Redes em expansão: Desafios EAD-FAV/UFG e o Projeto Rede de Conexões e Pesquisas: um campo experimental nas artes visuais1 Profa. Dra. Cecilia Noriko Ito Saito2 Profa. Dra. Lêda Maria de Barros Guimarães3 Resumo A modalidade Educação a Distância da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás em parceria com a Universidade Aberta do Brasil tem promovido crescente desenvolvimento educacional, artístico e cultural na região centro-oeste do Brasil. Prestes a formar sua primeira turma, esta modalidade procura promover a erradicação do analfabetismo artístico e cultural na região. Em 2011, em parceria com o Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás (CPCJ-GO) no Projeto Rede de Conexões e Pesquisas, funda-se um novo campo experimental voltado para o desenvolvimento educativo e cultural utilizando as tecnologias informacionais. O 1 Artigo científico apresentado ao eixo temático: “Educação, Processos de Aprendizagem e Cognição”, do V Simpósio Nacional da ABCiber. 2 Pós-Doutorado PUC-SP, Bolsa Fapesp (em andamento). Doutorado pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP (Bolsa CNPq); Autora dos livros: Ação e Percepção nos processos educacionais (Ed. Hedra, 2010); O Shodô, o corpo e os novos processos de significação (Ed. Annablume, 2004); organizadora do livro Meia Volta ao Mundo (ANBG, 2008). Pesquisadora do Centro de Estudos Orientais da PUC-SP; Fundadora do CPCJGO. E-mail: [email protected] 3 Doutorado em Artes pela Universidade de São Paulo (2005). Professora titular da Universidade Federal de Goiás. Coordenadora do curso de Licenciatura em Artes Visuais na modalidade EAD. Pesquisa a formação de professores em artes visuais, arte e cultura popular. Livros publicados “Desenho, desígnio, desejo: sobre o ensino de desenho” (UFPi, 1996); “Objetos Populares da Cidade de Goiás” (Sebrae-Go/UFG, 2001) e “A natureza feminina do Cerrado” (2006, UFG). E-mail: [email protected] objetivo deste trabalho, além da divulgação das ações, é sugerir novos caminhos no universo educacional utilizando a modalidade EAD em parceria com outras instituições. Palavra-chave: Educação a Distância; Aprendizado; Rede de Conexão Abstract The Distance Education/Learning Modality of the Visual Arts Faculty at the Federal University of Goiás, in partnership with the Open University of Brazil, has promoted the educational, artistic and cultural growing development in the Midwest of Brazil. Forthcoming the first group, this modality seeks to promote the eradication of artistic and cultural illiteracy in the region. In 2011, by establishing partnership with Research Center in Japanese Culture of Goiás (CPCJ- GO) in the Connections and Researches Network Project, it is founded a new experimental field aimed at the educational and cultural development using computerized information technology. The objective of this work, besides making public the actions, is to suggest new paths in the educational universe applying the modality EAD in partnership with other institutions. Keywords: Learning; Distance Education; Network Connections; Partnership Introdução As universidades públicas brasileiras assumem atualmente a educação a distância procurando oferecer cursos gratuitos e de qualidade corroborando a tendência da política de expansão do governo federal pela utilização da tecnologia de informação e comunicação (TIC). Entretanto, o quadro de inquietações ainda permanece latente e as dúvidas remetem a questões do tipo: Como se dá o ensino de artes visuais na modalidade a distância? Como é possível ensinar as disciplinas práticas? Como ocorre o processo de ensino? Diante das inúmeras inquietações que ainda permeiam o cenário educacional brasileiro, esta pesquisa procura trazer alguns aspectos vivenciados pela Profa. Dra. Lêda Guimarães, coordenadora do curso de Educação a Distância da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, que com o ineditismo de suas experiências vem promovendo profunda reflexão sobre o ensino e aprendizado a distância na região centro-oeste do Brasil. Vale lembrar que a educação a distância não é aqui tratada como um