Revista distribuída com o Diário Económico nº 5896 de 3 de Abril de 2014. Não pode ser vendida separadamente. PRÉMIO ENTREPRENEUR OF THE YEAR DA EY 2014 CONHEÇA O MELHOR EMPREENDEDOR DO ANO Chama-se Manuel Alfredo de Mello e está à frente da Nutrinveste. É ele o vencedor do Prémio Entrepreneur of the Year de 2014. Nuno Carvalho da Padaria Portuguesa venceu na categoria de Emerging e a Frezite de José Manuel Fernandes ganhou o prémio International. Saiba ainda as histórias que têm para contar os restantes finalistas do prémio. 2 A noite foi de Manuel Alfredo de Mello O grande vencedor da noite foi a Nutrinveste de Manuel Alfredo de Mello, que levou para casa o Prémio Entrepreneur of the Year de 2014 e vai agora representar Portugal na final mundial no Mónaco. Mas a EY distinguiu também pela internacionalização que conseguiu dar à Frezite José Manuel Fernandes, que levou para casa o Prémio International EOY. O negócio emergente premiado foi a Padaria Portuguesa. Quatro anos depois de ter tido a ideia, Nuno Carvalho arrecadou o Prémio Emerging EOY. 1 4 2 3 5 EY - Entrepreneur of The Year 3 6 1. Os apresentadores da gala: os jornalistas do ETV Tânia Madeira e Ruben Bicho 7 2. O ex-ministro Eduardo Catroga foi o presidente do júri Entrepreneur of the Year de 2014. 3. A fadista Gisela João animou a noite antes de serem anunciados os vencedores da edição na Estufa Fria. 4. O grande vencedor da noite, Manuel Alfredo de Mello, recebeu o Prémio Entrepreneur of the Year de 2014 das mãos do presidente da EY Portugal, João Alves. 5. Foto de família dos três vencedores da noite: Manuel Alfredo de Mello (ao centro), com o 1º lugar de Entrepreneur of the Year, Nuno Carvalho (à direita), com o prémio Emerging, e José Manuel Fernandes, com a categoria International. 8 6. Dois membros do júri à conversa: António Lobo Xavier e Vítor Gonçalves. 7. João Alves, presidente da EY Portugal. FOTOGRAFIAS DE PAULO ALEX ANDRE COELHO 8. O secretário de Estado do Empreendedorismo e Inovação, Pedro Gonçalves. Entrepreneur of The Year - EY 4 4 1 2 3 5 EY - Entrepreneur of The Year 5 6 1. José Manuel Fernandes, da Frezite, recebeu de António Costa, director do Diário Económico, o Prémio International Entrepreneur of the Year 2014. 2. Pedro Silva, da Sonicarla, com o prémio de finalista entregue por Miguel Farinha, Partner da EY, responsável pelos serviços de assessoria e transacções. 3. Nuno Carvalho, da Padaria Portuguesa, foi premiado na categoria de Emerging Entrepreneur of the Year. 4. Jorge Batista e José Dionísio, da Primavera, foram também finalistas e a entrega do prémio coube a Carlos Lobo, partner da EY, responsável pelos serviços de assessoria fiscal. 7 5. José Roquette, da Herdade do Esporão, recebeu o prémio de finalista das mãos de Ana Salcedas, partner da EY responsável pelos serviços de auditoria ao sector financeiro 6. O ex-ministro da Economia Mira Amaral não quis faltar à entrega do prémio de empreendedorismo da EY. 7. O vencedor Manuel de Mello com José Roquette, também ele finalista do prémio pelo seu trabalho à frente da Herdade do Esporão. FOTOGRAFIAS DE PAULO ALEX ANDRE COELHO 8. Avelino Gaspar, da Lusiaves, recebeu o troféu de finalista das mãos de Rui Vieira, partner da EY no Porto de serviços de auditoria. 8 Entrepreneur of The Year - EY 6 “Depois da nacionalização, em 1982 criámos tudo de novo” MANUEL ALFREDO DE MELLO Vencedor do Prémio Entrepreneur of the Year 2014 Trabalhou sempre nas empresas da família. Depois de 1982, o portefolio de negócios na área alimentar foi alargado e em 1992 surgiu a Nutrinveste. anuel Alfredo de Mello nunca pensou outra coisa para a sua vida que não fosse trabalhar nas empresas da família. As empresas, mais do que algo que se possui, são como membros da família. Depois das nacionalizações, foi o período mais difícil em que teve de recomeçar do zero, mas seguiu em frente. O portefólio de negócios na área alimentar foi alargado e em 1992 nascia a Nutrinveste. M Esse prémio que carrega tem um grande peso da responsabilidade? Tem o peso da responsabilidade das pessoas que trabalham comigo. Considera que foi o justo vencedor da noite? Eu não sou júri, não conheço a fundo as outras empresas, mas acho que merecia. Mesmo não conhecendo as outras empresas, o que é torna a sua especial, o que é que a torna merecedora desse prémio? Nunca trabalhei com outras empresas que não fossem da família, mas sinto o entusiasmo e a motivação das pessoas que trabalham comigo. Embora seja uma empresa familiar, não é dirigida por pessoas da família. Estão também na estrutura pessoas da família, mas não se fica à frente da empresa por herança. Tem de se ter valor, portanto, temos gente de fora a dirigir a empresa. E é isso, de facto, ver que as pessoas se sentem realizadas a fazer o seu trabalho. Qual é a importância deste prémio, o reconhecimento do