METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL CALIBRAÇÃO DE UM TERMÔMETRO Pt-100 COMO PADRÃO DE TRABALHO DE UM LABORATÓRIO DE SERVIÇOS METROLÓGICOS Alcir de Faro Orlando 1,2 1 2 Departamento de Engenharia Mecânica, PUC-Rio, Rio de Janeiro – RJ, Brasil Gerente Técnico do Laboratório de Pressão e Temperatura - LPT, ITUC/PUC-Rio, Rio de Janeiro – RJ, Brasil Resumo: Neste trabalho é examinada uma metodologia básica para calibração de um padrão de trabalho do tipo termômetro de resistência de platina Pt-100, a ser utilizada por um laboratório de serviços metrológicos, com resultados comparados com os das principais normas existentes. A influência de diferentes parâmetros é analisada sobre a incerteza global de medição. A medição da resistência, a rastreabilidade do medidor e a influência sobre a faixa de incerteza autorizada pela Rede Brasileira de Calibração são fatores examinados. A influência das calibrações anuais necessárias para garantir a rastreabilidade também é examinada. Um ajuste é feito em toda a faixa de utilização, sendo descrita a metodologia para determinação da incerteza de medição com o termômetro Pt-100. Finalmente a metodologia é exemplificada com casos típicos, indicando valores normalmente encontrados de incerteza. durante a calibração do SPRT. As incertezas (k=2) encontradas para o SPRT nos pontos fixos são , respectivamente, (a) ± 3,6 mK, (b) ± 1,9 mK, (c) ± 2,6 mK, (d) ± 7,9 mK, e (e) ± 9,3 mK [1]. Palavras chave: Pt-100, Calibração, Padrão de Trabalho A incerteza de medição de temperatura pelo SPRT, na região de calibração, pode então ser estimada combinandose os fatores mencionados anteriormente, segundo a metodologia descrita em [2]. Esta deve ser considerada a incerteza mínima de calibração do laboratório, sendo utilizada pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) para especificação das incertezas mínimas do laboratório para a prestação de serviços de calibração de termômetros. 1. INTRODUÇÃO O Laboratório de Pressão e Temperatura (LPT) do ITUC/PUC-Rio está credenciado pela Rede Brasileira de Calibração (RBC), desde 1988, para prestar serviços de calibração de termômetros na faixa –38 oC a + 300 oC, com incertezas mínimas (k=2) de (a) ± 0,1 oC, (b) ± 0,2 oC, e (c) ± 0,3 oC, respectivamente, para as faixas de temperatura (T) de (a) T<100 oC, (b) 100 oC ≤ T ≤ 200 oC, e T>200 oC. O padrão de temperatura do LPT, usado como instrumento interpolador da Escala Internacional da Temperatura de 1990 (EIT-90), é um termômetro padrão de resistência de platina (SPRT) com resistência nominal a 0 oC de 25,5 Ω , fabricado pela ROSEMOUNT, modelo 162E, que é calibrado a cada 3 – 5 anos no Laboratório de Metrologia Térmica do INMETRO (LATER) nos pontos fixos de (a) Mercúrio (-38,8344 oC), (b) Triplo da água (0,01 oC), (c) Gálio (29,7646 oC), (d) Estanho (231,928 oC), e (e) Zinco (419,527 oC). Assim, a resistência do SPRT é medida nas temperaturas correspondentes aos cinco pontos fixos mencionados. Os coeficientes da função desvio, definida pela EIT-90, podem ser calculados como função da relação de resistências do SPRT num dado ponto fixo e no ponto triplo da água, sendo fornecidos pelo certificado de calibração emitido. Ao se usar o padrão, a relação entre as resistências do SPRT num dado ponto e no ponto triplo da água, é usada para calcular a temperatura, através de equações definidas pela EIT-90 e pelos coeficientes obtidos Durante a calibração de um termômetro num banho de calibração, usando o SPRT como padrão, os seguintes fatores devem ser considerados para a determinação da incerteza de medição da temperatura com o SPRT , na região de calibração. • Incerteza do SPRT para reprodução da escala de temperatura, obtida do certificado de calibração emitido pelo INMETRO [1]. • Incerteza de medição da resistência do SPRT • Homogeneidade do banho de calibração Segundo [3], padrão de trabalho é um padrão utilizado rotineiramente para calibrar ou controlar medidas materializadas, instrumentos de medição ou materiais de referência, sendo normalmente calibrado por comparação a um padrão de referência, no caso o SPRT. No LPT e em muitos laboratórios, utiliza-se como padrão de trabalho um termômetro de resistência de platina, com resistência nominal de 100 Ω a 0 oC , e usualmente denominado no meio industrial de Pt-100. No LPT, este padrão de trabalho é calibrado anualmente em comparação com o SPRT, que somente é utilizado quando incertezas mais baixas de calibração são requeridas. O objetivo deste trabalho é descrever o procedimento de calibração de um Pt-100 como padrão de trabalho, e sua utilização num laboratório de serviços metrológicos, juntamente com a determinação da incerteza de medição de temperatura na região de calibração de um banho de calibração de termômetros. 2. INCERTEZAS MÍNIMAS DE MEDIÇÃO NO LPT 2.1 Procedimento de calibração O LPT utiliza três banhos de calibração , respectivamente para as faixas de temperatura (T), (a) T < 0 oC, (b) 0 oC < T < 100 oC, e (c) T > 100 oC. Um bloco equalizador de cobre, com 5 furos, é colocado dentro do banho termostático de calibração. Durante a fase de sua qualificação, um determinado furo é escolhido como referência, onde o padrão é sempre colocado durante as calibrações, a uma determinada profundidade de imersão, com o objeto (termômetro que está sendo calibrado) em qualquer outro furo. Após o estabelecimento do equilibrio térmico numa dada temperatura para a qual o banho foi ajustado, evidenciado por pelo menos 30 minutos de acompanhamento de sua medição, o processo de calibração se inicia, com medidas tomadas a cada 5 minutos para determinar a repetitividade da medição de temperatura, o que inclui a estabilidade do banho, totalizando 6 valores. Nove temperaturas foram escolhidas nesta análise. 2.2 Incerteza devido à medição de resistência Um multímetro digital HP 34401A, 6 ½ dígitos, resolução de 10-4 ohms, foi usado para a medição da resistência do padrão. Ele foi calibrado por três laboratórios da RBC, em diferentes anos, denominados respectivamente, de laboratórios A, B e C. Os certificados de calibração foram denominados, segundo o ano de calibração, (a) A#1, 1997, (b) A#2, 1999, (c) B#1, 2000, (d) B#2, 2001, e (e) C#1, 2002. O certificado emitido pelo fabricante foi denominado de F#1. Um outro multimetro digital HP 34420A, 7 ½ dígitos, resolução 10-5 ohms, foi também usado para a medição da resistência do padrão. Ele foi calibrado pelo laboratório C da RBC em 2002, sendo o certificado de calibração denominado C#2. Da mesma forma, o certificado emitido pelo fabricante foi denominado de F#2. Todas as incertezas indicadas nos respectivos certificados foram consideradas do tipo A. De acordo com a ITS-90, a temperatura medida com um SPRT é apenas função da diferença entre a relação (W) entre sua resistência medida (R) e a resistência medida no ponto triplo da água (R0). W = R/R0 (1) A incerteza combinada de W (uW) pode ser calculada, de acordo com [2], como 2 2 uW u R u R0 = + W R R0 UW =2. uW para k=2 2 ∂T ∂W (5) onde, cT é o coeficiente de sensibilidade, sendo calculado numericamente das equações da ITS-90. 