da indústria brasileira. São duas categorias: Economia Industrial e Inovação e Produtividade. A premiação é de 20 000 reais para o 1º lugar e de 10 000 reais para o 2º lugar, nas duas categorias. Mais informações: www.cni. org.br/premiocnideeconomia. n Responsabilidade social CURTAS --------------------- Ação Global realiza 45 000 atendimentos Foto: GIOVANNI SANTOS O Notas&Fatos Notas&Fatos A Ação Global de 2012, realizada em 5 de maio nas dependências do SESI da Barra do Ceará, promoveu 45 674 atendimentos para um público total de 16 225 pessoas. Por meio de parceria entre o SESI e a TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo, o evento realiza ações de cidadania, saúde, cultura, esporte e lazer para pessoas que nem sempre têm oportunidade de serem providas dessas demandas. Os serviços de saúde, com 8 631 procedimentos efetuados, foram os mais procurados. As atividades de esporte, lazer e cultura receberam 5 597 visitas. O serviço de corte de cabelo atendeu a 3 255 pessoas. As demandas por ações de cidadania promoveram 2 625 atendimentos, enquanto 1 430 pessoas passaram pelas ações de educação. O casamento coletivo realizou o sonho de 76 casais. Este ano, para coroar o encontro, estiveram presentes os atores globais Alexandre Borges, padrinho do projeto, Ricardo Pereira e Fernanda Souza. Esta foi a 19ª edição da Ação Global no Ceará, que contou com a colaboração de 980 voluntários e 62 instituições parceiras. Combustíveis Uso do GNV cresce no primeiro trimestre de 2012 N o mês de março, os veículos automotivos consumiram, em média, 5,4 milhões de metros cúbicos de gás natural veicular (GNV) por dia em todo o país. Depois de um período de estagnação no volume consumido, a comercialização do GNV cresceu e o volume do primeiro trimestre de 2012 superou o de 2011 em 1,28%. Comparando março de 2012 com o mês anterior, o crescimento foi de 2,72%; já com o mesmo mês do ano anterior, de 3,79%. Os dados são de levantamento da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). n O Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), organismo do Sistema FIEC, está cadastrando indústrias cearenses para a edição 2012 do Guia Industrial. A publicação é uma fonte de consulta sobre as empresas industriais cearenses para empresários locais e investidores nacionais e internacionais, objetivando facilitar a realização de negócios. Mais informações para cadastro, orientações e anúncios pelo telefone (85) 3194 1212 ou pelo e-mail [email protected]. n A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará realizou sessão especial de lançamento do Pacto pelo Pecém em 4 de maio. O pacto é uma mobilização estadual promovida pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da AL, para discutir os empreendimentos a serem instalados no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), na região metropolitana de Fortaleza. n Na ocasião do lançamento do Pacto pelo Pecém, o governador Cid Gomes anunciou a intenção de comprar um navio para transporte de até 5 000 veículos automotivos, investindo em cabotagem, isto é, na navegação costeira entre os portos brasileiros. Segundo o governador, a Cearáportos será a responsável pela operação do serviço. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 7 Brasil Trade Para preencher o hiato entre interesse e vontade de competir no mercado externo, empresas dispõem no CE do CIN e da Apex-Brasil M uitas empresas têm vontade de exportar, mas poucas possuem capacidade para competir no mercado externo. Dentre os pré-requisitos para ingressar e, principalmente, se manter no comércio exterior é indispensável dispor de caixa para financiar todo o processo de internacionalização, superar barreiras culturais e de idiomas, bem como adequar produtos e embalagens às demandas dos respectivos mercados-destino. Para preencher o hiato entre o interesse e a experiência em comércio exterior as empresas cearenses dispõem do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), promoveram em maio, na FIEC, a 3ª Rodada de Negócios Brasil Trade. Durante o encontro, cujo objetivo é promover 8 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 as exportações de produtos brasileiros por meio do fomento a parcerias entre trading companies (TC) e empresas comerciais exportadoras (ECE), com foco nas micro e pequenas, ocorreram 75 reuniões de prospecção de negócios. De acordo com a unidade da Apex-Brasil no Ceará, o evento contou com a participação de 20 empresas, sendo sete tradings e 13 dos segmentos de alimentos e bebidas, construção, confecção, artesanato, produtos de higiene e limpeza, casa e construção (decoração) e metal-mecânico. Em comum, cada participante revelou o desejo de ingressar no mercado internacional ou de atingir novos mercados. Fabricante de um sistema patenteado de isolamento térmico metálico com ar estratificado para tubulação – uma tecnologia genuinamente cearense pioneira mundialmente –, a Isotermas Isolantes Térmicos e Conservação de Energia Ltda. fornece para empresas de todo o país. Tem obras em gôndolas abertas, que não permitem manter a qualidade do produto. “Como nossas polpas são 100% naturais, sem conservantes, elas precisam ser mantidas em freezers fechados. O prazo de validade do nosso produto, nessas condições de congelamento, é de seis meses”, explica Pereira Neto. No Ceará, a empresa abastece os mercados de Fortaleza, Aracati, Juazeiro, Sobral e Tianguá. “Mas nosso interesse agora é atingir novos e exigentes mercados, como o mundial”, diz Luiz Almeida. Ele afirma que a empresa já foi procurada por turistas estrangeiros para fornecer a outros países. A presença na rodada de negócios, explica, é para exportar sem amadorismos: “Queremos ajuda profissional para captar lá fora, e com segurança, compradores para nossas polpas, que não deixam a desejar na qualidade.” “ 3ª Rodada de Negócios Brasil Trade Estamos tentando firmar parcerias com empresas de logística para facilitar nossa entrada nesses mercados. “ Impulso ao mercado externo andamento em empresas de âmbito nacional como Natura e White Martins (Pará), Schincariol e Ambev (Maranhão), BRF – Brasil Foods (Pernambuco), Tec Lav – Tecnologia e Lavagem Industrial Ltda. e JBS S/A (Ceará), dentre outras. Conforme o sócio-proprietário e diretor executivo da Isotermas, Raimundo Lima Júnior, o próximo passo é chegar ao mercado externo. “Temos contatos para exportar aos Estados Unidos e a Portugal, a empresas da área de petróleo e a petroquímica. Estamos tentando firmar parcerias com empresas de logística para facilitar nossa entrada nesses mercados”, explica. Segundo o empresário, a tecnologia desenvolvida pela Isotermas é aprovada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e é referendada por investidores coreanos, além de figurar no seleto cadastro de fornecedores da Petrobras. “Vamos mudar para uma nova sede com a intenção de atender às demandas da refinaria e da siderúrgica”, reforça o diretor executivo da Isotermas, que é ligada à Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec). Localizada no bairro de Vila União, numa área de mil metros quadrados (m²), a empresa está migrando para Horizonte, onde ocupará um terreno de 5 000 m². A perspectiva, segundo Lima Júnior, é “multiplicar” a capacidade de produção da empresa, que hoje é de oito quilômetros de tubos por mês, com apenas um turno de funcionamento da unidade fabril. “Com os contatos que iniciamos nessa edição da Rodada de Negócios Brasil Trade, vamos conseguir levar a tecnologia da Isotermas a outros países.” O sonho de exportar é compartilhado pela Polpas Frute – fabricante de polpas de frutas naturais, situada no quilômetro 12 da Via Estruturante, em Caucaia. A empresa, que está no mercado desde 1985, produz aproximadamente 300 000 quilos de polpa/mês e destina praticamente metade de sua produção a comerciantes do Mercado São Sebastião, em Fortaleza. O empresário Luiz Almeida Pereira Neto, sócio-proprietário da Disfrute – braço comercial da Polpas Frute –, afirma que a fábrica também atende à demanda de cozinhas industriais, restaurantes, hotéis e lanchonetes, além da Marinha Mercante do Brasil. A empresa só não fornece a supermercados. É que, nesses estabelecimentos, as polpas são expostas em Raimundo Lima Júnior, sócio-proprietário e diretor executivo da Isotermas Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 9 Também no ramo alimentício, atuando com suplementos alimentares voltados principalmente a dietas clínicas e/ ou hospitalares, a Nutrimed, que possui hoje 80 funcionários atuando exclusivamente no mercado interno, planeja ultrapassar as divisas desse mercado. Segundo o representante comercial, nutricionista Lincoln Viana Rodrigues, a empresa possui um programa de exportação, mas nenhum negócio foi concretizado. “Não tinha ideia do alcance deste encontro. Conversamos com as tradings e vamos levar para a Nutrimed o amplo leque de oportunidades que surgiram a partir dessa rodada de negócios”, antecipa Lincoln Viana. A Néctar Floral é outra empresa cearense que espera ganhar mercado a partir de parcerias com as trading companies participantes da rodada de negócios realizada na FIEC. Localizada no município de Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza, numa área de 10 000 m², a empresa produz mel, própole, extratos vegetais e pastilhas. E já exporta para os Estados Unidos desde 2002, mas, segundo o diretor industrial, Humberto Júnior, a ideia é atingir outros mercados. “Trabalhamos com uma linha de exportação e também a granel. Toda a nossa produção de mel acondicionado em tambores é exportada. Exportamos 15 contêineres/mês, cada um pesando 19 toneladas ou 19 312 quilos”, observa o diretor industrial. “No mercado interno, a empresa comercializa mel a granel e pastilhas para grandes redes de farmácias e supermercados que atuam em nível nacional.” “ Exportamos 15 contêineres/mês, cada um pesando 19 toneladas ou 19 312 quilos. Tradings C onsultoria e trade, a CT Comex trabalha desde 2009 estruturando o processo de internacionalização das empresas. Ajudamos tanto quem busca insumos mais baratos e tecnologia mais avançada noutros países, como investidores interessados em nossas empresas”, afirma o sócioproprietário Carlos Gouveia. A carteira de clientes engloba desde grandes empresas, como a Petrobras, a pequenos negócios como a C A Refrigeração. No primeiro caso, a empresa foi contratada para importar da Alemanha turbinas para empreendimentos nacionais de geração de energia. No outro exemplo, ajudou a empresa a comprar diretamente ao fornecedor, localizado na China, evitando a intermediação por São Paulo. “Encontros como este são muito produtivos para empresas comerciais e industriais e trades. Eles deveriam ocorrer mais vezes, de forma sistemática”, sugere Carlos Gouveia. Aderaldo Gentil da Silva, diretor da Atrios Consultoria e Negócios Ltda., explica que sua empresa atua desenvolvendo projetos para viabilizar negócios e projetos internacionais e também projetos de viabilidade econômica para obter incentivos fiscais no Nordeste. “Hoje, atendemos à Sadia e à Jandaia, dentre outras. O nosso papel como trade é ser um agente de negócios.” “ Carlos Gouveia: "Encontros como este são muito produtivos para empresas comerciais e industriais e trades" Humberto Júnior, diretor industrial da Néctar Floral Peiex A Rodada de Negócios Brasil Trade é uma iniciativa da Apex-Brasil, que integra o Projeto Extensão Industrial Exportadora (Peiex). Criado em 2009, o Peiex é voltado à capacitação de empresas com potencial de exportação. No Ceará, o trabalho é desenvolvido em conjunto com o Nutec e já atendeu a mais de 500 empresas. De acordo com a unidade da Apex-Brasil no Ceará, o núcleo cearense é o maior do Brasil porque, além de receber recursos do governo federal, por meio da Apex, o Peiex recebe também investimentos do governo estadual. O projeto atende, em média, a 280 empresas cearenses por ano. 10 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 SERVIçO A Unidade de Atendimento da Apex-Brasil no Ceará funciona no CIN/CE, localizado no 2° andar da Casa da Indústria, sede do Sistema FIEC. Mais informações com Laís Di Giovanni Bertozo, pelo telefone (85) 3421 5417. PDF estimula competitividade Cinco empresas fornecedoras do setor da construção civil foram certificadas com o prêmio Destaque Empresarial M ais qualidade, competitividade e, claro, maior faturamento para a cadeia produtiva da construção civil no Ceará. A equação é simples e reflete os resultados do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF) da construção civil realizado no estado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Social da Indústria (SESI/CE) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE). Iniciado em novembro de 2010, o programa setorial encerrou seu primeiro ciclo de atividades no último mês de março registrando um volume de 13.430.682,73 reais de negócios efetivados entre 12 empresas-âncora e 28 fornecedoras. 