seu trabalho dos últimos anos, depois de a empresa ter também passado por um mau período a seguir à nacionalização? A posse das empresas foi mudada depois da nacionalização. Portanto, foi tudo criado de novo, a partir de 1982, com os títulos de indemnização que recebemos. Hoje em dia, as pessoas já não sabem da história, já não se lembram, mas é importante contar esta história. E que foi difícil foi, muitas incertezas, muitos problemas, e tivemos que virar a página e seguir em frente. Como foi reconstruir um grupo daquela dimensão naquela altura? EY - Entrepreneur of The Year A Nutrinveste surgiu em finais de 1992, no seguimento de um processo de crescimento das actividades empresariais que detínhamos desde os inícios dos anos 80, centradas nos óleos vegetais e marginalmente nos azeitevs. Decidiu-se e foi um grande desafio alargar o portefólio de negócios na área alimentar. Desde o início deste processo (1982) que trabalhava com o meu pai e com uma equipa de pessoas de grande qualidade e dedicação, que eram o Engº Álvaro Barreto, Dr. Eduardo Catroga, Dr. Nuno Fernandes Thomaz, Engº. Figueira de Matos, Dr. Escaja Gonçalves, Dr. Bernardino Costa Pereira, Dr. António Simões, Dr. Rui Horta e Costa e Dr. João Cotrim de Figueiredo. Foi uma tarefa aliciante, de grande empenho, grandes desafios e de grandes realizações pessoais e profissionais. Éramos poucos, estávamos, como se costuma dizer, com a mão na massa, e esta não abundava. Todas as grandes decisões tinham que correr bem, sob pena de o projecto se desmoronar. Verdade seja dita que sempre contámos com um grande apoio da banca, mas quero realçar a especial colaboração do BCP e da sua equipa, liderada pelo Engº. Jardim Gonçalves, que sempre nos apoiaram, mesmo nos piores momentos, que também os houve. Porque decidiu aceitar uma tarefa que parecia tão complicada e num período conturbado da História do País? Aceitar esta tarefa não foi um peso, foi antes um desafio fantástico, que significava, em conjunto com esta equipa liderada pelo meu pai, dar substância a um conjunto de enormes ambições e realizações. Quando era jovem fazia planos de integrar a empresa do seu pai? Não pensou em ter outra profissão ou fazer outra coisa que gostasse mais? Fui educado a considerar o Grupo CUF não como qualquer coisa que se possuía, mas antes como um membro da família, com todas as responsabilidades inerentes. Não me passava pela cabeça ser outra coisa. Mesmo depois das nacionalizações, estive no estrangeiro a trabalhar com o meu pai e o meu tio José Manuel e, assim, o recomeçar de novo um grande projecto familiar foi qualquer coisa de natural. Só tive de voltar a fazer as malas! Qual foi a decisão ou negócio mais complicado que teve ao longo da sua carreira? Não houve nenhum negócio mais difícil. Todos de que me recordo, e foram muitos, foram diferentes. Desde o começar por comprar a Alco na Maia, com a grata surpresa da qualidade da empresa que encontrámos, até à compra da Tagol (aos bancos), da Lusol/Sovena, por pri- 7 “Fui educado a considerar o Grupo Cuf não como qualquer coisa que se possuía, mas antes como um membro da família”. vatização, à compra da Nutrinveste ao IPE, a Tabaqueira em parceria com a Philip Morris na privatização, à compra da Agribética (Sevilha), primeira internacionalização, venda da Triunfo, Nutricafés, Compal (decisão emocionalmente bastante complicada), compra da ECOO nos EUA, começo das Elaias, etc, todas foram desafios em que me empenhei imenso. O que é que podemos dizer que tem o seu dedo, na forma de gestão e funcionamento da Nutrinveste? A 100% acho que não tem nada, graças a Deus. Eu sempre gostei de trabalhar com pessoas, de dialogar e conversar com elas. É óbvio que a última palavra é minha, mas que me lembro só uma vez é que tive de decidir contra todos. E por acaso tinha razão, normalmente não se tem. Costuma ir às fábricas? Conhece os seus colaboradores? Já não sou tão assíduo como gostaria na visita às fábricas, o que me faz falta pessoalmente, mas sempre que o faço é com enorme paixão. No entanto, sei que elas estão bem entregues aos seus responsáveis. Já pensou na sucessão ou no momento em que se vai retirar? Desde há anos que membros da família trabalham a todos os níveis na estrutura da empresa, para além de fazerem parte do Conselho de Administração da Nutrinveste. Penso que a sucessão, tanto ao nível familiar como empresarial, está a ser construída, e espero que venha a acontecer de um modo natural. Em termos de planos futuros, vamos tentar consolidar os actuais negócios, e tentar alargar mais fortemente a nossa presença no maior número de países possíveis, cumprindo assim a nossa visão: “olive oil for the world”. E o que espera agora em Monte Carlo? Vai representar Portugal na grande fi nal mundial do Prémio Entrepreneur of the Year, com mais cerca de 50 países