Universidade do Minho Curso de Sociologia UC - Trabalho e Culturas Profissionais Aula de 9 de Março de 2010 Sumário A noção de trabalho. Três perspectivas do trabalho na era da globalização: a visão pós- marxista; neo-liberal; e pós-moderna (Antonio Negri, Hardt, Lazzarato) 1 Introdução Podem definir-se três perspectivas em torno das relações de trabalho na era da globalização: • 1. pós-marxista - teorias posteriores às ideias originais de Karl Marx • 2. neo-liberais - Friedman • 3. pós-moderna, Antonio Negri, Hardt, Lazzarato e outros autores da mesma tendência. 2 A Pós-marxista Desenvolvida por Ricardo Antunes (1996) e Adrián Sotelo Valencia (2003). A globalização - transformações não só na materialidade do trabalho, mas também na subjectividade. 3 A Pós-marxista "La década de los ochenta presenció, en los países del capitalismo profundas transformaciones en el mundo del trabajo, en su forma de inserción en la estructura productiva, en las formas de representación sindical y política. Han sido tan intensos los cambios, que hasta se puede afirmar que la clase que vive del trabajo ha sufrido la más aguda crisis de este siglo, que ha afectado no solo su materialidad sino que ha tenido repercusiones en su subjetividad y el íntimo interrelacionamiento de estos niveles, ha afectado su forma de ser" (Antunes, 1996: 13). 4 Pós-marxista Estas considerações levam às seguintes perguntas: • Está desaparecendo a classe operária? • Estamos às portas do fim do trabalho? • Acabou a centralidade da classe operária na sociedade? • A categoría "trabalho" perdeu o estatuto central na sociedade? 5 Pós-marxista Resposta pós-marxista: "Se observa, en el universo del mundo del trabajo en el capitalismo contemporáneo, un múltiple proceso: por un lado se ha verificado una desproletarización del trabajo industrial, fabril, en los países del capitalismo avanzado. En otras palabras, hubo una disminución de la clase obrera industrial tradicional. Pero, paralelamente, se ha efectuado una importante expansión del trabajo asalariado, a partir de la enorme ampliación del asalariamiento en el sector de servicios; se ha verificado una significativa heterogeneización del trabajo, expresada a través de la creciente incorporación del contingente femenino en el mundo obrero, se vive también una subproletarización intensificada. El más brutal de esas transformaciones es la expansión, sin precedentes en la era moderna, del desempleo estructural" (Antunes, 1996:35). 6 A Pós-marxista • Diminuição do proletariado industrial • Expansão do trabalho assalariado • Terciarização do trabalho • Aumento da mão de obra feminina e infantil • Precarização do trabalho • Desemprego estrutural 7 A Pós-marxista A classe trabalhadora: mais heterogénea, fragmentada e complexa. Reducão das taxas de sindicalização a nível mundial, fenómeno este que denomina "desindicalização". “Sindicalismo horizontal" que agrupa as esferas inter-sectoriais. 8 A Pós-marxista Três tendências nas relações de trabalho contemporâneas • individualização • desregulação e flexibilidade laboral • esgotamento das relações sindicais com três variantes: Modelo anglo-saxão: eliminação dos sindicatos. Modelo alemão: relações tripartidas. Modelo japonês: sindicato de empresa com carácter participacionista. 9 Neo-liberal Concepção baseada no individualismo que origina: 1. Desmoronamento do Estado regulacionista 2. Fim da rigidez do mercado de trabalho 3. O império do mercado "Sólo el mercado puede realizar de manera adecuada la asignación de recursos, pues ninguna persona o conjunto de personas podría lograr el conocimiento perfecto de todas las circunstancias que están actuando en el mercado a cada momento" (Hayek, 1978: 204). 10 Neo-liberal • Trabalho como uma mercadoria que está sujeta às oscilações da oferta e da procura e cujo equilíbrio determina o salário justo e evita o desemprego. • Os sindicatos são vistos também como uma interferência, a flexibilidade se converte como solução frente a estas indesejáveis intervenções. • O desemprego é causado pela existência de rigidez nos mercados de bens e trabalho que são o resultado, em parte, de uma regulação excessiva e inadequada. 11 Neo-liberal Segundo Ulrich Beck (2000), a partir das transformações produzidas pela globalização, os neoliberais sugerem o seguinte cenário optimista: "Como solución mágica para la recuperación del pleno empleo se desplaza hasta allí un drástico medicamento político que combina una elevada estabilidad monetaria, unas subidas salariales moderadas y un reducido margen de huelga dentro de un estado mínimo que se limita a la creación de condiciones marco competitivas y sociales junto con un elevado grado de responsabilidad por parte de los ciudadanos y los empresarios. En cambio, las políticas laborales del Estado asistencial (programas de empleo, reforzamiento de las prestaciones estatales, etc.) aparecen como obra del diablo, tras un breve lapso de mejoras, empeoraría a buen seguro el problema del paro.” (Beck, 2000:53). 12 Pós-moderna Antonio Negri, Hart (2000) e Lazzarato (1991), em torno de uma nova sociología do trabalho na era da globalização Negri e Hardt estabelecem as diferenças fundamentais entre a "economía fordista" e a "economía pós-moderna". Fordista: modelo de produção em que a informação e a comunicação entre produtores e consumidores era escassa e relativamente lenta. • Competência ficava nos trabalhadores • Concentração da produção • Empresa hierárquica e burocrática • Trabalho garantido e estável 13 Pós-moderna A economía pós-moderna caracteriza-se por ser: • 1. Altamente comunicacional e informacional • 2. Descentralização da produção • 3. Trabalho não garantido e instável • 4. Funcionamento em redes •“O lugar onde se produz o excedente de produtividade já não é a fábrica, nem o sistema da grande indústria, mas o conjunto de ''redes'' sociais por meio das quais essa massa de trabalhadores imateriais aprende, coloca-se em contato, comunica, inventa, produz mercadorias e faz tudo isso reproduzindo subjetividades” (Negri, 1997) 14 Pós-moderna Predomínio na sociedade contemporánea do "trabajo imaterial e afectivo“ "Puesto que la producción de servicios no resulta en bienes materiales ni durables, definimos al trabajo implicado en esta producción como trabajo inmaterial es decir, trabajo que produce un bien inmaterial, tal como un servicio, un producto cultural, conocimiento o comunicación.” 15 Pós-moderna Os autores introduzem o conceito de multitude: • No lugar dos termos tradicionais: proletariado, trabalhadores, classe operária. • Pretendem assim dar conta das transformações qualitativas no trabalho desde os anos setenta. • Esta mudança consistiría essencialmente na hegemonía do trabalho imaterial sobre o conjunto da força de trabalho. • A "multitude" sería então um novo sujeito produtivo "livre e autónomo", já não situado na fábrica o no local de trabalho mas em toda a sociedade (a importância das redes) • Implica uma valorização do papel do trabalho intelectual e dos sectores mais qualificados dos assalariados. • O conceito de multitude descreve um proletariado que se tornou mais heterogéneo e dominado pelo "trabalho imaterial". 16 Pós-moderna Negri e Hardt distinguem três tipos de trabalho imaterial: • O da produção industrial que se informatizou e que incorporou tecnologías da comunicação transformando o própio processo produtivo • O trabajo imaterial das tarefas analíticas e simbólicas, subdividido em manipulações inteligentes e criativas e tarefas simbólicas rotinarias • O trabalho que implica a produção e manipulação de afectos e requere contacto humano, trabalho en modo corporal. Este trabalho imaterial envolve imediatamente a cooperação e interacção social, questão que é completamente imanente à própria actividade laboral. 17 Bibliografia: António Negri (1997), "Direita e esquerda na era pós-fordista: mudanças na esfera da produção levam a novas formas de organização e atuação políticas", in Folha de São Paulo, 29/06/97,http://www.dossie_negri.blogger.com.br/index.html [Consultado em: 12 de Fevereiro de 2010]). Esta apresentação baseia-se em: Leticia Barrios Graziani, O Trabalho e a Globalização: Três Perspectivas de Análise, Disponível em: http://www.fcs.edu.uy/enz/licenciaturas/cpolitica/sistemapoliticonacional3/PPT%20PARA%20 CLASE%20SISTEMA.ppt [25 de Fevereiro de 2010] 18