O PIBID - ARTE E AS CONTRIBUIÇÕES DA MONITORIA
DOCENTE
Daiane Solange Stoeberl da Cunha (UNICENTRO) [email protected]
Julio César de Lima (UNICENTRO) [email protected]
Cynthia Rosolen (UNICENTRO) [email protected]
Graciana Iribarrem dos Santos (UNICENTRO) [email protected]
Kelly (UNICENTRO) [email protected]
Luciana de Fátima Correa dos Santos (UNICENTRO) [email protected]
Evelyn Forquin Buco Gandra (CEMR) [email protected]
Resumo: O desenvolvimento do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência, no subprojeto Arte-Educação, é o foco deste trabalho.
Apresenta-se a natureza, objetivos, metodologia, principais reflexão teóricas do
projeto, culminando na análise da atuação dos acadêmicos enquanto monitores das
aulas de Arte, e principalmente as contribuições desta ação na qualificação da
educação Básica e do ensino Superior.
Palavras-Chave: Arte, Educação, Práticas Pedagógicas, Formação docente.
1 Introdução
O que pretendemos com este artigo é demonstrar nossas experiências no
projeto PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, onde
verificamos as possíveis contribuições de um monitor em sala de aula e em alguns
casos o auxilio desse monitor para preparação das aulas na busca de materiais e
práticas referentes ao conteúdo a ser ensinado.
O projeto PIBID, foi criado com a finalidade de aprimorar a formação inicial de
acadêmicos em licenciatura, como também possibilitar a participação dos
acadêmicos no cotidiano escolar, a fim de auxiliar o professor regente, assim como a
identificar e procurar solucionar possíveis problemas. O PIBID dentro de seus
objetivos busca também a integração entre o ensino superior e o ensino básico.
A Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, localizada em
Guarapuava - PR foi aprovada no PIBID com o projeto: Formação Docente em
Dialogo: a Escola Pública como parceira ativa da formação de profissionais de
licenciatura de nível superior. Este projeto abrange os seguintes cursos de
licenciatura: Letras-Português, Matemática, Física, Química, Arte-Educação
(educação artística e musical) e Pedagogia. Cada curso com um sub-projeto
especifico.
Dentre os cursos antes citados, iremos abordar nesse texto o sub-projeto de
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Arte-Educação, coordenado pela professora Daiane S. S. da Cunha, chefe do
departamento de Arte-Educação da Unicentro, este sub-projeto é composto dez
bolsistas acadêmicos e duas docentes atuantes nas duas escolas parceiras do
projeto na cidade de Guarapuava, sendo estas o Colégio Estadual Manoel Ribas e o
Colégio Estadual Ana Vanda Bassara.
O objetivo proposto pelo sub-projeto em Arte-Educação se assemelha ao do
projeto PIBID, pois visa a valorização dos cursos de licenciatura, o aprimoramento
da formação inicial, bem como passar pelo processo de efetivação do ensino de
música nas escolas, agora obrigatório na grade disciplinar segundo a lei nº 11.769
de 2008.
Para que se possa chegar a esses objetivos o acadêmico poderá participar
das ações pedagógicas da escola e promover trabalhos educativos de caráter
exploratório, sendo acompanhado pelo professor regente durante a realização dos
trabalhos.
O presente sub-projeto visa incentivar os estudantes a optar pela carreira
docente e participar do processo de efetivação da música enquanto conteúdo
curricular. A arte, enquanto componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, tem como característica intrínseca promover o desenvolvimento
cultural dos alunos. No parágrafo 6º, do artigo 26 da LDB 9394/96, acrescido à esta
lei em agosto de 2008, prevê que a música deverá ser conteúdo obrigatório, mas
não exclusivo, do componente curricular de arte. Por conseqüência, tanto a
educação Básica quanto o Ensino Superior tornam-se parceiras no processo de
efetivação da educação musical escolar. Objetiva-se o estímulo á prática de
docência dos acadêmicos do curso de Arte-Educação (Unicentro), principalmente
em relação ao Ensino Fundamental. Este curso de licenciatura plena, aprovado em
2003, forma Arte-Educadores que se inserem na Educação Básica regional. O
trabalho a ser desenvolvido tem o ensino da Arte como área de formação, atuação e
pesquisa para os alunos-bolsistas. O incentivo à formação de professores de arte
para a educação básica e para o ensino de música, contribuirá tanto para a aumento
da qualidade dos futuros docentes de Arte, quanto para a elevação da qualidade da
escola pública.