concorrentes. Não sei, não sei. Entrepreneur of The Year - EY 8 De empresa familiar a segunda maior empresa de azeite do mundo Nutrinveste nasce da antiga Cuf e cresce através de aquisições e vendas estratégicas. iz que há dois tipos de pessoas: “os que acreditam e os que acabam por desistir”. Manuel Alfredo de Mello, presidente da Nutrinveste, não é, de todo, um desistente. Trabalhou desde o início, em 1982, com o pai (Jorge de Mello), o tio (José Manuel de Mello), e uma equipa que contava com nomes tão sonantes quanto Álvaro Barreto, Eduardo Catroga, Rui Horta e Costa, João Cotrim Figueiredo, entre outros, num grupo empresarial que começou nos finais do século XIX pelas mãos do seu bisavô Alfredo da Silva. Quando, em 1982, Manuel Alfredo de Mello entrou para o negócio de família, já a CUF, Companhia União Fabril, era o maior grupo industrial português, representante de 5% do PIB nacional, com mais de 100 empresas, 11 mil colaboradores e mais de mil produtos diferentes em produção. Nunca lhe passou pela cabeça fazer outra coisa da vida: “Fui educado a considerar o Grupo CUF como membro da família. Mesmo depois das nacionalizações, o recomeçar de novo um grande projecto familiar foi qualquer coisa de natural”, lembra. Mas, na verdade, não foi um período fácil. O grupo sobreviveu, como muito poucos, às duas guerras mundiais, contudo, em 1974, a instabilidade política do fim da ditadura representou, também, o fim deste grupo de sucesso. Manuel Alfredo de Mello foi com o pai e o tio trabalhar para o estrangeiro e só com o regresso da estabilidade no país, já nos anos 80, voltou com o seu pai para levarem a cabo a maior reconstrução do grupo. Manuel Alfredo de Mello explica que o regresso “foi D motivado por duas razões: aproveitar o processo de indemnizações aos titulares de bens nacionalizados para recuperar uma parte do capital que tinha sido espoliado; e, por outro lado, utilizar esse capital recuperado para se reerguer empresarialmente. Como os títulos de indemnização só podiam ser mobilizados a curto prazo nas empresas, fazia todo o sentido aplicá-los na tomada de participações em empresas de sectores onde a CUF tinha indiscutível ‘know how’”. E apesar das dificuldades, o presidente da Nutrinveste garante que “aceitar esta tarefa não foi um peso, mas antes um desafio fantástico”. É então em 1982 que Jorge de Mello reentra no mercado português pela aquisição da Alco, Algodoeira Comercial e Industrial. O filho Manuel Alfredo de Mello viaja muito, fala com muita gente e recorre à equipa de nomes sonantes com quem já contava na CUF para ir fazendo várias aquisições estratégicas e fazer o grupo crescer. Ali- ás, é no início dos anos 90 que as áreas de negócio são reorganizadas em torno da Nutrinveste , formando assim um novo grupo agro-alimentar, constituído por diversas empresas que tinham sido da CUF e que voltavam agora à esfera da família Mello. Homem forte da Nutrinveste , cuja sede é em Lisboa, sempre tentou visitar com frequência as fábricas e conhecer os colaboradores, o que hoje em dia faz menos do que gostaria, porque delegou o comando da empresa “numa equipa de grande qualidade, liderada por António Simões, CEO da Nutrinveste “, diz. Manuel Alfredo de Mello enfrentou sempre as situações como desafios e não dificuldades. Mas “existiram negociações muito complicadas, como foi o caso da Tabaqueira”, diz. E recorda particularmente a venda da Compal, porque foi como se fosse “a venda de uma parte da família”, tornando-a uma decisão emocional difícil. Hoje é a segunda maior empresa de azeite no mundo e tem mais quatro membros da família a integrar os quadros da administração, pelo que Manuel Alfredo de Mello está tranquilo com a sua sucessão e a sua implicação no futuro da Nutrinveste . A venda da Compal foi a decisão emocional mais difícil. O azeite Oliveira da Serra é uma das imagens de marca da Nutrinveste. PERFIL DA EMPRESA Nome: Manuel Alfredo de Mello Sector: Agroalimentar Ano de fundação: 1982. Volume de negócios: 1,023 milhões de euros (2012) Nº Colaboradores: 1.023 Exportações: Angola, Brasil, Cabo Verde, Ucrânia, Argentina e França. Com fábricas em Espanha, EUA, Tunísia e Chile. EY - Entrepreneur of The Year FOTOGRAFIAS DE PAULO ALEX ANDRE COELHO NUTRINVESTE 9 PERFIL DA EMPRESA PADARIA PORTUGUESA Sócios fundadores: Nuno Rocha, José Diogo Quintela e outros familiares Ano da fundação: 2010 Investimento inicial: 1,3 milhões de euros Volume de negócios: 9,5 milhões de euros (2013) Nº colaboradores: 350 O plano de Nuno Carvalho é duplicar o número de lojas da Padaria Portuguesa na Grande Lisboa, nos próximos três anos. Actualmente são 21. “Trabalhamos com factores de diferenciação bem definidos” NUNO CARVALHO Vencedor do Prémio Emerging Entrepreneur of the Year. A primeira Padaria Portuguesa tem três anos e meio. Nuno Carvalho conta que o foco no que o consumidor procura e não encontra na concorrência tem sido o mote do negócio. om tantas pastelarias e cafetarias que o país tem, como é que se pensa uma marca nova e que marque a diferença sem praticar preços proibitivos? “Aquilo que encontrámos no mercado, há quatro anos atrás, foi uma oferta de pastelarias e cafetarias aquém das expectativas do consumidor do dia de hoje e desenvolvemos uma proposta de valor diferenciadora”, explica o sócio e director-geral da Padaria Portuguesa, Nuno Rocha, o vencedor do Prémio Emerging Entrepreneur of the Year 2014 da EY. Parece simples, mas o que somos tentados a pensar é porque é que ninguém teve a ideia antes? Nuno Rocha juntou-se a uma tia, ao irmão mais velho e ao primo José Diogo Quintela (dos Gato Fedorento), que entraram como sócios financeiros. A primeira loja foi na Avenida João XXI, há três anos e meio, e no arranque foram investidos 1,3 milhões de euros, entre as quatro primeiras lojas, a fábrica e o fundo de tesouraria. O público gostou e aderiu. As lojas foram-se alargando aos bairros lisboetas e o negócio multiplicou-se. As 20 primeiras lojas custaram cinco milhões de euros de investimento de capitais próprios. O ‘break-even’ operacional foi atingido com a quarta loja. E a meio de 2013 a Padaria Portuguesa estava a dar lucro. Hoje são 21 lojas, 350 colaboradores, mais de 9,5 milhões de euros de facturação em 2013 e mais de um milhão de portugueses servidos num ano. E o plano para FOTOGRAFIAS DE PADARIA PORTUGUESA E PAULO FIGUEIREDO C os próximos três anos é ambicioso: duplicar o número de lojas, continuando na Grande Lisboa, e passar para 600 colaboradores. É preciso “trabalhar de forma profissionalizada com factores de diferenciação bem definidos por uma equipa com imensa energia”, justifica Nuno Rocha. O foco tem de estar bem apontado ao consumidor, ao que ele quer e que não encontra na concorrência. A Padaria Portuguesa vende pão, bolos, cafés, chás e sumos e tem pequenas refeições ligeiras como tantas pastelarias por esse país fora. Mas afinal como é que marcou a diferença? O director geral explica que a proposta de valor diferenciadora está centrada em três eixos-chave que tem vindo a implementar “com rigor”: primeiro, uma relação de qualidade/ preço acima da média, ou seja, procurar qualidade sem carregar muito nos preços; segundo, gerar uma experiência de compra muito mais agradável do que as pastelarias do dia-a-dia, que resulta de uma série de pequenos pormenores das lojas. “Temos uma ‘playlist’ a passar, a forma como iluminamos e expomos os produtos é pensada, temos um plano de degustação diária de produtos, a forma como promovemos o serviço através dos nossos colaboradores, enfim, uma série de pequenos pormenores. Porque nesta área todos os detalhes contam”, adianta o empresário. Terceiro, a aposta feita para que a marca tivesse um papel muito activo na vida do bairro e das comunidades envolventes. “No limite, estabelecer relações tão duradouras e de confiança ao ponto da mãe deixar connosco a chave de casa para o filho. E assim fazer com que estas crianças durante muitos anos visitem as nossas lojas”, explica Nuno Rocha, acrescentando que na Padaria Portuguesa também se aposta no rigor financeiro. Quem vive noutras zonas do país e gostaria de ir tomar de vez em quando o pequeno-almoço à Padaria Portuguesa, vai ter de continuar à espera. Para já os planos de expansão ficam-se pela região da Grande Lisboa, abrangendo a Margem Sul, Linha do Estoril, Sintra, etc. “Apesar de termos lojas muito próximas umas das outras, a verdade é que elas não se canibalizam. E portanto tem sentido para nós apresentar aos bairros da grande Lisboa onde ainda não estamos presentes a nossa proposta e continuar a acrescentar valor a este município de Lisboa”, acrescenta Nuno Carvalho. Além das novas lojas, o director geral não adianta novidades, embora deixe escapar: “Definimos ser especialistas em produzir na área de negócio de padaria e pastelaria e em vender esses produtos. Isso pode dar para muitas áreas de negócio diferentes, seja quiosques, ou outra coisa, enfim, até desenvolver produtos com a nossa marca noutras áreas de negócio. Temos uma série de caminhos possíveis”. Entrepreneur of The Year - EY 10 Frezite exporta 80% da produção para mais de 50 países JOSÉ MANUEL FERNANDES Vencedor do Prémio International Entrepreneur of the Year Empresa de ferramentas de corte da Trofa tem sucursais em dez países. xportar e internacionalizar são agora as palavras que mais se ouvem para salvar a economia portuguesa, mas a Frezite já há muito tempo que começou a sua estratégia de expansão internacional. Tanto é que a empresa de ferramentas de corte tem sucursais em dez países, incluindo os latino-americanos Brasil e México, e exporta 80% das vendas. Não espantou por isso que tivesse sido a vencedora deste ano do Prémio International Entrepreneur of the Year da EY. Quando se pergunta a José Manuel Fernandes, o fundador e CEO da Frezite, qual é que foi o momento mais marcante da sua empresa, a resposta não podia ser outra: “o nosso primeiro contacto com os mercados externos, com a primeira encomenda para a Bélgica” ou “a formação da primeira empresa nos mercados externos, em apoio à sustentabilidade das exportações, a FMT, na Alemanha – Frezite Metal Tooling, que foi um marco como prova de fogo de todo um projecto de internacionalização”. Depois de receber o prémio da EY, disse com orgulho, ainda no palco: “A nossa visão de estar nos quatro cantos do mundo falando de igual para igual com qualquer entidade, qualquer centro científico de desenvolvimento nas E áreas que comunicam connosco, é isso que permite ter orgulho de ser português. Exportar para o Japão, para a Alemanha, onde acabamos de comprar a segunda empresa, é isso que me dá alegria de viver e força para dizer que somos capazes”. José Manuel Fernandes começou a trabalhar aos 14 anos como desenhador técnico. Trabalhou para outros empresários, mas houve um dia, tinha 33 anos, que se fartou de dar dinheiro a ganhar aos outros e achou que tinha chegado a hora de lançar o seu próprio negócio. Até porque na altura identificou um “país cheio de oportunidades”. “Após o 25 de Abril, Portugal viu-se mais virado para o seu crescimento económico, pela via do investimento industrial e deparámo-nos com oportunidades em todas as frentes”, conta. Juntou-se ao sócio e criou, em 1978, na Trofa (Porto) a Frezite para produzir e comercializar ferramentas de corte, primeiro de madeira, mas rapidamente de outros materiais. E descobriu, assim, um nicho de mercado por ex- “No segundo ano de actividade, a Frezite estava a expor na feira de Hannover” plorar e com muito potencial, porque Portugal tinha um grande défice no sector. NO 2º ANO ESTAVA A EXPOR EM HANNOVER A aposta na internacionalização não tardou a chegar. “No segundo ano de actividade, a Frezite estava a expor na feira de Hannover”, conta José Manuel Fernandes. O negócio foi evoluindo e hoje a Frezite define-se como uma empresa de engenharia de soluções para ferramentas de corte. “Se naquele tempos tínhamos uma visão manufactureira, cedo nos apercebemos de transitar para uma estratégia de customização, ou seja, engenharia de soluções personalizadas às necessidades de cada clientes e cada mercado”, explica o presidente. Cerca de 85% das soluções que fabricam são à medida do cliente, criadas no laboratório de Investigação & Desenvolvimento. Aos 69 anos, este engenheiro mecânico diz que acreditou sempre que a Frezite ia vingar e “dar ao país um tipo de actividade económica de base tecnológica e industrial, que alimentaria outros sectores a jusante, muito importantes nas exportações e na economia nacional”, conta. Ao leme da sua empresa, diz que o seu dia-a-dia “é trabalhar com uma agenda algo carregada”, até porque tem tido sempre uma participação activa no associativismo empresarial. Já foi vice-presidente da CIP e hoje é vice-presidente da assembleia geral da AEP. Para quem quer conselhos para lançar um negócio diz que tem de haver um projecto, conhecimento sobre a aceitabilidade pelos mercados, ter uma ideia dos recursos de que se necessita, estar preparado para trabalhar dia e noite e desenvolver um envolvimento de paixão por aquilo que se quer fazer. “Se não tiver paixão pelo projecto, é melhor ser empregado por conta de outros”, sublinha. E depois é importante que esteja “desde a primeira hora em contacto com o mercado, com clientes exigentes e que possam evidenciar os pontos fracos, pontos fortes e inovação necessária para o futuro próximo e afastado”, acrescenta. As palavras-chave para empreender com sucesso são, em sua opinião, “testar, testar, testar” e depois “melhorar, melhorar, melhorar”. PERFIL DA EMPRESA FREZITE – FERRAMENTAS DE CORTE FOTOGRAFIA DE BRUNO BARBOSA Nome: José Manuel Fernandes Sector: Industrial Ano de fundação: 1978 Volume de negócios: 55 milhões de euros Número de colaboradores: 215 Exportações: 80% das vendas para mais de 50 países nos cinco continentes, com sucursais em dez países EY - Entrepreneur of The Year 11 “Será inevitável continuar a crescer em exportações e eventualmente vir a produzir vinho no hemisfério Sul.” Herdade do Esporão era um projecto megalómano nos anos 70 JOSÉ ROQUETTE Finalista do Prémio Entrepreneur of the Year. José Roquette sempre acreditou na ideia que tinha, apesar dos técnicos do Ifadap, na altura, lhe terem vaticinado a falência rápida. uando, em 1973, adquiriu a Herdade do Esporão , José Roquette - um dos seis finalistas do Prémio Entrepreneur of the Year da EY de 2014 - fê-lo acreditando piamente no sócio José Bandeira, que “tinha uma noção muito clara de que era possível fazer vinho de qualidade e criar mercado para o vender”. Os primeiros 100 hectares de vinha plantados tiveram um pequeno apoio do Estado, mas o destino traçado não era animador: um relatório de avaliação dos técnicos do instituto de apoio ao desenvolvimento da agricultura da altura, o IFADAP, classificara o empreendimento como “um projecto megalómano destinado à falência rápida”. Mas José Roquette teimou e sempre acreditou no seu primeiro e único investimento no sector do vinho, “motivado pelo interior de Portugal e pelos desafios” que lhe iam aparecendo, explica o fundador e actual director-geral da empresa. No período conturbado da revolução, a Herdade do Esporão foi nacionalizada e Roquette teve de fugir para o Brasil, depois de ter sido preso em Caxias duas vezes. E lembra que, à distância de um oceano, “foi muito difícil” gerir os negócios, que, porém, lhe foram restituídos em 1978. Com o seu regresso do Brasil, no início da década de FOTOGRAFIA DE ET V Q 80, o empresário considerou vender a empresa, contudo a paixão pelo projecto já não o deixou tomar essa decisão. É também nesta altura que assume a presidência da Valores Ibéricos e entra no processo de privatização do Banco Totta e Açores, em conjunto com o grupo Banesto, mas o projecto não corre da melhor forma e José Roquette decide afastar-se e focar-se nos seus negócios. Na Herdade do Esporão foi sempre alicerçando o negócio e alavancando a empresa em pessoas da sua confiança e regendo-se pelo princípio da qualidade. Ainda hoje a Herdade do Esporão é uma empresa familiar e o seu fundador diz que é isso “que lhe acrescenta competiti- vidade”. Garante que esteve sempre presente nas decisões estratégicas fundamentais, mas que sempre delegou “em termos de execução a todos os níveis”. Pelo meio e motivado pelas relações familiares (o trisavô e avô já tinham sido determinantes na fundação e nos primeiros anos do Sporting Clube de Portugal), José Roquette chega a presidente deste clube, cargo que ocupa durante quatro anos. E também aqui voltou a mostrar o seu espírito empreendedor e revolucionário ao criar, pela primeira vez em Portugal, as sociedades anónimas desportivas, com o objectivo de profissionalizar o futebol do clube. Diz que “a passagem pelo futebol foi a ponta de agulha mais estreita e difícil” por onde passou por ser um clube e não uma empresa. Mas a verdade é que, por todos os sítios por onde passou, deixou a sua marca. Já no início da década de 60, José Roquette levou para o BES um instrumento de trabalho que só ali começava a ganhar peso, mas que em Portugal ainda não se usava muito: o computador. Na altura, essa inovação veio trazer vantagem competitiva face à concorrência e Roquette sabia perfeitamente que seria assim porque já tinha passado umas semanas em São Francisco, na sede do Bank of America. Sabe que o sector do vinho exige planeamento a longo prazo e, com a crise mundial, isso é difícil. Mas afirma que, no futuro, “será inevitável continuar a crescer em exportações e eventualmente vir a produzir vinho no hemisfério Sul”. PERFIL DA EMPRESA HERDADE DO ESPORÃO Nome: José Roquette Sector: Vitivinicultura Ano de fundação: 1973 Volume de negócios: 40.320 milhões de euros (2013) Número de colaboradores: 265 Exportações: Brasil, EUA, Angola e Holanda Entrepreneur of The Year - EY 12 PERFIL DA EMPRESA LUSIAVES Nome: Avelino Gaspar Sector: Agro-alimentar Ano de fundação: 1986 Volume de negócios: 148,86 milhões de euros Número de colaboradores: 1.600 postos de trabalho directos e dois mil indirectos Exportações: 10%(Espanha, França, Itália e Alemanha e Angola) Lusiaves começou com 300 pintos e um jovem de 17 anos AVELINO GASPAR Finalista do Prémio Entrepreneur of the Year das aves, que abalaram fortemente a confiança nos produtos de aviário, resultando numa quebra do consumo. Mas como na veia dos empreendedores com visão está procurar as oportunidades nas crises, a Lusiaves apostou na certificação que tinha feito dos seus produtos, acreditou que o consumo iria regressar e decidiu duplicar a produção. Pelo meio adquiriu a Campoaves, que lhe permitiu crescer em 2003, e deu a volta por cima. A gripe das aves e a crise dos nitrofuranos foram momentos difíceis. O consumo caiu, mas a Lusiaves aumentou a produção. A EY - Entrepreneur of The Year AGORA O CAMINHO É INTERNACIONALIZAR “O grupo Lusiaves ultrapassou tudo o que alguma vez idealizei.” em modernas tecnologias, explorou novos mercados e chega aos dias de hoje com 148,86 milhões de euros de volume de negócio (2013) e mais de 1.600 funcionários. Está presente nas mais diversas actividades, desde a produção de alimentos compostos para animais, à produção e incubação de ovos, produção avícola de frango, comercialização, etc. A história da Lusiaves passa obrigatoriamente pelas duas crises que o sector atravessou. A descoberta de nitrofuranos (substância cancerígina nas aves) em explorações portuguesas, em 2003, e, em 2006, a gripe Com uma quota no mercado externo de menos de 10%, Avelino Gaspar afirma: “Temos realizado um esforço ao nível da internacionalização e sobretudo da exportação dos nossos produtos”. E tem planeados investimentos em novos mercados europeus, além da aposta em África. Na liderança da sua empresa Avelino Gaspar gosta da proximidade. “Creio que esse é um dos aspectos fundamentais para se gerir bem: conhecer bem todos os aspectos de uma empresa e estar próximo das pessoas, escutando-as atentamente. Confesso que me dá imenso gozo estar no terreno, vendo a obra a surgir”. Para este líder “resiliência e tenacidade” são as características fundamentais de uma boa liderança. “Não desistir acaba sempre por trazer os seus frutos. Mas também apostar na qualidade e na inovação, porque esses são efectivamente os pilares da competitividade”, defende o CEO da Lusiaves , admitindo:”o grupo Lusiaves ultrapassou tudo o que alguma vez idealizei”. FOTOGRAFIA DE ET V velino Gaspar começou a trabalhar aos 13 anos. Queria ser empregado de escritório e não agricultor como os pais. Oriundo de uma família com poucas posses, continuar os estudos era difícil, mas com uma bolsa da Gulbenkian conseguiu fazer o curso geral de Administração e Comércio e foi trabalhar, como sonhara, nos escritórios da empresa ligada à pecuária de um tio. Mas quando quis ganhar algum dinheiro extra, tinha 17 anos, teve a ideia: comprou 300 pintos e instalou-os num anexo da casa dos pais. Tudo começou ali. “Fui eu próprio que montei um espaço para eles e adquiri as rações para os engordar e umas lâmpadas de infra-vermelhos para aquecimento. A experiência correu bem, os pintos tornaram-se frangos, consegui vendê-los e decidi duplicar o número de aves de forma a conseguir crescer e aforrar mais algum dinheiro”, conta Avelino Gaspar, um dos seis finalistas deste ano do Prémio Entrepreneur of the Year da EY. Em vez de gastar o dinheiro como tinha planeado, optou por ir sempre reinvestindo os lucros e, em 1986, conseguiu comprar um centro de abate e quatro pavilhões na Figueira da Foz. Assim nascia a Lusiaves . De então para cá a empresa não parou de crescer. Investiu 14 PERFIL DA EMPRESA PRIMAVERA - BUSINESS SOFTWARE SOLUTIONS Na crise de 93, a Primavera viu a sua oportunidade JOSÉ DIONÍSIO E JORGE BATISTA Finalistas do Prémio Entrepreneur of the Year Os dois amigos estavam sem emprego e decidiram criar o negócio que gerem juntos há mais de 20 anos. dos maiores clichés do mundo empresarial, mas foi de um momento de crise e desemprego que José Dionísio e Jorge Batista, finalistas do Prémio Entrepreneur of the Year da EY deste ano, criaram a Primavera - Business Software Solutions. Depois de sete anos a trabalharem juntos na Infologia - onde entraram ambos como estagiários, após um percurso académico conjunto na Universidade do Minho -, estes dois engenheiros decidiram deixar a empresa onde tinham aprendido quase tudo. Ambos no desemprego, ainda tiveram a possibilidade de continuar a carreira noutras empresas. Mas dada a conjuntura “rapidamente transformámos essa dificuldade numa oportunidade e arrancámos com a Primavera “, em Braga, lembra José Dionísio, co-CEO daPrimavera . E EY - Entrepreneur of The Year “De facto, com o aparecimento do Windows, surgiu a oportunidade de mercado para um novo grafismo completamente diferente do anterior DOS e para sistemas de gestão revolucionários”, diz. E em Dezembro de 1993, após alguma investigação em França, José Dionísio e Jorge Batista juntaram-se e criaram aquilo que começou praticamente como uma “empresa de garagem”. Conhecidos desde a primeira semana do curso de Engenharia de Sistemas e Informática da Universidade do Minho, em 1982, gerem a empresa juntos há mais de 20 anos. Antes, José Dionísio teve funções de director comercial e director de departamento de produção na Infologia e Jorge Baptista director de departamento de investigação e desenvolvimento na mesma empresa. “Transformámos a dificuldade [do desemprego] numa oportunidade e arrancámos com a Primavera.” E foi essa “experiência profissional de sete anos que nos permitiu abraçar o estatuto de empreendedores com níveis de experiência e conhecimento de mercado pouco comuns”, garante o co-CEO. Aliás, costumam dizer que nunca teria havido a Primavera se ambos não tivessem passado previamente pela Infologia. Se é fácil trabalharem em conjunto durante mais de 20 anos? “Não é frequente, muito menos no sector das tecnologias”, como diz José Dionísio, acrescentando: “mas com o tempo, fomos criando regras que nos permitem trabalhar sem dificuldades de maior. E, na verdade, o dia-a-dia da empresa depende muito mais dos restantes membros da administração e responsáveis de mercado do que dos dois fundadores e CEO da empresa”, confessa José Dionísio. É também assim que a Primavera tem aproveitado a dinâmica que se vive nos PALOP, em especial em Angola e Moçambique: “através da existência de estruturas locais que têm à cabeça um ‘country manager’, já que nunca adoptamos a estratégia de gerir à distância”, conta Dionísio. O lema dos dois CEO é que “as empresas são feitas de pessoas e a excelência depende totalmente da equipa que conseguimos criar, gerir e motivar”. E aconselham os futuros empreendedores “a apenas fazê-lo depois de terem empreendido para outros, de preferência em organizações de grande porte, de modo a definirem posteriormente para o seu projecto padrões de ambição elevados”. Para o futuro, está delineado o objectivo de atingir um volume de negócios de 25 milhões de euros em 2015. A empresa, que conta com 263 colaboradores, planeia abrir, já em Maio, uma filial da Primavera no Dubai. FOTOGRAFIA DE BRUNO BARBOSA Nome: Jorge Batista e José Dionísio Sector: TI Ano de fundação: 1993 Volume de negócios: 17,8 milhões de euros Nº colaboradores: 263 Exportações: Espanha, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Principe e Quénia. 15 O orgulho de vestir famosos atletas de alta competição Carlos Sá são grandes motivos de orgulho para Pedro Silva. Como conseguiu em quatro anos levar tão longe o nome da pequena empresa têxtil? A resposta surge pronta: “Algo que me caracteriza é ser um tanto ou quanto obstinado e inconformado”. E faz questão de acrescentar que o projecto se desenvolveu “sem qualquer apoio estatal, comunitário ou bancário, apenas apoiado com os ‘cash-flows’ gerados”. Actualmente, aSonicarla vende mais no estrangeiro que em Portugal, com a maior fatia de mercado na Europa (48%), seguida dos Estados Unidos (38%) e a mais pequena no mercado nacional (14%). PEDRO SILVA PROCURAR SATISFAZER O MAIS EXIGENTE DOS CLIENTES Finalista do Prémio Entrepreneur of the Year Pedro Silva está à frente da Sonicarla desde 2010. Manteve o nome dos anos 70, mas tudo o resto mudou. gratificante estar a assistir aos Jogos Olímpicos, como aconteceu em 2012, e ver o atleta norueguês atravessar a linha da meta e conquistar a medalha de ouro com um equipamento desenvolvido por nós”, diz, orgulhoso, Pedro Silva, um dos seis finalistas de 2014 do Prémio Entrepreneur of the Year pelo seu trabalho desenvolvido, nos últimos quatro anos, à frente da têxtil Sonicarla. Da empresa têxtil tradicional ficou-lhe apenas o nome herdado de 1974, quando António Ferreira abriu a fábrica e lhe deu o nome das duas filhas: Sónia e Carla. Hoje, a fábrica de Vila Nova de Famalicão nem parece uma empresa têxtil tal é a tecnologia envolvida. Especializada no nicho de vestuário sem costuras (‘seamless’) tem nos desportistas o seu ‘target’. “Tudo começou em 2010 quando a tecnologia do têxtil sem costuras vocacionada para roupa interior foi “E comprada conjuntamente com o nome à antiga Malhas Sonicarla . Iniciou-se de imediato a reconversão tecnológica para a actual vocação, a produção de têxteis de elevada tecnicidade”, conta Pedro Silva. Desde então, a pequena fábrica que dava emprego a apenas duas pessoas passou para os actuais 131 trabalhadores. O volume de negócios aumentou 46,6% de 2012 para 2013, tendo passado de 2,8 milhões de euros para 4,1 milhões. Vestir o campeão olímpico de canoagem norueguês Eirik Veras Larsen ou o maratonista português Pedro Silva diz que não gosta de fazer “grandes e complexos planos”. O seu lema é “crescer sustentadamente”. E continuar “humildemente, no patamar da excelência, a desenvolver produtos ou soluções que satisfaçam o mais exigente dos clientes”. O director-geral confia na sua equipa e nas suas decisões internas, nas diferentes áreas da empresa, mas confessa que não deixa de estar presente e de intervir “quer estabelecendo novas metas, quer desafiando e estimulando” as competências de cada colaborador. Algures no equilíbrio e combinação entre a humildade e a perseverança encontra-se, em sua opinião, a chave do sucesso de qualquer projecto empresarial. É preciso “não desistir ou mudar de estratégia à primeira dificuldade”. E depois, algumas outras regras básicas, como ser “dinâmico, criativo, organizado e inovador no produto ou serviço, de forma a diferenciar-se da concorrência”. Pedro Silva diz que procura sempre ver o lado positivo de cada momento ou situação e olha para cada dia que passou como mais uma conquista de uma prova de superação de obstáculos. A confiança no projecto não o inibe de dizer que “está ligeiramente atrasado face ao que esperava”. PERFIL DA EMPRESA FOTOGRAFIAS DE JOÃO MANUEL RIBEIRO SONICARLA -EUROPA Nome: Pedro Gomes Silva Sector: Têxtil (vocacionado para o desporto) Ano de fundação: 1974 (comprada em 2010) Volume de negócios: 4,1 milhões de euros (2013) Número de colaboradores: 131 Exportações: Europa (48%), EUA (38%). Entrepreneur of The Year - EY