A IMPORTÂNCIA DO SABER PEDAGÓGICO PARA UMA PRATICA DOCENTE EFICIENTE Lucia Violeta Prata de Oliveira Barros1 A minha experiência como professora de disciplinas da formação pedagógica em cursos de licenciatura (Letras, Historia e Geografia) foi que me levou a escolher esse tema. Enfrentando o desafio de conviver com diferentes linguagens, discursos e representações, pude perceber a resistência dos alunos com relação a tais disciplinas, com exceção daqueles que acreditam na profissão e na sua escolha profissional. Dada à natureza do trabalho docente, o ensino deve contribuir ao processo de humanização dos alunos. Para tanto, a licenciatura não deve enfatizar a formação nos conteúdos da área, para que a atuação destes quando licenciados não se torne residual, possibilitando nos alunos o desenvolvimento de atitudes, habilidades e valores que irão contribuir para a construção dos seus saberes – fazeres docentes dado que a identidade docente consubstancia-se pela mobilização de saberes. O trabalho docente construído e transformado no cotidiano da vida social visa à transformação de uma realidade, a partir das necessidades práticas do homem social. Esse trabalho exige saberes que são constituídos de vários saberes que contribuem para formar o todo - são conhecimentos incorporados e atualizados pelos professores em seus processos de vida, de trabalho e de formação. Primeiramente saberes oriundos da família, do ambiente, de vida etc; existem também os saberes provenientes da formação escolar anterior. Dos cursos de formação de professores provêm os saberes profissionais, ligados às ciências da educação e os saberes pedagógicos (doutrinas ou concepções educacionais que fornecem um arcabouço ideológico e também algumas formas de saber-fazer e algumas técnicas), bem como os saberes disciplinares, que se referem aos diversos campos do conhecimento, encontrados sob a forma de disciplinas (química, matemática, História, etc). Nas escolas encontram-se os saberes curriculares, que sistematizam os saberes sociais selecionados como modelo de cultura erudita e de formação, apresentados sob a forma de programas escolares (objetivos, conteúdos, métodos), e também presentes nos livros didáticos, com os quais o professor irá trabalhar. E, finalmente, citamos os saberes provenientes de sua própria 1 Professora de Estrutura e Funcionamento do Ensino. 2 experiência na profissão, na sala de aula e na escola, que são os saberes experienciais ou práticos. O professor, na impossibilidade de controlar os saberes disciplinares, curriculares e da formação profissional, produz ou tenta produzir saberes através dos quais ele compreenda e domine sua prática. Dessa interação nasce o saber docente do professor. Pode-se definir o saber docente como um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais. (TARDIF, 2002, p. 36) As novas tendências de formação de professores apontam a escola como colaboradora na formação do cidadão, com igualdade de direitos ao proporcionar o acesso aos conhecimentos. A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Nº 9.394, de 20/12/1996, no artigo 2º, estabelece que “a educação (...) tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” BRASIL (1996). Envolve, portanto, o desenvolvimento dos aspectos pessoal e político dos professores e alunos, implicando que a educação e, especificamente, a formação de professores visem o desenvolvimento das múltiplas capacidades do indivíduo, das relações de autonomia e não tenha como objetivo, somente, o aspecto cognitivo de ambos. No Brasil, o modelo acadêmico de formação é essencialmente voltado para a racionalidade técnica que reduz o papel do professor e os problemas da prática aos seus aspectos prioritariamente técnicos. É claro, que esta não se faz uma tendência absoluta, pois, no interior dos cursos, encontram-se professores com alto grau de profissionalismo que percebem que não só o domínio dos conhecimentos específicos é importante, mas, também, entendem a importância do relacionamento professor-aluno, da motivação e do interesse do aluno no processo de aprendizagem. Não cometem o erro de manter uma cegueira conceitual, baseada por meio da crença que basta dominar o conteúdo, ter talento, ter experiência e bom senso para exercer eficazmente a docência. “... educador é aquele que educa, isto é, que pratica a educação. Portanto, para alguém ser educador é necessário saber educar. Assim, quem pretende ser educador precisa aprender, ou seja, precisa ser formado, precisa ser educado para ser educador.” (SAVIANI, 1996:45). 2 3 As disciplinas pedagógicas sendo aquelas que objetivam especificamente a formação do Profissional de Educação contribuem sobremaneira para a formação do saber e do conhecimento pedagógico. Sendo o conhecimento pedagógico aquele elaborado por pesquisadores e teóricos da educação, irá fundamentar o pensar do professor. O saber pedagógico, aquele construído no cotidiano do professor irá expressar o nível da práxis do professor. Entendendo que as instituições formadoras devem satisfazer às demandas sociais apresentadas à educação escolar, e que o fazer é a representação do saber em atividades pedagógicas é que a minha prática docente tem como ponto de partida as necessidades pedagógicas postas pelo real. Tal entendimento leva-me a conduzir os meus alunos à escola de educação básica – lócus de atuação profissional do licenciado, não esperando o momento do estágio, pois entendo que as referidas disciplinas dão suporte para a formação dos conhecimentos dos princípios, objetivos e estratégias utilizadas pelo futuro professor para a organização, desenvolvimento de sua disciplina e domínio da sala de aula, a relação professor x aluno, bem como o entendimento de como o aluno aprende. Não esqueço que a experiência como aluno, não apenas no curso de formação docente, mas ao longo de sua trajetória escolar, contribui para a construção do referencial do papel docente que irá exercer. Todos esses conhecimentos contribuem para a construção do saber pedagógico e devem transcender o domínio de uma área especifica. O saber pedagógico contribui para o desenvolvimento dos aspectos pessoal e político de professores e alunos, favorece a formação global do individuo contribuindo assim, de forma significativa para a construção de uma prática docente eficiente. Dessa forma o professor formador precisa ter consciência da importância do seu papel na construção desse saber. Sentimos a necessidade de repensar, agora, a formação docente, levando em conta que os cursos de formação de professores devem promover uma nova articulação e um novo equilíbrio entre os conhecimentos produzidos pelas universidades a respeito do ensino e os saberes desenvolvidos pelos professores da educação básica em suas práticas cotidianas. Façamos igual à ÁGUIA que na sua sabedoria toma a decisão de enfrentar o difícil processo de renovação, para não morrer e, entendamos que para seguir em frente e obter 3 4 vitórias, é preciso muitas vezes, romper com alguns costumes e tradições do passado, para só assim, aproveitar o valioso resultado de uma RENOVAÇÃO. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS CARVALHO, Marília Pinto de. Ensino, uma realidade relacional. Texto capturado na Internet em 09/102004: http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/textos/textos/psico3.htm TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes. 2002. PIMENTA, Selma G. (org). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo, Cortez 2007. SAVIANI, D. Trabalho apresentado na mesa redonda “A formação do educador e os saberes que a determinam”. IV Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores. Águas de São Pedro – SP, 30.05.1996. SAV IANI, D. Trabalho da BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 9394, de 20 de dezembro de 1996. Pau Lista sobre Formação de Educadores. Águas de São Pedro – SCHÖN, D.A. Educando o profissional reflexivo: um design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 2000. 4