modelo único, mas sim como experiência em construção, a partir dos enfrentamentos em sua trajetória. Em 2011, prestes a formar sua primeira turma nesta modalidade no Brasil na área de artes visuais, vivencia-se a expectativa dos primeiros frutos da EAD/FAV-UFG e também a etapa de articulação com novos projetos e novas parcerias institucionais. Uma das parcerias estabelecidas em junho deste mesmo ano diz respeito à vinculação entre, um centro de pesquisa particular e pertencente a uma associação nipo-brasileira com a universidade. O Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás (CPCJ-GO) foi fundado em 2009 nas dependências da Associação Nipo Brasileira de Goiás e pretende oferecer aos professores pesquisadores a oportunidade de desenvolver cursos on-line através do Projeto Rede de Conexões e Pesquisas (disponível no website http:// www.cpcjgo.org). Estima-se que as ações de parcerias visando o desenvolvimento multicultural com outras instituições de ensino e pesquisa possibilite maior aproveitamento e integração nos projetos aprimorando o conhecimento coletivo de forma ágil e ampla. A parceria, apesar de ainda recente, aponta para expectativas positivas no tocante ao trabalho integrativo e interativo e à possibilidade de desenvolvimento de estágios curriculares em que o uso das novas tecnologias possibilite redimensionamento na formação das pessoas envolvidas. Desafios da EAD/FAV UFG De um modo geral, a implantação de um dos primeiros cursos a distância no Brasil data da primeira metade do século passado, sendo a proposta mais conhecida do grande público os cursos técnicos por correspondência idealizados pelo Instituto Universal Brasileiro, fundado em 1941. No campo da educação formal o ensino a distância também guarda uma longa tradição nos cursos voltados à Educação de Jovens e Adultos (EJA), o antes denominado Ensino Supletivo. Os telecursos, modo popular como essas iniciativas eram identificadas adotavam mídias diversas, como a impressa, televisiva e radiofônica, bem como sistemas de parcerias entre o Ministério da Educação e as empresas de comunicação de formação profissionalizante. Conforme explica a Profa. Lêda Guimarães, coordenadora da EAD-FAV UFG, a UFG está oferecendo vários cursos de Licenciatura na modalidade a distância por meio do fomento do Governo Federal com os projetos Pró-Licenciatura e Universidade Aberta do Brasil4. A Faculdade de Artes Visuais oferece duas Licenciaturas em Artes Visuais, e o curso vinculado à Universidade Aberta do Brasil (UAB) atualmente conta com cerca de 330 alunos matriculados em nove pólos (cidades). No curso voltado ao projeto Pró-Licenciatura são 230 alunos em cinco pólos, sendo Goiânia, capital do Estado, a que concentra maior número de alunos, aproximadamente noventa. Estruturalmente, o curso é constituído por três pilares que articulam a teoria e a prática concebendo o conceito de sujeito pensante, que age e transforma suas práticas durante todo o processo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que essas práticas interferem e articulam a construção conceitual desse sujeito. Basicamente, o primeiro pilar procura conectar a realidade educacional da região, entendendo o panorama existente e sugerindo transformações que possam reforçar a educação em artes em áreas circunvizinhas. O segundo pilar procura articular a formação docente em artes visuais ao contexto cultural local direcionado para uma concepção educacional multicultural na qual a arte é pensada como um bem cultural acessível a um público amplo. O terceiro pilar conduz a formação em artes visuais articulada aos saberes tecnológicos contemporâneos em direção a uma valorização da autonomia dos sujeitos. A proposta da produção de materiais pedagógicos contempla os eixos baseados em noções de uma pedagogia multicultural, crítica e reflexiva. A preocupação quanto à elaboração de propostas inter e trans disciplinares estimula aprendizagens não lineares e desconstruções em torno de concepções preconcebidas pelos professores no que se refere às inúmeras questões sobre a arte, a educação e a cultura. Os espaços virtuais e