UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PRISCILLA FALCO KLINGELFUS POLZL ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE EM FÁBRICAS DE PAINÉIS COMPENSADOS PLASTIFICADOS DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2011 PRISCILLA FALCO KLINGELFUS POLZL ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE EM FÁBRICAS DE PAINÉS COMPENSADOS PLASTIFICADOS Dissertação apresentada como requisito à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Área de Concentração: Produção e Manutenção, do Campus Ponta Grossa, da UTFPR. Orientador: Professor Dr. Luis Mauricio Martins de Resende PONTA GROSSA 2011 Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa n.21 /11 P783 Polzl, Priscilla Falco Klingelfus Análise da produtividade em fábricas de painéis compensados plastificados. / Priscilla Falco Klingelfus Polzl. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2011. 90 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Luis Mauricio Martins de Resende Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2011. 1. Setor florestal. 2. Madeira compensada. 3. Eficiência produtiva madeireira. I. Resende, Luis Mauricio Martins de. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. III. Título. CDD 670.42 Dedico aos meus pais, Jorge Klingelfus e Sheila Klingelfus, Que esta ciência trabalhada na forma deste estudo, seja uma parte retribuída por toda dedicação de minha família ao meu desenvolvimento intelectual, moral e principalmente à lucidez me fornecida a respeito do verdadeiro valor do conhecimento. Este trabalho responde em parte a mensagem que meu pai sempre repetia: “A herança que deixarei aos meus filhos nesta vida será o estudo...”. Aos meus filhos Eduardo Klingelfus Polzl (in memorian) e Erick Von Klingelfus Polzl (in memorian), Pouco tempo estiveram participando desta existência em minha vida, mas significativa foram as suas presenças, pois me tornaram mais forte, lúcida e perceptiva em relação aos verdadeiros valores do espírito humano... À minha avó Nyette Novaes Falco (in memorian), Suas atitudes diárias me demonstraram que mesmo com poucos recursos é possível viver com dignidade.... Muito obrigada AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pela possibilidade desta existência e pela oportunidade de vivenciá-la dotada de recursos tão preciosos como a inteligência, lucidez, saúde e a presença de espíritos amigos reencarnando neste mesmo período e me apoiando como membros de minha família, companheiros de trajetória. Agradeço profundamente ao engenheiro florestal e meu amado marido Willian Polzl, o qual não mediu esforços para me auxiliar neste trabalho, utilizando de toda sua experiência e sabedoria para por longas horas, semanas, meses, estar ao meu lado em uma perfeita sintonia, na orientação e conclusão desta dissertação, ato de extrema doação e por mim imensamente reconhecido já que necessitou para isso do afastamento de seus compromissos pessoais, como o andamento de sua própria tese de doutorado. Agradeço as minhas filhas Patrícia Klingelfus Polzl e Roberta Klingelfus Polzl pela paciência em ver sua mamãe em muitos períodos afastada de seu convívio em processos de coleta de dados, cumprimento de horários na Instituição e montagem deste trabalho. Agradeço as empresas participantes deste trabalho, as quais permitiram o acesso às suas dependências internas para coleta de dados deste estudo. Agradeço ao professores e amigos, Romano Timofeiczyk Junior e Márcio Pereira da Rocha, os quais estiveram ao meu lado e ao lado de minha família por longos anos de nossa estrada acadêmica e se prontificaram amigavelmente estarem mais uma vez ao meu lado como avaliadores de minha pesquisa. Agradeço ao professor Frasson pela disponibilidade em ser membro da equipe avaliadora desta dissertação. Agradeço ao professor Luis Maurício pela oportunidade de participar deste programa de pós graduação, e a todos os demais professores e funcionários que auxiliaram direta ou indiretamente o desenvolvimento deste estudo. Meus sinceros agradecimentos. “É preciso medir a verdade segundo as inteligências; velá-la aos fracos que ela tornaria loucos, ocultá-la aos maus que dela não poderiam apreender senão fragmentos dos quais fariam armas de destruição. “Encerra-a em teu coração, e que ela fale por tua obra. A ciência será tua força, a fé tua espada e o silêncio tua armadura invencível. “O mundo tem laços cheios de verdadeira aspereza e de falsa doçura, dores certas, alegrias incertas, um trabalho rude, um repouso inquieto, coisas cheias de miséria e uma esperança vazia de felicidade”. (S. Agostinho) RESUMO POLZL, Priscilla Falco Klingelfus. Análise da produtividade em fábricas de painés compensados plastificados. 2011. 90 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta Grossa, 2011. A interação direta e indireta do setor florestal com outros segmentos industriais como os segmentos da celulose e papel, móveis e construção civil, favoreceu o fortalecimento da indústria madeireira e seu desenvolvimento econômico e social, proporcionando significativa geração de empregos e sendo de grande auxílio ao desenvolvimento regional. As indústrias de madeira compensada, no período de 2002 a 2007, estiveram beneficiadas pelo mercado externo, mantendo 90% de sua produção destinada a este fim, favorecidas pelo preço internacional e taxas de câmbio. Em 2008, devido à crise financeira mundial que vinha ocorrendo nos últimos anos, a qual provocou a queda do preço da exportação e surgimento de barreiras econômicas, surgiu em relação às empresas do setor um processo de readequação produtiva, voltando estas para o mercado interno, com o fortalecimento de linhas de produção de novos produtos, como o compensado plastificado. O objetivo deste trabalho concentra-se em avaliar o impacto da espessura do compensado plastificado sobre a eficiência produtiva das empresas de madeira compensada. Esta análise foi realizada nas empresas da meso região Centro Oriental, no estado do Paraná. Foram coletados dados de produtividade nas principais máquinas de processo do compensado e realizado dois experimentos com delineamento experimental do tipo blocos ao acaso com parcelas subdivididas, avaliando tempo da manufatura da lâmina de madeira e tempo gasto com atividades ocorridas imediatamente antes e depois da manufatura. Baseado no trabalho de Borelli Polzl (2002) foram gerados índices, que regulam a eficiência produtiva das empresas amostradas. As empresas amostradas trabalhavam com um turno de produção, mantendo uma média de 60% de ociosidade e 20% de perdas no processo produtivo. A produtividade média dos funcionários era de 13 m 3/ mês e a menor produtividade dos compensados analisados foi a de espessura 10 mm, crescendo esta à medida que aumentava o valor da espessura. Confirmou-se neste estudo a menor produtividade da prensa, independente da espessura do compensado, a sinalização de problemas produtivos internos nas empresas que afetam sua eficiência produtiva, a produtividade não estando relacionada ao tipo de máquina, assim como o aumento da produtividade correspondente ao aumento da espessura do compensado plastificado. Quanto à amplitude da produtividade por módulo produtivo obtida nas linhas de produção, a situação é tecnicamente preocupante, demonstrando baixa padronização dos procedimentos produtivos. Palavras-chaves: Setor florestal. Madeira compensada. Eficiência produtiva madeireira. ABSTRACT POLZL, Priscilla Falco Klingelfus. Analysis of productivity factories plywood laminated. 2011. 90 f. Dissertation (Mast ers in Industrial Engineering) – Post Graduate Program in Technology, Federal Tecnology University - Paraná. Ponta Grossa, 2011. The direct and indirect interaction of the forest sector with other industrial segments such as segments of the pulp and paper, furniture and construction industries, favored the strengthening of the timber industry and its economic and social development, providing significant employment generation and being helpful to the regional development. The plywood industries in the period from 2002 to 2007, were benefited by the foreign market, holding 90% of its production for this purpose, favored by the international price and exchange rates. In 2008, due to the global financial crisis that had been occurring in recent years which led to the fall in the price of exports and the emergence of economic barriers arose in relation to a company restructuring process productively, they returned to the domestic market, with the strengthening of production lines for new products such as laminated plywood. This study focuses on assessing the impact of the thickness of laminated plywood on the productive efficiency of enterprises of plywood. This analysis was performed in the companies of the Central Eastern meso, in Parana state. We collected data on productivity in the main process machinery for the plywood and conducted two experiments with experimental design of randomized blocks with subplots, evaluating time of manufacture of wooden blade and time spent on activity that occurred immediately before and after manufacturing. Based on work Borelli Pölzl (2002) indices were generated, which regulate the production efficiency of the companies sampled. The companies surveyed were working with a production shift, maintaining an average 60% idle and 20% losses in the production process. The average productivity of employees was 13 m3/ month, and lower productivity offset was analyzed for the 10 mm thick, is growing as we increased the value of the thickness. It was confirmed in this study the lower productivity of the press, independent of the thickness of the plywood, the signs of internal company production problems affecting its production efficiency, productivity not related to the type of machine as well as increased productivity corresponding to the increase the thickness of laminated plywood. As the magnitude of the productivity achieved in the module manufacturing production lines, the situation is technically worrying, showing low standardization of productive procedures. Keywords: Forestry. Plywood. Timber production efficiency. LISTA DE FIGURAS Figura 1- DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS FLORESTAS DE Pinus E Eucalyptus NO ESTADO DO PARANÁ - 2006.................................................................................. 19 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - MODELO DE REFERÊNCIA SAPROV 1015 – SISTEMA DE INDICADORES......................................................................................................... 30 Quadro 2- SINOPSE DE INDICADORES DE DESEMPENHO DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA ....................................................................................................... 31 Quadro 3 - QUANTIDADE MÍNIMA DE LÂMINAS ................................................... 37 Quadro 4 - REPRESENTAÇÃO LINEAR SIMPLIFICADA DO DELINEAMENTO BLOCOS AO ACASO COM PARCELAS SUBDIVIDIDAS, UTILIZADO PARA ANÁLISE DAS EMPRESAS, DAS LINHAS DE PRODUÇÃO E DAS ESPESSURAS DOS COMPENSADOS. ........................................................................................... 45 LISTA DE TABELA Tabela 1 - PRODUTIVIDADE DAS EMPRESAS DE MADEIRA COMPENSADA .... 39 Tabela 2 - VARIÁVEIS PRODUTIVAS DAS EMPRESAS AMOSTRADAS .............. 48 Tabela 3 - ÍNDICE DE OCIOSIDADE DAS EMPRESAS AMOSTRADAS ................ 