2 Metodologia
De caráter exploratório, por meio de análise de dados, coletados em pesquisa
participante, por meio de observações realizadas pelos acadêmicos integrantes do
PIBID – Arte/Unicentro no Colégio Estadual Manuel Ribas, localizado na cidade de
Guarapuava, nas turmas de ensino Fundamental II e Ensino Médio, na disciplina de
Artes ministrada pela docente Evelyn Forquin Buco Gandra.
No desenvolvimento desta ação de inserção acadêmica, além da observação
das práticas docentes e discentes, buscou-se a compreensão da dinâmica escolar,
da metodologia de ensino, do processo de aprendizagem, das relações e interrelações presentes no ambiente educacional., por meio da inserção e ação efetiva
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dos futuros docentes na ação educativa. Dentre tantas temáticas que envolvem as
ações de formação docente, destacamos neste trabalho as implicações da presença
do acadêmico na sala de aula, como monitor do trabalho pedagógico desenvolvido
pela professora regente.
Reunião Integrantes do PIBID/Arte
Colégio Ana Vanda Bassara
Reunião Integrantes do PIBID/Arte
Colégio Manoel Ribas
Esta pesquisa torna-se relevante por apresentar uma das reflexões, dentre
tantas, emergentes do projeto PIBID na instituição escolar e para a formação do
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arte-educador.
2 Desenvolvimento
Esta ação de formação docente, é, em todos os aspectos, ação extensionista.
Primeiramente pelo fato de que se não houvesse parceria entre o Ensino Superior e
a Educação Básica, não seria possível desenvolver o projeto, de tal forma que a
acolhida dos acadêmicos no interior das escolas concretiza-se na troca de
experiências, conhecimento e trabalho. De início os acadêmicos inseriram-se na
dinâmica escolar de forma passiva, pois realizavam observações a fim de levantar o
perfil da escola. Entretanto, a frequente presença dos acadêmicos nas aulas de Arte,
gerou intimidade com a docente da escola e consequentemente estabeleceu-se uma
relação de parceria entre docente e acadêmicos. As observações transformaram-se
em ações. E os acadêmicos passaram de meros observadores para agentes
colaboradores nas aulas de Arte. Optamos aqui, por denominar esta ação dos
acadêmicos como monitoria, sendo que todas as ações desenvolvidas por eles nas
salas de aula eram propostas e acompanhadas pela docente.
Esta monitoria foi percebida pelos alunos que passaram a interagir com os
acadêmicos, compreendendo neles, uma forma de professores-auxiliares. Este
trabalho vem sendo desenvolvido, e possibilita importantes experiências educativas.
Antes e durante as ações na escola são realizadas leituras de textos
indicados pela coordenadora deste sub-projeto, Daiane S. S. da Cunha, e ainda
leituras sugeridas pelos próprios acadêmicos. As temáticas emergentes no projeto
são discutidas nos encontros semanais, onde participam os 10 (dez) acadêmicos do
projeto, a coordenadora e as professoras supervisoras.
Dentre as temáticas discutidas, inseriram-se leituras e análises da legislação
educacional brasileira (BRASIL, 2010), as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica de Artes (PARANÁ, 2008), em relação a esta última destacamos a
contribuição em relação a compreensão dos sujeitos da educação:
Para as teorias críticas, nas quais estas diretrizes se fundamentam, o
conceito de contextualização propicia a formação de sujeitos históricos –
alunos e professores – que, ao se apropriarem do conhecimento,
compreendem que as estruturas sociais são históricas, contraditórias e
abertas. (PARANÁ, 2008, p.30)
Como complemento também foi realizada a leitura de artigos do filósofo
Theodor W. Adorno, especificamente o texto Educação Para quê? Que em
concordância com as diretrizes, acerca da emancipação, afirma:
A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de
adaptação e não preparasse os homens para se orientarem no mundo.
Porém ela seria igualmente questionável se ficasse nisto, produzindo nada
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além de well adjusted people, pessoas bem ajustadas, em conseqüência do
que a situação existente se impõe precisamente no que tem de pior.