presenciais integram os fluxos de construção do conhecimento, permeando a produção do material didático, o diálogo continuado com os professores autores, formadores, orientadores acadêmicos e os tutores de pólos. A condição docente nos cursos de Ensino Superior é diversificada, a equipe de formadores constitui-se basicamente pelos professores da Faculdade de Artes Visuais e em alguns casos das Ciências Sociais e da Faculdade de Educação. No caso dos 4 O projeto Pró-Licenciatura destina-se à formação de professores que estão em sala de aula sem a formação específica na área em que atuam. Já o projeto Universidade Aberta do Brasil – UAB é organizado para qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio e esteja pleiteando a formação superior. professores orientadores, a maioria é egressa dos cursos de Licenciatura e Bacharelado (incluindo os Designs) e alguns vêm da Pedagogia, da História, da Arquitetura, das Ciências Sociais. Para a professora Lêda Guimarães, a Licenciatura em Artes Visuais na modalidade a distância pode ser concebida como um “laboratório” de formação continuada, pois parte dos professores tutores são recém formados. Outros são professores que já se graduaram há muito tempo em currículos com outras concepções educativas a respeito de arte e de educação. Ao entrar em contato com a proposta ocorre um processo de troca, pois esses profissionais trazem sua bagagem vivencial, mas também precisam estar abertos a novas aprendizagens. Os tutores de pólo são profissionais que vieram de áreas diversas e, portanto, não exercem as mesmas funções dos professores. A função do tutor é importante para as articulações da vida acadêmica no pólo resolvendo complexidades como: atendimento aos alunos no laboratório de informática, auxílio na resolução de problemas decorrentes da tecnologia, mediação nas relações entre alunos e coordenadores do curso. Nos municípios em que são oferecidos os cursos na modalidade a distância, o pólo é um espaço móvel que transporta a universidade física para outras instâncias. Estes espaços, que na prática deveriam ser equipados com ateliês, bibliotecas/videotecas e laboratórios de informática, infelizmente nem sempre conseguem se organizar conforme o estabelecido nos projetos. Muitos gestores apesar de conseguirem compreender a importância do laboratório com computadores, nem sempre compreendem a necessidade das salas de ateliê equipadas os móveis adequados, além de pontos de água e energia elétrica, etc., para o desenvolvimento da aprendizagem e das experimentações do projeto. A produção do material didático Conforme relatos da professora Noeli Batista da FAV/EAD o curso teve início no mês de outubro de 2007 em seis dos nove pólos. Na primeira etapa, inúmeros problemas envolvendo o diálogo entre os autores, revisores e produção acabaram por criar uma série de dificuldades para a elaboração de um material voltado a um público até então desconhecido. Na dinâmica do fluxograma de produção, exigiu-se a atuação constante por parte da coordenação do curso. Em relação à produção de material didático, foram concluídos cerca de seis livros, nos quais a construção de uma rede de parcerias veio se estabelecendo e se expandindo. A professora Lêda Guimarães cita como exemplo a produção do módulo 3 (do segundo semestre de 2008) as disciplinas dialogam entre si: Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos da Educação, História do Ensino das Artes Visuais no Brasil, Matrizes Culturais Brasileiras, História da Arte do Renascimento ao Neoclacissismo, Leitura e Interpretação de Imagens e o Atelier Tridimensional. Os conteúdos se entrelaçam reforçando as bases multiculturais da proposta curricular. Na disciplina Compreensão e Interpretação de Imagens, por exemplo, a professora Noeli Batista (UFG) trabalhou em parceria com a professora Maria Emília Sardelich (Universidade de Santos) apresentando os fundamentos da leitura e interpretação de imagens. Procurando reforçar o aspecto pedagógico do conteúdo, a professora Noeli colaborou com sua experiência na interpretação e compreensão de imagens realizadas na turma