12 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Com o apoio da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), o PDF da construção civil promoveu ao longo de 12 meses capacitações em seis áreas de qualificação e 22 oficinas, num total de 228 horas, envolvendo 392 participantes. Em relação às consultorias, foram 63 diagnósticos e 711 atendimentos, totalizando 1 719 horas. As ações de interação no primeiro ciclo do referido PDF englobaram nove fóruns de fornecedores, um encontro anual, cinco fóruns de suprimentos, um seminário de ofertas, dois encontros de negócios – um deles envolvendo a Vale – e uma reunião de diretoria com quatro fornecedoras. “ A qualificação no PDF, além de alinhar oferta e demanda, reduz a sazonalidade inerente à atividade produtiva. Foto: José sobrinho Em 2011, as negociações entre fornecedoras e construtoras cooperadas somaram mais de 2 milhões de reais por mês. As empresas envolvidas no PDF da construção civil tiveram 22% de evolução na média do grupo. Concernente aos resultados monitorados, outro destaque foi a obtenção da marca de zero acidente de trabalho dentre as fornecedoras participantes do programa. Criado para gerar negócios sustentáveis entre grandes empresas e fornecedores locais – majoritariamente micro e pequenas empresas –, o PDF qualifica as fornecedoras em áreas demandadas pelas empresas compradoras, como qualidade, meio ambiente, segurança e saúde no trabalho, responsabilidade social, empresarial, produção e macrogestão (estratégica, comercial e financeira). O programa visa melhorar a eficiência e a qualidade de produtos e serviços das empresas, tornando-as aptas a atenderem às exigências do mercado. Depois de o balanço parcial ser apresentado na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) por Roberta Reis, gestora executiva do programa no Ceará, no âmbito do IEL, órgão do Sistema FIEC, foram divulgados os nomes das cinco empresas fornecedoras do setor da construção civil cearense que mais se destacaram no primeiro ciclo do PDF da construção, segundo 11 critérios estabelecidos pelas construtoras, que constituem as empresas-âncora do programa. SV Elétrica, Loquicenter, Carmal Madeiras, Alpha Metalúrgica e MG Porto foram certificadas com o prêmio Destaque Empresarial. As cinco obtiveram as melhores pontuações dentre as 28 fornecedoras integrantes do PDF da construção civil. “Além do impacto positivo para a imagem dessas empresas, o reconhecimento é resultado de ganhos para as fornecedoras que mais avançaram com o programa”, observa Roberta Reis. De acordo com a superintendente do IEL/CE, Vera Ilka Meirelles Sales, esse momento de aquecimento da indústria da construção civil requer ações que promovam a qualificação não só dos operários, mas também das empresas fornecedoras. “Elas devem estar adequadamente preparadas para atender às exigências num padrão internacional de qualidade. Esse objetivo vem sendo alcançado por meio do Vínculos, que capacita os pequenos negócios de acordo com as necessidades das corporações que lideram o mercado.” “ IEL, Coopercon e Sebrae com os vencedores do Prêmio Destaque Empresarial Foto: José sobrinho Construção civil Marcos Novaes, presidente da Coopercon/CE Marcos Novaes, presidente da Coopercon/CE, ratificou que o PDF da construção civil está sendo realizado em um momento histórico para o setor. Segundo ele, a fim de suprir de maneira eficaz a grande demanda, é indispensável qualificar as fornecedoras que já estão atuando no mercado local. “Hoje, a cooperativa tem um pacote de 30 fornecedoras, selecionadas pelas nossas associadas. Toda essa iniciativa intenciona que os parceiros tenham melhor condição de assistir as construtoras, fazendo o mercado crescer sem perder o melhor momento da história da construção civil.” A qualificação no PDF, segundo Novais, além de alinhar oferta e demanda, reduz a sazonalidade inerente à atividade produtiva. “Normalmente, na conclusão das obras, existem demissões periódicas. Porém, dessa forma, as fornecedoras preparam-se melhor para migrar de uma obra para outra.” Na lista das fornecedoras que participam do programa estão a Alunobre, Ar Temp, Rochetec, Fortcolor, Coopercon-Belgo, Proserv, Constrgesso, Tok Gesso Construções Ltda., Dutogás, Geobrasil, Prestserv, ABC dos Extintores, Pinte Pinturas, RL Mármores e Granitos, Atual Engenharia, Aço-Bras, Madeireira Rio Branco, SK Bombas, SIG Construções, Osterno Móveis, LAC UP Engenharia, Metal Leste e OCS. As âncoras integrantes do PDF são as construtoras Colmeia, Diagonal, C. Rolim, CRD Engenharia, Magis, Mota Machado, Porto Freire, Cameron, Integral, J. Simões, Manhattan e Bspar. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 13 Criando parcerias. Construindo negócios de valor. E mpresa associada ao Sindicato da Indústria Metal-Mecânica e de Material Elétrico do Estado do Ceará (Simec) e à Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal), a Alpha Metalúgica conquistou simultaneamente duas vitórias importantes na mesma data, conforme seu diretor presidente, José Sampaio de Sousa Filho: “Além do Destaque Empresarial no PDF, nossa empresa foi indicada para receber a certificação na norma de qualidade ISO 9001:2008”. Segundo o empresário, a Alpha Metalúrgica é a primeira empresa do Ceará e a segunda do Norte/Nordeste, no segmento de esquadrias de alumínio, a obter a certificação ISO 9001:2008 e a ser habilitada pelo Programa Brasileiro de Qualificação e Produtividade do Habitat (PBQP-H). “ “ Foto: José sobrinho Além do Destaque Empresarial no PDF, nossa empresa foi indicada para receber a certificação na norma de qualidade ISO 9001:2008. José Sampaio de Sousa Filho, presidente da Alpha Metalúrgica Localizada em posição estratégica entre a capital cearense, Fortaleza, e o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a Alpha Metalúrgica gera 82 empregos diretos na região e tem capacidade produtiva de 15 toneladas/mês na fabricação de esquadrias de alumínio – brises, fachadas pele de vidro e revestimento metálico. Em dezembro, a empresa foi contemplada em dois editais (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Funcap e Financiadora de Estudos e Projetos – Finep) de inovação tecnológica, sendo um na área de tecnologia da informação (TI) e outro na área de energias renováveis – projetos que serão desenvolvidos ao longo de 2012/2013. Mesmo assim, o empresário afirma ter ficado surpreso com a premiação. “Iniciamos no PDF em maio de 2011. O programa já estava em andamento há cerca de dois meses. Ficamos preocupados, pois as demais empresas estavam trabalhando há algum tempo e poderíamos não acompanhar o ritmo, já que o projeto é bastante intenso.” Segundo o empresário, a participação no programa ajudou a divulgar a Alpha Metalúrgica para organizações pertencentes à indústria da construção civil, como Coopercon, Sinduscon e empresas-âncora, inclusive favorecendo o fechamento de negócios. “Nossa expectativa para o segundo ciclo é aprofundar os processos organizacionais. Esperamos também que as relações com fornecedores e clientes sejam ampliadas cada vez mais, não só para a região de Fortaleza, mas difundidas para outros estados.” Competitividade D e acordo com o empresário Geider Alcântara, sócio-proprietário do Grupo Carmal Madeiras, desde que a empresa entrou no PDF da construção civil foram impulsionados o aumento da competitividade e o crescimento interno da empresa. “É bastante expressiva a melhoria da qualidade de nossos serviços e produtos.” Para ele, o reconhecimento da Carmal como Destaque Empresarial na primeira fase do projeto é uma grande conquista, que motiva ainda mais sócios e colaboradores. “Esperamos que esta segunda etapa supere ainda mais as expectativas, 14 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 ampliando o envolvimento dos colaboradores no programa e tornando o nosso processo de qualificação ainda mais consistente.” Criada em 1981 pelo fundador e sócio, Agostinho Alcântara, presidente do Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de Fortaleza (Sindserrarias), a Carmal exerce como principal atividade a industrialização e o fornecimento de produtos e derivados de madeira para setores produtivos do Ceará e de estados vizinhos. A empresa possui em seu quadro de funcionários 42 colaboradores, que estão divididos entre a matriz e o depósito de atacado localizados no bairro Cambeba e nas três lojas de venda no varejo na região metropolitana de Fortaleza. Para a SV Elétrica, participar do programa estimulou a superação, a inovação, a ousadia e a busca da melhoria contínua. A empresa entrou no PDF da construção civil no fim de 2010. Desde então, tem alcançado resultados que fazem a diferença na busca da excelência e no atendimento aos seus clientes. Na era da informação e do conhecimento, a palavra-chave é competitividade. E é essa a expectativa da empresa em relação ao segundo ciclo do programa. Localizado na Avenida Bezerra de Menezes, o Grupo SV conta com uma equipe de 105 colaboradores liderados pela empresária Elza Moreira. Com um grupo de técnicos, engenheiros e profissionais preparados, a empresa atua desde 1990 no ramo de material elétrico, e possui, dentre seus clientes, grandes empresas petrolíferas, construtoras e redes supermercadistas. Ao receber a premiação, o gerente de Logística, Júnior Frota, antecipou: “O próximo passo é caminharmos rumo à ISO 9000”. ÁREA DE ATUAÇÃO ESCOPO DE TRABALHO INDÚSTRIAS OBRAS CIVIS CENTROS COMERCIAIS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRO-SANITÁRIAS INSTALAÇÕES ESPECIAIS SUPERMERCADOS LOJAS E ESCRITÓRIOS COMERCIAIS BANCOS CLÍNICAS E HOSPITAIS Av. Santos Dumont, 3060 Sala 405 • Edifício Casa Blanca Tel 55 85 3244.2278 / 9997.8744 / 9912.6674 Site: contractengenharia.com.br E-mail: [email protected] Melhorias E mpresa que atua no ramo de locação de máquinas e equipamentos e serviços para a construção civil, como guindastes, tratores e escavadeiras, a MG Porto iniciou sua participação no PDF da construção civil por meio da âncora Integral Engenharia. “Está sendo de importância única, pois, mediante as consultorias, descobrimos que devemos sempre estar em busca de melhorar nossos processos, visando à satisfação de nossos clientes e colaboradores”, declara Patrícia Sabino, analista de processos do Departamento de Gestão & Qualidade da MG Porto. Segundo ela, muitos fatores mudaram com a participação da empresa no programa, como a valorização e a interação entre os colaboradores, a organização da empresa e a criação e a documentação de procedimentos. “Foram criados um programa de gestão ambiental e um sistema de verificação e manutenção de qualidade e passamos a ter uma sala de treinamento, dentre outras melhorias.” Patrícia afirma que a expectativa para o segundo ciclo do PDF é que a empresa possa acompanhar a evolução do programa com méritos e destaques, sem esquecer que tudo isso começa com os colaboradores. “Temos a expectativa de qualificarmos cada vez mais.” Atuando em diversas áreas com foco na construção civil, como locação de máquinas, ferramentas e suportes; venda