(ADORNO, 1995, p.143)
Murray Schafer, um dos educadores lidos que fundamentam o direcionamento
do trabalho e as práticas de formação docente, propõe um ensino musical criativo,
colaborando para o desenvolvimento da formação docente e da qualificação do
ensino básico. Este autor elenca premissas que vem sendo discutidas pelos
integrantes do PIBID, suscitando questões e apontando caminhos:
...as seguintes máximas aos educadores: 1. O primeiro passo prático, em
qualquer reforma educacional, é dar o primeiro passo prático. 2. Na
educação, fracassos são mais importantes que sucessos. Nada é mais triste
que uma histórica de sucessos. 3. Ensinar no limite do risco. 4. Não há
mais professores. Apenas uma comunidade de aprendizes. 5. Não planeje
uma filosofia de educação para outros. Planeje uma para você mesmo.
Alguns outros podem desejar compartilha-la com você. 6. Para uma criança
de cinco anos, arte é vida e vida é arte. Para uma de seis, vida é vida e arte
é arte. O primeiro ano escolar é um divisor de águas na história da criança:
um trauma. 7. a proposta antiga: o professor tem a informação; o aluno tem
a cabeça vazia. Objetivo do professor: empurrar a informação para dentro
da cabeça vazia do aluno. Observações: no início, o professor é um bobo;
no final, o aluno também. 8. Ao contrário, uma aula deve ser uma hora de
mil descobertas Para que isso aconteça, professor e aluno devem em
primeiro lugar descobrir-se um ao outro. 9. Por que são os professores os
únicos que não se matriculam nos seus próprios cursos? 10. Ensinar
sempre provisoriamente: Deus sabe com certeza. Schafer (1991, p. 275)
A partir das observações feitas no período de dois meses na Escola Manoel
Ribas, em Guarapuava-PR, nas aulas da disciplina de Arte, constatou-se algumas
contribuições emanantes pela participação de um monitor durante as aulas.
Após este período, houve uma abertura para uma possível monitoria, onde se
atuou auxiliando a professora tanto na coleta de materiais, aperfeiçoamento de
conteúdos quanto na elaboração de dinâmicas, trabalhos e acompanhamento em
sala de aula.
A aceitação e o respeito, no geral, por parte dos alunos foi admirável, o
entrosamento e acessibilidade aos mesmos também. Com isso, evidenciaram-se
algumas questões relevantes que justificam a partic
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No desenvolver do projeto durante as observações feitas pudemos perceber
como a aula é melhor desenvolvida quando há um auxílio de um monitor em sala.
Para melhor compreensão do assunto abordado, optamos por relatas uma das
experiências vividas no desenvolvimento do projeto.
Numa turma do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Manoel
Ribas, a professora de Arte começou a trabalhar com os alunos uma proposta de
dança e movimentação. Esse conteúdo já havia sido introduzido há algum tempo,
mas não teria sido aprofundado, portanto, na atual proposta foi dado continuidade
focando na dança “Break” (o elemento dança da cultura Hip Hop).
A partir do break foi-se aprofundando as características de movimentação. A
metodologia utilizada foi primeiramente a observação de vídeos que traziam
exemplificadamente as variações do break, e posteriormente realizou-se uma aula
demonstrativa. A contribuição de um monitor já é notória a partir desse momento,
onde um dos vídeos mostrados foi trazido pelo monitor e a aula demonstrativa foi
feita, também, pelo mesmo.
Depois desse momento teórico de apresentação mais aprofundada do break
com os alunos, partiu-se para a prática. A turma foi dividida em dois grupos – ao
todo são 25 alunos – Enquanto a professora orientava um grupo, o monitor orientava
o outro. A proposta para a atividade prática era a partir das movimentações vistas
nos vídeos, o grupo podia modificar copiar e transformar determinada
movimentação. Deveriam trabalhar em grupo, respeitando as limitações do colega.
Esse processo se deu por mais ou menos uns quatro dias de aula. E por seguinte,
deveriam apresentar para toda a turma o resultado final.
Mas, de que forma isso vem justificar a importância de um monitor na aula?
Muito simples. Os grupos tiveram orientação em todos os momentos da aula, em
todo o processo. Enquanto a professora estava auxiliando um grupo, o monitor
auxiliava o outro, podendo em alguns momentos se revezarem entre os grupos – o
professor e o monitor. Além do auxílio com o preparo da aula, o monitor desenvolve
a aula ao lado do professor.
Em entrevista com alguns alunos da escola Estadual Manoel Ribas, onde
perguntávamos sobre a atuação dos monitores em sala de aula. Alguns dizem ser
muito bom ter um monitor em sala, havendo contribuições relevantes para a
formação dos alunos. Outros afirmavam que no inicio foi um pouco difícil tanto para
os alunos quanto para os monitores pelo fato de não se conhecerem, mas após
algumas aulas a situação se modificou, mais familiarizados conseguiram se
relacionar de maneira que os alunos chegavam até a solicitar o auxilio dos
monitores. É interessante como eles se lembram de alguns acontecimentos, que os
marcaram durante as aulas.
