G.7.5 - Educação Básica Ensinar Ciências integrando saberes: experiências do PIBID em práticas diferenciadas Elisabete Cardieri Docente do Depto de Educação e coordenadora local PIBID/UNESP - Instituto de Biociências de Botucatu [email protected] Palavras Chave: Formação docente – Práticas educativas – PIBID – Ensino de Ciências. Introdução Resultados e Discussão A educação escolar apresenta à prática docente inúmeros desafios, que envolvem questões de indisciplina, desinteresse pelos estudos e fragilidade no processo de aprendizagem que culminam no fracasso escolar, desestímulo dos professores, entre outros. O processo de formação docente precisa assumir a reflexão sobre esse contexto (GATTI, 2009) e sobre ações que contribuam para práticas e atividades atentas a desenvolver uma aprendizagem significativa, e fazendo com que os estudantes participem com interesse e motivação, em vista de uma formação consistente, crítica, reflexiva e cidadã. No âmbito do Ensino de Ciências, o desafio é desenvolver atividades diversificadas que despertem para a curiosidade e os procedimentos inerentes à atividade científica, articulando os conceitos de forma contextualizada que contribuam para uma atuação consciente. As aulas de Biologia e Ciências realizadas em ambientes naturais, por exemplo, constituem-se práticas eficazes, pois envolvem as crianças e jovens e favorecem a articulação interdisciplinar que supera a fragmentação do conhecimento. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a contribuição, para a formação docente, de ações didáticas diferenciadas desenvolvidas por licenciandos do curso de Ciências Biológicas da UNESP/Botucatu, que integram o Programa PIBID. As atividades aqui destacadas se inserem nas ações desenvolvidas nos anos de 2012 a 2014, planejadas em reuniões semanais regulares dos bolsistas com a Professora Supervisora (da escola) e Professora Colaboradora (Docente da UNESP). A partir de discussões e reflexões acerca das características da comunidade escolar e de cada turma em particular, as atividades foram cuidadosamente planejadas, num espaço efetivo de pesquisa, partilha e construção conjunta. Alguns dados fundamentais: 1) Escola parceira: Trata-se de uma escola pública da rede estadual de ensino que atende de 450 alunos matriculados no Ensino Fundamental II e Médio, e está localizada num bairro periférico de Botucatu; 2) Alunos: o desinteresse e apatia dos alunos estão entre as principais queixas dos professores; 3) Aprendizagem: os alunos apresentam dificuldades de aprendizagem que inibem a participação mais ativa. Diante desses aspectos, várias atividades diferenciadas foram planejadas e desenvolvidas com os alunos do Ensino Fundamental II e, dentre elas, destacamos: Estudo do Campo à Cooperativa de resíduos sólidos (6º ano); Pesquisa sobre produção de alimentos: uso de agrotóxicos e oficina de horta orgânica (7º ano); Debate sobre o Código Florestal (8º ano) e O conhecimento humano e os orgãos dos sentidos a partir do Estudo do Meio ao Jardim Botânico do IB de Botucatu (9º ano). Todas as atividades estiveram articuladas ao conteúdo previsto pelo Currículo e foram realizadas com os alunos em três momentos: a) problematização inicial e apresentação dos conceitos centrais; b) atividade diferenciada realizada em período estendido; c) avaliação ampliada que considerava o envolvimento dos alunos e a compreensão do conteúdo desenvolvido. As atividades foram realizadas a partir de estratégias de ensino diferenciadas e, em cada turma, estiveram atentas ao tratamento de conteúdos conceitual, procedimental e atitudinal, a saber: Tabela 1: quadro síntese de atividades realizadas ano Estratégia Conceitual Procediment. 6º Estudo de Lixo e resíduo Pesquisa em campo sólido campo 7º Debate Código florestal Pesquisa e e prod. agrícola argumentação 8º Oficina Alimentação Preparação de saudável horta 9º Estudo do Órgãos dos Observação e meio sentidos vivencias Atitudinal Trabalho colaborativo Defesa de ideias Cuidado do plantio/vida Percepção de si e do meio Todas as atividades também buscaram envolver os alunos em ações próprias ao fazer científico tais como: problematização, levantamento de hipóteses, pesquisa conceitual, observação, registros e discussão. A realização de tais práticas (em especial, estudos de campo) promoveu uma participação distinta daquela constatada no cotidiano com aulas exclusivamente expositivas. Por parte dos bolsistas PIBID, ficou nítida a alegria ao constatar o interesse e o envolvimento dos alunos, assim como o reconhecimento de uma aprendizagem mais significativa. Nas reuniões para avaliação das ações, foram destacados: a importância do trabalho colaborativo de todos os bolsistas para a realização de cada atividade, o valor do planejamento cuidadoso, atento aos detalhes para a ação didática e a importância dos momentos de reflexão coletiva suscitada a partir dos textos pesquisados (ou discutidos nas aulas de Didática do Curso) e da elaboração dos conteúdos conceituais e materiais didáticos utilizados. Conclusões Constata-se que as ações, desenvolvidas no âmbito do Programa PIBID, contribuem significativamente para a formação docente dos licenciandos em Ciências Biológicas, ao oportunizar a vivência efetiva com alunos de escola pública e realizar tarefas próprias ao professor como: planejamento, desenvolvimento e avaliação das ações num processo reflexivo e criativo e com a orientação de duas professoras (da escola e da Universidade), ou seja, num movimento dialógico e crítico. Agradecimentos CAPES/Programa PIBID e UNESP/Pró-reitoria de Graduação __________________ GATTI, Bernardete A. Formação de professores: condições e problemas atuais. Revista Brasileira de Formação de Professores. vol. 1, n. 1, p.90102, Maio, 2009 VEIGA, Ilma P. A. (org.) Técnicas de Ensino: Por que não? 12ª ed. Campinas: Papirus, 2001 WERTHEIN, Jorge e CUNHA, Célio (org). Ensino de Ciências e Desenvolvimento: o que pensam os cientistas. 2.ed. Brasília: UNESCO, Instituto Sangari, 2009 67ª Reunião Anual da SBPC