50 Tabela 4 - PERDAS NO PROCESSO PRODUTIVO ................................................ 51 Tabela 5 - PRODUTIVIDADE DE MÃO DE OBRA (m3/ FUNCIONÁRIO/ MÊS) ...... 52 Tabela 6 - PRODUTIVIDADE DAS MÁQUINAS (seg/ m3) ....................................... 54 Tabela 7 - VALORES DOS TEMPOS DE MANUFATURA, MEDIDOS E DISPOSTOS CONFORME DELINEAMENTO EXPERIMENTAL, POR ESPESSURA, LINHA DE PRODUÇÃO E REPETIÇÕES, TOTAIS E MÉDIAS (min/ m3) ................................. 65 Tabela 8 - RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA DADOS DE PRODUTIVIDADE DA MANUFATURA (min/ m3) ..................................................... 66 Tabela 9 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA DADOS DE PRODUTIVIDADE DA MANUFATURA (min/ m3) ..................................................... 67 Tabela 10 – COMPARAÇÃO DE MÉDIA PELO TESTE DE DUNCAN, PARA AS ESPESSURAS, BASEADO NOS DADOS DE PRODUTIVIDADE DA MANUFATURA (min/ m3) ................................................................................................................... 67 Tabela 11 - VALORES DOS TEMPOS DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA, ENCONTRADOS E DISPOSTOS CONFORME DELINEAMENTO EXPERIMENTAL, POR ESPESSURA, LINHA DE PRODUÇÃO E REPETIÇÕES, TOTAIS E MÉDIAS (min/ m3) .......................................................... 69 Tabela 12 – QUADRO RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA OS DADOS DE PRODUTIVIDADE DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA (min/ m3) ......................................................................................... 70 Tabela 13 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA OS DADOS DE PRODUTIVIDADE DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A 3 MANUFATURA (min/ m ) ......................................................................................... 70 Tabela 14 – COMPARAÇÃO DE MÉDIA PELO TESTE DE DUNCAN, PARA AS ESPESSURAS, BASEADO NOS DADOS DE PRODUTIVIDADE DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA (min/ m3) .............................. 71 Tabela 15 – VARIAÇÃO NA PRODUTIVIDADE MÉDIA DAS LINHAS DE PRODUÇÃO, POR ESPESSURA. ........................................................................... 73 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 16 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 16 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 17 3.1 DEFINIÇÃO DE CADEIA DA MADEIRA ............................................................ 17 3.2 COBERTURA FLORESTAL PLANTADA ........................................................... 17 3.3 CONSUMO DE TORAS DE MADEIRA .............................................................. 20 3.4 SETOR DE BASE FLORESTAL ........................................................................ 22 3.5 PRODUÇÃO DE MADEIRA COMPENSADA ..................................................... 23 3.5.1 Estudos de Desenvolvimento do Segmento Produtivo da Madeira Compensada ............................................................................................................ 25 3.6 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EM LINHAS DE PRODUÇÃO ...................... 27 3.7 FLUXO PRODUTIVO ......................................................................................... 32 3.8 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ........................................................................ 35 3.9 EFICIÊNCIA PRODUTIVA NA INDÚSTRIA DE COMPENSADO ...................... 36 4 METODOLOGIA .................................................................................................. 39 4.1 LOCAL DO ESTUDO ......................................................................................... 39 4.2 PERFIL DAS EMPRESAS ANALISADAS .......................................................... 39 4.3 EFICIÊNCIA PRODUTIVA DAS EMPRESAS .................................................... 40 4.3.1 Turnos de Produção ......................................................................................... 40 4.3.2 Ociosidade das Empresas ............................................................................... 40 4.3.3 Perdas no Processo Produtivo ......................................................................... 41 4.3.4 Produtividade da Mão de obra ......................................................................... 42 4.4 PRODUTIVIDADE DAS EMPRESAS................................................................. 42 4.4.1 Análise dos Dados de Produtividade ............................................................... 43 4.4.2 Comparação das Médias dos Experimentos .................................................... 46 4.4.3 Avaliação Específica das Linhas de Produção................................................. 46 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 48 5.1 EFICIÊNCIA PRODUTIVA DAS EMPRESAS .................................................... 48 5.1.1 Turnos de Produção ......................................................................................... 49 5.1.2 Ociosidade ....................................................................................................... 49 5.1.3 Perdas .............................................................................................................. 51 5.1.4 Produtividade de Mão de obra ......................................................................... 52 5.2 PRODUTIVIDADE DAS MÁQUINAS ................................................................. 53 5.2.1 Pré prensa........................................................................................................ 56 5.2.2 Prensa .............................................................................................................. 57 5.2.3 Esquadrejadeira ............................................................................................... 59 5.2.4 Calibrador......................................................................................................... 61 5.2.5 Prensa Placagem ............................................................................................. 62 5.3 PRODUTIVIDADE DAS LINHAS DE PRODUÇÃO ............................................ 63 5.3.1 Análise da Produtividade das Máquinas (Manufatura) ..................................... 64 5.3.2 Análise da Produtividade das Atividades Diretamente Relacionadas à Manufatura. .............................................................................................................. 67 5.3.3 Análise dos Módulos de Produção ................................................................... 71 5.3.4 Eficiência Produtiva das Linhas de Produção .................................................. 73 6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 76 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 77 APÊNDICE A – EQUIPAMENTOS DA LINHA DE PRODUÇÃO DO COMPENSADO PLASTIFICADO ....................................................................................................... 85 13 1 INTRODUÇÃO A crise financeira mundial ocorrida nos últimos anos afetou significativamente os principais setores consumidores da madeira, especificamente o mercado de móveis e construção civil. Este fato provocou deficiências e necessidades de modificações no tratamento da exportação brasileira de madeira compensada, a qual vinha representando 70% à 90% da produção deste produto no país, em razão da queda no preço das exportações, barreiras econômicas, entrada de bens substitutos e aumento da demanda no mercado interno, associado a fatores de relativa importância como o aumento crescente na última década das exigências técnicas em termos de certificações florestais deste produto para o mercado externo e barreiras comerciais. Em resposta a este movimento econômico, a indústria de compensados no país, sofreu uma série de reestruturações e adequações produtivas, visando recuperar proporções significativas do mercado interno, o qual segue respondendo positivamente, com o desenvolvimento de produtos que visam agregar valor à madeira compensada. O aperfeiçoamento da produtividade industrial da madeira compensada tornouse essencialmente relevante para a sobrevivência desta no setor. Este seria o princípio para a manutenção da competitividade destas empresas através de uma maior eficiência econômica e produtiva, com o melhor desempenho nas linhas de produção e adequação rápida às exigências e variações da demanda interna. Ainda se deve considerar que o maior controle dos fatores que compõem o custo de produção é considerado vital, tendo por base a insuficiência da empresa na determinação do preço, o qual é estabelecido pelo mercado. A análise da produtividade na indústria considerando tempo de produção e movimento das máquinas passou a representar importante ferramenta para o estudo e ampliação da capacidade produtiva, bem como para estudos de seus fluxos produtivos dentro de empresas (estoque, processos produtivos) (BOWERSOX, 2006). Polzl et al (2010) traçaram um perfil produtivo das indústrias de compensado, através da análise de variáveis produtivas comparadas no período de 2002 à 2009, afirmando que ocorreu o uso mais intensivo dos equipamentos das empresas, 14 verificado pelo aumento no número de turnos de serviço, diminuição das perdas de matéria-prima durante os processos produtivos e principalmente, pelo aumento do uso da capacidade nominal já instalada. Considerando a reestabilização das empresas produtoras de compensado ao mercado interno, outros fatores passaram a interferir na eficiência produtiva como o lay out de máquinas, a desqualificação tecnológica, a insuficiência em se prever tipos de produtos e quantidade produzida por período produtivo e a redução da utilização da capacidade nominal (máquinas, estrutura física e trabalhadores). Com relação à inadequação tecnológica, justifica-se o fato de que a inibição das renovações e ampliações da capacidade nominal é causada pela conjugação entre juros reais elevados, progressiva apreciação cambial e insuficientes inversões públicas em infra-estrutura e financiamentos a setores industriais (LOURENÇO, 2007). Refletindo sobre esta nova necessidade de readequação ao mercado interno, considerando as indústrias do segmento produtivo da madeira compensada, assim como o desenvolvimento de ferramentas empresariais que ampliem e fortifiquem a produtividade das empresas, tornou-se necessário o diagnóstico do estado de produção deste produto. Para tanto, podem ser avaliadas as variações de produtos, compreendidas nas variações das espessuras dos compensados, possibilitando às empresas a avaliação de seu desempenho produtivo e comparação com outras empresas. O segmento tornou-se responsável pelo desenvolvimento regional em vários municípios da mesorregião, devido ao impacto econômico e social nestas regiões. Assim amplia-se a sua importância tornando-se um veículo estrutural fundamental para a indústria de base florestal, assim como o setor florestal como um todo. Questões econômicas refletem no mercado da madeira compensada de forma geral e irrestrita, obrigando estas empresas a se reestruturarem em determinados momentos, destinando suas produções ao mercado externo ou sendo forçadas a se voltarem para o mercado interno, recuperando fatias da demanda, readaptando seus produtos e até mesmo suas linhas de produção. Baseado nestas necessidades de adaptação o presente trabalho busca responder às empresas a seguinte questão: 15 As empresas de compensado se distinguem pelos produtos que produzem e pelos sistemas de gerenciamento que possuem? 