de equipamentos, peças, acessórios de segurança e equipamento de proteção individual (EPI), bem como na prestação de serviços de manutenção, assistência e treinamentos técnicos, a Loquicenter também foi Destaque Empresarial no primeiro ciclo do PDF da construção civil. O empresário Fábio Gaspar Barreto Cavalcante recebeu a comenda da superintendente do IEL, Vera Ilka Meireles. “ Descobrimos que devemos sempre estar em busca de melhorar nossos processos, visando à satisfação de nossos clientes e colaboradores. Patrícia Sabino, analista de processos da MG Porto “ Conquista Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 15 Mundo melhor “ empresariais, mediante o reconhecimento e a difusão de boas práticas, é que o SESI realiza em todo o país a 15ª edição do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho (PSQT), cujas inscrições podem ser feitas até 31 de julho próximo. De acordo com Magalhães, o PSQT compõe o calendário prioritário do SESI e a cada ano ganha mais alargamento e musculatura. “É o único prêmio dirigido exclusivamente à indústria e na, sua 15ª edição, vem comprovar a sua significância para introduzir no ambiente e gestão da empresa o componente da responsabilidade socioempresarial.” Não se pode mais imaginar, que as empresas não tenham em seus modelos de gestão e desenvolvimento a questão da responsabilidade social. “ Francisco das Chagas Magalhães, superintendente do SESI/CE Foto: José sobrinho Lançamento D Atuação sustentável Prêmio SESI Qualidade no Trabalho estimula empresas industriais brasileiras a incorporem a responsabilidade social em suas estratégias empresariais urante a solenidade de lançamento, realizada em 18 de abril, na FIEC, o diretor da John Snow Brasil, Miguel Fontes, ministrou a palestra PSQT 2012 no contexto da responsabilidade social. O foco do trabalho da John Snow Brasil é a gestão estratégica do processo de adoção de conhecimentos, atitudes e práticas voltados à transformação social, por meio de investimentos no mercado socioambiental. Miguel Fontes falou para uma plateia de empresários, gestores e trabalhadores industriais sobre a importância da adoção de práticas sustentáveis nos diversos setores da empresa. Para quem quer começar, diz ele, o maior investimento social que uma empresa pode fazer, num primeiro momento, é aprender. “É conhecer os conceitos sociais, o lado social e que é a empresa que precisa tomar suas próprias decisões. É muito mais uma questão de internalização dos conceitos do que de aparecer bem na foto.” Conforme Miguel Fontes, o PSQT também tem esse papel: “Quando uma empresa é premiada, não é para aparecer bem na foto. Significa que o SESI está dando uma chancela com 'parabéns', atestando que a empresa internalizou o que é desenvolvimento humano e sustentável. Isso tem uma força muito grande. O prêmio traz uma perspectiva de incorporação do lado social e reconhecimento da importância que isso tem para o desenvolvimento da sua própria empresa, da sua família, da sua comunidade”. O diretor da John Snow Brasil lembra que antigamente as empresas entendiam responsabilidade social como caridade, filantropia corporativa. O investimento geralmente era realizado a partir de sobras financeiras, não era uma política. Miguel Fontes: Ações sociais não são gastos, são investimentos" A ntigamente – e ainda hoje – era comum ver nas empresas, sejam públicas ou privadas, a figura do funcionário padrão, aquele trabalhador que cumpria sem atrasos o seu horário de trabalho, não faltava, tinha comportamento exemplar, seguindo determinação dos seus superiores e atuando para o crescimento da empresa na sua função, dentre outras qualidades. Atualmente, muito mais do que o desenvolvimento econômico e funcionários padrões, as empresas estão buscando a sustentabilidade humana e ambiental. Tal fenômeno está relacionado ao papel que as empresas têm de exercer sua cidadania e responsabilidade social intramuros e fora deles. 16 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 “Não se pode mais imaginar, como preconiza a ISO 26 000, que as empresas não tenham em seus modelos de gestão e desenvolvimento a questão da responsabilidade social”, diz Francisco das Chagas Magalhães, superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), instituição componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC) que atua para garantir a saúde e promover a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da indústria, além de fomentar a responsabilidade social nas empresas industriais. Justamente para estimulá-las a incorporem a responsabilidade social como parte integrante de suas estratégias Foto: GIOVANNI SANTOS Paola Vasconcelos Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 17 No entanto, num segundo momento, questionou-se esse modo de agir porque as empresas começaram a ser bombardeadas pelos seus stakeholders, que são os seus grupos de interesse, e o cliente passou a perguntar: “Por que a empresa não paga impostos; por que explora o trabalhador infantil? O próprio funcionário, que era padrão, disse: 'eu sou padrão, mas estou morrendo. Eu preciso dar mais condições à minha família'. E também o governo passou a buscar parcerias porque ele não pode resolver tudo sozinho”. Desde o início da década passada, segundo Miguel Fontes, existe um modelo que se encaixa melhor na perspectiva que o SESI vem trazendo – a cidadania corporativa estratégica. “Não é caridade, não é apenas ter um bom relacionamento com as partes interessadas, mas é a incorporação de entender que a sustentabilidade humana e ambiental foi feita para a própria sustentabilidade do negócio.” Hoje, já se percebem resultados claros em empresas que investem em cidadania corporativa. Ele cita uma pesquisa recente na qual é mostrado que as empresas no topo do ranking em responsabilidade social e cidadania corporativa produzem em média 47 produtos novos por ano, comparados com apenas 12 de empresas que estão abaixo. “Ações sociais não são gastos, são investimentos. Isso muda completamente o raciocínio de como pensamos o social. Antigamente era a ideia de crescer o bolo para depois dividir. Agora, nessa divisão, a gente consegue fazer um bolo muito maior porque as pessoas pensam melhor e estão mais atentas à melhor forma de produção do trabalho”, finaliza Miguel Fontes. Sobre o prêmio O PSQT é um reconhecimento público às empresas industriais brasileiras por ações diferenciadas de gestão e valorização de seus colaboradores. Pioneira no setor, a premiação visa despertar empregados e empregadores para o exercício da cidadania nas relações de trabalho. A coordenadora estadual do prêmio, Helane Chaves, afirma que as práticas inscritas serão avaliadas nas categorias Cultura Organizacional, Gestão de Pessoas, Ambiente de Trabalho Seguro e Saudável, Educação e Desenvolvimento, Desenvolvimento Socioambiental e Inovação. No Ceará, podem concorrer ao prêmio as empresas industriais contribuintes do Sistema FIEC e empresas industriais optantes pelo Simples. São três modalidades de participação: micro e pequena empresa (até 99 colaboradores), média empresa (de cem a 499 colaboradores) e grande empresa (500 ou mais colaboradores). Helane Chaves explica que o prêmio é realizado em duas etapas, sendo uma estadual e outra nacional. O processo de julgamento da etapa estadual ocorre em agosto, com visitas técnicas de 10 de setembro a 12 de outubro. A avaliação da etapa nacional será de 15 a 31 de outubro e a premiação estadual em outubro. No mês seguinte, os vencedores nacionais serão conhecidos. “ “ Foto: José sobrinho O PSQT é realizado em duas etapas, sendo uma estadual e outra nacional. Helane Chaves, coordenadora estadual do prêmio SERVIçO As empresas interessadas em se inscrever podem obter mais informações pelo site www.sesi. org.br/psqt. Inovaçoes &Descobertas Celular enxerga através das paredes Papel impermeável, magnético e antibacteriano Pesquisadores do Centro de Excelência Analógico da Universidade do Texas anunciaram o desenvolvimento de um chip de imagem que tornará dispositivos móveis em aparelhos capazes de enxergar através de paredes, madeira, plásticos, papel e outros objetos. Para conseguir criar o chip de raio-X, os cientistas uniram faixas não utilizadas do espectro eletromagnético e tecnologia de microchips. Espectros eletromagnéticos já são utilizados em alguns produtos, como micro-ondas, para cozinhar alimentos, ou transmitir ondas AM e FM, entretanto, nesse caso, os pesquisadores usaram frequências no campo de terahertz. A radiação na frequência tera-hertz (THz) é apreciada pela área médica por ser não ionizante, ou seja, não produz danos aos tecidos vivos. Além de todo o potencial de “espionagem”, os criadores apostam que a tecnologia poderá servir para diversos outros fins, como, por exemplo, encontrar vigas em paredes, autenticar documentos e identificar notas falsas. No campo médico, a tecnologia poderá ser usada para detectar tumores malignos, diagnosticar doenças mediante rápidas análises e monitorar a toxicidade do ar. As ondas tera-hertz também podem ter aplicações na comunicação, já que permitem que as informações sejam transmitidas e compartilhadas mais rapidamente. Cientistas do Instituto Italiano di Tecnologia (IIT), sediado em Gênova, na Itália, apresentaram no final de abril uma experiência com potencial para revolucionar diversas áreas da indústria. Eles criaram uma maneira de dar propriedades extras ao papel, dentre elas o magnetismo, impermeabilização, fluorescência e a capacidade de combater bactérias. A equipe chegou a esses resultados ao desenvolver um polímero formado por monômeros que consistem em nanopartículas de papel sintetizadas em laboratório. De acordo com a revista Forbes, o polímero pode ser aplicado ao papel por injeção, rolamento, imersão, revestimento ou pulverização. Após serem aplicadas, as nanopartículas mudam instantaneamente as propriedades do papel. O efeito físico sobre o papel depende das nanopartículas utilizadas: se adicionar óxido de ferro, a solução de polímero irá Verniz feito a partir de garrafas de plástico O químico brasileiro Eduardo Alves da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), inventou um processo que transforma garrafas de plástico PET em matéria-prima para a produção de verniz em pó a ser utilizado na fabricação de utensílios domésticos, eletrônicos ou em peças para automóveis. Segundo o cientista, antes de se tornar verniz, as garrafas são trituradas e passam por um processo de degradação que altera o peso molecular. O material passa ainda por outros processos até ser incorporado à fórmula que forma o verniz sustentável. O resultado dos testes mostrou que o material é viável para diversos usos e aderiu bem às superfícies em que foi testado. A inovação, que impede que os resíduos sejam descartados e substitui compostos derivados do petróleo, foi patenteada e levou a última edição do prêmio de pesquisa da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abripet). se tornar magnética; já as nanopartículas de prata farão com que as fibras tornem-se antibióticas. Para Roberto Cingolani, que lidera a equipe, o papel com propriedades antibacterianas poderá ser usado na área de saúde e indústria alimentar e o magnético e fluorescente em documentos oficiais e dinheiro. O papel impermeável poderá proteger documentos importantes e também ser usado em produtos acabados, tais como bancos, painéis, paredes etc. Células solares orgânicas Pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) estão desenvolvendo uma nova técnica para a fabricação de células solares fotoeletroquímicas orgânicas, que são potencialmente muito mais baratas e flexíveis e podem ser aplicadas sobre qualquer superfície. O resultado foi obtido quando os cientistas adaptaram uma técnica de fabricação sequencial, chamada deposição camada por camada, para a fabricação das células solares orgânicas. Os resultados parciais da pesquisa indicam que os filmes finos de multicamadas são candidatos promissores como camadas ativas para