4 Resultados obtidos
Procurou-se mostrar, neste resumo, algumas premissas do projeto PIBID.
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Podemos afirmar, com base em nossas experiências que apenas a presença de um
monitor em sala de aula já contribui para o desenvolvimento educacional. Não
estamos propondo um modelo ideal de ação pedagógica, apenas apresentando uma
iniciativa que tem se mostrado positiva, tanto no aprendizado dos alunos, quanto
para a formação docente do professor regente e do acadêmico.
As observações da dinâmica escolar, do trabalho do professor de arte, dentro
e fora da sala de aula, a participação das reuniões pedagógicas, dos conselhos de
classe, das hora-atividades, o conhecimento do projeto político-pedagógico da
escola, são ações que permitem aos acadêmicos-bolsistas deste projeto conhecer a
realidade do seu mercado de trabalho, a fim se fomentar a pesquisa de práticas
inovadoras. O coordenador do sub-projeto, a partir do acompanhamento semanal
das ações dos bolsistas, orientando-os, procura motivar o desenvolvimento de um
plano de trabalho docente que busque suprir as lacunas encontradas nas escolas
em relação à arte-educação, assim buscando em parceria, aluno-bolsista, supervisor
e coordenador do projeto, a superação de problemas identificados no processo de
ensino-aprendizagem, levando em consideração a realidade na qual cada escola se
encontra.
Os docentes-orientadores, ou ainda, supervisores, tem se colocado como
integrantes do projeto, não apenas como parceria extensionista, mas coresponsáveis tanto pela qualificação da educação básica quanto pela qualificação da
formação docente em Arte.
Assim este projeto está comprometido com o tripé educacional universitário,
pois estando inserido em duas escolas da Rede Estadual de Ensino, desenvolve
ação de extensão integrando os acadêmicos à comunidade local, além disso, os
integrantes do projeto realização grupos de estudos e pesquisa, além de inserir-se
como atividade do Grupo de Pesquisa em Arte do CNPq, no qual a coordenadora
deste subprojeto vem desenvolvendo pesquisas na linha “Arte e Ensino”. E, por fim,
o ensino é fortalecido, por meio do fortalecimento da formação em licenciatura deste
dez acadêmicos participantes, que além de terem o privilégio de atuarem num
projeto de tamanha grandeza, são valorizados com investimento financeiros através
das bolsas concedidas pelo Cnpq.
5 Considerações Finais
Ressaltamos que este projeto tem duração de 24 (vinte e quatro) meses,
sendo que as ações aqui apresentadas são parte das experiências destes 5 (meses)
de realização do projeto. Assim, se faz necessário ter sempre à vista os principais
objetivos deste projeto para que m outros momentos, cada um deles possa gerar
textos semelhantes e ainda melhores do que este que aqui se apresenta. São estes
os objetivos: qualificação da formação de Arte-Educadores através da integração
entre o Ensino Superior e a Educação Básica; inserção dos bolsistas de iniciação à
docência nas atividades que envolvem as diferentes dimensões do trabalho docente;
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permanência dos formados no curso de Arte-Educação, no magistério em arte na
educação básica; acessibilidade dos alunos de ensino fundamental de duas escolas
públicas guarapuavanas à educação musical; fortalecimento do ensino de arte nas
escolas participantes; qualificação do processo ensino-aprendizagem em arte no
ensino fundamental; Efetivação do cumprimento do § 6º, do Art. 26 da LDB 9394/96,
nas escolas participantes.
5 Referências:
ADORNO, T. W. Educação e emancipação. Ed.: Paz e Terra. Rio de Janeiro,1995.
BRASIL.
Lei
de
Diretrizes
e
Bases.
Disponível
em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm Acesso em: 21 ago 2010.
CAPES. PIBID: programa institucional de bolsa de iniciação a docência. 2010
Dísponivel
em:
http://www.capes.gov.br/images/stories/download/bolsas/FAQ_PIBID2010.pdf
Acesso em: 21 ago 2010.
PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Departamento de Educação Básica.
Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Arte. Curitiba:SEED-PR, 2008.
SCHAFER, M. O Ouvido Pensante. São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1991.
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