2.3 Incerteza do SPRT A incerteza expandida de reprodução da escala de temperatura pelo SPRT (UP), foi obtida do certificado de calibração emitido pelo INMETRO [1], para as nove diferentes temperaturas usadas para a determinação da incerteza mínima de medição do LPT. Ela foi considerada do tipo A.. uP = UP 2 (6) 2.4 Homogeneidade do banho Durante o processo de calibração de um termômetro, em que os valores indicados pelo padrão e pelo objeto são comparados, supõe-se que a temperatura seja a mesma para os locais de posicionamento dos sensores. Quando isto não acontece, existe um erro sistemático que, em principio, pode ser determinado experimentalmente. Para cada uma das três temperaturas ajustadas de cada um dos três banho de calibração, o SPRT é colocado em cada furo do bloco equalizador, em diferentes profundidades de imersão. Seis valores são lidos em intervalos de 5 minutos, com a média e o desvio padrão computados. São calculadas a maior e a menor diferença entre dois furos quaisquer, em cada profundidade de imersão e temperatura. Um valor de profundidade de imersão é selecionado, a partir do qual as diferenças encontradas entre os furos não mais variem significativamente. Esta é considerada a profundidade mínima de imersão, e o maior e o menor valor são denominados, respectivamente, de maior e menor não homogeneidades (UH). Quando, num processo de calibração, os furos são selecionados aleatoriamente, de forma que o erro sistemático não possa ser deduzido, deve-se considerar a maior não homogeneidade como uma incerteza tipo B para caracterizar, como correção, a diferença de temperatura entre os furos do padrão e do objeto. Da mesma forma, a menor não homogeneidade deve ser utilizada como incerteza tipo B para o cálculo da incerteza mínima de calibração. uH = UH 3 (7) 2.5 Incerteza mínima de medição no LPT (2) (3) A incerteza expandida de medição de temperatura (UT), devido à incerteza de medição de W, pode ser expressa como UT = cT.UW cT = (4) A incerteza mínima de calibração (U) pode ser calculada como u 2 = uT2 + u P2 + u H2 (8) U = 2.u (9) A Tabela 1 apresenta os valores de incerteza mínima de calibração no LPT, para o multímetro HP 34401A, diferentes laboratórios da RBC e anos de calibração. Pode- se observar uma discrepância grande entre os certificados emitidos pelos laboratórios da RBC. De um ano para o outro, a variação da incerteza mínima é muito grande, o que não é compatível com o desempenho de um produto já testado no mercado pela HP. Considerando-se estas calibrações, somente com os certificados A#2 e C#1 as incertezas do LPT, autorizadas pela RBC para prestação de serviços de calibração, poderiam ser atendidas. Assim mesmo, no ano anterior, o mesmo laboratório emitiu um laudo A#1 que inviabilizaria o credenciamento. O laboratório que emitiu o certificado C#1 apresentou um nível de incerteza bem inferior ao apresentado pelo fabricante F#1. Possivelmente por não ter incluido o termo de deriva no cálculo da incerteza. Pode-se também observar que a incerteza de medição da resistência do SPRT é o termo predominante. Portanto, um esforço grande da RBC deve ser voltado para que os laboratórios credenciados apresentem valores de incerteza compatíveis com a realidade, demonstrando sua metodologia. Tabela 1 : Incerteza expandida mínima de calibração – multímetro HP 34401A. T UP UH Tendo em vista estes resultados, chegou-se à conclusão de que os resultados de incerteza fornecidos pelo fabricante eram mais confiáveis, por serem conservativos. Como eles também não atendem os valores do credenciamento, um outro multímetro, HP 34420A, atualmente em uso pelo LPT foi testado, com resultados apresentados pela Tabela 2. Novamente, os resultados do certificado C#2 são menores do que os que foram emitidos pelo fabricante. Assim, resolveu-se adotar os valores deste último, que portanto atendem aos valores do credenciamento do LPT. 2.6 Comparação entre multímetros Tendo em vista que, pela EIT-90, a temperatura é apenas função da relação entre resistências (W) do SPRT, e não de cada uma separadamente, um experimento foi conduzido para calcular o seu valor para cada nível de temperatura na faixa do credenciamento, medindo-se simultaneamente a resistência do SPRT com os dois multímetros, após o atingimento do equilíbrio térmico do banho. Tabela 3 : Comparação entre multímetros T F#1 A#1 A#2 B#1 B#2 C#1 HP 34420A T1-T2 R1 R10 R2 R20 C Ω Ω Ω Ω mK Incerteza mínima de calibração - U o HP 34401A C mK mK mK mK mK mK mK mK 35 29,0590 25,5169 29,0653 25,5219 -5,8 -51,23 4 13 76 268 40 733 206 17 40 29,5753 25,5180 29,5814 25,5223 -11,9 -26,02 3 11 81 301 41 770 216 15 50 30,5669 25,5174 30,5729 25,5221 -4,1 -0,28 2 6 74 288 36 700 195 11 60 31,5794 25,5147 31,5883 25,5219 0,5 22,52 3 6 96 382 45 893 249 13 70 32,5553 25,5152 32,5644 25,5220 -3,5 48,79 4 4 106 432 49 973 271 13 80 33,5448 25,5149 33,5540 25,5220 0,5 98,81 6 7 119 505 54 1077 299 16 90 34,5290 25,5152 34,5387 25,5219 -5,9 99,64 6 14 120 506 56 1078 300 21 100 35,5028 25,5156 35,5124 25,5219 -7,8 36,5092 25,5155 36,5192 25,5219 -8,8 o 198,31 8 21 151 663 69 1322 367 30 110 296,96 8 14 183 829 77 1593 442 26 120 37,4962 25,5164 37,5064 25,5220 -21,1 130 38,4785 25,5164 38,4877 25,5220 -8,1 140 39,4585 25,5163 39,4692 25,5220 -19,1 150 40,4209 25,5165 40,4314 25,5219 -18,6 Tabela 2 : Incerteza expandida mínima de calibração – multímetro HP 34420A. T o UP UH U F#2 C#2 C mK mK mK mK -51,23 4 13 24 16 -26,02 3 11 24 14 -0,28 2 6 21 9 22,52 3 6 27 10 48,79 4 4 30 9 98,81 6 7 35 13 99,64 6 14 38 19 198,31 8 21 51 28 296,96 8 14 57 22 Como pode ser observado pela Tabela 3, a diferença entre a temperatura indicada pelo SPRT, usando dois multímetros com diferentes incertezas de medição, é no máximo igual a 21,1 mK, bem abaixo da incerteza mínima de medição do LPT. Recomenda-se que, para minimizar erros, a resistência do SPRT no ponto do gelo seja sempre lida simultaneamente com a do banho de calibração, evitando assim eventuais variações. 3. O TERMÔMETRO Pt100 Um termômetro convencional de resistência de platina (Pt100) atende às normas da indústria. Estas, definem muitos aspectos, incluindo a tolerância inicial. As mais usadas, DIN 43760 e IEC 751, definem duas classes de tolerância inicial para estes termômetros : A e B. Um outro padrão quase industrial existe, sendo chamado de DIN 1/10th. O termômetro que atende a esta norma é talvez o de melhor tolerância industrial disponível. A tolerância inicial de um Pt100 é definida como o máximo desvio permitido da relação nominal, expresso em oC. A Tabela 4 apresenta os valores de tolerância para cada classe, Tabela 4 : Valores de tolerância para cada classe Classe Tolerância (oC) Tabela 5 : Coeficientes da Equação Callendar-Van DusenValores Nominais PARÂMETRO DIN 43760/IEC 751 JIS R0 100 100 A 0,00390802 0,003974673 B -5,80195E-07 -5,89730E-07 C -4,27350E-12 -4,5300E-12 0,00391600 A 0,15 + 0,002.T α 0,00385000 B 0,30 + 0,005.T β 1,50700 1,50594 1/10th 0,03 + 0,002.T δ 0,111 0,116 onde a temperatura T é expressa em oC. Quando o usuário do Pt100 exige uma tolerância inicial menor, existem outras opções. Sua calibração pode reduzir a incerteza de medição nas proximidades do ponto de calibração. Isto pode ser adequado se o termômetro for usado apenas numa faixa estreita de temperatura. Para isto, a resistência do termômetro pode ser medida nos pontos fixos a) Mercúrio (38,8344 oC), (b) Estanho (231,928 oC), e (c) Zinco (419,527 o C), além dos pontos de mudança de fase da água, a pressão atmosférica, gelo (0 oC) e vapor (100 oC), conforma a faixa de utilização. Este procedimento requer que o usuário faça uma correção para cada medida feita, para eliminar o desvio encontrado na calibração. Quando uma tolerância pequena é necessária ao longo de uma faixa grande de temperatura, um ajuste pelo método dos mínimos quadrados pode ser feita para a determinação dos coeficientes da conhecida equação de Callendar –Van Dusen, expressa da forma : R = R0{1 + A.T + B.T2 + C.T3.