de licenciatura presencial do primeiro semestre de 2008. Procurou-se estabelecer um diálogo entre a produção discente dessas duas modalidades, presencial e à distância. No Atelier Tridimensional a produção em parceria se organiza em torno da professora Eliane Chaud (professora efetiva da FAV) e do professor Keith Richard (professor substituto) que atuará como professor formador da disciplina. Em Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos a parceria ocorreu entre o professor Carlos Rodrigues Brandão e Michelle Oliveira (sua ex-aluna) conhecedora dos processos educacionais a distância. O conteúdo procurou fundamentar alguns aspectos do ensino das artes visuais não abordados pela bibliografia oficial tais como: a educação dos negros, a questão da arte para formar mão de obra para a indústria no Brasil da primeira República e muitos outros aspectos que participaram da nossa história de aprendizagem em artes visuais. No tocante ao conteúdo das Matrizes Culturais o enfoque inicial procurou investigar a noção de matrizes, de autoria da Profa. Dra. Maria Elizia Borges, utilizando a apostila “Olhar para ver”. Outros textos, igualmente importantes também contribuíram de forma significativa, a saber: Ludmila, orientadora (tutora a distancia); Ivaina de Oliveira, ex-mestranda de Cultura Visual; Junior e Alysson, iniciantes na experiência em EAD, o último atuando como professor formador dessa disciplina. A disciplina História do ensino das artes visuais no Brasil contou com a produção das arte-educadoras Profa. Dra. Lêda Guimarães e professora Vânia Olária, trabalhando as relações entre arte e cultura popular. Outra parceria entre o professor Luis Edegar (na época professor da FAV) e a Profa. Lêda Guimarães trouxe as abordagens do Renascimento ao Neoclássico e a produção das mulheres nesses períodos, procurando desfazer a crença na soberania masculina. Foram acrescentados aspectos dessa história em Portugal enfatizando a tradição popular dos presépios que criam raízes no rococó brasileiro. A professora Lêda Guimarães procura refletir sobre o “estado da arte” neste percurso e a construção de redes de atores: professores autores; formadores; orientadores; técnicos; estagiários; equipe administrativa; estudantes; tutores e coordenadores de pólo. Segundo suas observações, a atuação desses atores necessita de um estado de diálogos contínuos entre a direção e demais instâncias acadêmicas, trocando experiências que possam contribuir para as disciplinas de estágio supervisionado obrigatório. O estágio pode ser entendido como o cerne no campo de conhecimento dos cursos de formação de professores, e as disciplinas do estágio curricular obrigatório constituem-se no ateliê de desenvolvimento processual. Nesse sentido, a opção pela utilização de metáforas se faz presente para se pensar a conexão entre as disciplinas do contexto geral da vida escolar. As discussões são aquecidas em debates nos fóruns, locais de compartilhamento das experiências, que acabam enriquecidas pela diversidade das práticas culturais. A título de contextualização e para melhor entendimento acerca da proposta de parceria entre as instituições de pesquisa, em seguida, procurou-se discorrer sobre o Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás. Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás – CPCJ-GO O Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás é uma entidade civil, cultural e social, sem fins lucrativos, localizado nas dependências da Associação Nipo Brasileira de Goiás (ANBG), em Goiânia. Este centro de pesquisa é pioneiro no Estado de Goiás e certamente também no Brasil, acolhendo estudos interdisciplinares com foco na cultura japonesa, implantado em um Kaikan5. Conhecido como CPCJ-GO, atualmente, seu quadro de associados é formado por cerca de doze pesquisadores vindos de diferentes universidades da cidade de Goiânia e arredores (UFG, PUC-GO, UnB e outras) recebendo também uma pesquisadora natural do Japão. Atualmente o CPCJ-GO, em sua segunda gestão (2011/2012), tem movimentado os estudos japoneses na região. O interesse inicial pela formação de