células fotovoltaicas orgânicas. Segundo o pesquisador Luiz Carlos Pimentel Almeida, a técnica de fabricação sequencial empregada “imita” o processo de conversão de energia existente na natureza: a fotossíntese. “Ao realizar procedimento análogo ao dos seres clorofilados – em que cada componente básico ocupa uma posição específica numa organização espacial – conseguimos ter maior controle sobre a camada ativa dos dispositivos fotovoltaicos”, diz Luiz Carlos Almeida. Além de dez empresas recém-chegadas, outras 106 pleiteiam a oportunidade de implantar seus empreendimentos na 'terra do sol' ÂNGELA CAVALCANTE S egundo o governo do estado, dez novas indústrias estão instaladas e prestes a ser inauguradas no Ceará. [Uma delas, a Fita Elásticas Estrela S.A., foi inaugurada em 15 de maio]. Juntas, elas somam investimentos da ordem 534,25 milhões de reais e irão gerar 4 405 empregos diretos. Embora, por si só, tais números já sejam animadores para qualquer setor, isso é apenas a 'ponta do iceberg', pois representa uma ínfima parte do desenvolvimento que o segmento industrial proporcionará ao estado e aos cearenses nos próximos anos. 20 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Além das dez empresas recém-chegadas, outras 106 pleiteiam a oportunidade de edificar suas plantas fabris na 'terra do sol'. Dentre elas, 32 já apresentaram propostas de protocolos de intenções, que aguardam a deliberação do Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial (Cedin), presidido pelo governador do estado, Cid Gomes. Os 32 empreendimentos somam aproximadamente 2,6 bilhões de reais. Se todas forem efetivamente implementadas, essas empresas terão impacto isso a demanda é muito grande, ampliando a cadeia de fornecimento no Ceará. E as empresas estão vindo para atender a tal demanda.” De acordo com o presidente do Cede, passou o tempo em que o Ceará e o Nordeste eram considerados ‘terras de perspectiva dura’. “Hoje, nós temos um novo Nordeste e um novo Ceará.” Não fosse isso, por que um grupo como a Vulcabras sairia de um estado tão próspero, como o Rio Grande do Sul, para se implantar totalmente no Ceará?, pergunta. Ele lembra que no momento a Vulcabras emprega 16 000 funcionários em nosso estado. “ Hoje, nós temos um novo Nordeste e um novo Ceará. “ Um novo Ceará direto no mercado de trabalho local, com a criação de mais 5 130 empregos. De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Cede), Ivan Bezerra – industrial de tradição no estado no ramo têxtil que exerce também o cargo de 1º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) –, na pauta do Cedin, onde ele também tem assento, constam ainda nove aditivos a protocolos de intenções, que são modificações e melhorias nos protocolos originais, e mais 19 propostas de protocolos em execução. “No total, temos 28 empresas com propostas de resoluções para serem aprovadas. São empresas que já deram início à construção de suas fábricas, gerando 765 empregos, e que somam investimentos em torno de 54,3 milhões de reais”, estima Ivan Bezerra. Os dados fornecidos pelo Cede indicam, segundo seu titular, a ocorrência de um inédito fenômeno vivenciado pelo Ceará: a migração em massa de parques fabris e grandes grupos empresariais do Sul do país para o semiárido nordestino, mais especificamente para o nosso estado. Esses empreendimentos estariam sendo atraídos por causa dos benefícios oferecidos pelo governo, incluindo os incentivos fiscais, somados a outras vantagens competitivas, como localização e infraestrutura portuária e logística, e a perspectiva promissora que se instalou por aqui com a chegada de empreendimentos estruturantes como refinaria, siderúrgica e termelétrica, além da transposição da bacia do Rio São Francisco e da Transnordestina, dentre outras promessas. “Nós temos benefícios ótimos; temos a posição logística favorável na qual o Ceará se encontra. Além disso, temos um porto com navios constantemente indo para Europa e Estados Unidos, que gastam apenas seis a sete dias de viagem até o destino. Enquanto que do Sul do Brasil para a América ou a Europa são gastos de dez a 12 dias. Então, já temos uma economia de três a quatro dias em relação a estados da região Sul”, calcula o presidente do Cede. Outro fator apontado por Ivan Bezerra para explicar a busca das indústrias pelo Ceará é o crescimento do poder de consumo da população nordestina. “De três anos para cá, a região se encontra em um momento no qual o poder aquisitivo está cada vez mais alto. Por Foto: José sobrinho Atração de indústrias Ivan Bezerra, presidente do Cede A Vulcabras emprega hoje 16 000 funcionários no Ceará Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 21 Fato semelhante ocorreu com a Grendene, que emprega aqui 22 000 funcionários e também deixou o Rio Grande do Sul. “Outra empresa de calçados – a Paquetá – se transferiu para o Ceará há oito anos e tem hoje quatro indústrias instaladas que empregam 4 500 pessoas. E olha que ela está dobrando para 9 000 o número de funcionários”, anuncia Ivan Bezerra, para quem estamos em outro Ceará: “No Ceará que tem o Porto do Pecém, que possui uma logística para o mundo todo muito fácil e barata. Nós temos dois portos muito bons, com custo muito pequeno. É outro Ceará e, consequentemente, outro Nordeste. Atualmente, o crescimento nordestino é maior do que o crescimento brasileiro”. As experiências bem sucedidas de grandes empresas no estado também são atrativos irrefutáveis, na opinião do secretário. “O presidente do Grupo Marisol, Vicente Donini, por exemplo, se deu muito bem aqui e agora está trazendo uma fábrica de calçados do Rio Grande do Sul. Ele já avisou que logo trará boas novidades.” Segundo Ivan Bezerra, quem já veio para o Ceará dá informações a outros empresários. “Tem industrial que garante que não quebrou porque veio para cá. Alguns dizem que os benefícios fiscais e o mercado deram condições de sobrevivência a suas empresas.” Essas experiências de uns para outros formam uma corrente que gera muitos frutos para o estado. “Sou também empresário e tenho empresas subsidiadas, que recebem benefícios do governo do estado. A Grendene possui 22 000 funcionários no Ceará Então, sei o quanto a empresa pode se desenvolver em função desse subsídio”, atesta. Vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) há 14 anos e há 30 anos no mercado nacional com a Têxtil Bezerra de Menezes (TBM), o presidente do Cede possui articulação nacional no setor industrial, transitando com natural facilidade nos negócios e na política do governo Cid Gomes. Isso lhe possibilita saber em primeira mão das intenções de empresas que planejam se transferir para o Ceará. Empresários de Santa Catarina já confidenciaram a Ivan Bezerra que pretendem migrar para o Ceará, a fim de fugir dos impactos negativos causados pelas constantes cheias e pela falta de mão de obra. “Eles dizem que existe semana de passar três dias sem ter como os funcionários irem para a fábrica por causa das enchentes. Há empresário com empresas no Ceará e em Santa Catarina que pretende vir de vez para nosso estado porque a mão de obra é farta e a produtividade do cearense é muito maior”, confidencia. Com a vinda de boa parte do parque fabril catarinense para o Ceará, ele estima que nos próximos dois anos o estado poderá chegar à posição de segundo ou primeiro polo têxtil do Brasil. Defensor dos incentivos fiscais, Ivan Bezerra planeja torná-los mais atraentes no Ceará em relação a outros estados nordestinos. “Já estou com um pleito para levar ao governador, mostrando o que os outros estados oferecem e o que nós estamos ofertando. Nós estamos aquém. Então, estou levando uma proposta de aumentarmos e nunca ficarmos abaixo dos demais”, adianta. Para ele, ao conceder incentivos fiscais, o estado ganha de maneira indireta – o que compensa a redução na arrecadação de impostos. “Se a empresa não está aqui, não tem imposto. O estado não arrecada nada, não há emprego. Ora, se a empresa oferece empregos, já é muita coisa. E existe a arrecadação indireta. Uma empresa que emprega mil pessoas, propiciará cerca de 3 000 refeições por dia aos funcionários. Quanto circularia em dinheiro, gerando novos empregos e injetando recursos no mercado? E quanto de imposto o estado estaria recebendo? E esses funcionários todos ganhando dinheiro, quanto gastariam? Dessa forma, o estado recebe indiretamente”, defende Ivan Bezerra. Filho de Juazeiro do Norte, no Cariri, o empresário tem se empenhado pessoalmente em melhorar o perfil industrial daquela região. “Em Juazeiro, existia um distrito industrial nominal. Sem indústria. Porque não tinha sequer o acesso. Na gestão do Cid Gomes, nós asfaltamos e criamos acesso e hoje são aproximadamente 300 hectares, todos loteados, cedidos para indústrias de calçados, de alumínio, de móveis e de confecção. Ou seja, 100% já comprometidos. Já estamos pensando em aumentar essa área do Distrito Industrial (DI).” Além da ampliação anunciada para o DI de Juazeiro, está nos planos do governo criar outros distritos industriais, além dos existentes em Maracanaú (três), Jaguaribe, Juazeiro do Norte e Sobral. O de Acopiara, em andamento, tem previstas 31 indústrias, que vão gerar em torno de 1 700 empregos diretos. Outros municípios cotados para ganhar distritos industriais, segundo o secretário, são Iguatu e Tauá. “Iguatu é uma região muito central e Tauá irá puxar a região dos Inhamuns para esse distrito, pois o município sozinho não avança. É preciso haver um aglomerado de localidades que se abasteça nele”, justifica Ivan Bezerra. Além das ações locais e da articulação nacional para ampliar o parque fabril cearense, o estado prospecta internacionalmente. “Estamos vendo a possibilidade de trazer uma fábrica de automóveis coreana para cá.” www.bnb.gov.br Com o nosso apoio, tem outra coisa que a sua indústria não vai parar de produzir: desenvolvimento. Para quem quer investir na Indústria, não faltam oportunidades nem o apoio do Banco do Nordeste. Com o Banco do Nordeste, empreendedores de diversos setores têm crédito com as melhores condições do mercado. São juros mais baixos, prazos mais longos e apoio técnico para implantar, ampliar ou modernizar negócios de todos os portes. E se o investimento for no semiárido, as condições são ainda melhores. Então, fique atento. No Nordeste, as oportunidades estão por todos os lados. SAC Banco do Nordeste • Ouvidoria: 0800 728 3030 EVOLUÇÃO DA ATRAÇÃO DE INDÚSTRIAS AO CEARÁ Política industrial B ase da política industrial do estado do Ceará, o Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), criado em 1979, mantém um sistema de incentivos fiscais que, além de promover a atração de indústrias ao estado, estimula as empresas a se instalarem no interior cearense. Dentre os critérios para conceder benefícios, o FDI prevê que quanto mais longe a empresa se instalar da capital, Fortaleza, maior será a redução do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que pode chegar a 75% do total do imposto a ser pago. Também há outros requisitos como número de empregos gerados e o Produto Interno Bruto (PIB) do município onde a indústria irá se instalar. Quanto maior o número de postos de trabalho oferecidos pela empresa e quanto menor o PIB municipal da planta fabril maior será a isenção de impostos. Indústrias implantadas 15 Empregos gerados N Perfil da indústria cearense ENTENDA MELHOR: O Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial (Cedin) é presidido pelo governador e tem como conselheiros os presidentes do Cede e da Adece, além dos secretários da Fazenda, de Planejamento e Gestão e Desenvolvimento Agrário. 