A influência árabe na Língua
Portuguesa
O Mundo Muçulmano em Expansão
•570: Nascimento de Maomé (muito “honrado”);
•612: Maomé inicia a pregação;
•622: Hégira
•632: Morte de Maomé;
•Guerra Santa: expandir o Islamismo
•Grande pobreza da Península Arábica e o desejo
de controlar as principais rotas comerciais
contribuíram para o expansionismo árabe:
Palestina, Síria, Egito, Iraque e parte da Pérsia
•711: Conquista da Península Ibérica
Os Árabes na Península Ibérica
Precedentes Históricos
Quando o império romano se desintegrou,
no século V, a língua falada na Península
Ibérica era o latim vulgar. Sucessivas
invasões de povos germânicos –
visigodos, vândalos e suevos, entre outros
– introduziram diferentes línguas na
região.
No final do século VII, o califado omíada
havia superado todos os conflitos internos
e conseguido construir um império sólido,
que atingiu um grande território.
No período do califa Al Walid Bin Abd Al
Malik (705-715), as conquistas foram
reiniciadas e o império árabe alcançou o
auge de sua glória, estabilidade e
conforto.
710: califa Walid pede ao governador do
Marrocos, Mussa Bin Nussair, para tentar
conquistar a Península Ibérica.
O oficial Tarif é mandado para a
Península com um contingente de 400
soldados.
Foram feitas averiguações favoravéis aos
planos de conquista, pois no território
ibérico havia divergências e conflitos que
fomentavam divisões entre os habitantes.
• Rei gótico Roderigo: governo tirano, a
maioria da população, principalmente a
metade da elite dos godos, era sua
adversária.
• Oficial Tarif: avança com trinta dos seus
soldados invadindo uma ilha localizada na
entrada do estreito marítimo que liga as
águas do Mediterrâneo com o Oceano
Atlântico.
Curiosidade
• A ilha invadida foi transformada pelo
oficial Tarif em posto alfandegário e logo
passou a ser conhecida como “Ilha do
Tarif”, que deu origem à palavra tarifa.
A conquista
• Primavera de 711: o governador Mussa
Bin Nassair utilizou as costas marroquinas
do Mediterrâneo como base para a
invasão da Península Ibérica, ordenando
ao comandante de seu exército, Târiq Ibn
Ziyâd, conquistar o território.
• Târiq avançou com cerca de 7 mil
soldados berberes (povo da África do
Norte), árabes e soldados emigrantes de
várias regiões do Império Árabe.
• Tentativa de resistência dos godos foi
fracassada.
• Depois da vitória dos árabes, a conquista
das cidades andaluzas tornou-se para o
exército de Târiq um “passeio”.
• Antes do final de 711, metade da
Península
Ibérica
já
havia
sido
conquistada.
• Andaluzia – nome dado pelos árabes para as
regiões que abrangiam o sul da Espanha, como
também as regiões de Leão, Castela,
Catalunha, Aragão e Portugal.
• Na época da invasão na Península Ibérica, os
árabes estavam sob o califado omíada (661 a
750).
• 750: Início da dinastia abássida e transferência
da capital do Império Árabe, de Damasco para
Bagdá.
Processo global dos novos senhores
árabo-berberes:
• Garantia a cristãos e judeus da prática
dos seus credos e de manutenção de
bens, mediante proteção do Estado
Muçulmano, com a obrigação de
pagamentos de impostos (capitação e
usufruto da terra).
• Esses tempos de notável tolerância viram
florescer, em vários domínios, algumas
das mais notáveis contribuições do saber
e criatividade de todos os tempos.
• A cultura e a história luso-árabes dão-nos
exemplos de que a expansão muçulmana
foi sobretudo uma “ocupação pelo
espírito”.
O cotidiano em época islâmica
• Boa parte da vida era passado ao ar livre,
nas praças, ruas e mercados. Era nesses
locais públicos que todos os dias se
encontravam e conviviam membros das suas
diferentes comunidades: moçárabes, judeus
e muçulmanos.
Contribuições e influências da cultura árabe
A civilização muçulmana atribuiu importância
significativa às ciências:
•
•
•
•
•
•
Matemática;
Física;
Geografia;
Agricultura;
Astronomia;
Técnicas de navegações;
De Numeris – Rabun Maur – Séc.XII-XIII
Médicos árabes em pintura do Séc.XIII
Astrolábio Árabe
Séc. XI
Astrolábio Português
Séc. XVI
Vale de policultura
Arado de tradição mediterrânea
A Arte
Na Andaluzia vão florescer artes suntuosas
como a tecelagem de seda e linho, as
oficinas de marfim e metais, madeira,
gesso, tapetes, cantaria, assim como
numerosas olarias patrocinadas pelo califa.
Cofre de marfim – Séc.XII
Tapete de Medalhão
Tapete em mosaico da capela do Palácio da
Vila de Sintra
Tigela de corda seca
Lápide funerária árabe – Séc. XI
Folha do Alcorão manuscrito em tinta e ouro sobre couro
Arquitetura
• São os castelos o principal vestígio
arquitetônico do séc. VIII ao séc. XII,
encontrados com o traço característico de
construção islâmica que, na maior parte dos
casos, se sobrepõe ao nível de ocupação
romana.