(T-100)} (10) o onde, C=0 para T>0 C. Este procedimento tem sido usado por Institutos Nacionais de Metrologia para interpolar entre os pontos fixos que definem a escala internacional de temperatura. Uma forma alternativa desta equação é : 2 T R = R0 1 + α T − δX − β X 100 (11) T T X = − 1 100 100 (12) onde, β = 0 para T > 0 C. o Os valores nominais dos coeficientes se encontram na Tabela 5. Ao usar estes coeficientes para os termômetros industriais, os valores de incerteza da Tabela 3 se aplicam.A literatura [4] mostra que um termômetro Pt100 calibrado pode ter incertezas bem menores do que as apresentadas na Tabela 3. Tabela 6 : Incertezas nominais e de termômetros calibrados Temperatura (oC) Incerteza de Medição (oC) Classe A Pt100 Calibrado 0 0,15 0,02 100 0,35 0,08 200 0,55 0,15 300 0,75 0,15 400 0,95 0,10 Pode-se observar que se um termômetro Pt100 da Classe A for usado como padrão de trabalho em um laboratório de serviços metrológicos, somente com a calibração ele atenderá os valores de credenciamento do LPT. Neste caso, muito provavelmente a incerteza na faixa acima de 200 oC ficará em torno de pelo menos ± 0,15 oC. O presente trabalho apresenta a metodologia para o ajuste pelo método dos mínimos quadrados, comparando os coeficientes encontrados com os da Tabela 4. 4. CALIBRAÇÃO DO TERMÔMETRO Pt100 A Equação de Callendar-Van Dusen pode ser utilizada com o método dos mínimos quadrados para ajustar oa dados experimentais e portanto determinar os seus coeficientes. Em sua forma mais simples, um polinômio do segundo grau é usado. R = R0{1 + A.T + B.T2} (13) Mudando-se a variável, Z = R / R0 – 1= W - 1 (14) Assim, deve-se ajustar a seguinte equação, Z= A.T + B.T2 (15) 4.1 Determinação dos coeficientes A e B O método consiste em medir para cada uma das N temperaturas ajustadas do banho (Ti ), e medida pelo SPRT, o valor da resistência do Pt100 (Ri ), e o seu valor no gelo, (R0i.), calculando-se, portanto, Zi . Estão portanto disponíveis N pares de pontos (Ti , Zi). Deve-se, portanto, minimizar o desvio médio quadrático s. s2 = ( N 1 ∑ A.Ti + B.Ti 2 − Z i N − 2 i =1 4.2.6 Coeficiente de sensibilidade (cPt100) Pode ser calculado pela Eq. (21), usando a Eq. (13) 2 ) (16) ou seja, determinar os valores de A e B que minimizam o desvio médio quadrático s. Assim, a condição é que, ∂s ∂s = =0 ∂A ∂B (17) c Pt100 = ∂T 1 = ∂ W A + 2.B.T (21) 4.2.7 Incerteza de medição da resistência (uPt100) uPt100 =uw.cPt100 (22) 4.2.8 Incerteza do ajuste (uajuste) resultando nas Eq. (18) e (19), N 2 N N ∑ Ti . A + ∑ Ti 3 .B = ∑ Z i .Ti i =1 i =1 i =1 (18) N 3 N N ∑ Ti .A + ∑ Ti 4 .B = ∑ Z i .Ti 2 i =1 i =1 i =1 (19) É igual ao desvio médio quadrático sT, que é calculado somando-se os quadrados das diferenças de temperatura entre o padrão (TP) e o Pt100 (TPt100), a partir do inverso da Eq. (13), com os coeficientes recem calculados A e B, e resistências medidas. 2 que podem ser resolvidas para A e B. O desvio médio quadrático pode então ser calculado pela Eq. (16), substituindo os valores de A e B. 4.2 Estimativa da incerteza de medição da temperatura A calibração de um Pt100 foi feita neste trabalho para demonstrar a metodologia. Um multímetro HP 34401A, foi usado para medir a resistência do Pt100. Um multímetro HP 34420A, foi usado para medir a resistência do SPRT. O seguinte procedimento foi usado para calcular a incerteza de medição da temperatura, medindo-se a resistência e usandose a Eq. (13). 4.2.1 Incerteza de medição da resistência do SPRT (uT) A resistência R do SPRT é medida, juntamente com a sua resistência a 0 oC (R0). Calcula-se portanto W, Eq. (1). Usando-se a sua equação de calibração, pode-se determinar a temperatura T do banho. A incerteza de W pode ser determinada pela Eq. (2). A incerteza da medida de temperatura devido à medição de resistência, pode ser determinada pela Eq. (4). Tipo A. sT2 = 1 N ∑ (TP − TPt100 ) N − 2 i =1 (23) uajuste=sT (24) 4.2.9 Incerteza de medição de temperatura com o Pt100, com a Equação de Callendar-Van Dusen (U) A incerteza de medição da temperatura com o Pt100, a partir da medição de sua resistência, e usando a equação de Callendar-Van Dusen é, 2 2 u 2 = u SPRT + u Pt2 100 + u ajuste (25) U = 2.u (k=2) (26) 4.3 Calibração de um Pt100 Um Pt100 foi calibrado segundo esta metodologia, com resultados apresentados na Tabela 7. Tabela 7 : Calibração de um Pt100 T Incerteza do SPRT Incerteza do Pt100 uP uT uH uSPRT C mK mK mK mK -47,374 2 2 55 55 -21,925 1 3 22 Obtida do certificado de calibração do INMETRO. Tipo A.. -0,002 1 3 4.2.3 Incerteza devido a não homogeneidade (uH) 20,957 1 3 50,084 2 74,993 4.2.2 Incerteza do sensor para reprodução da EIT-90 (uP) Obtida dos testes do LPT com seus banhos. Tipo B. 4.2.4 Incerteza da temperatura do banho (uSPRT) Pode-se calcular combinando-se incertezas u 2 SPRT =u +u +u 2 T 2 P 2 H (20) 4.2.5 Incerteza da medição de resistência do Pt100 (uW) A incerteza de W pode ser determinada pela Eq. (2). A incerteza da medida de temperatura devido à medição de resistência, pode ser determinada pela Eq. (4). Tipo A. uajuste U mK mK 2 34 129 22 3 34 81 7 8 3 34 70 4 6 3 34 69 4 2 4 4 34 69 2 4 3 5 4 34 69 99,952 2 4 5 7 4 34 70 149,929 3 5 12 13 5 34 74 197,037 3 5 18 19 5 34 79 249,498 4 6 24 25 6 34 86 297,948 4 6 30 31 7 34 93 o uPt100 Uma análise da Tabela 7 mostra que a maior componente da incerteza é a do ajuste. Isto significa que se menores valores de incerteza são requeridos, um ajuste deve ser feito para uma faixa de trabalho menor do que a do credenciamento. A incerteza de medição de temperatura com o Pt100 também está abaixo do valor de credenciamento, o que qualifica este sistema para serviços metrológicos. Para melhorar mais ainda esta incerteza, homogeneidades melhores deverão ser obtidas com banhos melhores. A Tabela 8 apresenta os valores dos coeficientes, comparando-os com os das normas. Pode-se observar que o valor dos coeficientes é próximo do das normas. Tabela 8 : Coeficientes do ajuste Coeficiente Ajuste Normas A 0,00391299 0,00390802 B -5,9225E-07 -5,80195E-07 Outros polinômios foram ajustados aos dados experimentais. A Tabela 9 apresenta os valores. Tabela 9 : Ajuste de polinômios aos dados experimentais Coef Unidade A o B o C o D o uajuste Grau 2 Grau 3 Grau 4 -1 0,00391299 0,00391289 0,00391293 -1 -5,9225E-07 -5,9091E-07 -5,9847E-07 -3,561E-12 6,3513E-11 C C -1 C -1 C mk -1,4347E-13 34 34 34 Pode-se observar que a incerteza do ajuste é a mesma, e os coeficientes são muito semelhantes, justificando a escolha do grau 2 por ser mais simples, principalmente quando se quer calcular a temperatura a partir da resistência medida. Assim, não há necessidade de se usar a Eq. (10) para valores negativos de temperatura. 5. CONCLUSÕES Um procedimento foi descrito para usar o PT100 como padrão de trabalho eml laboratórios de serviços metrológicos, mostrando que um ajuste pelo método dos mínimos quadrados é importante para reduzir a incerteza do mesmo. Uma discussão é feita sobre a influência dos diferente parâmetros sobre a incerteza : multimetro, homogeneidade e ajuste, com a finalidade de sua redução e validação dos procedimentos de um laboratório. 6. REFERÊNCIAS [1]INMETRO, 1998, “Certificado de Calibração n.003/98”, Termômetro de resistência de Platina Padrão de 25,5 ohms, emitido em 09/02/1998. [2]ISO GUM, 1998, “Guia para a Expressão da Incerteza de Medição”, INMETRO [3]VIM, 1995,”Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia”, INMETRO [4]AllTemp Sensors Inc, 1999, Fornecedor de Sensores para Medição de Temperatura.