Júlio José de Brito, arquitecto e engenheiro civil – um artista no Porto 155 O Teatro Rivoli substituiu o Teatro Nacional, inaugurado em 1913 e que ficava entre a Rua do Bonjardim e a Rua de Dom Pedro54 – no espaço onde hoje se erguem o Teatro Municipal Rivoli e o Edifício da Caixa Geral dos Depósitos. Era propriedade da firma Roque & Santos, inaugurando com uma revista, mas logo convertendo o cartaz para a nascente indústria cinematográfica, não obstante as críticas gerais55. As remodelações urbanísticas realizadas na década de 1920, na zona central da Cidade, vieram alterar todo o espaço da Baixa, criando-se a Avenida dos Aliados e a Praça de Dom João I. Na transformação do Teatro Nacional em Teatro Rivoli, destacou-se Manuel Pires Fernandes, que divida a propriedade com o Banco Borges & Irmão (este em minoria). Suceder-lhe-ia a filha, Dona Maria da Assunção Fernandes (mulher do banqueiro de Francisco António Borges)56, que se destacou pela invulgar coragem e persistência [com que se empenhou] na transformação do Rivoli em casa de grandes espectáculos, da opera e dos concertos às variedades e ao cinema57. As obras deverão ter começado na passagem das décadas de 1920 para 1930. Foi inaugurado a 19 de Janeiro de 1932. Não tardaria, contudo, a ser novamente sujeito a obras: em 194058, Brito concebe um novo remate para da fachada de ângulo da Praça de Dom João I e Rua do Dr. Magalhães Lemos59. No primeiro projecto, a solução estava mal resolvida, através da criação de um pano de parede com a inscrição Teatro Rivoli. Agora, rasgaram-se três janelas no local da inscrição e elevou-se o edifício, colocando-se um baixo-relevo dedicado às Artes. Interiormente, a boca de cena e o átrio foram, também, decorados com baixos-relevos. Estes trabalhos escultóricos foram executados por Henrique Moreira (1890-1979), com que Brito também trabalhava no Coliseu do Porto60. O Teatro Municipal Rivoli apresenta-se com uma imagem classicizante, sobretudo a partir das remodelações de 1940. Não obstante, aponta já para uma racionalização e estilização de linguagens formais, onde a solidez visual impera. O Edifício da Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe Nos fins dos anos de 1910 foi redefinido o novo eixo central do Porto, com a abertura da Avenida dos Aliados e o projecto – e futura construção – dos novos Paços de Concelho. Estabelecia-se, então, a nova sala de visitas da Cidade, verdadeiramente urbanizada durante as duas décadas seguintes, com a instalação das sedes de grandes 54 Desaparecida aquando da abertura da Avenida dos Aliados. BANDEIRA, José Gomes – Porto. 100 anos de cinema português. Porto: Câmara Municipal do Porto, 1996, p. 54-55. 56 Cf.: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa: Ed. Enciclopédia, L.da, [s. d.], Volume IV, p. 927-928. 57 Cf.: BANDEIRA, José Gomes – Porto. 100 anos, op. cit., p. 55. 58 O edifício foi novamente intervencionado, entre 1992 e 1997, com obras de reabilitação, segundo os projectos do arquitecto Pedro Ramalho, que lhe mereceram o Premio João de Almada – 2000, atribuído pela Câmara Municipal do Porto pela Recuperação do Património Arquitectónico da Cidade do Porto. 59 Cf.: AGMP-CMP – Licenças de Obras – Licença n.º 729/ 1940, de 17 de Dezembro. 60 Em 1966, Henrique Moreira concebeu e executou o frontão sobre o palco e os baixos-relevos do átrio do Coliseu do Porto [cf.: MARQUES, Maria Augusta – «Práticas de Conservação em Monumentos Escultóricos da Cidade do Porto», Encontros de Escultura. Porto: Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, 2004, p. 174-175]. 55 Cf.: