Susana de Matos Viegas, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de
Lisboa
As “retomadas” Tupinambá. Confrontos produtivos na reivindicação de uma terra
indígena (Brasil)
É quase um truismo dizer-se que as reivindicações de direitos à terra são processos
marcados pelo conflito não apenas físico, mas também de linguagens,
entendimentos do mundo e posturas políticas face às formas de regulação do
Estado. Sentidos de territorialidade, de propriedade da terra, e de justiça histórica
são postos em confronto, muitas vezes sublinhando a necessidade de encontrar
consensos entre as visões e posições de quem reivindica seus direitos e de quem os
concede.
Nesta comunicação exploro a produtividade das relações conflituantes de
propriedade da terra e de territorialidade, analisando os processos que os
Tupinambá (e muitos outros povos indígenas no Brasil) chamam de “retomadas”.
Para os Tupinambá as “retomadas” correspondem à ocupação de uma área que
consideram ser território tradicional, dinamizando multiplas dinâmicas sociais. A
comunicação centra-se na descrição de um confronto aberto entre forças policiais e
judiciais com os Tupinambá e a FUNAI, ocorrido em Outubro de 2008, quando uma
acção policial iniciou a execução judicial de mais de trinta “reintegrações de posse”
das áreas “ocupadas/invadidas” ou “retomadas” pelos Tupinambá.
Tendo por pano de fundo a aproximação dos debates americanistas à análise
dos mundos vividos pelos Tupinambá de Olivença (sul da Bahia, Brasil), proponho
nesta comunicação um desvio das abordagens tanto dos movimentos sociais e dos
direitos indígenas, como das políticas de identidade, para analisar aquilo que
normalmente é definido, à partida, nesse quadro analítico. Em alternativa, sugiro
que tomemos como objecto de reflexão antropológica a circunstância histórica de
se viver em tempos de reivindicação de terra indígena e que nesse quadro de
análise se explore o papel constitutivo do conflito na produção de sentidos da
territorialidade e da propriedade da terra.
Las “retomadas” Tupinambá
Enfrentamientos productivos en la reivindicación de una tierra indígena
(Brasil)
Susana de Matos Viegas
(Instituto de Ciencias Sociales, Universidad de Lisboa)
Es casi una redundancia decir que las reivindicaciones de derechos a tierras son
procesos marcados por el conflicto, no solo físico sino tambien de lenguajes,
visiones del mundo y posturas políticas sobre las formas de regulación del estado.
En causa están diferentes ideas de territorialidad, propriedad de tierra y justicia
histórica, que amenudo señalan la necesidad de encontrar consensos entre las
visiones y posiciones de quien reivindica sus derechos y de quien los otorga.
En esta presentación exploro la productividad de las relaciones conflictivas de
propriedad de tierra y de territorialidad, analizando los processos a que los
Tupinambá (y muchos otros pueblos indígenas de Brasil) llaman retomadas
(“recuperaciones”). Para los Tupinambá las “recuperaciones” corresponden a la
ocupación de una zona que cosideran como territorio tradicional, implicado en
multiples dinamicas sociales, entre las que se destaca el hecho de que son zonas en
que se han ido construyendo “aldeas” anteriormente inexistentes. Esta conferencia
se centra en la descripción de un conflicto abierto entre fuerzas policiales y
judiciales con los Tupinambá y la FUNAI, ocurrido en Octubre de 2008, quando una
acción policial dió inicio a la ejecución judicial de mas de treinta “reintegraciones de
possesión” de las zonas “ocupadas/invadidas” o “recobradas” por los Tupinambá.
Teniendo como plano de fondo la aproximación de los debates americanistas al
análisis de los mundos vividos por los Tupinambá de Olivança (sur de Bahia, Brasil),
propongo un desvio de abordages tanto de los movimientos sociales y de los
derechos indígenas, como de las políticas de identidad, relativamente a lo que en
regla queda anticipadamente definido dentro de esse cuadro analítico. En
alternativa sugiero que tomemos como objeto de reflexión antropológica la
circunstancia histórica de vivir en epocas de reivindicación de tierra indígena, y que
en ese cuadro de analisis se explore el papel del conflicto en la produción de
sentidos sobre la territorialidad y la propriedad de tierra.
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Susana de Matos Viegas, Instituto de Ciências Sociais