34.000.000 336 Maracanaú Abl Indústria Têxtil Ltda. Fabricação de artigos têxteis, tecidos de malhas e confecções 13.414.243 1 502 Maracanaú Fitas Elásticas Estrela S/A Fabricação de fitas elásticas, (inaugurada em 15/5) fios, etiquetas e bojos Morada NovaCoopershoes - Cooperativa de Fabricação de calçados e Calçados e Componentes componentes Joanetense Ltda. Itaitinga Cbl Colchões Brasileiro Fabricação de colchões de Leite Ltda espuma e de molas 300.000.000 308 28.641.409 766 C M 5.590.798,18 200 Y CM Fortaleza Companhia Industrial de Vidros - CIV Fabricação de embalagens de vidro (garrafas) 15.572.626 141 Pindoretama Companhia Brasileira de Bebidas Premium Produção e envase de bebidas (cerveja e refrigerantes) 34.034.000 210 Pacajus Malwee Malharias Ltda. tecidos de malhas e confecções Fabricação de artigos têxteis, 20.000.000 500 Maracanaú Globalpack Indústria e Comércio Ltda. Fabricação de embalagens plásticas, frascos, tampas, etc. 3.000.000 102 80.000.000 340 MY CY CMY K Caucaia (Cipp) Aeris Energia S/A Fabricação de pás, turbinas para geração de energia eólicas FoNTE: CEDE 24 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 2011 Total de 2007 a 2011 14 20 37 24 110 1 445 1 897 4 662 4 010 13 723 154,46 244,47 457,17 102,48 1,05 bi Estrutura econômica e industrial do Ceará - 2009 Economia cearense Indústria cearense Estrutura industrial Fonte: IBGE – Contas Regionais Nº EMPREGO (PROTOCOLO) Fabricação de elásticos 2010 R VALOR DO INVESTIMENTO (PROTOCOLO) Zanotti Pacatuba S/A 2009 espondendo por 24,5% da economia do estado e com 73,9% das empresas concentradas na região metropolitana de Fortaleza, a indústria gera 334 000 empregos no Ceará e é responsável por 64,5% das suas exportações. Os segmentos têxtil e vestuário, calçados, alimentos e bebidas, mais a construção civil, concentram 75% dos empregos gerados pela indústria cearense. Os cinco principais setores exportadores são calçados, couros, castanha de caju, ceras vegetais e fruticultura, que respondem por mais de 75% do total exportado. Indústrias instaladas Pacatuba 99,8 2008 FoNTE: ADECE 2007 e 2011, foram criados 13 723 empregos no Ceará por empresas atraídas pela política industrial do estado, que geraram um volume de investimentos estimados em 1,05 bilhão de reais. MUNICÍPIO RAZÃO SOCIAL SETOR 1 709 Volume de investimento (R$ milhões) Balanço o ano passado (2011), foram analisados pelo Cedin 255 pleitos referentes ao FDI. Dentre eles, foram aprovados 92 novos empreendimentos, com protocolos de intenções firmados, somando investimento da ordem de 3,99 bilhões de reais no Ceará, com perspectiva de geração de 9 629 empregos diretos, beneficiando 29 municípios cearenses. Os projetos mais expressivos, considerando o volume de investimentos privados atraídos, concentram-se nos segmentos de geração de energia, produção de biocombustível, cimento e louças sanitárias, além de uma montadora de veículos. Entre 2007 Elaboração: SFIEC / INDI / UEE Foto: GIOVANNI SANTOS De fato, a reputação do SENAI é fator de atração em muitos ramos de negócio. E, no setor de tintas, não seria diferente. É o que atesta o proprietário das Tintas Fênix, Alexandre Santana. Ele veio da Bahia para conferir in loco o empreendimento. “Somos usuários do SENAI em Salvador e conhecemos a excelência dos seus serviços. Depois de ver os equipamentos do laboratório, afirmo que usaremos seus serviços, em vez de enviar os testes para São Paulo.” O laboratório será estratégico para o desenvolvimento da indústria de tintas da região Nordeste SENAI inaugura laboratório Obra possui equipamentos únicos no Ceará e atenderá a indústrias de toda a região Nordeste O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE), entidade componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC), inaugurou no final de abril o Laboratório de Ensaios em Tintas Imobiliárias do Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, unidade no bairro Jacarecanga. O espaço é uma parceria do SENAI/CE, SENAI Nacional e Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica). Segundo o gerente do centro, Sebastião Feitosa, foram investidos na obra 850 000 reais, valor compartilhado com as três entidades. “O laboratório, voltado para a construção civil, é mais um aliado das empresas no cumprimento das exigências do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e também atende às normas da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).” O projeto, iniciado em 2009, contempla equipamentos únicos no Ceará e será estratégico para o desenvolvimento da indústria de tintas da região Nordeste. Segundo Ailton 26 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Grande, diretor Setorial de Tintas do Sindquímica, a região é um importante polo produtor e consumidor de tintas. São 87 indústrias: 32 localizadas no Ceará, a maioria na grande Fortaleza. “O laboratório vem ao encontro das necessidades do setor no tocante à realização de testes de qualidade. Até agora, quando as empresas locais necessitavam examinar os produtos desenvolvidos nas fábricas, precisavam enviar as amostras para o SENAI de São Bernardo dos Campos, em São Paulo”, diz Ailton. “O laboratório do SENAI/CE foi equipado para ser capaz de fazer os mesmos testes. Dessa forma, as empresas vão economizar tempo e dinheiro.” Segundo Lea Pereira, diretora de Gente e Gestão da Hidracor, uma das maiores indústrias de tintas do país, os resultados dos testes levam mais de 30 dias para ficar prontos. Mas, com o novo laboratório, ela prevê que o prazo cairá pela metade. “Tem também a questão do custo, que se acredita terá redução de 50%, sem perder a qualidade dos exames, uma vez que os equipamentos são de última geração e levam a chancela do SENAI, cuja qualidade é internacionalmente conhecida.” Foto: GIOVANNI SANTOS Lea Pereira, diretora de Gente e Gestão da Hidracor Alexandre Santana: "Depois de ver os equipamentos, vamos usar os serviços do laboratório, em vez de enviar os testes para São Paulo” Foto: GIOVANNI SANTOS “ Os equipamentos são de última geração e levam a chancela do SENAI, cuja qualidade é internacionalmente conhecida. “ Indústria de tintas Segundo o diretor regional do SENAI/CE, Francisco das Chagas Magalhães, o empreendimento, que contará com a certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é mais uma ação da entidade visando atender às exigências do setor produtivo da construção civil: “Nossa missão é ir ao encontro das demandas da classe empresarial. No caso do laboratório, contamos com as orientações do Sindquímica para nortear nossas ações, a fim de cumprirmos rigorosamente as normas e as exigências que nos mantêm como promotores de produtos e serviços com alto valor agregado e eficiência”. Serviços técnicos e tecnológicos do Laboratório de Ensaios em Tintas Imobiliárias do SENAI Jacarecanga Tintas econômicas Determinação de resistência à abrasão úmida sem pasta abrasiva – NBR 15078 Determinação do poder de cobertura de tinta úmida – NBR 14943 Determinação do poder de cobertura de tinta seca – NBR 14942 Tintas standard e premium Determinação de resistência a abrasão úmida – NBR 14940 Determinação do poder de cobertura de tinta úmida – NBR 14943 Determinação do poder de cobertura de tinta seca – NBR 14942 Tintas: outros ensaios Determinação da porosidade em película de tinta – NBR 14944 Determinação de massa específica – NBR 5829 Massas niveladoras Determinação de resistência a abrasão de massa niveladora – NBR 15312 Determinação de absorção de água da massa niveladora – NBR 15303 Esmalte sintético Determinação de brilho – NBR 15299 Determinação do poder de cobertura em película de tinta seca obtida por extensão – NBR 15314 Determinação de teor sólido – NBR 15315 Determinação de tempo de secagem de tintas e vernizes por medida instrumental – NBR 15311 O Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida está localizada na Avenida Padre Ibiapina, 1280, Jacarecanga. Telefone: (85) 3421 5300; e-mail: [email protected] O Sindbebidas reconhece o valoroso trabalho realizado pela indústria cearense e presta sua homenagem a todos os que fazem o setor, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do nosso Ceará. Juntos, é possível construir um estado cada vez mais forte. 25 de maio. Dia da Indústria. Solidariedade A Foto: GIOVANNI SANTOS Instituição filantrópica, recebeu da Revista da FIEC doação de leite em pó. Trata-se de uma ação de responsabilidade social do veículo de comunicação 28 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 “ Fizemos a ampliação para o Iprede que também atua de forma integrada para desenvolver a primeira infância, período de zero a seis anos. Sulivan Mota, médico “ Iprede muda foco de atendimento Revista FIEC, veículo de comunicação institucional do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), fez a doação de 70 quilos de leite em pó ao Instituto de Promoção da Nutrição e do Desenvolvimento Humano (Iprede), instituição que há 26 anos assiste crianças em Fortaleza. A doação é uma ação de responsabilidade social levada a efeito pela publicação, que destinou parte da arrecadação mensal em publicidade para o instituto. O presidente do Iprede, Sulivan Mota, e a diretora-secretária, Glória Marinho, receberam o produto, distribuído às famílias das crianças atendidas pela entidade. Conforme o médico pediatra Sulivan Mota, o Iprede atende a cerca de mil crianças por mês e, desde 2006, passou a incluir também a família nos seus programas e projetos, o que representou a mudança do seu foco de atuação. “Fizemos a ampliação daquele Iprede que dava assistência a crianças com desnutrição para o Iprede que também atua de forma integrada para desenvolver a primeira infância, período de zero a seis anos”, explica Sulivan. No último mês de março, a instituição anunciou sua transformação no Iprede-Instituto da Primeira Infância. A mudança tem a ver com a diminuição dos índices de desnutrição infantil no estado. Ele explica que no cenário da criação do Iprede, em 1986, apenas cem crianças em cada mil nascidas no Ceará tinham possibilidade de alcançar um ano de idade e 30% das crianças desnutridas tinham sequelas de crescimento. Depois de mais de 20 anos, Sulivan destaca que a desnutrição ainda está presente, mas de forma residual, atingindo de 6% a 7% das crianças, além de taxa de mortalidade infantil abaixo de 20 por cada mil nascidos. O foco na primeira infância não exclui o tratamento de crianças desnutridas, mas amplia para o desenvolvimento das estruturas física e psíquica e das habilidades sociais da criança. O presidente do Iprede explica que a primeira infância é a base para todas as aprendizagens humanas e que pode determinar as contribuições que a criança trará à sociedade quando adulta. A questão da nutrição é considerada fundamental para o Foto: GIOVANNI SANTOS período, por isso a instituição continua realizando o tratamento dos distúrbios nutricionais, como a desnutrição e a obesidade. Vem daí a importância de incentivar o crescimento cognitivo, o desenvolvimento da linguagem, habilidades motoras e adaptativas e aspectos socioemocionais. “Para que tudo isso ocorra, existe uma figura de fundamental importância na vida da criança – a mãe.” Além da média de mil crianças atendidas mensalmente, cerca de 800 mães são assistidas pelo Iprede. Na criançada, são realizados o acompanhamento do peso e o tratamento do nível de desnutrição, como também dados suportes de saúde, psicológico e social por uma equipe multidisciplinar. Serviços especializados, como mediação, psicomotricidade, psicoterapia em grupo e assistência social, dentre outros, são oferecidos às crianças e às mães. O trabalho realizado com mães tem conseguido progresso no desenvolvimento infantil e uma mudança de realidade social de muitas famílias. Isso porque a instituição, além de capacitá-las a cuidar dos filhos, as orienta sobre alimentação, higiene e segurança e estimula o vínculo afetivo entre eles. E mais: capacita a mãe profissionalmente para o mercado de trabalho. São 30 cursos, que vão da alfabetização à informática. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 29 Primeira infância H Foto: GIOVANNI SANTOS “ á um crescente reconhecimento internacional de que os primeiros anos de vida de uma criança são de fundamental importância para toda a sua vida. Um dos maiores especialistas em efeitos da educação na vida econômica dos países, James Heckman, prêmio Nobel de Economia em 2000, defende que as nações invistam na primeira infância. Segundo ele, situações de vulnerabilidade nessa fase, quando não tratadas, conduzem a dificuldades futuras de aprendizagem e na esfera social. Por meio de estudos iniciados nos anos 60, Heckman, com um programa de educação com crianças e que envolveu também os seus pais, chegou à relação impactante de que cada dólar investido no programa deu um retorno de nove dólares para a sociedade. Segundo ele, o investimento Como resultado de outro curso que fiz no Iprede, comecei a vender bolo aos meus vizinhos e agora estou fazendo este de sobremesa. Cozinha pedagógica As crianças e suas famílias são assistidas por uma equipe de médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, pedagogos, psicomotricistas e psicólogos, dentre outros. O Iprede também é escola para alunos de diversas universidades. Além de conhecer as características de uma alimentação saudável para os filhos, as mães também têm oportunidade de aprender e se capacitar para gerar renda em cursos na área de culinária na cozinha pedagógica. Como ajudar o Iprede O Aprendendo e brincando SERVIçO Iprede: Rua Professor Carlos Lobo, 15 Cidade dos Funcionários Telefone: (85) 3218 4000; www.iprede.org.br FotoS: GIOVANNI SANTOS Foto: GIOVANNI SANTOS 30 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Atendimento especializado Carmélia Fernandes Chagas, dona de casa s recursos do Iprede, que é uma instituição filantrópica, têm origem em doações da sociedade e também em atividades autossustentáveis. Leite em pó é uma de suas maiores necessidades, já que o instituto distribui, por dia, cerca de 250 latas às crianças em tratamento. A instituição possui um centro de eventos para locação, realiza cursos à comunidade em geral, é prestadora de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) e recebe doações de alimentos não perecíveis e de objetos novos e usados. Joana D'arc Alves: "O Iprede é uma mãe para a minha família" na primeira infância – zelando pela saúde das crianças e educando os pais a serem pais de verdade – é o meio mais eficiente para garantir êxito na escola, reduzir a criminalidade e os gastos com medidas socioeducativas para remediar deficiências na juventude e na vida adulta. Outros estudos demonstram que é durante a primeira infância que o cérebro humano desenvolve a maioria das ligações entre os neurônios. Até os três anos de idade, as cerca de cem bilhões de células cerebrais com as quais uma criança nasce desenvolvem um quatrilhão de ligações, o que diz respeito à alta capacidade de aprendizagem e desenvolvimento. O número é o dobro de conexões que um adulto possui. Aos quatro anos, estima-se que a criança tenha atingido metade do seu potencial intelectual. Veja algumas ações realizadas pelo Iprede “ A dona de casa Carmélia Fernandes Chagas, cujo filho de 11 anos é atendido pelo ambulatório de obesidade infantil, é uma das senhoras que estão tendo a oportunidade de se capacitar em atividades que geram renda, como o curso de tortas e sobremesas, na cozinha pedagógica do Iprede. “Porque não trabalho, tenho de encontrar uma forma de ajudar à família com mais recursos. Como resultado de outro curso que fiz no Iprede, comecei a vender bolo aos meus vizinhos e agora estou fazendo este de sobremesa.” O Iprede também realiza projetos como o Mãe Colaboradora, no qual as mães são profissionalizadas e prestam serviços ao próprio Iprede, gerando ocupação e renda. Elas recebem cerca de 80 reais mensais para trabalhar uma vez por semana, além de vale-transporte e cesta básica. A jovem Joana D'arc Alves, 28 anos, é uma das mães colaboradoras do Iprede. No momento, monitora a brinquedoteca. Sua filha, Ana Lívia Alves, três anos, ainda é atendida na instituição por conta do baixo peso e da intolerância à lactose. “O Iprede é uma mãe para a minha família. Aqui, Ana Lívia está bem acompanhada e eu aprendo muito. Fiz curso de corte e costura, relaciono-me melhor com as pessoas, e fico mais perto da minha filha. O que faço aqui levo também para a minha casa.” Com atividades lúdicas, como desenho, leitura, teatro, contação de histórias, além de brinquedos, as crianças têm a oportunidade de aprender enquanto aguardam o atendimento. Na mediação, a afetividade entre mães e filhos é estimulada. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 31 Câmara Setorial do Trigo “ A gente precisa melhorar a percepção do consumidor em relação à qualidade dos nossos produtos. “ Cláudio Fontenele, presidente da CS Trigo Foto: GIOVANNI SANTOS Com o intuito de melhorar a percepção dos consumidores e garantir a competitividade de quem produz com qualidade, uma das ações da CS Trigo será criar um selo de qualidade para atestar as boas práticas de fabricação de produtos panificados. Mas o maior dentre todos os desafios, diz Fontenele, será aumentar o consumo de derivados do trigo, a fim de alcançar o crescimento sustentável do setor: “Hoje, o consumo per capita no Nordeste está em torno de 27 quilos por ano. No Sudeste, é consumido o dobro”. Integrantes do CS Trigo, instalada em abril durante solenidade na FIEC Foto: GIOVANNI SANTOS Instrumento para desenvolver setor na economia do Ceará. Segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), instituição do Sistema FIEC, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cerca de 13 000 empregos com carteira assinada são gerados por 741 estabelecimentos formais do setor que atuam na moagem e fabricação de derivados e na produção industrial de pães, biscoitos, bolachas e massas alimentícias. De acordo com o Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindpan), que também integra a Câmara Setorial do Trigo, entre as panificadoras a geração de postos de trabalho é ainda maior: o setor emprega atualmente cerca de 32 000 pessoas. São em torno de 2 500 padarias. De acordo com o presidente da Câmara Setorial do Trigo (CS Trigo), Cláudio Fontenele, é papel da entidade proporcionar maior competitividade à cadeia produtiva, por meio da integração das empresas e da busca conjunta de soluções para superar os gargalos que afetam o segmento. “A gente precisa melhorar a percepção do consumidor em relação à qualidade dos nossos produtos, incorporar novas tecnologias, treinar para capacitar cada vez mais nossa mão de obra e também fabricar produtos diferenciados.” Com a nova entidade representativa da cadeia do trigo, o Ceará passa a contar com 19 câmaras setoriais S egundo maior importador de trigo do país, em torno de 950 000 toneladas/ano – sede dos dois maiores grupos industriais do segmento em todo o Brasil: J. Macêdo e M. Dias Branco –, o estado do Ceará acaba de ganhar uma nova ferramenta para articular o desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo e, por conseguinte, impulsionar mais sua economia. Trata-se da Câmara Setorial do Trigo, instalada oficialmente na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) em 10 de abril último. É a 19ª câmara setorial implantada pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece). O organismo é o novo braço operacional a integrar a política de desenvolvimento cearense. 32 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Dados do Centro Internacional de Negócios (CIN) indicam que, em 2011, as importações de trigo e mistura de trigo com centeio somaram 260,4 milhões de dólares, correspondendo a 10,8% do total das importações cearenses naquele ano (2,4 bilhões de dólares). Até março de 2012, as compras externas do insumo para os moinhos do estado totalizaram 52,6 milhões de dólares, ou 8,7% do montante importado pelo Ceará (607,6 milhões de dólares) no acumulado dos três primeiros meses do ano. Toda essa matéria-prima ajudou a movimentar o setor moageiro, impulsionando a fabricação de massas e biscoitos e a produção de panificadoras e confeitarias, gerando emprego e renda e impactando positivamente Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 33 O presidente da FIEC e vice-presidente do Grupo J. Macêdo, Roberto Proença de Macêdo, aponta também outros entraves que precisam ser superados, apesar da grandeza do setor moageiro cearense: “O Ceará, no momento, é o segundo maior polo moageiro brasileiro, atrás apenas de São Paulo. E essa posição faz com que nós mereçamos uma atenção maior. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existem em torno de 90 moinhos, mas a quantidade moída é bem menor em comparação ao Ceará, pois são moinhos pequenos”. Sobre os principais gargalos do setor de trigo, cita a burocracia, impostos elevados e o modelo de substituição tributária fixado ao setor produtivo no país. “Quando o trigo entra no porto, já paga tributos antes mesmo de ser moído. Então, o panificador, ao comprar o produto, paga antecipadamente os impostos do pão que ele ainda vai fazer. Enquanto isso, nos outros países, o imposto é cobrado sobre o produto final.” A influência do preço internacional é outro problema que o setor enfrenta, segundo Luís Eugênio Pontes, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo nos Estados do Pará, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte (Sindtrigo) e do Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado do Ceará (Sindmassas). Segundo ele, os segmentos cearenses de trigo, massa e panificação precisam se modernizar para assegurar a competitividade, já que o consumidor assumiu novos perfis, os quais precisam ser acompanhados. “A exigência por qualidade de vida e a segmentação de consumo são exemplos da mudança no perfil de consumo”, afirma o executivo, para quem a CS Trigo cumprirá o “importante papel” de revitalizar a cadeia produtiva. O presidente da Adece, Roberto Smith, concorda: “Esse será um instrumento de discussão e ação. O nosso intuito é que seus integrantes façam um planejamento coerente, estabeleçam metas e tomem decisões objetivas. Dessa forma, os principais empecilhos serão removidos, enriquecendo sobremaneira os setores representativos do produto”. Instituições participantes I ntegram a Câmara Setorial do Trigo, as seguintes instituições: Adece, Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib), Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Associação dos Moinhos de Trigo do Norte e Nordeste do Brasil, Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação (Certrem), Conselho Regional de Nutricionistas 6ª Região, INDI, Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae), Sindtrigo, Sindmassas, Sindpan, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Panificação, Confeitaria, Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado do Ceará (Sindpan) e Universidade Federal do Ceará (UFC). Foto: LUIZ GONZAGA Indústria SESI e SENAI ampliam atuação na Região Norte Comitiva da FIEC visita as obras do Centro Integrado SESI/SENAI de Sobral, que está com cerca de 90% dos trabalhos concluídos A região Norte, cujo principal expoente é o município de Sobral, é uma das que mais crescem economicamente no estado. Dados do Centro Internacional de Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado Ceará (FIEC), mostram que Sobral exportou no ano passado 157,7 milhões de dólares, sendo calçados e suas derivações os principais produtos. O desenvolvimento da região fez com que as exportações de Sobral ultrapassassem a capital Fortaleza algumas vezes, uma das quais em janeiro de 2012, quando foram responsáveis pelo montante de 29,3 milhões de dólares em produtos, representando 24,2% das exportações nesse período, segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). No acumulado de janeiro a março deste ano, Sobral foi responsável por 8,9% das exportações cearenses, enquanto que 10% são de Fortaleza, ambos abaixo de Caucaia, com 49%. Visando dar suporte a essa potência industrial do estado, as instituições do Sistema FIEC Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) e Serviço Social da Indústria (SESI/CE) estão construindo um centro integrado em Sobral, com inauguração prevista para os próximos 60 dias. No último dia 4 de maio, uma comitiva da FIEC, liderada