Castelo de Alcácer do Sal
Porta almóada da cerca de Elvas
Pormenor da muralha de Silves
Porta da Muralha de Idanha-a-Velha – Séc. IX
Interior da grande Mesquita de Córdova, importante obra arquitetônica no sul da
Península Ibérica
• As Mesquitas, que existiram em grande
número, foram totalmente arrasadas ou
transformadas em igrejas, sendo possível
encontrar hoje apenas alguns vestígios da
arquitetura islâmica na região da
Península Ibérica.
Capitéis da Igreja de Santo Amaro – Beja – Séc. X
Interior do Castelo de Alhambra - Granada
Parte externa do Castelo de Alhambra
Língua, Literatura e Música
Língua Árabe: O árabe, nas vésperas do Islão, já tinha
atingido um extraordinário grau de sofisticação na palavra
dos poetas tribais (beduínos).
Literatura: no período clássico, e mesmo hoje ainda, a poesia
é para os árabes a eterna rainha da sua literatura. E é essa
língua que vai servir de recipiente à Revelação Corânica.
Séc. XI: os poetas árabes peninsulares cultivaram novos
gêneros poéticos – o Zajal e a Muwashshaha – que fizeram a
ponte para as poesias provençal e trovadoresca.
Descrição da cidade de Silves por Edrici. Séc. XII
Poema de Al-Mutamid – “Acróstico”
Invisível a meus olhos
Trago-te sempre no coração
Te envio um adeus feito de paixão
E lágrimas de pena com insônia
Inventaste como possuir-me
E eu, o indomável, que submisso
vou ficando!
Meu desejo é estar contigo sempre
Oxalá se realize tal desejo
Assegura-me que o juramento que
nos une
Nunca a distância o fará quebrar.
Doce é o nome que é teu
E aqui fica escrito no poema:
Itimad.
• Música: a música árabe na Andaluzia seguiu os
sucessos da música árabe em geral, atingindo
aqui um alto grau de refinamento.
• Certas formas musicais portuguesas como o
fado, o fandango, as mouriscadas ou as lengalengas não podem ser estudadas sem se ter em
atenção as prosódias poético-musicais árabes.
Dos instrumentos
árabes são filhos
diretos, por
exemplo, a guitarra,
o alaúde, o adufe e
a gaita. Porém, há
que acentuar que
grande parte dos
instrumentos
ocidentais, como o
piano e o violino,
são evoluções
morfológicas a partir
de uma origem
árabe.
Alaúde
• A Reconquista cristã
• 722: Batalha de Covadonga – um grupo de cristãos visigodos
refugiados na região das Astúrias e liderado por Pelágio vence as
tropas muçulmanas. Este fato marcou o princípio de um avanço de
cristãos para o sul, dando origem ao longo processo da chamada
Reconquista Cristã, movimento de recuperação dos territórios
conquistados pelos árabes.
• 732: Batalha de Poitiers – os muçulmanos são derrotados pelo
exército de Carlos Martel (Rei dos Francos), desistem da sua
progressão pela Europa e fixam-se na Península.
• 739: Rei Afonso I inicia o desmantelamento de cidades na região do
Douro, deixando-as despovoadas.
• Em contraste com o centralizado califado de Córdova, cujas
possessões ocupavam a maior parte da Península, os estados do
norte estavam fragmentados em vários pequenos reinos
independentes entre si.
• À medida que as vitórias cristãs foram acontecendo, cavaleiros de
várias partes da Europa vieram ajudar os Reis. Esses guerreiros
usavam uma grande cruz de pano por cima da armadura e eram
chamados de cruzados.
• Com o decorrer dos tempos, vão-se formando na Península outros
reinos cristãos: Castela, Navarra, Aragão e Catalunha.
• No lado muçulmano, havia constantes desentendimentos entre as
diferentes tribos, desintegração de dinastias e califados.
• 1031: a desintegração do califado de Córdova acelera o avanço das
tropas cristãs.
• 1085: a conquista de Toledo, uma das grandes cidades muçulmanas
da Península, por Afonso VI da Castela, alarmou os chefes hispanoárabes, que pediram auxílio aos guerreiros almorávidas do norte da
África.
• O avanço dos cristãos era irreversível: no ocidente, Afonso Henriques
conseguia transformar o seu condado (Condado Portucalense) em
reino independente (Portugal).
• 1212: a grande vitória cristã de Navas de Tolosa (coligação dos reis de
Portugal, Castela, Navarra e Aragão) e a conquista do vale do
Guadalquivir, marcaram o início da última fase de expansão dos reinos
cristãos peninsulares.
• 1492: conquista de Granada, último reduto muçulmano na Península.
• Boabdil, o último rei mouro, entrega as chaves da cidade para os Reis
Católicos diante de cem mil espectadores muçulmanos, judeus,
cristãos, castelhanos e estrangeiros e é içada, pela primeira vez, a
bandeira dos reis de Espanha na mais alta torre do Alhambra.