um centro de pesquisas (situado em uma associação nipo-brasileira) surgiu após o lançamento do livro “Meia volta ao mundo, imigração japonesa em Goiás” organizado pela Profa. Dra. Cecilia Noriko Ito Saito e publicado pela ANBG em 2008, ano do centenário da imigração japonesa no Brasil. O livro recebeu apoio financeiro da Secretaria Municipal da Cultura de Goiânia, atraindo outros interessados nos estudos japoneses. No ano de 2009, após sua fundação, alguns destes pesquisadores passaram a participar de congressos submetendo seus artigos científicos de temática japonesa. O primeiro deles foi o 5 Sede, salão ou associação que congrega os imigrantes japoneses e seus descendentes. XX ENPULLCJ6 e VII CIEJB “Para além do Japão: Brasil, Canadá e França” realizados na Casa da Cultura Japonesa e organizados pelo Centro de Estudos Japoneses da FFLCH-USP, Universidade de São Paulo. Em 2010, alguns pesquisadores participaram novamente deste encontro, desta vez na Universidade de Brasília, DF. Desde sua fundação inúmeras atividades marcaram a trajetória do CPCJ-GO, dentre elas, a participação: na XIV e XV Mostra da Cultura Japonesa Bunka-sai respectivamente em 2009 e 2010; no Projeto Imaginário Coletivo, 80 anos da imigração japonesa em Nerópolis realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Nerópolis; no desenvolvimento do website www.cpcjgo.org; na realização de 12 palestras com os pesquisadores; na participação no Projeto Dança em Territórios em parceria com a Companhia Flutuante de São Paulo e a Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (abril/maio de 2010), sendo este projeto contemplado com apoio financeiro da FUNARTE. Conforme acordado em reuniões da diretoria do CPCJ-GO em 2011, a ideia de atuações conjuntas em projetos envolvendo parcerias entre diferentes instituições começa a tomar forma. A primeira instituição a conceder parceria com o CPCJ-GO foi o Centro de Estudos Orientais da PUC-SP, na realidade, essa parceria já havia iniciado no dia da fundação do centro, por intermédio da Profa. Dra. Christine Greiner; em seguida firma-se nova parceria com a Associação Brasiliense de Ex-Bolsistas (ABRAEX) de Brasília, através do Presidente Sr. Ogib Teixeira Filho e da vice Srta. Marta Miyuki Yada; em seguida a parceria foi firmada com a EAD/FAV/UFG representada pela coordenadora Profa. Dra. Lêda Guimarães (em transição de mandato para a Profa. Noeli Batista); vale lembrar que, encontra-se em andamento a parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina por intermédio da Profa. Dra. Clélia Mello, e por último (também em andamento) a parceria com a Universidade Caxias do Sul, através da Profa. Dra. Magda Bellini. Projeto Rede de Conexões e Pesquisas O Projeto Rede de Conexões e Pesquisas veio sendo lapidado conforme as constantes trocas de ideias e opiniões entre os pesquisadores do CPCJ-GO acerca da problemática da distância geográfica e de outras questões envolvendo o deslocamento até a sede (distante aproximadamente 20 km do centro de Goiânia). Assim, acatando a sugestão do pesquisador Prof. Dr. Ismar Lima da do IESA/UFG, decidiu-se em conjunto pela elaboração de um sistema on-line que permitisse o acesso aos conteúdos da linha de pesquisa em que cada pesquisador pudesse alocar seu projeto. Conforme sugestão de quatro pesquisadores que também trabalham no projeto EAD/FAV/UFG, o desenvolvimento de um sistema on-line facilitaria a interação entre os pesquisadores e os interessados nas linhas de pesquisa possibilitando a disposição de 6 XX Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa e VII Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil. vários cursos. Os pesquisadores que participam desta ação foram: Alex Sapiência, Célia Mari Gondo Passos, Édina Nagoshi e Eduardo Ávila. A opção pelo uso da Plataforma Moodle7 foi discutida entre o grupo e teve unanimidade na aceitação no tocante à facilidade de sua implantação, tendo em vista a experiência relatada pelos pesquisadores da EAD/FAV/UFG que já estavam familiarizados com o sistema e sua interface gráfica. Segundo o pesquisador da cibercultura André Lemos, a