16 2 2.1 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Avaliar a produtividade do compensado plastificado nas empresas de madeira compensada em relação à variação de espessura do produto. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Quantificar alterações da eficiência produtiva das empresas do ano de 2002 e 2010; Verificar a influência dos equipamentos utilizados sobre a produtividade das linhas de produção; Analisar o desempenho entre as linhas de produção quanto às suas produtividades. 17 3 3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DEFINIÇÃO DE CADEIA DA MADEIRA A cadeia da madeira reúne naturalmente as atividades relativas à madeira e seus derivados (SELMANY, 1983). É caracterizada pelo conjunto de atividades que asseguram a produção, a colheita e a transformação da madeira até o estágio onde esta última, por associação de seus derivados a outras matérias, perde a característica de constituinte essencial do produto (GUILLON & SELMANY, 1983). O conceito de cadeia da madeira é muito mais abrangente do que o conceito de setor florestal mundialmente empregado, pois neste não são consideradas as atividades industriais de segunda e terceira transformação da madeira, embora o mesmo seja mais adaptado ao acompanhamento volumétrico dos fluxos de madeira, até estágios onde este acompanhamento seja relativamente simples (SELMANY, 1983). Segundo o mesmo autor, o conceito de cadeia é utilizado notadamente em vários campos de pesquisas, enquanto instrumento de análise de toda uma série de domínios específicos. Entretanto, nestes últimos tempos, vários autores se interessaram sobre a maneira pela qual convém definir as cadeias, ao problema de sua referência e a análise de seus papéis nos processos de desenvolvimento. 3.2 COBERTURA FLORESTAL PLANTADA A atividade de florestas plantadas no Estado do Paraná teve início por volta de 1966, com o advento dos incentivos fiscais, programa do governo que permitia a pessoas físicas e jurídicas abater do imposto de renda os valores contabilizados para investimentos nesta atividade. Era possível abater os valores disponibilizados não só na implantação de novos plantios, como em pesquisas no setor florestal (BERGER et al., 2008). 18 Os incentivos fiscais contribuíram para o aumento na área total de florestas plantadas no Estado. Com a redução dos custos de implantação devida ao incentivo, os investidores podiam disponibilizar mais recursos financeiros para ampliar sua base florestal. Esses plantios foram realizados, muitas vezes, em terras com baixo nível de produtividade, com espaçamentos mal definidos e florestas com alta densidade. Tais fatores, somados à falta de pesquisas, resultavam em plantios com baixa produtividade e qualidade (BERGER et. al., 2008). Não existem dados oficiais sobre a atual situação da área de florestas plantadas existentes no Estado, uma vez que, desde o início dos anos 80, não é realizado inventário florestal no Paraná. Estima-se que existam atualmente cerca de 870 mil hectares de florestas plantadas com gêneros Pinus e Eucalyptus (HOLTZ 2006; ABRAF, 2005). No início dos incentivos fiscais, durante a década de 60, ocorreu uma grande expansão da área de floresta plantada no Estado. Essa expansão manteve-se praticamente estável durante a década de 70. No início da década de 80 a área plantada no Estado começou a diminuir em razão principalmente da redução do percentual de abatimento no imposto de renda dos custos de plantio (BERGER et. al., 2008). Segundo o mesmo autor, em 1987, com o fim dos incentivos fiscais, as florestas plantadas no Estado passaram por um longo período de escassez. A partir de 1999 estimulados, sobretudo pelo aumento no preço da madeira, os plantios no Estado aumentaram. As principais espécies utilizadas em plantios florestais no Estado do Paraná são o Pinus e o Eucalyptus. A distribuição desses plantios não é uniforme, concentrando-se em algumas mesorregiões do Estado. A Figura 1 apresenta a distribuição dos plantios no Paraná. Nas mesorregiões Norte e Oeste do Estado praticamente inexistem plantios florestais. Essas mesorregiões são voltadas à agricultura de alta produção e apresentam valores elevados para o preço da terra, encarecendo possíveis investimentos na implantação de florestas plantadas (HOLTZ, 2006). A distribuição espacial da cobertura florestal plantada indica que os plantios florestais não concorrem diretamente com as atividades agrícolas. Esses plantios 19 geralmente estão localizados em terras de baixa qualidade e baixo preço, muitas vezes deixadas abandonadas pela atividade agrícola. Figura 1- DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS FLORESTAS DE Pinus E Eucalyptus NO ESTADO DO PARANÁ - 2006 Fonte: Holtz (2006); ABRAF (2005) Observa-se, pela Figura 1, que as áreas de florestas plantadas localizam-se a partir do centro para o sul do Estado, abrangendo as mesorregiões Centro-Oriental, Metropolitana de Curitiba, Sudeste e Centro-Sul. Nessas mesorregiões estão localizadas as grandes indústrias do setor florestal, como fábricas de papel e celulose, indústrias moveleiras, serrarias, entre outras. Na mesorregião Centro-Oriental estão concentrados cerca de 40% de plantios de Pinus e 67% de plantios de Eucalyptus, representando 40% do total de florestas plantadas do Estado. A mesorregião Metropolitana de Curitiba possui 21% de plantios com Pinus e 6% de plantios com Eucalyptus, somando 20% do total desses plantios. Os plantios dessa mesorregião caracterizam-se por apresentarem grandes remanescentes de florestas implantadas na época dos incentivos ficais. A madeira proveniente dessas florestas tem como destino principal as indústrias de base florestal localizadas em Curitiba (ABRAF, 2005). 20 Os plantios com idade entre 0 a 5 anos representam a maior área plantada no Estado, com 26% e 25% do total plantado com Pinus e Eucalyptus. Os plantios entre 22 e 24 anos representam 9% e 3% do total da área plantada respectivamente com Pinus e Eucalyptus. Esta classe de idade corresponde ao menor percentual de florestas plantadas. Considerando apenas três classes de idade, 0 a 10, 11 a 21, e maior que 21 anos, a distribuição dos plantios de Eucalyptus do Estado seria respectivamente 47%, 23% e 30% da área total. 3.3 CONSUMO DE TORAS DE MADEIRA As fábricas de madeira compensada utilizam madeiras em toras de maiores diâmetros, principalmente para fabricação de compensados multilaminados. Em geral, os diâmetros acima de 30 cm são destinados preferencialmente a laminadoras e fábricas de madeira compensada (POLZL, 2002). De acordo com dados do IAP (2006) o segmento de compensado demandou em 2006 aproximadamente 3,8 milhões de m³ de madeira em tora, conforme pode ser observado no Gráfico 1. Verifica-se um ponto de maior consumo de toras no ano de 2004. Este ponto está relacionado ao aumento na produção efetiva de compensados no Estado, ocorrido durante o mesmo ano. 21 Gráfico 1 - EVOLUÇÃO DO CONSUMO DE MADEIRA EM TORAS PARA A FABRICAÇÃO DE MADEIRA COMPENSADA NO PARANÁ E SUA CURVA MÉDIA - 1997-2006 Fonte: Polzl (2002), ABIMCI (2004), IAP (2006) Observando-se a curva média para o consumo de toras, verifica-se uma leve inclinação positiva, o que revela uma pequena tendência futura de aumento da procura por toras de diâmetro maior (BERGER, 2008). O gráfico 2 apresenta o consumo de toras pelas indústrias de madeira compensada no ano de 2004 por mesorregião do Estado do Paraná. Gráfico 2 - CONSUMO DE MADEIRA EM TORAS PARA A FABRICAÇÃO DE MADEIRA COMPENSADA, POR MESORREGIÃO PARANAENSE – 2004 Fonte: IAP (2006) A mesorregião Centro-Sul é a que mais consome madeiras em toras, representando 34% do consumo realizado pelo segmento, o que pode ser justificado 22 por apresentar também a maior concentração de indústrias de compensados do Paraná. A mesorregião Sudeste apareceu em segunda posição no consumo de toras, representando 29% do consumo do segmento, bem como no número de empresas deste segmento no Estado. 3.4 SETOR DE BASE FLORESTAL O setor de base florestal brasileiro interage direta e indiretamente com outros segmentos industriais, entre os quais se podem citar a indústria da celulose e papel, gráfica, móveis, siderurgia e construção civil (POLZL, 2002). A produção madeireira nacional em 2008 foi de 115.389.259 m³, indicando uma redução produtiva quando comparada ao ano de 2007, o qual se manteve com um valor de 121.520.350 m³ (IBGE, 2010). Destes, 87,8% foram provenientes de florestas cultivadas e 12,2% coletadas em vegetações nativas. A produção madeireira do país em 2009 somou R$ 13,6 bilhões, registrando avanço em relação ao ano anterior, quando o setor totalizou R$ 12,7 bilhões (IBGE, 2010). No estado do Paraná as indústrias dos segmentos madeira e mobiliário e do segmento do papel e celulose possuem uma importante participação no valor do PIB estadual, sendo responsáveis por 4,46% do PIB e 19,16% do PIB, respectivamente (IPARDES, 2007). Em 2008 a produção madeireira utilizada para construção civil, movelaria e construção naval manteve-se com 43.080.058 m³. Em relação a 2007, a produção apresentou declínio de 2,5% (IBGE, 2010). Segundo o IBGE (2010), o estado do Paraná teve grande participação no total dos produtos madeireiros gerados para estes setores da economia em 2008, com 13.838.196 m³ (32,1% dos 43.080.058 m³ produzidos no país), seguido de São Paulo, com 8.681.581 m³ (20,2%); Santa Catarina, com 7.954.808 m³ (18,5%); e Rio Grande do Sul, com 5.350.374 m³ (12,4%). As atividades ligadas à produção e processamento da madeira geram segundo dados do MTE (2008), cerca de 150.000 empregos diretos e estima-se em 600 mil o número de empregos indiretos ligados a este setor no estado do Paraná. 23 O segmento da madeira compensada esteve voltado nas duas últimas décadas para o mercado externo, mantendo em média 70% a 90% de sua produção destinada a exportação, apresentando um crescimento no período de 2002 à 2007 de 16,5% (FAO, 2005), (SECEX, 2008). Em 2006, as exportações dos produtos da indústria de base florestal ocuparam a terceira posição na pauta das exportações paranaenses com um valor de cerca de US$ 1,4 bilhão, o que correspondeu a aproximadamente 14% do valor total exportado pelo Paraná. As indústrias de base florestal exportavam menos que a indústria automobilística e do complexo soja (FIEP, 2006). 3.5 PRODUÇÃO DE MADEIRA COMPENSADA A cadeia produtiva da madeira compreende no país mais de 16 mil empresas gerando em torno de 2.500 mil empregos diretos (ABIMCI, 2010). Segundo PERRY (2008), a madeira como material estrutural tem uma utilização histórica de cerca de 50 anos. Apresenta vantagens significativas como: estabilidade dimensional, resistência distribuída, disponibilidade, custo, facilidade de trabalho, e propriedades mecânicas como a capacidade de curvar, dobrar e formar produtos. A produção da madeira compensada iniciou-se na década de 1940, atingindo níveis significativos a partir dos anos 70. O Brasil está posicionado entre os principais produtores mundiais de compensado. Estima-se que 74% sejam produzidos a partir de florestas plantadas do Sul e Sudeste e o restante originado de madeira tropical (ABIMCI, 2009). Nos anos 90, os compensados de madeira no Brasil tinham como principal matéria-prima as lâminas de madeiras de árvores folhosas tropicais. A falta de qualidade e uniformidade desse tipo de material e a crescente preocupação ambiental fizeram com que as indústrias de compensados substituíssem essas madeiras pela madeira do pinus, abundante em plantios florestais na região. Outro quesito refere-se ao transporte das lâminas de madeira até as fábricas de compensado, que se tornou mais barato e viável quando comparado com as lâminas que vinham do norte do país. Sendo assim na última década, a utilização do pinus 24 como matéria-prima para compensados aumentou, passando de 30% para mais de 70% do total de produção nacional (PINUSLETTER, 2009). Atualmente o compensado é um produto madeireiro utilizado com ênfase no mercado mundial. Devido à suas propriedades físicas e mecânicas, vem se interagindo positivamente com demais componentes físicos estruturais, como o plástico, cimento, adesivos sintéticos, formando assim, uma série de produtos diferenciados que se adéquam a várias ramificações do mercado, seja ele de construção civil, móveis, madeireiro, etc. O Estado do Paraná possui cerca de 50% de participação na produção brasileira de madeira compensada (POLZL, 2010). Estas empresas participam de um mercado de concorrência monopolística, onde não possuem controle do preço de venda de seus produtos, tornando necessária a eficiência produtiva por meio da diminuição dos custos operacionais. O segmento industrial da madeira compensada é representado por empresas de laminação de madeira, as quais utilizam lâminas obtidas pelo torno defolheador e faqueadeiras, e fábricas de compensado, que utilizam as lâminas de madeira para gerir seu principal produto, a madeira compensada. Segundo Polzl et al (2005), estas indústrias passam por reestruturações mundiais, sendo que as empresas que produzem compensado de pinus apresentam uma eficiência econômica maior em relação aos demais produtos. Os autores ainda afirmam que as empresas de menor porte, embora sejam em número maior, são menos eficientes e menos lucrativas. No estado do Paraná as indústrias estão se reestruturando devido à queda no preço das exportações, barreiras econômicas, entrada de bens substitutos e aumento da demanda no mercado interno (ABIMCI, 2010). Polzl (2008) afirma que a indústria de base florestal é muito importante no Paraná, o conhecimento de sua estruturação física e financeira e a interação de seus atores é vital para o desenvolvimento do Estado. O autor afirma ainda que para vários municípios, as empresas de compensado representam muito nas suas arrecadações de impostos, na geração de renda bem como na atração de novos negócios para o município. Desta forma, questões sociais também são consideradas importantes, devido ao número de empregos diretos que estas empresas geram e a localização delas em pequenos municípios ao longo do Estado. Um exemplo deste 25 processo ocorre no município de Imbituva, estado do Paraná, onde a indústria madeireira contribui largamente para o desenvolvimento regional. Este município está localizado entre as regiões de Ponta Grossa e Irati, as quais mantêm como uma das principais atividades produtivas, a produção e comercialização de produtos florestais. As atividades florestais refletem impacto significativo para o desenvolvimento desta cidade, ocupando boa parte da mão de obra local (BOBATO et al ,2008). Bobato et al (2008), em um estudo sobre a sustentabilidade econômica das empresas madeireiras de Imbituva, comenta sobre a Associação Madeireira de Imbituva – Imbiflor Florestamento e Floresta plantada Ltda, que tem por objetivo adquirir novas áreas, principalmente no interior do próprio município, efetuando assim novos plantios, em sua maior parte de Pinnus spp. 3.5.1 Estudos de Desenvolvimento do Segmento Produtivo da Madeira Compensada O estudo da madeira compensada esteve disperso ao longo das últimas décadas, em nível mundial, considerando a análise deste produto altamente significativa. Em uma conferência mundial realizada em Pequim e Hangzhou, em 2005, envolvendo cerca de 200 empresários madeireiros, se procurou diagnosticar as deficiências em relação à produção, comércio e confiabilidade de dados relacionados a pesquisas, barreiras comerciais (incluindo barreiras comerciais nãotarifárias NTTBs), avanços tecnológicos, as perspectivas de matérias-primas, e o desafio empresarial frente às responsabilidades na produção de compensados (ITTO/FAO, 2005). Miyazaki (1989) trabalhou com a quantificação de subprodutos na indústria de compensados no Japão, onde a matéria-prima são toras de madeiras duras importadas (densidade > 0,8 g/cm3). Na indústria de compensados, a produção de resíduos foi de 0,80% na forma de serragem, 1,90% de destopo, 6,60% de roloresto, 9,30% de lâminas verdes provenientes do início da laminação das toras, 26 4,40% de lâminas secas, 3,20% de resíduos de compensados, 1,20% de pó-de-lixa e 0,30% de casca, totalizando 27,70% de resíduos no processo produtivo total. Röder (2006) desenvolveu um estudo sobre o estado e as previsões de matérias-primas para as indústrias da Europa que operavam como principal insumo com a madeira compensada. Ele afirmou a tendência de maior eficiência para o segmento e constatou a potencialidade matemática que o setor florestal apresenta com a mobilização de florestas para as aplicações industriais e de energia, onde o valor acrescentado e emprego para madeira compensada são 100 vezes superiores em relação à utilização da madeira para geração de energia. Recomendou a necessidade de apoiar o manejo de madeira proveniente de florestas de curta rotação como incentivo à harmonização do mercado madeireiro. Michanickl (2006) da Universidade de Ciências Aplicadas de Rosenheim desenvolveu um novo painel de madeira leve com densidade em torno de 350 kg / m³ feita de grandes lascas de madeira macia e com superfícies muito finas de MDF ou outros materiais colados com cola ureia formaldeído UF. Aderhold (2006) desenvolveu um estudo informando sobre novas tecnologias e perspectivas para a madeira compensada produzidas com toras de grande diâmetro (> 50 cm). Estaria havendo uma falha no aproveitamento do volume de madeira de grande diâmetro nas florestas alemãs. Um projeto foi desenvolvido, tendo por objetivo o uso destas toras para geração de produtos à base da madeira compensada, com o desenvolvimento de um espectrógrafo de linha para detectar e eliminar defeitos de verniz e cores indesejadas. O projeto teve seu término com o detalhamento da oferta regional de madeira de grande diâmetro e um estudo de viabilidade para uma nova fábrica de compensados, na Alemanha. Olandoski (2001) avaliou uma indústria de compensados, sarrafeados e aglomerados revestidos feitos a partir de madeira tropical, no sul do Brasil, quanto à produção de subprodutos e ao rendimento produtivo. Como resultado desse trabalho, sua autora encontrou, na produção de compensados, rendimentos de 95 a 97% nas esquadrejadeiras, 91% na lixadeira e 91% na refiladeira (guilhotina usada antes da junção de lâminas) e coladeira. Em trabalho realizado por Silva (2001) na região sul do Brasil, em indústria de compensados de pinus. O autor constatou que se produz 1,9 m3 de subprodutos para cada m3 de compensados, considerando a laminação e as atividades de 27 manufatura dos painéis. Mencionou ainda que a produção de subprodutos seja de 65% quando considerado todo o processo produtivo (laminação e manufatura). Porém, de todo o resíduo gerado, 89% é produzido na laminadora e apenas 11%, na fábrica. No Estado do Paraná, o rendimento médio ponderado nas indústrias de chapas compensadas é de 36,52%. As maiores perdas ocorrem no processo de laminação. Na manufatura, a esquadrejadeira tem um rendimento de 89,8% e a lixadeira, 95,6% (BONDUELLE et al., 2004). Atualmente, em virtude do enfraquecimento do mercado externo, ocorreu uma série de mudanças na demanda por compensados, com a estabilização de novos produtos no mercado interno como o Medium Density Fibrebord (MDF), o Oriented Strand Board (OSB) e o compensado revestido com filme plástico denominado como compensado plastificado. Estes painéis estão suprindo certa fatia da atual demanda interna do segmento, destinados a movelaria e a construção civil, setores que, nacionalmente, são hoje grandes consumidores de compensados. Polzl (2009), em um estudo de análise da produção e comercialização de produtos madeireiros no estado do Paraná, ressalta o fato de que atualmente mais de 40% da madeira compensada de pinus produzida no Estado, é destinada ao mercado interno. 3.6 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EM LINHAS DE PRODUÇÃO Segundo Polzl (2002), o setor de base florestal brasileiro está intimamente relacionado com outros segmentos industriais, tais como: celulose e papel, gráfica, mobiliário, siderurgia, construção civil, dentre outros. O mesmo autor comenta a relação de crescimento das indústrias de base madeireira e o reflexo desta ação sobre as demais indústrias, pois geralmente aumenta-se a oferta quando existe um aumento na demanda, seja ela nacional ou mundial. Ações que procuram restaurar a produtividade e qualidade dos produtos fabricados pelas empresas de madeira compensada nunca foram tão importantes para a competitividade destas como estão sendo atualmente (LOPER, 2007). Tornase de relativa importância a geração de informações contundentes, relativas às 28 estratégias competitivas desenvolvidas pelas empresas, e aquelas recomendadas por profissionais, relativa ao aumento ou manutenção da competitividade da empresa ou indústria (LOPER, 2007). De acordo com Severiano Filho (1998), as ações que envolvem a melhoria da produtividade, qualidade total e flexibilidade, são os conceitos emergentes de uma nova ordem estratégica na gestão da produção, que constituem os principais elementos das chamadas Tecnologias Avançadas de Produção (Advanced Manufacturing Technologies – AMT's). Os estudos de Richardson & Gordon (1980), Mohanty & Rastogi (1986) e Son & Park (1987) representam os primeiros esforços de contribuição para a avaliação da produtividade em ambientes que utilizam sistemas de manufatura avançada. Esses estudos estão orientados, principalmente, para a definição de variáveis globais de desempenho, com o objetivo de estabelecer mecanismos de avaliação econômica das tecnologias modernas. É a partir do trabalho de Son (1991) que surge o primeiro modelo devidamente sistematizado para a avaliação econômica de sistemas de produção baseados no conceito de manufatura avançada. Baseado nestes conceitos pode-se imaginar que o uso de ferramentas mais modernas para o gerenciamento da produção pode trazer vantagens competitivas para as empresas. Estas vantagens são baseadas em indicadores de desempenho e estes indicadores são analisados após a coleta de dados nas linhas de produção e nas áreas financeiras das empresas. A eficiência produtiva e econômica no setor florestal foi estudada sempre de forma isolada, focada na produtividade, mas tendo como condição implícita a necessidade de qualidade e flexibilidade nas linhas de produção, refletido na rentabilidade da empresas. Sablowski (2003) comparou a eficiência produtiva com a eficiência ambiental, afirmando que a busca de uma maior produção não mais se faz através do aumento na quantidade de entrada de matéria prima, mas sim no melhor aproveitamento e utilização desta, permitindo a sua redução para a produção de uma mesma quantidade de produto final. Polzl (2002) comenta que as indústrias de compensado têm historicamente contribuído com a formação da estrutura social e econômica de diversas cidades 29 paranaenses, agindo como fonte de recursos econômicos e em importantes atores no equilíbrio social. O mesmo autor afirma que a análise de eficiência é útil para comparar atividades implementadas com diferentes níveis tecnológicos dentro de um mesmo elo ou segmento. Fontes (2005) procurou diagnosticar a cadeia da madeira, identificando seus atores e correlacionando-os com o aumento da eficiência técnico operacional e gerencial da administração das empresas madeireiras. Seguindo na mesma linha de raciocínio, mas analisando produtividade, qualidade e flexibilidade, Severiano Filho (1995) propôs a adaptação de um modelo de indicadores que quando usado de forma contínua pode gerar informações imprescindíveis para a gestão estratégica da produção e da empresa. Estes indicadores são formulados através de variáveis principais das linhas de produção, as quais são correlacionadas gerando equações. A demonstração destes indicadores está sistematizada nos Quadro 1 e 2. 30 ÍNDICE ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE IIP= (Sdpp Ncvp) 100 ÍNDICE DE INDUÇÃO FLEXIBILIDADE IIF = (Sdpf Ncvf) 100 DESCRIÇÃO Soma do desempenho dos parâmetros de produtividade; Número dos critérios de valor da produtividade. DE Soma do desempenho dos parâmetros de flexibilidade; Número dos critérios de valor da qualidade. ÍNDICE DE INDUÇÃO DA QUALIDADE IIQ = (Sdpq Ncvq) 100 Soma do desempenho dos parâmetros de qualidade; Número dos critérios de valor da qualidade. ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE VETORIAL DA MANUFATURA AVANÇADA 3 IPVMA = Otp {Otp [ (IIP IIF IIQ) 100 ]} 100 Output total produzido; Índice de Indução da Produtividade; Índice de Indução da Flexibilidade; Índice de Indução da Qualidade. ÍNDICE DE DESEMPENHO TOTAL EM PRODUTIVIDADE IDTP = [Otp Pv] [(Cmo + Cmt + Ca + Cm + Cf +Cp + Cs) (IIP 100)] Output total produzido; Preço de venda; Custo de mão de obra; Custo dos materiais empregados; Custo de depreciação; Custo das máquinas e equipamentos; Custo das ferramentas de produção; Custo da planta operacional; Custo dos softwares utilizados; Índice de Indução de Produtividade. ÍNDICE DE DESEMPENHO TOTAL EM FLEXIBILIDADE IDTF = [Otp Pv] [(Cup + Cw + Coc + Ci) (iif 100)] Output total produzido; Preço de venda do produto fabricado; Custo total de set-up Custo total de espera do sistema Custo total de ociosidade do sistema; Custo total de estoques Índice de indução de flexibilidade. ÍNDICE DE DESEMPENHO TOTAL EM QUALIDADE IDTQ = [Otp Pv] [(Cpv + Cdf) (iiq 100)] Output total produzido; Preço de venda do produto fabricado; Custo da ações de prevenção; Custo total das falhas; Índice de Indução de Qualidade. Quadro 1 - MODELO DE REFERÊNCIA SAPROV 1015 – SISTEMA DE INDICADORES Fonte: Adaptado de SEVERIANO FILHO, 1995 31 TAXA DE PRODUÇÃO POR EMPREGADO QUANTIDADE PRODUZIDA POR HOMEM-HORA QUANTIDADE PRODUZIDA POR HORAS-MÁQUINA QUANTIDADE PRODUZIDA POR CAPITAL EMPREGADO QUANTIDADE POR VENDAS EFETIVAS LUCROS SOBRE CAPITAL TOTAL EMPREGADO % DE PERDAS DE MATÉRIAS-PRIMAS E COMPONENTES SÓLIDOS % DE PERDAS DEVIDAS ÀS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS TAXA DE UTILIZAÇÃO DAS MÁQUINAS % DA PLANTA OCUPADA COM A PRODUÇÃO CADÊNCIA DE PRODUÇÃO TEMPO TOTAL DE OCIOSIDADE DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS TEMPO TOTAL DE PREPARAÇÃO E REGULAÇÃO DAS MÁQUINAS LEAD TIME TOTAL DE PRODUÇÃO TEMPO TOTAL DE ESPERA % DE OPERADORES NA CATEGORIA MULTIFUNCIONAL PRAZO MÉDIO DE ENTREGA DOS PEDIDOS NÚMEROS DE PONTOS DE ESTOCAGEM INTERMEDIÁRIA FREQUÊNCIA DE INTERVENÇÕES PARA MANUTENÇÃO PREVENTIVA QUANTIDADE TOTAL DOS ESTOQUES DE PRODUTOS EM ELABORAÇÃO QUANTIDADE TOTAL DOS ESTOQUES DE MATÉRIAS-PRIMAS QUANTIDADE TOTAL DOS ESTOQUES DE PRODUTOS ACABADOS % DA PLANTA OCUPADA COM OS ESTOQUES % DE SINCRONIZAÇÃO DOS FLUXOS A MONTANTE % DE SINCRONIZAÇÃO DOS FLUXOS A JUSANTE ÍNDICE DE REJEIÇÃO % DE DEVOLUÇÕES EFETIVAS POR QUESTÕES DE QUALIDADE NÚMERO DE DEFEITOS POR LOTE DE PRODUÇÃO QUANTIDADE DE RETRABALHO ÍNDICE DE RECLAMAÇÕES DO CLIENTE POR MOTIVO DE PRAZO % DE CANCELAMENTO DOS PEDIDOS % DOS FORNECEDORES EM “GARANTIA DE QUALIDADE” FREQUENCIA DAS PANES NO PROCESSO PRODUTIVO QUANTIDADE DE SOFTWARES UTILIZADOS NA PRODUÇÃO ÍNDICE DE ROTATIVIDADE DE MÃO DE OBRA ÍNDICE DE ABSENTEÍSMO DOS EMPREGADOS NÚMERO DE ACIDENTES DE TRABALJO Quadro 2- SINOPSE DE INDICADORES DE DESEMPENHO DA PRODUÇÃO EM UMA EMPRESA Fonte: Adaptado de SEVERIANO FILHO, 1995 Pelos Quadro 1 e 2, observa-se que muitas das informações têm por base medições ocorridas na linha de produção (mais precisamente nos módulos operacionais – máquina, equipamento, homem) ou nas áreas de apropriação de custos ou receitas. Diversos autores já realizaram trabalhos de obtenção de dados e análise de informações para empresas de madeira compensada, buscando avaliar o desempenho das mesmas e utilizando procedimentos de gerenciamento da manufatura, associados ao estabelecimento e consecução de metas de qualidade e produtividade. 32 Dentre os procedimentos de gerenciamento incluem-se, dentre outros: ABC (Custeio Baseado em Atividades); ABM (Gestão Baseada em Atividades); JIT (JustIn-Time); KANBAN (Cartões para Puxar a Produção); MC (Manufatura Celular); PFA (Análise do Fluxo de Produção); TQC (Controle de Qualidade Total); TQM (Gestão da Qualidade Total) (ROTONDARO, 2002). Segundo Bock (2010), a crescente concorrência de custos e variedades de produtos, tornou o eficiente Just in time de fornecimento (JIT), um dos maiores desafios em sistemas de produção de linha. Características como uso intensivo de mão de obra, produtos de baixo valor agregado, alta contribuição do custo da matéria prima sobre o custo de produção, baixo grau de automação (Polzl, 2008), auxiliam no entendimento do motivo pelo qual são pouco empregados procedimentos de gerenciamento e por conseqüência poucas são as empresas que fabricam compensados utilizando “tecnologias avançadas de produção”. Esta falta de controle de produção mais sofisticado é característica negativa no curto prazo e que prejudica os próprios empresários, mas a estruturação de metodologias de coleta de dados e indicadores específicos para as empresas de compensado permitem no médio prazo o aumento da tecnificação destas empresas na gestão da produção. 3.7 FLUXO PRODUTIVO O processo produtivo da madeira compensada se mantém homogêneo e característico ao longo das últimas décadas. Segundo ABIMCI (2004), o fluxo do processo produtivo de uma fábrica de compensados é simples, iniciando-se com a obtenção de lâminas de madeira. No caso da madeira tropical as lâminas são geralmente fragmentadas ao meio, em um terço ou em um quarto. Estas lâminas estreitas são encaminhadas para uma juntadeira de miolo objetivando seu aproveitamento, até obter uma única lâmina com a dimensão padrão estabelecida. As lâminas na dimensão encaminhadas para preparação e montagem do compensado. padrão são 33 Na montagem deste produto as lâminas são submetidas à aplicação de cola, através de um equipamento denominado encoladeira. A cola utilizada pode ser de constituição uréica, para produtos de uso interno, ou fenólica para compensados de uso externo (ABIMCI, 2004). Segue-se a este processo a montagem propriamente dita do compensado, considerando em geral um número ímpar de camadas ou lâminas, definida em função da espessura final do compensado, sobrepostas com a direção das fibras das camadas sucessivas, formando ângulos retos entre si. Eisfeld (2009) determina que o direcionamento cruzado das fibras proporciona a uniformidade das propriedades mecânicas nas duas direções do plano da chapa. Esta uniformidade aumenta proporcionalmente ao número de camadas do compensado, em razão da melhor distribuição das tensões. A autora ressalta que as características principais deste produto referem-se a sua capacidade de suportar cargas de impacto que se impõe a certas estruturas e a resistência a rachaduras. Após as lâminas serem organizadas em pilhas (compensado), este fardo é encaminhado até uma pré-prensa e submetido à pré-prensagem em uma prensa a frio. Da pré prensa o compensado é encaminhado para uma prensa multipratos onde é submetido à ação de pressão e temperatura por um período de tempo pré definido. A finalização da montagem do produto ocorre com a aplicação de massa de rápido endurecimento, acrílica ou similar, objetivando eliminar eventuais defeitos superficiais na capa e contracapa após a prensagem, seguido do esquadrejamento (responsável por conferir as dimensões finais) e calibração ou lixamento, variando com o tipo de produto ou empresa (ABIMCI, 2004). A partir deste processo básico, os diferentes produtos compensados são formados, com agregação de componentes (agregação de valor), formando produtos com certa diferenciação no mercado. No caso do compensado plastificado, após a calibração é acrescida uma aplicação de filme sintético fenólico de 120 g/m² a 220 g/m², na superfície do produto (IWAKIRI, et al 2004). 34 Segundo Iwakiri et al (2004), a resina fenol formaldeído (FF) é utilizada na forma de película, comercialmente denominada de filme fenólico, o qual trata-se de um papel poroso impregnado com esta resina. De acordo com Kollmann et al. (1975), a resina FF na forma de película pode ser utilizada como elemento de ligação adesiva, e tem a vantagem de eliminar a operação de mistura e espalhamento, sendo particularmente adequada para colagem de lâminas finas e frágeis, para usos em ambientes úmidos ou expostos. A chapa de madeira envolvida pelo filme sintético é encaminhada a uma prensa específica reservada unicamente para este fim, que tem por objetivo executar a placagem, ou seja, união do filme plástico à madeira. O compensado é prensado à pressão específica de 1,5 MPa, temperatura de prensagem a partir de 140 ºC e tempo de prensagem na faixa de 2 a 3 minutos (IWAKIRI, et al 2004). Esta placagem é realizada com o auxílio de chapas de ferro entre compensado e os braços da prensa. O acabamento final, após a saída da prensa, pode ser executado de duas formas distintas a partir do corte do excesso de plástico das bordas com estilete: aplicando massa acrílica tendo por fim restaurar eventuais imperfeições das bordas ou encaminhando este produto novamente à esquadrejadeira, para cortar eventuais falhas, as quais ocorrem nas bordas do compensado. Estas falhas decorrem do aquecimento desigual das chapas de ferro e da pressão desigual da prensa sobre o filme plástico envolvente no compensado. Segundo Iwakiri et al. (2004), a utilização de maior temperatura (160ºC) e pressão específica (2,0 MPa), mostraram ser mais eficientes para a colagem de lâminas com filme fenólico, assim como o emprego de maior temperatura de prensagem reduz substancialmente o tempo de permanência dos painéis na prensa e melhora a qualidade da ligação adesiva. Segundo Araujo e Fortes (2009), o compensado plastificado é recomendado para uso externo e fôrmas para concreto, economicamente viável por possuir um elevado índice de reutilizações. Castro, Cobbos e Goedert (2001) citado por Polzl (2002), definem que os principais objetivos de desempenho perseguidos pela indústria madeireira ou por seus segmentos, individualmente seriam: 35 - Eficiência: relação entre a quantidade de insumo utilizado e a quantidade de produto gerado; - Qualidade: totalidade de características e propriedades de um produto, serviço ou processo que contribuem para satisfazer necessidades explícitas ou implícitas dos clientes; - Sustentabilidade: capacidade de um sistema produtivo em manter, no tempo, o padrão de eficiência e qualidade; - Eqüidade: equilíbrio na apropriação dos benefícios econômicos gerados ao longo da cadeia produtiva pelos seus componentes, ou internamente, entre os indivíduos e organizações de um segmento da cadeia produtiva. 3.8 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS De acordo com Magalhães (2008), apesar do avanço da tecnologia de manufatura auxiliada por computador, em muitos casos estes sistemas são modulares e dedicados a processos específicos de manufatura, tais como o fresamento, o torneamento e a injeção plástica. Ainda exigindo alto custo de implementação, destinando-se assim a grandes ciclos de produção. Os equipamentos empregados para a fabricação do compensado são característicos pela sua simplicidade e essencialmente manuais em sua maior proporção. Alguns consomem um tempo maior de execução, o que exige organização da empresa para que não haja comprometimento do fluxo produtivo. Dentre eles pode-se citar a prensa, cujo tempo e temperatura empregada, dependem do tipo de produto e cola utilizada. A prensa exerce um efeito gargalo na produção, pois se torna o equipamento que consome maior tempo produtivo. Esse maior período de prensagem refere-se à necessidade da cura da cola. Este processo ocorre à alta temperatura e pressão e leva em média 1 minuto por milímetro de espessura do compensado (IWAKIRI, 2004). Segundo Prata (2006) os principais fatores que influem no tempo de prensagem são: Distância da superfície do painel até a linha de cola mais interna; 36 Catalisador; Gramatura da cola aplicada; Grau de extensão; Tempo de assemblagem; Pressão aplicada; Temperatura inicial da madeira; Densidade; Porosidade; Teor de umidade da madeira. O tempo aplicado na prensa não se torna maior em virtude da utilização de uma pré prensa, a qual submete as camadas de lâminas de madeira a uma pressão sem temperatura (prensa a frio), respectivamente 8 Kgf/ m² por aproximadamente 5 minutos, a qual tem por objetivo a transferência de cola dos miolos molhados para as superfícies, facilitando a utilização posterior da prensa. Prata (2006), afirma que a melhor distribuição do adesivo, não só incentiva a diminuição do tempo de prensagem a quente nos painéis, mas também acaba por facilitar o manuseio e o carregamento dos painéis a serem prensados. Segundo o autor, a esquadrejadeira e o calibrador são considerados equipamentos de rápido fluxo, não representando problemas aos tempos de produção, contudo devem estar bem regulados para evitar mal acabamento nas bordas e superfícies dos painéis, assim como desclassificação destes. 3.9 EFICIÊNCIA PRODUTIVA NA INDÚSTRIA DE COMPENSADO Segundo Polzl (2002) e Slack et al (1997), a utilização da Capacidade Nominal da Empresa (UCN), medida em porcentagem, é a relação entre a produção nominal mensal da empresa (ou capacidade de projeto) pela produção efetiva (ou produção real) da mesma empresa. Da mesma forma em raciocínio, a eficiência no uso de matéria-prima (Ep) é a relação entre a produção efetiva mensal dividida pelo somatório do consumo mensal de matéria-prima (lâminas torneadas, lâminas faqueadas, painéis sarrafeados, painéis reconstituídos). 37 Ainda de acordo com o autor são consideradas empresas pequenas, aquelas que mantêm sua produção até o limite de 2.450 m3/ mês, empresas médias entre 2.451 m3/ mês e 4900 m3/ mês, grandes entre os valores produtivos de 4.901 m3/ mês e 9.800 m3/ mês e muito grandes aquelas empresas que apresentam produção superior a 9.800 m3/ mês. As empresas de madeira compensada estão utilizando melhor seus equipamentos, com o aumento de mais de um turno de trabalho, principalmente nas empresas grandes e muito grandes (POLZL, 2008). As empresas de compensado de pinus representam a maior proporção de empresas com 2 ou 3 turnos de trabalho (POLZL, 2010). O uso da capacidade nominal das empresas de compensado no estado do Paraná mostra-se em um nível de 84%, assim como é possível afirmar que na última década, manteve-se um melhor aproveitamento da matéria prima, principalmente nas empresas de compensado de pinus, no qual os insumos representam 55% do custo do compensado (POLZL, 2008). Berger et al. (2008) comentam que a escala de produção das empresas de madeira compensada teve que aumentar em virtude da desvalorização do real frente ao dólar. O compensado de pinus teve um aumento mais significativo na produção do produto com a espessura fina – 4 mm a 9 mm, os quais têm menor produtividade quando comparados com o mesmo volume de compensados de maior espessura – 15 mm a 21 mm (POLZL, 2008). O compensado plastificado de pinus é geralmente encontrado nas espessuras variantes entre 10 mm a 25 mm, variando em comprimento e largura conforme o destino do produto. Segundo a ABIMCI (2009), a quantidade de lâminas por compensado varia conforme o Quadro 3. Espessura do Painel – mm 03 a 06 09 a 12 15 a 18 21 a 25 Quadro 3 - QUANTIDADE MÍNIMA DE LÂMINAS Fonte: ABIMCI (2009) Nº Mínimo de Lâminas 03 05 07 09 38 Uma análise da eficiência econômica das indústrias de madeira compensada, elaborada por Polzl (2010), permite observar que no Estado encontram-se dois tipos de empresas produtoras deste produto: um grupo eficiente e competitivo, relacionado às empresas destinadas à exportação, e um grupo mais vulnerável a mudanças no mercado consumidor, representado pelas indústrias voltadas ao mercado interno, onde se encontram as empresas produtoras do compensado plastificado de Pinus. Polzl (2002), Silva (2001) desenvolveram índices para determinar a eficiência produtiva em empresas de compensado. Estes índices são apresentados na metodologia e utilizados neste trabalho. 39 4 4.1 METODOLOGIA LOCAL DO ESTUDO O estudo realizou-se nas linhas de produção de cinco empresas produtoras de madeira compensada da meso região homogênea Centro Oriental, no estado do Paraná. A coleta de dados nas linhas de produção ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2010. 4.2 PERFIL DAS EMPRESAS ANALISADAS As empresas analisadas possuem produção nominal entre 2.000 m3/ mês e 6.000 m3/ mês, entre duas e quatro linhas de produção. Outras informações como: produção média (meses de setembro, outubro e novembro), número médio de empregados também são mostrados na Tabela 1. Tabela 1 - PRODUTIVIDADE DAS EMPRESAS DE MADEIRA COMPENSADA Empresa Produção Produção Produção Linhas Linha nominal efetiva média de produção produção média compensado total efetiva plastificado 1 4.500 700 700 2 1 2 3.500 1.500 800 2 1 3 6.000 3.000 1.200 4 2 4 4.500 2.800 900 3 1 5 2.000 600 1.100 2 2 Fonte: DADOS DO AUTOR Empregados total 71 83 161 212 65 40 4.3 EFICIÊNCIA PRODUTIVA DAS EMPRESAS A eficiência produtiva é medida como uma razão entre o montante produzido e o montante de insumo consumido, sendo uma situação de máxima eficiência aquela onde esta razão é maximizada (MENDES, 1998). 4.3.1 Turnos de Produção A análise da relação entre o número de turnos de trabalho e a sua produção efetiva ou tipo de produto fabricado permite saber quais empresas utilizam mais intensivamente as suas máquinas e instalações (POLZL, 2002). Tomou-se como regra, neste estudo, que para uma empresa ter mais de um turno de produção é necessário que ela mantenha, para o turno seguinte, no mínimo 40% do número total de trabalhadores da fábrica (POLZL, 2002). Entende-se por um turno de trabalho o período entre 8 a 9 horas diárias trabalhadas. 4.3.2 Ociosidade das Empresas A ociosidade (O), medida em porcentagem, é a relação entre a produção nominal mensal da empresa pela produção efetiva da mesma empresa, ambas medidas nas mesmas condições de uso da mão-de-obra (POLZL, 2002). Equação 1 Onde: = ociosidade da empresa (%); = produção nominal mensal (m3/mês); 41 = produção efetiva mensal (m3/mês). 4.3.3 Perdas no Processo Produtivo Para toda empresa, as perdas no processo produtivo são a relação entre a quantidade de matéria-prima efetivamente utilizada e a quantidade de produto fabricado em determinado período. No caso das empresas de compensado a matéria prima utilizada é determinada pelo somatório do consumo de lâminas torneadas, lâminas faqueadas, painéis sarrafeados, painéis reconstituídos, pela produção efetiva mensal em um turno (POLZL, 2002). Equação 2 Onde: = perdas no processo (%); = produção efetiva mensal da empresa por turno (m3/mês); Equação 3 Onde: = consumo de lâminas torneadas por empresa (m 3/mês); = consumo de lâminas faqueadas por empresa (m 3/mês); = consumo de painéis sarrafeados (m3/mês); = consumo de painéis reconstituídos (aglomerado, MDF, OSB) (m3/mês). 42 4.3.4 Produtividade da Mão-de-obra Representa a relação entre a quantidade de funcionários e a produção da empresa (IPARDES, 2009). Equação 4 Onde: = produtividade da mão-de-obra (m3/funcionário/mês); = produção efetiva mensal da empresa (m3/mês); = número de funcionários na folha de pagamento da empresa e terceiros envolvidos na produção. 4.4 PRODUTIVIDADE DAS EMPRESAS As máquinas utilizadas nas empresas amostradas têm idade variante de 10 anos a 19 anos, com exceção do calibrador que apresentou idade variante entre 1 a 3 anos, contudo sem alteração significativa de tecnologia. Os modelos utilizados de pré prensas, prensas, prensas de placagem e esquadrejadeiras eram da marca INDUMEC ou OMECO e os calibradores do modelo TECMATIC. As prensas variavam quanto à quantidade de vãos (15 e 20 vãos) e ao tamanho da prensa (largura e comprimento dos pratos). Utilizando os dados de produtividade obtidos, foram realizadas quatro análises. Estas quatro análises são avaliadas em dois experimentos: Experimento 1: Avaliação da produtividade da manufatura de painéis compensados (avaliação da produtividade das máquinas). Utiliza a soma dos tempos de cada uma das cinco máquinas principais de uma fábrica de compensado, necessários para manufaturar um metro cúbico de painéis, A primeira análise neste primeiro experimento buscou avaliar a existência de diferenças entre as produtividades do compensado em suas variadas espessuras; 43 A segunda análise neste primeiro experimento buscou avaliar a existência de diferença significativa entre as produtividades das linhas de produção (uma empresa pode possuir mais que uma linha de produção, com equipamentos diferentes e pessoas diferentes). Experimento 2: Avaliação dos tempos gastos com as atividades ocorridas imediatamente antes e depois da manufatura, necessárias para a continuidade do processo produtivo, tais como: carregamento, ajustes, pequenos deslocamentos ao redor das máquinas, descarregamento. A primeira análise deste experimento buscou avaliar a existência de diferenças entre as produtividades do compensado em suas variadas espessuras; A segunda análise deste experimento buscou avaliar a existência de diferença significativa entre as produtividades das linhas de produção. Pode-se também comparar a produtividade entre sete diferentes linhas de produção. 4.4.1 Análise dos Dados de Produtividade Para os dois experimentos foi utilizado um delineamento experimental chamado “blocos ao acaso com parcelas subdivididas” ou “split block design” (COCHRAN & COX, 1964); SNEDECOR & COCHRAN (1980), KOEHLER (1994). Com os dados gerados e controlados pelo delineamento experimental tornouse possível realizar as análises de variâncias (ANOVA). Ao todo foram realizadas duas análises (ANOVAS). Estas duas análises de variância validaram a aceitação ou rejeição de quatro hipóteses principais (hipóteses da nulidade) e outras quatro hipóteses secundárias, todas as hipóteses foram descritas no item resultados e discussão. Os experimentos levaram em conta 4 espessuras (20 mm, 18 mm, 16 mm, 10 mm), 7 linhas de produção e 5 repetições para cada parcela e subparcela. Assim: Parcelas: Espessuras dos painéis compensados; Sub parcelas: Linhas de produção; Blocos e repetições: amostras (soma das produtividades usadas nos cinco módulos de trabalho principais da linha de produção). 44 A representação literal simplificada destes delineamentos foi mostrada no Quadro 4. Baseado nos cálculos obtidos no delineamento calculou-se a ANOVA para as “produtividades das máquinas de manufatura” e outra ANOVA para a “produtividade específica das atividades imediatamente anteriores e posteriores a manufatura”. As equações utilizadas para a verificação da existência de diferença entre os tratamentos experimentais (rejeição de H0) são mostradas abaixo: Equação 5 Equação 6 Equação 7 Equação 8 Equação 9 Equação 10 Equação 11 Equação 12 Equação 13 Equação 14 Equação 15 Equação 16 Equação 17 Equação 18 45 TRATAMENTOS FATOR DA FATOR DA PARCELA SUB PARCELA BLOCOS I II ... TOTAL j MÉDIA ... TOTAIS DA PARCELA ... TOTAIS DA PARCELA ... ...... ..... ..... ..... ..... ..... ... TOTAIS DA PARCELA TOTAIS DE BLOCOS Quadro 4 - REPRESENTAÇÃO LINEAR SIMPLIFICADA DO DELINEAMENTO BLOCOS AO ACASO COM PARCELAS SUBDIVIDIDAS, UTILIZADO PARA ANÁLISE DAS EMPRESAS, DAS LINHAS DE PRODUÇÃO E DAS ESPESSURAS DOS COMPENSADOS. Fonte: KOEHLER (1994) 46 4.4.2 Comparação das Médias dos Experimentos Após validação das hipóteses experimentais, caso fosse encontrada diferença significativa, as médias seriam analisadas utilizando técnicas de comparação de médias, permitindo encontrar as espessuras mais similares dentre as diversas espessuras, ou até mesmo diferenças entre linhas de produção. A comparação de médias utilizaria o teste de Duncan (Calegare, 2009). O teste de Duncan é um teste de comparação múltipla cujo tamanho aumenta dependendo da amplitude da diferença entre as médias a serem comparadas. Este teste permite que sejam comparadas todas as médias de tratamentos não importando o número delas, e assegurando mesmo assim o nível de segurança prescrito. A equação para determinação do comparador é descrita a seguir: Equação 19 Onde: D= Comparador de Duncan. Valor tabelado em função do número de médias abrangidas pela diferença ou contraste. QMERRO = Quadrado médio do erro da análise de variância. r= número de repetições das médias sendo comparadas. 4.4.3 Avaliação Específica das Linhas de Produção Ainda foi realizada uma análise de agrupamentos (cluster analise) para avaliar o desempenho das linhas de produção quanto à produtividade (min/ m3). As técnicas utilizadas para avaliação das linhas de produção utilizando “cluster analise” são formação dos agrupamentos utilizando o método “Ward” (HAIR et al, 47 2009), (MINGOTI, 2005) e avaliação do desempenho produtivo destes agrupamentos utilizando o método “K media” (HAIR et al, 2009), (MINGOTI, 2005), processada no programa Statistica. 48 5 5.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO EFICIÊNCIA PRODUTIVA DAS EMPRESAS Nas visitas às empresas amostradas foram observados e coletados dados, os quais permitiram a análise do grau da eficiência das empresas nas ações de produção do compensado. Esta análise favoreceu a comparação da eficiência produtiva entre empresas, bem como a comparação com o perfil produtivo das empresas de madeira compensada do estado em 2002. Segundo Polzl (2008), a produção efetiva mensal de compensado das empresas pode ser definida como pequena, média, grande e muito grande. As cinco empresas avaliadas podem ser consideradas de pequeno e médio porte, considerando sua produção efetiva mensal, que variou de 600 m3/mês a 3.000 m3/ mês. O número de empregados observado esteve em torno de 65 a 212 empregados diretos, sendo que destes em média encontravam-se 9% motoristas, 10% administrativos, 5% na área florestal, 30% na laminação, 5% na secagem de lâminas e 41% funcionários atuantes na montagem do compensado. Na Tabela 2 são caracterizadas as empresas avaliadas. Tabela 2 - VARIÁVEIS PRODUTIVAS DAS EMPRESAS AMOSTRADAS o n turno de empregados capacidade capacidade 0 n produção empresa diretamente nominal efetiva empregados (8 horas 3 3 nas linhas (m /mês) (m /mês) 40 min) de produção empresa 1 71 60 1 4.500 700 empresa 2 83 71 1 3.500 1.500 empresa 3 161 150 1 6.000 3.000 empresa 4 212 200 1 4.500 2.800 empresa 5 65 57 1 2.000 600 Fonte: DADOS DO AUTOR consumo lâminas 3 (m /mês) 900 1.900 3.500 3.500 800 49 5.1.1 Turnos de Produção Todas as empresas amostradas trabalhavam com 1 turno de produção, concentrando o efetivo de empregados neste turno diurno. O segundo e terceiro turno encontrados em empresas consideradas grandes e muito grandes, são utilizados para adiantar a produção de máquinas que possuem menor produtividade como às prensas e outros processos anteriores à fabricação do compensado, tais como secagem de lâminas e torneamento das toras de madeira. Destinando o primeiro turno para atividades de: administração, classificação de lâminas, montagem dos compensados, esquadrejadeira, calibração, placagem e acabamento. Pode-se sentir a necessidade de maiores quantidades de trabalhadores nas linhas de produção, pois os remanejamentos dos funcionários, entre os módulos de produção são freqüentes. Entre as empresas verificou-se uma variação entre horários de início e término no turno de produção. Os horários de início variavam entre 7 horas e 07 h 30 min., encerrando entre 18 horas e 19 horas. 5.1.2 Ociosidade De acordo com a Tabela 3, pode-se verificar que o nível de ociosidade das empresas de compensado para construção civil da região de estudo variou de 38% à mais de 84%. 50 Tabela 3 - ÍNDICE DE OCIOSIDADE DAS EMPRESAS AMOSTRADAS EMPRESA OCIOSIDADE (%) EMPRESA 1 84 EMPRESA 2 57 EMPRESA 3 50 EMPRESA 4 38 EMPRESA 5 70 MÉDIA Fonte: DADOS DO AUTOR 59,9 As empresas de madeira compensada analisadas trabalhavam com uma ociosidade em torno de 60%. Este alto nível de ociosidade deve-se ao fato das plantas industriais terem sido montadas em períodos de alta viabilidade de comercialização do compensado, onde o mercado externo estava favorável à exportação, beneficiado por taxas de câmbio favoráveis e elevado preço internacional, triplicando a produção atual. Com a crise no mercado internacional nos últimos cinco anos, inviabilizando a exportação do produto, as empresas tentaram se readequar produzindo para o mercado interno. Uma das conseqüências foi a redução de suas produções, devido à menor demanda por compensado. A Empresa 1 retrata com maior nitidez esta situação econômica, a qual acusou o maior índice de ociosidade. Na readequação ao mercado interno procurou adquirir equilíbrio econômico e produtivo com a redução na produção de compensados e a ampliação da produção e comercialização de lâminas. Sendo inviável a remontagem de lay out ou qualquer alteração na estrutura física da empresa, justificável pela instabilidade de mercado, as máquinas ficaram paradas, o espaço útil de produção destas isolado, aumentando significativamente a ociosidade produtiva. Desta mesma forma, a empresa 4 acusou a menor ociosidade, com melhor aproveitamento da capacidade física da empresa. Esta empresa não trabalha com a produção de lâminas, recuperou em maior proporção o mercado interno na comercialização do compensado, e com a maior produção utilizou mais intensivamente as máquinas e equipamentos, assim como a mão de obra e estruturas físicas gerais da empresa, diminuindo o índice de ociosidade. 51 A instabilidade do mercado impede os empresários de investirem em novos maquinários, nem qualquer alteração da estrutura física das empresas, pois estão descapitalizados, sendo unânime a idéia de não fazerem financiamentos. Assim, do ponto de vista dos empresários o momento atual é de manutenção das propriedades físicas já adquiridas e a procura do aumento da oferta com a conquista de novos mercados no Brasil. Atualmente, o maior ou menor nível de ociosidade na indústria de compensados refere-se à maior ou menor recuperação de fatias do mercado. O indicador de ociosidade, por sofrer modificações abruptas, permite que em questão de três meses possa ser atingida a capacidade nominal, bastando o preço do compensado (interno ou internacional) subir e a taxa de câmbio tornar-se favorável a exportação. 5.1.3 Perdas A Tabela 4 informa os índices de perda de insumos durante o processo produtivo de fabricação de compensados por empresa. Tabela 4 - PERDAS NO PROCESSO PRODUTIVO EMPRESA PERDAS (%) EMPRESA 1 22 EMPRESA 2 21 EMPRESA 3 14 EMPRESA 4 20 EMPRESA 5 25 MÉDIA Fonte: DADOS DO AUTOR 20,4 O menor índice registrado no fluxo produtivo das empresas amostradas foi de 14% e o maior índice verificado foi de 25% de perdas no processo. O desperdício médio durante a produção de compensados (geração de resíduos) foi de 20,4%. 52 Polzl (2002) em um estudo realizado sobre a eficiência produtiva das empresas de compensado no estado do Paraná identificou 15,40% de perdas no processo de fabricação do compensado para construção civil. Este índice é calculado acumulando os desperdícios de matéria prima, desde a secagem de lâminas até o acabamento do compensado. O maior índice de desperdício ocorre na fase de secagem e montagem do compensado em torno de 50%, o restante ocorre principalmente na esquadrejadeira, 35%, e nos demais processos 15% (POLZL, 2002). 5.1.4 Produtividade de Mão de Obra A Tabela 5 mostra a produtividade do trabalho por empresa amostrada. 3 Tabela 5 - PRODUTIVIDADE DE MÃO DE OBRA (m / FUNCIONÁRIO/ MÊS) PRODUTIVIDADE EMPRESA 3 (m / FUNCIONÁRIO/ MÊS) EMPRESA 1 12 EMPRESA 2 21 EMPRESA 3 20 EMPRESA 4 14 EMPRESA 5 10 MÉDIA Fonte: DADOS DO AUTOR 15,5 A produtividade do trabalhador variou de 10 à 20 m3/ funcionários/ mês e está intimamente relacionada com a produção efetiva mensal. Na proporção em que aumenta a quantidade produzida por mês nas empresas, melhora a eficiência no uso do fator trabalho, fato este definido como economia de escala (MANKIW, 2008). A média da produtividade das cinco empresas analisadas foi de 15,5 m3/ funcionário/ mês. Segundo Polzl (2002) a produtividade média encontrada para o Paraná em empresas de compensado foi de 12,33 m 3/ funcionário/ mês. 53 De acordo com o autor a produtividade média nas fábricas de compensado do Estado é visivelmente maior nas empresas que produzem compensados de Pinus, do que a produção moveleira decorativa e para construção civil. A maior ou menor produtividade deve-se à eficiência do trabalhador, obtida através de treinamentos, menor rotatividade dos trabalhadores, dentre outras variáveis, proporcionando melhor conhecimento de máquinas e processos, garantindo melhor qualidade e velocidade de produção. Nos processos de fabricação do compensado, quanto maior a quantidade de atividades, menor a produtividade do funcionário. Atividades como colocação e prensagem de papéis fenólicos, aplicações de resina, junções de lâminas de capa e contracapa, calibragem, preparação de lâminas faqueadas, etc, são exemplos de ações que exigem maior tempo e habilidade de execução reduzindo a produtividade individual do trabalhador (POLZL, 2002). Estas situações explicam o comportamento da produtividade do trabalhador na empresa 1, a qual apresentou uma média baixa de produtividade, respectivamente 12 m3/funcionário/mês. Este baixo índice refere-se ao fato de que a empresa, como já citado anteriormente, havia reduzido a produção de compensado e concentrado maiores esforços na produção de lâminas. A menor produção de compensados gerou a menor produtividade do trabalhador. A situação da empresa 5, que representa o menor índice de produtividade média do trabalhador (103/funcionário/mês), explica-se pela interferência de um outro fator, a maior quantidade de atividades na montagem do compensado. Esta empresa submete o compensado duas vezes na esquadrejadeira durante o processo de produção, respectivamente antes e após a aplicação do filme fenólico (compensado plastificado), aumentando o tempo de preparação do produto, assim como exigindo maior trabalho do operador, reduzindo sua produtividade. 