• A sua rendição, celebrada durante vários dias, é o culminar de dez
anos de guerras e põe fim a oito séculos de domínio muçulmano na
Península Ibérica.
Rendição da cidade de Granada
• Os Mudéjares em Portugal
• Mudéjares: do árabe mudajjan – aquele que permanece (sob
domínio cristão)
• A identidade religiosa-cultural muçulmana se manteve até 1496,
data do édito de D.Manuel I, que obrigou à assimilação religiosa
das minorias islâmica e judaica ou, em opção, à sua expulsão do
país.
• Mudejarismo: fenômeno híbrido da arte cristã e muçulmana
• Neo-arabismo
• Com a emergência da liberdade religiosa e a chegada a Portugal
dos primeiros ecos do Movimento Romântico, surge uma vaga de
orientalismo em geral, que tem reflexos não só na literatura, mas
também na música, na arquitetura e na pintura.
• Literatura: obras como D.Branca de Garret, Eurico o Presbítero e
História de Portugal de Alexandre Herculano ou Boabdil de Soares
de Passos, exprimem um fascínio pela arabidade.
• Música: ópera de Alfredo Keil.
• Arquitetura: construção de palácios e decorações internas com
grande influência islâmica.
“Algarve do morghot, dos rostos escondidos
Das lendas, das visões, das mouras encantadas
Onde as línguas do ar murmuram aos ouvidos,
Com vocábulos de sonho, histórias de fadas.”
O Meu Algarve e Sonetos – João Lúcio
Nova Arquitetura: reafirmação da identidade
cultural portuguesa
Reintrodução de princípios fundamentais da Arquitetura Islâmica:
•
•
•
•
•
O sentido da unidade;
O sentido globalizante;
O sentido contemplativo;
O sentido da palavra;
O sentido do belo.
Salão Neo-árabe do Palácio da Bolsa - Porto
Casa do Alentejo - Lisboa
Corredor do Palacete de Monserrate - Sintra
Palácio da Bolsa. Salão Neo-árabe - Porto
Palacete Conceição e Silva – Lisboa, 1888
Influência árabe para a Língua Portuguesa
Contribuição Lexical: há cerca de mil vocábulos de origem árabe na
língua portuguesa.
• Termos ligados à navegação e à pesca:
Anadel – nazir (chefe, capitão);
Arrais – ra’is (capitão de navio);
Atalaia – tali’a (sentinela);
Tercenas – dar si-sina’a (estaleiro naval);
Fateixa – fattasa (pequena âncora);
Tarrafa – tarraha (rede de pesca).
• Termos ligados à música e à poesia: alaúde, segrel, trovador,
atable, atambor, rabeca, sarabanda.
• Termos ligados à olaria: albarrada, alcadefe, alcatruz, alguidar,
aljofaina, almofia, almorrax, atanor.
• Termos ligados à lavoura, agricultura: açafrão, acelga, alcachofra,
alecrim, alface, algodão, azeitona, azeite, laranja, limão, romã, café.
• Termos ligados à matemática: algarismo, álgebra, zero.
• Outros termos: açougue, açúcar, álcool, damasco, enxoval,
enxaqueca,garrafa, gazela, gengibre, gergelim, jarra, marfim,
masmorra, mesquita, oxalá, quintal, recife, refém, saguão, sapato,
sultão, tagarela, talco, tambor, tarefa, tarifa, xadrez, xarope, xerife...
• Entre alguns exemplos de termos que se referem à organização do
Estado e que dão bem uma idéia do que foi a influência do mundo
árabe na Península Ibérica, está a palavra aduana, do árabe addiwan, oriunda do persa diwan, que significava registro, oficina,
escritório. Ficou viva na língua portuguesa até hoje, e, muitas
vezes, pensamos que se trata de espanholismo: entretanto é
documentada desde 1383, em textos moçárabes.
• Alvará é uma palavra tipicamente árabe e documentada na língua
desde 1328. Significa o texto que autoriza, e, até hoje, não teve
substituto. Continua presente na língua.
• Uma linda palavra, ainda viva em português, é o nosso alferes.Era o
porta-bandeira, por excelência, na frente militar.
• Almoxarife, já documentada em textos moçárabes desde o séc.XIII,
é ainda insubstituível na língua portuguesa de hoje, juntamente com
seus derivados.
Os árabes no Brasil
A partir do início do séc.XIX, o Brasil recebeu várias levas de
imigrantes estrangeiros, atraídos por oportunidades de trabalho e
melhores condições de vida. Dentre eles, estão os Sírios e os
Libaneses.
Integrando-se à vida do país, ao mesmo tempo que mantinham
seus costumes tradicionais, acabaram deixando marcas por nossa
cultura.
Palavras árabes no Brasil:
Esfiha – isfiha
Mascate – masqat
Quibe – quibbat
Tabule - tabule
Prato árabe
Tempos atuais
• Conflitos
• Ocidente: interesse pelo exótico em relação ao mundo
árabe
• Mídia: explora muito mais a questão das guerras e
conflitos internos
José Ribeiro dos Santos Junior
Leila Carmen de Oliveira
Luciana Corral Escarlate Ribeiro
Michele Moreira Sabino
Neila Santos Oliveira
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