interface gráfica é como a arena onde tanto humanos como computadores desenvolvem tarefas num contexto de ação com papéis definidos (LEMOS, 2010:111). E a interação por interfaces gráficas ocorre na possibilidade de participação de agentes (op.cit.). Quanto à programação do website e o suporte técnico ao Projeto Rede de Conexões e Pesquisas do CPCJ-GO são executados pelo engenheiro e pesquisador Bruno César Leme, responsável pela implantação das ideias e comandos ao sistema, discutidos pelo grupo. E conforme comenta André Lemos a virtualização do mundo afeta de forma irreversível a sociedade contemporânea (2010:166). Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são conhecidos também como Learning Management System ou Sistema de Gerenciamento do Aprendizado e são softwares que estão disponíveis na internet oferecendo recursos para a gestão de cursos. São ferramentas que possibilitam interação entre pessoas e diferentes mídias. O Moodle é um software de código aberto, concebido para que qualquer pessoa possa utilizá-lo, mesmo aqueles que não conheçam programação e nem webdesign. Porém, para a elaboração de cursos no ambiente é necessário planejamento e elaboração. Conforme Silva (2010:16) são inúmeros os ambientes virtuais de aprendizagem (comerciais ou gratuitos) disponíveis no mercado: Aulanet, Claroline, eFront, Atutor, OLAT, Docebo, Dokeos, Ilias, Openelms, Moodle, Sakai, E-proinfo e Teleduc. As Linhas de Pesquisas em desenvolvimento na Plataforma Moodle CPCJ-GO Dentre as propostas em andamento no CPCJ-GO e a inserção do trabalho online, optou-se pela instituição de linhas de pesquisa visando maior integração entre os temas de abordagens interdisciplinares. Vale lembrar que o CPCJ-GO procura promover a cultura japonesa de uma forma ampla, inter e trans disciplinarmente, incentivando e 7 MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamics Learning Environment) é um ambiente virtual de aprendizagem que, segundo seu criador Martin Dougiamas, trabalha com uma perspectiva dinâmica de aprendizagem em que a pedagogia socioconsrtutiva e as ações colaborativas ocupam lugar de destaque (SILVA, Robson, 2010:16). congregando pesquisadores e pessoas interessadas nos estudos da língua, literatura e cultura japonesa a desenvolverem suas pesquisas nas áreas de maior interesse. Linha A - Linguagem, Comunicação e Cultura Visual Esta linha de pesquisa procura refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem da língua japonesa no Brasil e no Estado de Goiás. Procura investigar as formas de apropriação e aquisição da linguagem em seus espaços de promoção e ensino (núcleo familiar, escola de língua). Analisa o interesse de descendentes e não-descendentes pela língua japonesa. Engloba os estudos sócio-linguísticos (a linguagem e as formas comunicacionais no Japão). Procura estudar a literatura japonesa no Brasil e os estudos comparativos sobre os produtos culturais comunicacionais e visuais japoneses (anime, mangá, cinema, kamon, livros, haikku, arquitetura, entre outros) no Ocidente. A influência do design japonês na cultura mundial. Estudos do “entre-lugar” na arte e na arquitetura japonesa. Linha B - Estudos Sócio-Culturais do Corpo Esta linha de pesquisa procura estudar as concepções de corporalidade na sociedade japonesa, a educação do corpo na história japonesa e na atualidade. As práticas corporais japonesas (teatro, danças e lutas): significados e determinações sócioculturais. A mundialização das práticas corporais japonesas e suas formas de apropriação no Ocidente pelos meios comunicacionais. A relação das práticas corporais com a sociedade contemporânea japonesa e brasileira. O Bujutsu/Budo enquanto área de estudos acadêmicos. Desenvolvimento das lutas japonesas e dança no Brasil e em Goiás. Religiosidade, filosofia, concepção de corpo e seu trato pela perspectiva cultural japonesa. O “entre-lugar” nas práticas corporais. Comportamento e personalidade japonesa. Estudos sobre as práticas médicas japonesas. Linha C - História e Geografia Cultural Esta linha de pesquisa procura abordar os estudos da História comparada JapãoBrasil, a modernização brasileira e sua relação com o Japão. O processo migratório para o Brasil, a política de desenvolvimento, seus significados e a presença da nação japonesa. As colônias japonesas no Brasil e o desenvolvimento regional. A migração japonesa para Goiás: constituição da Colônia do Cerrado. O movimento dekassegui. Estudos comparativos sobre o desenvolvimento técnico-científico no Japão e no Brasil. Sustentabilidade e meio-ambiente no Japão e Goiás. Espaço, território e urbanização japonesa e brasileira. Religião, seitas e práticas espirituais japonesas em Goiás. Linha D - Tecnologias e linguagens informacionais Esta linha de pesquisa abarca os estudos envolvendo as novas tecnologias no Japão e seus desdobramentos. Procura investigar os impactos das tecnologias no mundo, os estudos aplicados à Automação e à Robótica. Os estudos das linguagens informacionais, comunicacionais, hipertextuais, e os softwares e aplicaticos em geral. Ambientes virtuais de aprendizagem a distância, redes sociais e a influência da tecnologia no comportamento e nos modos de interação no mundo. Conclusão A parceria entre as instituições CPCJ-GO e a EAD/FAV/UFG poderá agilizar o trâmite na realização de trabalhos conjuntos entre os professores que desenvolverão seus estágios curriculares e a disponibilização de diferentes cursos on-line utilizando a Plataforma Moodle, implantada no website: HTTP://www.cpcjgo.org. O usuário que acessa e interage com o sistema percorrerá um universo de informações, em tempo real, desprovido de linearidade, ou seja, cada professor pesquisador poderá alimentar sua linha de pesquisa e seus cursos de forma hipertextual, tendo como ponto de partida um texto que se abre em janelas e janelas e janelas fornecendo mais e mais informações em infinitas possibilidades. As palavras da Profa. Dra. Lêda Guimarães expressam o sentido da parceria quando diz que é surpreendente ver que apesar das reclamações de sempre sobre falta de investimento na educação, terem seus fundamentos, exigem em contrapartida nosso investimento na ousadia, na busca de alternativas. Não podemos fechar os olhos à mudança de concepção de oferta de ensino superior quando vemos as principais universidades brasileiras chegando aos municípios mais remotos. Nesse caso o meio é novamente a mensagem, pois sintetiza um novo padrão de disseminação artística e cultural. Resgatando os termos de Umberto Eco, diante dessas questões não adianta apenas nos posicionarmos a favor (integrados) ou contra (apocalípticos) a presença das novas mídias no cotidiano ou na educação. Sendo parte da realidade contemporânea, tal como na escola tradicional, nesse novo ambiente também o desafio da educação é construir esse novo projeto com a sempre necessária consciência crítica de que nem tudo que cai na rede é peixe. Bibliografia BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte:C/Arte, 1998. BELINTANE, Claudemir. Por uma ambiência de formação contínua de professores. Cadernos de Pesquisa. no.117 São Paulo Nov. 2002 BHABHA. Homi K. O Local da Cultura. Belo Horizonte:Ed. UFMG, 2001. CANDAU, Vera Maria (org.) Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas. São Paulo:EDUSP, 1998. GUIMARÃES, Leda. Prática Pedagógica na Inter relação Arte Cultura e Comunidade. Anais XVII Confaeb. Crato-Ce. 2008. GUIMARÃES, Leda e LOSADA, Teresinha. Novos e velhos tremores: o ensino de artes visuais na modalidade EAD. In. MARTINS, Raimundo (org.) Visualidades e Educação. Goiânia: FUNAPE, 2008. (Coleção desenrêdos, 3). LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 5ª. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010. MC LUHAN, M., Os meios de comunicação como extensão do homem, São Paulo: Cultrix, Essential McLuhan, Ed. Basic Books, 1995. SILVA, Robson Santos. Moodle para autores e tutores. São Paulo: Novatec Ed., 2010. Internet CPCJ-GO. Apresentação. Goiânia, GO: CPCJ-GO, 2009. http://www.cpcjgo.org/apresentacao.htm. Acesso em: 17/03/2011. Disponível FAV-Website:http://www.fav.ufg.br/ Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA): http://ead.fav.ufg.br/login/index.php em: