Redes em expansão: Desafios EAD-FAV/UFG e o Projeto Rede de Conexões e
Pesquisas: um campo experimental nas artes visuais1
Profa. Dra. Cecilia Noriko Ito Saito2
Profa. Dra. Lêda Maria de Barros Guimarães3
Resumo
A modalidade Educação a Distância da Faculdade de Artes Visuais da Universidade
Federal de Goiás em parceria com a Universidade Aberta do Brasil tem promovido
crescente desenvolvimento educacional, artístico e cultural na região centro-oeste do
Brasil. Prestes a formar sua primeira turma, esta modalidade procura promover a
erradicação do analfabetismo artístico e cultural na região. Em 2011, em parceria com o
Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás (CPCJ-GO) no Projeto Rede de
Conexões e Pesquisas, funda-se um novo campo experimental voltado para o
desenvolvimento educativo e cultural utilizando as tecnologias informacionais. O
1 Artigo científico apresentado ao eixo temático: “Educação, Processos de Aprendizagem e
Cognição”, do V Simpósio Nacional da ABCiber.
2 Pós-Doutorado PUC-SP, Bolsa Fapesp (em andamento). Doutorado pelo Programa de Estudos
Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP (Bolsa CNPq); Autora dos livros:
Ação e Percepção nos processos educacionais (Ed. Hedra, 2010); O Shodô, o corpo e os novos
processos de significação (Ed. Annablume, 2004); organizadora do livro Meia Volta ao Mundo
(ANBG, 2008). Pesquisadora do Centro de Estudos Orientais da PUC-SP; Fundadora do CPCJGO. E-mail: [email protected]
3 Doutorado em Artes pela Universidade de São Paulo (2005). Professora titular da
Universidade Federal de Goiás. Coordenadora do curso de Licenciatura em Artes Visuais na
modalidade EAD. Pesquisa a formação de professores em artes visuais, arte e cultura popular.
Livros publicados “Desenho, desígnio, desejo: sobre o ensino de desenho” (UFPi, 1996);
“Objetos Populares da Cidade de Goiás” (Sebrae-Go/UFG, 2001) e “A natureza feminina do
Cerrado” (2006, UFG). E-mail: [email protected]
objetivo deste trabalho, além da divulgação das ações, é sugerir novos caminhos no
universo educacional utilizando a modalidade EAD em parceria com outras instituições.
Palavra-chave: Educação a Distância; Aprendizado; Rede de Conexão
Abstract
The Distance Education/Learning Modality of the Visual Arts Faculty at the Federal
University of Goiás, in partnership with the Open University of Brazil, has promoted
the educational, artistic and cultural growing development in the Midwest of Brazil.
Forthcoming the first group, this modality seeks to promote the eradication of artistic
and cultural illiteracy in the region. In 2011, by establishing partnership with Research
Center in Japanese Culture of Goiás (CPCJ- GO) in the Connections and Researches
Network Project, it is founded a new experimental field aimed at the educational and
cultural development using computerized information technology. The objective of this
work, besides making public the actions, is to suggest new paths in the educational
universe applying the modality EAD in partnership with other institutions.
Keywords: Learning; Distance Education; Network Connections; Partnership
Introdução
As universidades públicas brasileiras assumem atualmente a educação a
distância procurando oferecer cursos gratuitos e de qualidade corroborando a tendência
da política de expansão do governo federal pela utilização da tecnologia de informação
e comunicação (TIC). Entretanto, o quadro de inquietações ainda permanece latente e as
dúvidas remetem a questões do tipo: Como se dá o ensino de artes visuais na
modalidade a distância? Como é possível ensinar as disciplinas práticas? Como ocorre
o processo de ensino? Diante das inúmeras inquietações que ainda permeiam o cenário
educacional brasileiro, esta pesquisa procura trazer alguns aspectos vivenciados pela
Profa. Dra. Lêda Guimarães, coordenadora do curso de Educação a Distância da
Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, que com o ineditismo de
suas experiências vem promovendo profunda reflexão sobre o ensino e aprendizado a
distância na região centro-oeste do Brasil. Vale lembrar que a educação a distância não é
aqui tratada como um modelo único, mas sim como experiência em construção, a partir
dos enfrentamentos em sua trajetória.
Em 2011, prestes a formar sua primeira turma nesta modalidade no Brasil na
área de artes visuais, vivencia-se a expectativa dos primeiros frutos da EAD/FAV-UFG e
também a etapa de articulação com novos projetos e novas parcerias institucionais. Uma
das parcerias estabelecidas em junho deste mesmo ano diz respeito à vinculação entre,
um centro de pesquisa particular e pertencente a uma associação nipo-brasileira com a
universidade. O Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás (CPCJ-GO) foi
fundado em 2009 nas dependências da Associação Nipo Brasileira de Goiás e pretende
oferecer aos professores pesquisadores a oportunidade de desenvolver cursos on-line
através do Projeto Rede de Conexões e Pesquisas (disponível no website http://
www.cpcjgo.org). Estima-se que as ações de parcerias visando o desenvolvimento
multicultural com outras instituições de ensino e pesquisa possibilite maior
aproveitamento e integração nos projetos aprimorando o conhecimento coletivo de
forma ágil e ampla. A parceria, apesar de ainda recente, aponta para expectativas
positivas no tocante ao trabalho integrativo e interativo e à possibilidade de
desenvolvimento de estágios curriculares em que o uso das novas tecnologias possibilite
redimensionamento na formação das pessoas envolvidas.
Desafios da EAD/FAV UFG
De um modo geral, a implantação de um dos primeiros cursos a distância no
Brasil data da primeira metade do século passado, sendo a proposta mais conhecida do
grande público os cursos técnicos por correspondência idealizados pelo Instituto
Universal Brasileiro, fundado em 1941. No campo da educação formal o ensino a
distância também guarda uma longa tradição nos cursos voltados à Educação de Jovens
e Adultos (EJA), o antes denominado Ensino Supletivo. Os telecursos, modo popular
como essas iniciativas eram identificadas adotavam mídias diversas, como a impressa,
televisiva e radiofônica, bem como sistemas de parcerias entre o Ministério da
Educação e as empresas de comunicação de formação profissionalizante.
Conforme explica a Profa. Lêda Guimarães, coordenadora da EAD-FAV UFG, a
UFG está oferecendo vários cursos de Licenciatura na modalidade a distância por meio
do fomento do Governo Federal com os projetos Pró-Licenciatura e Universidade
Aberta do Brasil4. A Faculdade de Artes Visuais oferece duas Licenciaturas em Artes
Visuais, e o curso vinculado à Universidade Aberta do Brasil (UAB) atualmente conta
com cerca de 330 alunos matriculados em nove pólos (cidades). No curso voltado ao projeto
Pró-Licenciatura são 230 alunos em cinco pólos, sendo Goiânia, capital do Estado, a que
concentra maior número de alunos, aproximadamente noventa.
Estruturalmente, o curso é constituído por três pilares que articulam a teoria e a prática
concebendo o conceito de sujeito pensante, que age e transforma suas práticas durante todo o
processo de aprendizagem, ao mesmo tempo em que essas práticas interferem e articulam a
construção conceitual desse sujeito. Basicamente, o primeiro pilar procura conectar a realidade
educacional da região, entendendo o panorama existente e sugerindo transformações que
possam reforçar a educação em artes em áreas circunvizinhas. O segundo pilar procura articular
a formação docente em artes visuais ao contexto cultural local direcionado para uma concepção
educacional multicultural na qual a arte é pensada como um bem cultural acessível a um público
amplo. O terceiro pilar conduz a formação em artes visuais articulada aos saberes tecnológicos
contemporâneos em direção a uma valorização da autonomia dos sujeitos.
A proposta da produção de materiais pedagógicos contempla os eixos baseados em
noções de uma pedagogia multicultural, crítica e reflexiva. A preocupação quanto à elaboração
de propostas inter e trans disciplinares estimula aprendizagens não lineares e desconstruções em
torno de concepções preconcebidas pelos professores no que se refere às inúmeras questões
sobre a arte, a educação e a cultura. Os espaços virtuais e presenciais integram os fluxos de
construção do conhecimento, permeando a produção do material didático, o diálogo continuado
com os professores autores, formadores, orientadores acadêmicos e os tutores de pólos.
A condição docente nos cursos de Ensino Superior é diversificada, a equipe de
formadores constitui-se basicamente pelos professores da Faculdade de Artes Visuais e
em alguns casos das Ciências Sociais e da Faculdade de Educação. No caso dos
4 O projeto Pró-Licenciatura destina-se à formação de professores que estão em sala de aula
sem a formação específica na área em que atuam. Já o projeto Universidade Aberta do Brasil –
UAB é organizado para qualquer pessoa que tenha concluído o ensino médio e esteja pleiteando
a formação superior.
professores orientadores, a maioria é egressa dos cursos de Licenciatura e Bacharelado
(incluindo os Designs) e alguns vêm da Pedagogia, da História, da Arquitetura, das
Ciências Sociais.
Para a professora Lêda Guimarães, a Licenciatura em Artes Visuais na
modalidade a distância pode ser concebida como um “laboratório” de formação
continuada, pois parte dos professores tutores são recém formados. Outros são
professores que já se graduaram há muito tempo em currículos com outras concepções
educativas a respeito de arte e de educação. Ao entrar em contato com a proposta ocorre
um processo de troca, pois esses profissionais trazem sua bagagem vivencial, mas
também precisam estar abertos a novas aprendizagens. Os tutores de pólo são
profissionais que vieram de áreas diversas e, portanto, não exercem as mesmas funções
dos professores. A função do tutor é importante para as articulações da vida acadêmica
no pólo resolvendo complexidades como: atendimento aos alunos no laboratório de
informática, auxílio na resolução de problemas decorrentes da tecnologia, mediação nas
relações entre alunos e coordenadores do curso.
Nos municípios em que são oferecidos os cursos na modalidade a distância, o
pólo é um espaço móvel que transporta a universidade física para outras instâncias.
Estes espaços, que na prática deveriam ser equipados com ateliês, bibliotecas/videotecas
e laboratórios de informática, infelizmente nem sempre conseguem se organizar
conforme o estabelecido nos projetos. Muitos gestores apesar de conseguirem
compreender a importância do laboratório com computadores, nem sempre
compreendem a necessidade das salas de ateliê equipadas os móveis adequados, além de
pontos de água e energia elétrica, etc., para o desenvolvimento da aprendizagem e das
experimentações do projeto.
A produção do material didático
Conforme relatos da professora Noeli Batista da FAV/EAD o curso teve início
no mês de outubro de 2007 em seis dos nove pólos. Na primeira etapa, inúmeros
problemas envolvendo o diálogo entre os autores, revisores e produção acabaram por
criar uma série de dificuldades para a elaboração de um material voltado a um público
até então desconhecido. Na dinâmica do fluxograma de produção, exigiu-se a atuação
constante por parte da coordenação do curso. Em relação à produção de material
didático, foram concluídos cerca de seis livros, nos quais a construção de uma rede de
parcerias veio se estabelecendo e se expandindo. A professora Lêda Guimarães cita
como exemplo a produção do módulo 3 (do segundo semestre de 2008) as disciplinas
dialogam entre si: Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos da Educação, História
do Ensino das Artes Visuais no Brasil, Matrizes Culturais Brasileiras, História da Arte
do Renascimento ao Neoclacissismo, Leitura e Interpretação de Imagens e o Atelier
Tridimensional. Os conteúdos se entrelaçam reforçando as bases multiculturais da
proposta curricular.
Na disciplina Compreensão e Interpretação de Imagens, por exemplo, a professora
Noeli Batista (UFG) trabalhou em parceria com a professora Maria Emília Sardelich
(Universidade de Santos) apresentando os fundamentos da leitura e interpretação de imagens.
Procurando reforçar o aspecto pedagógico do conteúdo, a professora Noeli colaborou com sua
experiência na interpretação e compreensão de imagens realizadas na turma de licenciatura
presencial do primeiro semestre de 2008. Procurou-se estabelecer um diálogo entre a produção
discente dessas duas modalidades, presencial e à distância. No Atelier Tridimensional a
produção em parceria se organiza em torno da professora Eliane Chaud (professora efetiva da
FAV) e do professor Keith Richard (professor substituto) que atuará como professor formador
da disciplina.
Em Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos a parceria ocorreu entre o professor
Carlos Rodrigues Brandão e Michelle Oliveira (sua ex-aluna) conhecedora dos processos
educacionais a distância. O conteúdo procurou fundamentar alguns aspectos do ensino das artes
visuais não abordados pela bibliografia oficial tais como: a educação dos negros, a questão da
arte para formar mão de obra para a indústria no Brasil da primeira República e muitos outros
aspectos que participaram da nossa história de aprendizagem em artes visuais.
No tocante ao conteúdo das Matrizes Culturais o enfoque inicial procurou investigar a
noção de matrizes, de autoria da Profa. Dra. Maria Elizia Borges, utilizando a apostila “Olhar
para ver”. Outros textos, igualmente importantes também contribuíram de forma significativa, a
saber: Ludmila, orientadora (tutora a distancia); Ivaina de Oliveira, ex-mestranda de Cultura
Visual; Junior e Alysson, iniciantes na experiência em EAD, o último atuando como professor
formador dessa disciplina.
A disciplina História do ensino das artes visuais no Brasil contou com a produção das
arte-educadoras Profa. Dra. Lêda Guimarães e professora Vânia Olária, trabalhando as relações
entre arte e cultura popular. Outra parceria entre o professor Luis Edegar (na época professor da
FAV) e a Profa. Lêda Guimarães trouxe as abordagens do Renascimento ao Neoclássico e a
produção das mulheres nesses períodos, procurando desfazer a crença na soberania masculina.
Foram acrescentados aspectos dessa história em Portugal enfatizando a tradição popular dos
presépios que criam raízes no rococó brasileiro.
A professora Lêda Guimarães procura refletir sobre o “estado da arte” neste
percurso e a construção de redes de atores: professores autores; formadores;
orientadores; técnicos; estagiários; equipe administrativa; estudantes; tutores e
coordenadores de pólo. Segundo suas observações, a atuação desses atores necessita de
um estado de diálogos contínuos entre a direção e demais instâncias acadêmicas,
trocando experiências que possam contribuir para as disciplinas de estágio
supervisionado obrigatório. O estágio pode ser entendido como o cerne no campo de
conhecimento dos cursos de formação de professores, e as disciplinas do estágio curricular
obrigatório constituem-se no ateliê de desenvolvimento processual. Nesse sentido, a opção pela
utilização de metáforas se faz presente para se pensar a conexão entre as disciplinas do contexto
geral da vida escolar. As discussões são aquecidas em debates nos fóruns, locais de
compartilhamento das experiências, que acabam enriquecidas pela diversidade das práticas
culturais.
A título de contextualização e para melhor entendimento acerca da proposta de parceria
entre as instituições de pesquisa, em seguida, procurou-se discorrer sobre o Centro de Pesquisa
em Cultura Japonesa de Goiás.
Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás – CPCJ-GO
O Centro de Pesquisa em Cultura Japonesa de Goiás é uma entidade civil, cultural e
social, sem fins lucrativos, localizado nas dependências da Associação Nipo Brasileira de Goiás
(ANBG), em Goiânia. Este centro de pesquisa é pioneiro no Estado de Goiás e certamente
também no Brasil, acolhendo estudos interdisciplinares com foco na cultura japonesa,
implantado em um Kaikan5. Conhecido como CPCJ-GO, atualmente, seu quadro de associados
é formado por cerca de doze pesquisadores vindos de diferentes universidades da cidade de
Goiânia e arredores (UFG, PUC-GO, UnB e outras) recebendo também uma pesquisadora
natural do Japão. Atualmente o CPCJ-GO, em sua segunda gestão (2011/2012), tem
movimentado os estudos japoneses na região.
O interesse inicial pela formação de um centro de pesquisas (situado em uma associação
nipo-brasileira) surgiu após o lançamento do livro “Meia volta ao mundo, imigração japonesa
em Goiás” organizado pela Profa. Dra. Cecilia Noriko Ito Saito e publicado pela ANBG em
2008, ano do centenário da imigração japonesa no Brasil. O livro recebeu apoio financeiro da
Secretaria Municipal da Cultura de Goiânia, atraindo outros interessados nos estudos japoneses.
No ano de 2009, após sua fundação, alguns destes pesquisadores passaram a participar
de congressos submetendo seus artigos científicos de temática japonesa. O primeiro deles foi o
5 Sede, salão ou associação que congrega os imigrantes japoneses e seus descendentes.
XX ENPULLCJ6 e VII CIEJB “Para além do Japão: Brasil, Canadá e França” realizados na
Casa da Cultura Japonesa e organizados pelo Centro de Estudos Japoneses da FFLCH-USP,
Universidade de São Paulo. Em 2010, alguns pesquisadores participaram novamente deste
encontro, desta vez na Universidade de Brasília, DF. Desde sua fundação inúmeras atividades
marcaram a trajetória do CPCJ-GO, dentre elas, a participação: na XIV e XV Mostra da Cultura
Japonesa Bunka-sai respectivamente em 2009 e 2010; no Projeto Imaginário Coletivo, 80 anos
da imigração japonesa em Nerópolis realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de
Nerópolis; no desenvolvimento do website www.cpcjgo.org; na realização de 12 palestras com
os pesquisadores; na participação no Projeto Dança em Territórios em parceria com a
Companhia Flutuante de São Paulo e a Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (abril/maio
de 2010), sendo este projeto contemplado com apoio financeiro da FUNARTE.
Conforme acordado em reuniões da diretoria do CPCJ-GO em 2011, a ideia de atuações
conjuntas em projetos envolvendo parcerias entre diferentes instituições começa a tomar forma.
A primeira instituição a conceder parceria com o CPCJ-GO foi o Centro de Estudos Orientais da
PUC-SP, na realidade, essa parceria já havia iniciado no dia da fundação do centro, por
intermédio da Profa. Dra. Christine Greiner; em seguida firma-se nova parceria com a
Associação Brasiliense de Ex-Bolsistas (ABRAEX) de Brasília, através do Presidente Sr. Ogib
Teixeira Filho e da vice Srta. Marta Miyuki Yada; em seguida a parceria foi firmada com a
EAD/FAV/UFG representada pela coordenadora Profa. Dra. Lêda Guimarães (em transição de
mandato para a Profa. Noeli Batista); vale lembrar que, encontra-se em andamento a parceria
com a Universidade Federal de Santa Catarina por intermédio da Profa. Dra. Clélia Mello, e por
último (também em andamento) a parceria com a Universidade Caxias do Sul, através da Profa.
Dra. Magda Bellini.
Projeto Rede de Conexões e Pesquisas
O Projeto Rede de Conexões e Pesquisas veio sendo lapidado conforme as constantes
trocas de ideias e opiniões entre os pesquisadores do CPCJ-GO acerca da problemática da
distância geográfica e de outras questões envolvendo o deslocamento até a sede (distante
aproximadamente 20 km do centro de Goiânia). Assim, acatando a sugestão do pesquisador
Prof. Dr. Ismar Lima da do IESA/UFG, decidiu-se em conjunto pela elaboração de um sistema
on-line que permitisse o acesso aos conteúdos da linha de pesquisa em que cada pesquisador
pudesse alocar seu projeto. Conforme sugestão de quatro pesquisadores que também trabalham
no projeto EAD/FAV/UFG, o desenvolvimento de um sistema on-line facilitaria a interação
entre os pesquisadores e os interessados nas linhas de pesquisa possibilitando a disposição de
6 XX Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa
e VII Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil.
vários cursos. Os pesquisadores que participam desta ação foram: Alex Sapiência, Célia Mari
Gondo Passos, Édina Nagoshi e Eduardo Ávila.
A opção pelo uso da Plataforma Moodle7 foi discutida entre o grupo e teve unanimidade
na aceitação no tocante à facilidade de sua implantação, tendo em vista a experiência relatada
pelos pesquisadores da EAD/FAV/UFG que já estavam familiarizados com o sistema e sua
interface gráfica. Segundo o pesquisador da cibercultura André Lemos, a interface gráfica é
como a arena onde tanto humanos como computadores desenvolvem tarefas num contexto de
ação com papéis definidos (LEMOS, 2010:111). E a interação por interfaces gráficas ocorre na
possibilidade de participação de agentes (op.cit.).
Quanto à programação do website e o suporte técnico ao Projeto Rede de Conexões e
Pesquisas do CPCJ-GO são executados pelo engenheiro e pesquisador Bruno César Leme,
responsável pela implantação das ideias e comandos ao sistema, discutidos pelo grupo. E
conforme comenta André Lemos a virtualização do mundo afeta de forma irreversível a
sociedade contemporânea (2010:166).
Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) são conhecidos também como Learning
Management System ou Sistema de Gerenciamento do Aprendizado e são softwares que estão
disponíveis na internet oferecendo recursos para a gestão de cursos. São ferramentas que
possibilitam interação entre pessoas e diferentes mídias. O Moodle é um software de código
aberto, concebido para que qualquer pessoa possa utilizá-lo, mesmo aqueles que não conheçam
programação e nem webdesign. Porém, para a elaboração de cursos no ambiente é necessário
planejamento e elaboração. Conforme Silva (2010:16) são inúmeros os ambientes virtuais de
aprendizagem (comerciais ou gratuitos) disponíveis no mercado: Aulanet, Claroline, eFront,
Atutor, OLAT, Docebo, Dokeos, Ilias, Openelms, Moodle, Sakai, E-proinfo e Teleduc.
As Linhas de Pesquisas em desenvolvimento na Plataforma Moodle CPCJ-GO
Dentre as propostas em andamento no CPCJ-GO e a inserção do trabalho online, optou-se pela instituição de linhas de pesquisa visando maior integração entre os
temas de abordagens interdisciplinares. Vale lembrar que o CPCJ-GO procura promover
a cultura japonesa de uma forma ampla, inter e trans disciplinarmente, incentivando e
7 MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamics Learning Environment) é um ambiente
virtual de aprendizagem que, segundo seu criador Martin Dougiamas, trabalha com uma
perspectiva dinâmica de aprendizagem em que a pedagogia socioconsrtutiva e as ações
colaborativas ocupam lugar de destaque (SILVA, Robson, 2010:16).
congregando pesquisadores e pessoas interessadas nos estudos da língua, literatura e
cultura japonesa a desenvolverem suas pesquisas nas áreas de maior interesse.
Linha A - Linguagem, Comunicação e Cultura Visual
Esta linha de pesquisa procura refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem
da língua japonesa no Brasil e no Estado de Goiás. Procura investigar as formas de
apropriação e aquisição da linguagem em seus espaços de promoção e ensino (núcleo
familiar, escola de língua). Analisa o interesse de descendentes e não-descendentes pela
língua japonesa. Engloba os estudos sócio-linguísticos (a linguagem e as formas
comunicacionais no Japão). Procura estudar a literatura japonesa no Brasil e os estudos
comparativos sobre os produtos culturais comunicacionais e visuais japoneses (anime,
mangá, cinema, kamon, livros, haikku, arquitetura, entre outros) no Ocidente. A
influência do design japonês na cultura mundial. Estudos do “entre-lugar” na arte e na
arquitetura japonesa.
Linha B - Estudos Sócio-Culturais do Corpo
Esta linha de pesquisa procura estudar as concepções de corporalidade na sociedade
japonesa, a educação do corpo na história japonesa e na atualidade. As práticas
corporais japonesas (teatro, danças e lutas): significados e determinações sócioculturais. A mundialização das práticas corporais japonesas e suas formas de
apropriação no Ocidente pelos meios comunicacionais. A relação das práticas corporais
com a sociedade contemporânea japonesa e brasileira. O Bujutsu/Budo enquanto área de
estudos acadêmicos. Desenvolvimento das lutas japonesas e dança no Brasil e em
Goiás. Religiosidade, filosofia, concepção de corpo e seu trato pela perspectiva cultural
japonesa. O “entre-lugar” nas práticas corporais. Comportamento e personalidade
japonesa. Estudos sobre as práticas médicas japonesas.
Linha C - História e Geografia Cultural
Esta linha de pesquisa procura abordar os estudos da História comparada JapãoBrasil, a modernização brasileira e sua relação com o Japão. O processo migratório para
o Brasil, a política de desenvolvimento, seus significados e a presença da nação
japonesa. As colônias japonesas no Brasil e o desenvolvimento regional. A migração
japonesa para Goiás: constituição da Colônia do Cerrado. O movimento dekassegui.
Estudos comparativos sobre o desenvolvimento técnico-científico no Japão e no Brasil.
Sustentabilidade e meio-ambiente no Japão e Goiás. Espaço, território e urbanização
japonesa e brasileira. Religião, seitas e práticas espirituais japonesas em Goiás.
Linha D - Tecnologias e linguagens informacionais
Esta linha de pesquisa abarca os estudos envolvendo as novas tecnologias no
Japão e seus desdobramentos. Procura investigar os impactos das tecnologias no mundo,
os estudos aplicados à Automação e à Robótica. Os estudos das linguagens
informacionais, comunicacionais, hipertextuais, e os softwares e aplicaticos em geral.
Ambientes virtuais de aprendizagem a distância, redes sociais e a influência da
tecnologia no comportamento e nos modos de interação no mundo.
Conclusão
A parceria entre as instituições CPCJ-GO e a EAD/FAV/UFG poderá agilizar o
trâmite na realização de trabalhos conjuntos entre os professores que desenvolverão
seus estágios curriculares e a disponibilização de diferentes cursos on-line utilizando a
Plataforma Moodle, implantada no website: HTTP://www.cpcjgo.org. O usuário que
acessa e interage com o sistema percorrerá um universo de informações, em tempo real,
desprovido de linearidade, ou seja, cada professor pesquisador poderá alimentar sua
linha de pesquisa e seus cursos de forma hipertextual, tendo como ponto de partida um
texto que se abre em janelas e janelas e janelas fornecendo mais e mais informações em
infinitas possibilidades.
As palavras da Profa. Dra. Lêda Guimarães expressam o sentido da parceria
quando diz que é surpreendente ver que apesar das reclamações de sempre sobre falta de
investimento na educação, terem seus fundamentos, exigem em contrapartida nosso
investimento na ousadia, na busca de alternativas. Não podemos fechar os olhos à
mudança de concepção de oferta de ensino superior quando vemos as principais
universidades brasileiras chegando aos municípios mais remotos. Nesse caso o meio é
novamente a mensagem, pois sintetiza um novo padrão de disseminação artística e
cultural. Resgatando os termos de Umberto Eco, diante dessas questões não adianta
apenas nos posicionarmos a favor (integrados) ou contra (apocalípticos) a presença das
novas mídias no cotidiano ou na educação. Sendo parte da realidade contemporânea, tal
como na escola tradicional, nesse novo ambiente também o desafio da educação é
construir esse novo projeto com a sempre necessária consciência crítica de que nem
tudo que cai na rede é peixe.
Bibliografia
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GUIMARÃES, Leda. Prática Pedagógica na Inter relação Arte Cultura e
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GUIMARÃES, Leda e LOSADA, Teresinha. Novos e velhos tremores: o ensino de artes
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MC LUHAN, M., Os meios de comunicação como extensão do homem, São Paulo:
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Internet
CPCJ-GO. Apresentação. Goiânia, GO: CPCJ-GO, 2009.
http://www.cpcjgo.org/apresentacao.htm. Acesso em: 17/03/2011.
Disponível
FAV-Website:http://www.fav.ufg.br/
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA): http://ead.fav.ufg.br/login/index.php
em:
Download

Redes em expansão: Desafios EAD-FAV/UFG e o Projeto