pelo presidente Roberto Proença de Macêdo, visitou as futuras instalações da unidade, que vai ampliar o atendimento às demandas das empresas instaladas no Norte e ainda no Noroeste do estado, ampliando sua atuação em prol do desenvolvimento industrial. Em fase final construção, o centro será um dos mais modernos do país e a unidade cearense mais bem equipada do SENAI. Acima de 15 milhões de reais estão sendo investidos pelo SESI/SENAI em sua construção. Na visita, além da diretoria executiva da FIEC, o prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, acompanhado de secretários e autoridades municipais, constatou a evolução da obra. Segundo o diretor regional do SENAI e superintendente do SESI, Francisco das Chagas Magalhães, o prédio está bem avançado, cerca de 90% concluídos. O equipamento, localizado à rua Plácido Castelo, 1701, bairro do Junco, vai beneficiar indústrias de diversos setores, como calçadista, confecção, metal-mecânico e construção civil, em especial a partir da atuação do SENAI e do SESI. De acordo com Magalhães, o centro fortalecerá o atendimento a 160 indústrias e outros 540 estabelecimentos existentes em 36 municípios. Em relação ao SENAI, a unidade vai atuar nas áreas de educação profissional, formando mão de obra capacitada para atuar nas empresas, e serviços técnicos e tecnológicos para auxiliar as indústrias em suas necessidades de inovação, além de responder às demandas de formação de pequenos aprendizes. O SESI oferecerá serviços voltados à melhoria da qualidade de vida do industriário e de sua família nas áreas de saúde, educação, lazer, cultura e responsabilidade social. A estrutura física do novo prédio inclui pátio para abrigar unidades móveis, salas polivalentes para oficinas móveis, laboratórios, salas de aula, oficinas especializadas, auditório com 240 lugares, biblioteca, consultórios, academia de ginástica, ginásio poliesportivo etc. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 35 Foto: GIOVANNI SANTOS Cachaça Legado cultural Aguardente de cana-de-açúcar, a velha pinga é uma bebida genuinamente brasileira, criação do colonizador Martim Afonso de Souza e quatro sócios GEVAN OLIVEIRA D iz uma estória que escravos das lavouras açucareiras misturaram, certa ocasião, um caldo de cana velho (melaço) com outro fabricado no dia seguinte. Com a mistura levada ao fogo, o álcool presente no melaço velho evaporou, formando gotículas no teto do engenho. Ao pingar, os escravos experimentaram o líquido, que imediatamente passou a ser apreciado, ganhando o nome de “pinga”. Aos poucos, eles perceberam que a bebida os deixava com vontade de dançar e passaram a repetir a dose sempre que queriam ficar alegres. Mas, de vez em quando, a bebida atingia ferimentos nas costas dos escravos, resultados dos açoites físicos que lhes eram infligidos. O ardor causado pelo contato com os ferimentos teria inspirado o nome "água ardente", ou "aguardente". 36 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Outra narrativa sobre a origem da cachaça diz que ela teria sido descoberta por acaso, como subproduto da produção de açúcar mascavo e da rapadura, no início do século 16. Durante o processo, o caldo de cana era fervido em tachos para ser limpo e concentrado em uma massa espessa. Do processo, era retirada uma borra espumante. Acumulada em cochos de madeira, fermentava, transformando-se em uma garapa azeda, ou vinho de cana, que era servida como complemento da alimentação dos animais e até dos escravos. A essa espuma, que teria sido destilada em alambiques de barro, deram o nome de "cagaça"; daí se derivou a palavra "cachaça". Essas são duas das muitas “teorias” que tentam explicar a origem da aguardente de cana-de-açúcar, a cachaça, conhecida e reconhecida hoje mundialmente como uma bebida descoberta no Brasil há quase 500 anos (veja texto na página 42). Mas essas explicações são tidas como fantasiosas (sobretudo a primeira) por quem estuda o tema. Um deles é o jornalista e escritor Marcelo Nóbrega da Câmara, autor do livro Cachaças Bebendo e Aprendendo – guia prático de degustação. Segundo ele, a bebida foi inventada intencionalmente no Brasil entre 1533 e 1534 pelo colonizador Martim Afonso de Souza e seus quatro sócios (três portugueses e um holandês), nas instalações dos três primeiros engenhos de açúcar que juntos construíram no Brasil – as primeiras indústrias do país – em São Vicente, hoje litoral de Santos, no estado de São Paulo. Foi Martim Afonso quem trouxe o primeiro alambique para a terra recém-descoberta, artefato já utilizado na Península Ibérica desde o início da Idade Média, e destilou a cana-de-açúcar, trazida por Gonçalo Coelho em 1502. Para a origem do nome “cachaça”, a explicação mais aceita pelos estudiosos é a descrita no livro Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil. Conta-se que os colonizadores e brasileiros da época importaram a palavra e sua semântica do espanhol “cachaza”, que designava uma “bagaceira popular ou de baixa qualidade”, para empregá-la à escuma (espuma) da primeira fervura (da cana) que era dada aos animais como alimento. Portanto, a palavra “cachaça”, nos seus primórdios, serviu para chamar apenas o lixo da fervura na produção do açúcar. “Cachaza nasceu e era usada no Velho Mundo, e depois foi aplicada aqui para designar um produto inferior, pobre, subalternizado na cadeia industrial e na escala de valoração cultural. Eis uma das raízes, uma das causas histórico-culturais de discriminação, pré-conceituação, criminalização e patologização da cachaça na nossa sociedade”, enfatiza Marcelo Câmara. Vale ressaltar que mesmo não destilada, esse “escuma” (caldo) produzia certa embriaguez devido à fermentação natural, e, por essas e outras razões, foi usada para “animar” os escravos no trabalho. Além disso, foi considerada, pelos senhores de engenho, uma bebida limpa, em comparação com o cauim – vinho produzido pelos índios –, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho… Há registros de que antes do emprego do nome “cachaça” para designar o destilado da cana-de-açúcar, a bebida era chamada de mel de cana, vinho de cana, vinho de mel, vinho de mel de cana. Quanto à origem das expressões “pinga” e “aguardente”, segundo Marcelo dizia-se “pinga” porque pingava, gotejava, na ponta do alambique, “e não do telhado, das ripas de senzala alguma, pois em senzala nunca se fabricou melado, açúcar, muito menos cachaça”. Já o composto “aguardente” ou “água ardente” é palavra usada antes mesmo do surgimento da cachaça, porque já existiam outras aguardentes (ou seja, destilados), como a bagaceira, o korn, Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 37 H IMAGEM: Marcelo Weber á registros de que o último pedido de Tiradentes, antes do martírio, foi: “Molhem a minha goela com cachaça da terra”. 38 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 a destilação da cereja dá origem ao kirsch. Na Escócia, a cevada é destilada para a produção do whisky. Na Rússia, a vodka, de centeio. Na China e Japão, o sakê, de arroz. Ao chegar a Portugal, os lusitanos destilam o bagaço de uva para produzir a bagaceira. Ao certo, quanto à designação do termo cachaça como indicação do destilado de cana, tem-se, dentre os primeiros, o do viajante inglês Henry Koster. Em 1816, depois de percorrer o estado do Ceará, registrou em seu livro Traverl in Brazil, publicado em Londres, que os primeiros alambiques fabricados no Brasil Colônia eram de barro. Dos meados do século 16, até metade do século 17, as "casas de cozer méis", como eram chamados os locais que fabricavam a bebida, se multiplicam nos engenhos. A essa altura, a cachaça se torna moeda para a compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a ter tanto lucro com a pinga quanto com o açúcar. Vale registrar, ainda, que um outro termo a esse destilado ganhou muita popularidade nos séculos 16 e 17: a jeribita e suas variações: jiribita, jurubita, geribita, giribita, geriba, piripita. Ainda hoje, em alguns locais do Brasil, fala-se uma dessas formas. Nessa época, a cachaça já era utilizada em toda a colônia até para amenizar o frio da população dos garimpos, nas serras mineiras, de onde se extraía ouro para Portugal. Seu consumo passou a ser tão popular que afetou drasticamente o comércio de vinhos finos e da bagaceira, o destilado português de baixa qualidade, importado desde as primeiras décadas de exploração. Incomodada, a corte portuguesa proibiu várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da cachaça. A alegação mor era a de que prejudicava a retirada do ouro das minas. Mas, sem sucesso, Portugal resolve taxar o destilado. Em 1756, a aguardente de cana foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados à reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto em 1755. Em 1772, foi estipulado o subsídio literário, imposto destinado à manutenção das faculdades da corte. A retaliação à cachaça alvoroçou o nacionalismo brasileiro, levando o povo a boicotar de vez o vinho português. Dessa forma, a cachaça passa de bebida de escravos para símbolo dos ideais de liberdade, percorrendo as bocas dos inconfidentes e da população que apoiava a Conjuração Mineira, tornando-se um dos símbolos de resistência à dominação portuguesa. Há registros de que o último pedido de Tiradentes, antes do martírio, foi: “Molhem a minha goela com cachaça da terra”. No Ceará S egundo o historiador Raimundo Girão, no livro História Econômica do Ceará, as primeiras mudas de cana chegaram ao Ceará no início de 1600, trazidas por Martins Soares Moreno e o capitão-mor da província, Pero Coelho de Souza. Em pouco tempo, a planta vingou, garantindo bons lucros à coroa, com a produção concomitante de açúcar, rapadura e cachaça – apesar de não haver registros de quem primeiro (e quando) produziu a bebida nas terras cearenses. No Ceará colonial, a produção da cachaça se espalhou, inicialmente (século 16), de forma artesanal pelas regiões da Ibiapaba, Serra de Baturité e Cariri. Mas, segundo Tomaz Pompeu de Souza Brasil, já no século 17, se produzia em escala considerável, a ponto de exportar para outras capitanias e à metrópole. Esse fato foi registrado em livro pelo historiador Raimundo Girão, que utilizou documento de 31 de outubro de 1801. Na publicação, ele cita uma carta do rei de Portugal ao governo da Província, com o seguinte texto: “Prende-se o assunto à decisão da Junta, lançando o imposto de 6$000 sobre a pipa (barril de madeira usado para armazenagem e transporte) de aguardente da terra (cachaça) que, por mar, entrasse na capitania, com aplicação especial à construção de estradas e de um cais no Mucuripe”. No século 19, a produção de cachaça no Ceará adquire certa notoriedade e se consolida, com a rapadura, em um dos ramos da indústria da província. Os principais produtores eram os engenhos do Cariri, Chapada da Ibiapaba, Serra de Baturité e no Vale do Acarape. Por volta de 1860, as estatísticas do Senador Pompeu davam conta de Rapadura artesanal Primeiro processo de engarrafamento artesanal FotoS: GIOVANNI SANTOS o schnapps, a vodca, o gim, a genebra, a aquavita, o quirche, a cidra, o poteen, o arac, o uísque e as aguardentes vinícolas como o conhaque, o armanhaque, o brandy, o ouzo, a mastika, o pisco e outras, antes da bebida brasileira. “Portanto, a origem da palavra “aguardente” nada tem a ver com açoite de escravos com lombo molhado de cachaça. Pura fantasia inverossímil, implausível”, atesta Marcelo Câmara. De fato, a aglutinação aguardente tem sua origem muito distante, no tempo e no espaço. Credita-se aos gregos, dezenas de anos antes de Cristo, um processo rudimentar de obtenção da acqua ardens (al kuhu), a partir da cana-de-açúcar. A água que pega fogo – água ardente. Nos anos seguintes, essa água ardente passa a ser usada pelos alquimistas, os quais lhe atribuem propriedades místico-medicinais. Pela força da expansão do Império Romano, o destilado chega ao Oriente Médio. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação semelhantes aos que conhecemos hoje. Eles usam a palavra al raga, em vez de al kuhu, dando origem à mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: arak – uma aguardente misturada com licores de anis e degustada com água. O processo de destilação descoberto pelos árabes se espalha, então, pelo velho e novo continente. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como grappa. Em terras germânicas, que em 21 dos 34 municípios do Ceará havia 1 200 engenhos, “alguns puxados a braço”. Falar de cachaça no Ceará, onde sua gente se destaca pela humorragia viral, ou seja, o cearense já nasce mangando até de si mesmo, virou sinônimo de termos engraçados e marketing, claro. Inicialmente, algumas marcas eram engarrafadas com nomes não muito apropriados, mas que serviam para chamar a atenção. Dentre os rótulos produzidos em escala industrial e registrados no livro A Indústria de Bebidas do Ceará, História e Diagnóstico, publicado pelo Sindicato das Indústrias de Águas Minerais, Cervejas e Bebidas em Geral do Estado do Ceará (Sindbebidas), estão “Nabunda”, “Amansa Corno” e “Amansa Sogra”. Hoje, esses nomes criativos ainda podem ser encontrados em cachaças artesanais, vendidas em feiras por todo o estado e que fazem a alegria dos turistas. Caninha da terra roxa A história dessa aguardente de cana-de-açúcar no Ceará – popularmente apelidada de caninha – confunde-se com o crescimento, principalmente, de duas empresas: a Ypióca e a Colonial. Fundada em 1846, a Ypióca, cujo mentor, o português Dario Telles de Menezes, deu início com apenas um alambique de cerâmica trazido de Portugal, é hoje a maior fabricante de cachaça premium do Brasil, com produção de 126 milhões de litros. A atividade começou quando a família Telles de Menezes desembarca no Ceará em 1843 e adquire uma propriedade a 38 quilômetros da capital do estado, Fortaleza, e a seis quilômetros da Vila de Maranguape, entre as serras da Aratanha e de Maranguape. O lugar já era conhecido pelo nome de Ypióca, que em tupi-guarani significa terra roxa. Depois de três anos do cultivo da cana-de-açúcar, foi produzido o primeiro litro de cachaça. Em 1885, os escravos foram substituídos por trabalhadores livres, três anos antes da abolição da escravatura. O filho, Dario Borges Telles, assume a propriedade em 1895 com apenas 16 anos. Sua primeira providência foi adquirir uma moenda de ferro fundido, em substituição à vertical de madeira. Em seguida, inicia o envasamento da bebida em garrafas de vidro de 600 mililitros, tornando-se pioneiro no Brasil nesse processo. Dario se casa em 1903 com Eugênia Menescal Campos. Vindo a falecer em 1911, a esposa assume a direção da empresa e desenvolve o primeiro rótulo da Ypióca. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 39 40 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 Foto: GIOVANNI SANTOS De volta aos negócios da cachaça, compra, em 1956, o sítio Jaçanaú, em Maracanaú, e faz do local uma grande plantação de cana-de-açúcar. Ali constrói mais uma fábrica da Colonial. Com o apoio dos filhos Cláudio, Alberto e Maurício, que passaram a compor a empresa a partir de 1968, Alberto Targino introduz a nova geração da família no processo de modernização da Colonial com a compra de novas moendas para as instalações da empresa em Aquiraz e Jaçanaú. Em 1976, monta na Maraponga uma unidade engarrafadora totalmente automatizada, com capacidade para envasar e rotular a cachaça produzida nas duas fazendas. Em 2001, com a necessidade de novamente modernizar as instalações da empresa, a unidade industrial no Sítio Colégio foi transferida para a localidade de Patacas, também em Aquiraz, caracterizada pela boa qualidade de terra para o plantio da matéria-prima. O antigo sítio abriga hoje o Engenhoca Parque Ecoeducativo e o Espaço Engenho Colonial, duas áreas voltadas ao entretenimento e lazer, e que preserva a história da empresa e da própria cultura da cachaça no Brasil. Primeiro engenho da Colonial Alberto Targino é responsável pela criação da empresa, há 85 anos Foto: GIOVANNI SANTOS Foto: GIOVANNI SANTOS Maior tonel do mundo é da Ypióca N o dia 24 de janeiro de 1912 nascia um dos mais prósperos e longínquos empreendedores do Ceará: Alberto Targino. Com cem anos de muitas histórias, e ainda na ativa, o filho de Aquiraz – município sede da primeira capital do Ceará – é responsável pela criação, há 85 anos, de uma das maiores empresas de aguardente de canade-açúcar do Brasil: a Colonial. Alberto é filho de Tibúrcio e Maroca Targino, ambos também nascidos em Aquiraz. Aos 21 anos de idade, em 1923, Alberto comprou o Sítio Colégio, área que pertencera aos jesuítas no período de 1727 a 1759, e onde trabalhou, com o pai, a partir dos 12 anos. Em 1935, Alberto dá o nome Colonial à cachaça produzida no sítio, antes conhecida como “Cachaça do seu Tibúrcio”. O nome é uma alusão às ruínas jesuíticas que existem pelo sítio até hoje. Daí em diante, a empresa só cresce. Em 1939, moderniza-se, comprando, no Rio de Janeiro, um novo engenho. No início da década de 50, a Colonial passa por outra etapa de modernização com a aquisição, no Maranhão, do terceiro engenho, o maior do Ceará até então. Nessa época, sua veia política, o leva ao cargo de prefeito de Aquiraz, função que exerceu por mais duas vezes. Foto: José sobrinho Primeiro rótulo desenvolvido por Dona Eugênia Colonial Tonéis que foram utilizados pela indústria estão expostos no museu Foto: José sobrinho Foto: GIOVANNI SANTOS Foto: GIOVANNI SANTOS Paulo Campos Telles 3ª geração A terceira geração começa com Paulo Campos Telles, em 1924. Dentre as inúmeras inovações que consegue implementar destaca-se a exportação para a Alemanha, em 1968, também com exclusividade no Brasil. São ainda de sua lavra o engarrafamento em litros, o uso de conta-gotas e o envelhecimento em tonéis de bálsamo que permitiram a estocagem da bebida por mais tempo. A partir da década de 70, tem início a quarta geração, com Everardo Ferreira Telles. Sob sua administração, a empresa logra forte expansão. Conta hoje com sete empresas atuando em diferentes segmentos que transcendem a produção de aguardente. Em um bem sucedido processo de integração lavoura-pecuária, cada hectare de terra é longamente aproveitado. Os restos da cana, por exemplo, são reutilizados e parte desse material se transforma em uma ração especial, que alimenta o gado e ajuda a impulsionar uma espécie de hotel para gado, o "boitel". Um confinamento com capacidade para 3 000 cabeças de gado em que Everardo Telles recebe animais de várias partes do país para fazer a engorda. A cana que não vira ração se torna parte da matéria-prima da fábrica de papelão mantida na unidade de Pindoretama (CE), onde são produzidas mais de 500 000 toneladas por dia. Nos lagos artificiais das fazendas, há criação de peixes para a venda de carne, alevinos, matrizes e até o couro dos animais. Das fontes naturais que irrigam as fazendas, surgiu uma das principais engarrafadoras de água mineral da região. Aproveitando um grande acervo de máquinas e antigos registros do século 19, Everardo Telles teve a ideia de montar, no antigo sitio de Maranguape, o Museu da Cachaça. O local conta a saga de sua família, além da história da bebida brasileira ao longo dos séculos. Para montar toda a estrutura, foram contratados profissionais responsáveis por estruturar alguns dos museus mais modernos de São Paulo. Atualmente, ao lado das dezenas de atrações, dentre elas o maior tonel de cachaça do mundo, confirmado pelo Guinnes Book, foi construído um parque com atrações radicais, como tirolesas, escaladas e outras atividades. O resultado de tudo isso é um grupo empresarial com geração de mais de 3 000 empregos diretos e mais de 20 000 indiretos. Dos sete filhos de Everardo, cinco atuam no grupo em cargos estratégicos e todos são preparados para o momento da passagem do bastão. A Ypióca é um caso raríssimo na história empresarial brasileira, perto de chegar à quinta geração. Segundo estudo da consultoria societária Höft- Bernhoeft, Passos & Teixeira, somente 17% das empresas familiares conseguem chegar à terceira geração. E apenas 4% sobrevivem tempo suficiente para que a quarta geração assuma o controle. Maio de 2012 | RevistadaFIEC | 41 É do Brasil O destilado da cana-de-açúcar é uma bebida genuinamente brasileira que se fez presente em todos os momentos da sua história. Hoje, com quase 500 anos, a pinga é um legado da nossa cultura, apreciada em dezenas de países, sobretudo por meio da caipirinha – mistura de cachaça, limão não descascado, açúcar e gelo. No entanto, ainda se recente da necessidade de reconhecimento da Organização Mundial do Comércio (OMC), como símbolo de uma nação, da mesma forma como o whisky é escocês, a tequila é mexicana, o champanhe é francês e a vodka é russa. No entanto, após 40 anos de negociação entre os governos brasileiro e americano, há motivos para se abrir uma branquinha (ou amarelinha, características da bebida no Ceará) em comemoração a um acordo que pode mudar tal quadro. Em meados de abril, o titular do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil (MDIC), Fernando Pimentel, e o representante de comércio dos Estados Unidos, Ron Kirk, assinaram um pacto por meio do qual a cachaça brasileira e o bourbon norte-americano serão mutuamente reconhecidos como "produtos distintos". Ou seja, Washington considerará a cachaça como um “produto representativo” do Brasil e Brasília reconhecerá os uísques Bourbon e Tennesse como “produtos representativos” dos Estados Unidos. O pacto das aguardentes fez parte de uma série de acordos assinados por “ Ser reconhecida como bebida única representa uma conquista de identidade para a cachaça. “ Cláudio Targino, presidente do Sindbebidas e da Colonial Foto: José sobrinho 42 | RevistadaFIEC | Maio de 2012 No Ceará, as exportações de cachaça em 2011 atingiram 1,17 milhão de dólares, expansão de 8,7% em relação a 2010. Atualmente, o Ceará ocupa a quinta colocação no ranking dos 14 estados brasileiros que exportam a cachaça, respondendo por 6,8% do total exportado pelo país. ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff, em abril de 2012, à Casa Branca para reforçar as relações entre os dois países. Com a mudança, avalia o MDIC, a promoção da cachaça no mercado norte-americano poderá levar em conta seu "caráter típico, tradicional" e também fica proibido o uso da denominação "cachaça" por empresas de outros países. Na prática, o reconhecimento dá certificação fiscal para a cachaça como bebida de produção exclusivamente brasileira, e permitirá, sobretudo, que as empresas brasileiras vendam o destilado nos Estados Unidos apenas com o nome de cachaça. Até então, o destilado brasileiro só podia ser vendido com o rótulo de “Brazilian rum”, isso porque a classificação por lá se baseia na matéria-prima de origem (cana-de-açúcar). O presidente do Sindbebidas e da Colonial Indústria de Bebidas, Cláudio Targino, explica que a medida foi positiva por se tratar de uma conquista da identidade brasileira. "O governo americano tratava a cachaça como rum, por ser derivada da cana-de-açúcar, mas quimicamente são diferentes. Portanto, ser reconhecida como bebida única representa uma conquista de identidade. Assim como o México possui a tequila, a Rússia a vodca etc., o Brasil é o criador da cachaça.” Segundo números do MDIC, os Estados Unidos são o segundo maior consumidor mundial da cachaça, ficando, em 2011, com 10,5% do total exportado pelo Brasil, atrás apenas da Alemanha (18,8%). Ao todo, as exportações de cachaça do Brasil somaram 17,29 milhões de dólares em 2011, um incremento de 8,4% sobre o ano de 2010. No Ceará, as exportações de cachaça em 2011 atingiram 1,17 milhão de dólares, expansão de 8,7% em relação a 2010. Atualmente, o Ceará ocupa a quinta colocação no ranking dos 14 estados brasileiros que exportam cachaça, respondendo por 6,8% do total exportado pelo país. A cachaça cearense é vendida em 16 países, especialmente França (26,4%), Espanha (25%), Estados Unidos (15,3%) e Alemanha (5,4%).