5.2 PRODUTIVIDADE DAS MÁQUINAS Foi elaborada uma tabela de comparação de produtividade por máquina, por linha de produção e por espessura (Tabela 6). 54 3 Tabela 6 - PRODUTIVIDADE DAS MÁQUINAS (seg/ m ) Espessura Linha de Pré prensa prensa esquadrejadeira (mm) produção 10 Linha 1 622,14 1.325,81 498,30 calibrador placagem 306,48 833,11 Linha 2 515,99 1.023,25 460,90 254,89 829,53 Linha 3 808,82 1.680,44 273,97 354,82 994,49 Linha 4 833,06 1.764,19 475,48 327,69 941,05 Linha 5 719,01 1.711,85 289,12 361,02 1.024,24 Linha 6 820,39 1.646,28 471,63 318,73 992,84 Linha 7 706,89 1.715,15 471,49 322,45 993,39 Linha 1 326,47 966,12 464,97 220,70 420,33 Linha 2 302,62 915,68 492,08 226,40 520,99 Linha 1 428,96 1.033,75 455,42 294,17 382,50 Linha 2 442,12 908,84 405,51 290,59 456,36 Linha 3 842,63 1.671,14 332,30 458,16 613,29 Linha 4 784,44 1.705,23 423,90 267,91 605,03 Linha 5 819,21 1.668,39 242,88 442,67 612,26 Linha 6 778,24 1.688,02 422,87 415,63 625,34 Linha 7 783,75 1.719,35 424,93 421,83 603,99 Linha 1 590,45 1.306,31 551,85 315,91 479,00 Linha 2 453,31 1.008,78 456,97 335,54 454,23 Linha 4 706,53 1.668,77 445,31 299,47 562,31 Linha 1 483,67 1.133,68 475,13 321,61 397,55 Linha 2 393,66 851,41 437,87 149,24 383,96 Linha 3 508,87 1.400,46 256,93 319,76 465,33 Linha 4 525,30 1.375,33 459,48 298,23 443,68 Linha 5 506,39 1.359,40 247,72 311,05 453,38 Linha 6 557,40 1.358,16 432,48 268,25 421,53 Linha 7 526,29 1.317,35 440,07 265,14 447,41 Linha 1 452,07 1.166,86 421,10 293,89 362,92 Linha 2 309,02 856,95 435,21 141,05 347,14 Linha 3 596,69 1.695,04 271,76 361,16 479,06 Linha 4 629,48 1.688,15 414,74 278,79 498,90 Linha 5 611,57 1.691,74 271,90 351,93 493,94 Linha 6 680,72 1.707,71 446,83 278,65 477,41 Linha 7 623,42 1.664,74 429,20 276,72 482,92 Linha 1 476,53 1.163,55 678,66 302,49 276,61 Linha 2 364,50 877,99 440,36 314,67 282,29 Linha 6 574,94 1.367,55 434,11 577,98 339,51 Linha 7 610,41 Fonte: DADOS DO AUTOR 1.400,88 426,59 586,22 317,30 14 16 17 18 20 25 Percebe-se, em uma análise geral, que a menor produtividade (seg/ m3) é a do compensado 10 mm crescendo à medida que a espessura aumenta. 55 Este aumento do tempo por metro cúbico para o compensado de baixa espessura, refere-se à necessidade de mais ciclos produtivos por máquina para compor 1 m3 de compensado plastificado, principalmente em mais ciclos de prensagens e placagem que manufaturam 15 ou 20 painéis por ciclo, independente da espessura destes. A variabilidade nos tempos de produção das prensas, também se refere ao tamanho dos pratos da máquina, que afetam conseqüentemente a temperatura e pressão administradas no equipamento. Painéis mais compridos, largos e espessos precisam de menos unidades para compor um metro cúbico de produto acabado. O estudo manteve por base a análise do processo em máquina e do tempo necessário para realização de atividades necessárias ao início e término do processo de manufatura (tempo do módulo produtivo). Dentre estas atividades necessárias estão o carregamento, descarregamento, ajustes, empilhamento e pequenos deslocamentos ao redor das máquinas. Foram desconsideradas as ações externas à ação do módulo produtivo, tais como deslocamento de material com empilhadeira, deslocamento por trilhos, estocagem de produto em processo, etc., pois foi verificada uma significativa variabilidade destes tempos entre linhas de produção, assim como estes tempos são muito atrelados ao gerenciamento produtivo específico de cada fábrica e não ao processo de fabricação em linha de produção. As atividades de montagem do compensado, aplicação de massa acrílica após a prensagem e as atividades de acabamento e expedição não representam tempo significativo no processo produtivo e utilizam apenas equipamentos leves (passadeira de cola) ou ferramentas para serem executadas. 56 5.2.1 Pré Prensa O Gráfico 3 descreve o comportamento da produtividade (seg/ m3) encontrada na manufatura utilizando a pré prensa (prensagem a frio), para a fabricação do compensado plastificado nas espessuras de 10 mm; 14 mm; 16 mm; 17 mm; 18 mm; 3 Produtividade (seg/ m ) 20 mm e 25 mm. 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 Max Min Média + Desvio Padrão Média - Desvio Padrão Média 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Espessura (mm) 3 Gráfico 3 - PRODUTIVIDADE TOTAL PRÉ PRENSA (seg/ m ) Fonte: DADOS DO AUTOR Pelo Gráfico 3, pode ser observada uma linha de tendência decrescente, indicando uma relação diretamente proporcional entre a espessura e a produtividade desta (tempo gasto para produzir 1 m3 compensado) máquina. A espessura de 14 mm apresentou uma maior produtividade média, demorando cerca de 310 segundos para processar um metro cúbico, isto se deve as especificações do painel (2.600 mm x 1.600 mm) que são maiores que as fabricadas em outras espessuras, também ao tamanho da pilha prensada que em metade dos casos tinha 20 compensados e não 15, quantidade esta mais comum, encontrada em 6 das 7 linhas de produção estudadas. 57 A espessura de 14 mm não é comumente fabricada e estas dimensões do painel são ainda mais incomuns. O compensado de espessura 10 mm apresentou a menor produtividade, com um acréscimo produtivo de tempo em torno de 30% quando comparado com o tempo médio de produção de 1 m3 do compensado plastificado de 25 mm. Pode ser observada a grande amplitude existente entre as produtividades, quando comparado os valores medidos para compor as médias da produtividade de cada espessura. Observando os coeficientes de variação, encontrou-se 27% para o 16 mm e 13,4% para a espessura 18 mm. As demais espessuras viram coeficientes de variação entre 17,33% e 25%. Um dos motivos desta grande amplitude está relacionado ao acionamento manual para abertura da pré prensa, que permitia ao operador deixar por mais ou menos tempo o material sobre pressão. 5.2.2 Prensa O Gráfico 4 descreve o comportamento da produtividade (seg/ m3) encontrada na manufatura utilizando a prensa (prensagem a quente), para a fabricação do compensado plastificado nas espessuras estudadas. 3 Produtividade (seg/ m ) 58 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 Max Min Média + Desvio Padrão Média - Desvio Padrão Média 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Espessura (mm) 3 Gráfico 4 - PRODUTIVIDADE TOTAL PRENSA (seg/ m ) Fonte: DADOS DO AUTOR Ainda neste gráfico pode ser observada uma linha de tendência indicando uma relação diretamente proporcional entre o aumento da espessura do compensado e a maior produtividade (menor tempo para manufaturar 1m3 de compensado). A manufatura na prensa é o processo com menor produtividade dentre as cinco analisadas, 60% maior que a pré prensa, 70% maior que a esquadrejadeira, 80% maior que o calibrador e até 65% maior que a produtividade da prensa de placagem. Conforme ocorreu na pré prensa o compensado de 14 mm possuiu características específicas e foi produzido com uma atenção diferenciada refletindo maior produtividade (menor média) e menor variação dentre as suas manufaturas (baixo coeficiente de variação). A prensa apresentou produtividades médias que variaram entre 941 segundos/ m3 no compensado 14 mm a valores superiores à 1.552 segundos/ m3, no caso do compensado de 10 mm. As demais espessuras apresentaram produtividades entre 1.202 seg/ m3 e 1.496 seg/ m3. Embora ocorra certa tendência diretamente proporcional, nos casos do compensado de 18 mm a produtividade foi maior que a esperada e no caso do 59 compensado 20 mm a produtividade foi menor que a esperada, reflexo da maior quantidade de compensados com grandes dimensões e uso freqüente da prensa com maior capacidade por tempo de prensagem. Os coeficientes de variação foram menores que os da pré-prensa, situando-se entre 4,82% para o 14 mm e 22,8% para o 16 mm. Os demais coeficientes de variação estão entre 15,39% e 21,93%. A diminuição na variação da produtividade da prensa deve-se a abertura automatizada dos seus pratos, indicando ao operador o fim da manufatura. As eventuais variações ainda existentes devem-se ao tempo de prensagem assumido na programação da prensa, em geral necessários para ativar a adesividade da cola (que pode ter alguma formulação diferenciada), a perda de temperatura nos pratos mais internos, a deficiência de caloria no sistema de vapor ou outros problemas mecânicos conhecidos pelo operador da prensa. 5.2.3 Esquadrejadeira O Gráfico 5 descreve o comportamento da produtividade (seg/ m3) encontrada na manufatura utilizando a esquadrejadeira, para a fabricação do compensado plastificado nas espessuras mesmas espessuras citadas nos itens anteriores. Ainda pelo Gráfico 5 pode ser observada uma leve tendência inversamente proporcional, onde a diminuição da produtividade ocorreu com o aumento da espessura. Uma análise criteriosa observando também os coeficientes de variação pode facilmente questionar esta linha de tendência e indicar que não houve diferença na produtividade em relação a espessuras. A esquadrejadeira apresentou rendimentos médios oscilando entre 384 seg/ m3 para a espessura de 20 mm e 495 seg/ m3 para a espessura de 25 mm. As demais espessuras possuíram produtividade entre 387 seg/ m3 e 478 seg/ m3. 3 Produtividade (seg/ m ) 60 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 Max Min Média + Desvio Padrão Média - Desvio Padrão Média 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Espessura (mm) 3 Gráfico 5 - PRODUTIVIDADE TOTAL ESQUADREJADEIRA (seg/ m ) Fonte: DADOS DO AUTOR O processo de passagem do produto pela esquadrejadeira foi caracterizado pela simplicidade e rápida execução, utilizando um tempo muito próximo ao utilizado pelo calibrador, cerca de três vezes menos que o tempo de manufatura na prensa (18 mm). Os coeficientes de variação oscilaram entre 5,55% e 23,63%, indicando uma menor variabilidade entre as diferentes espessuras de compensados analisadas, se comparada com a amplitude da pré-prensa. Vale a pena comentar a grande variabilidade na produtividade da espessura 25 mm, com pontos extremos de baixa produtividade concentrados em uma linha de produção específica (linha de produção 1), podendo ser causada por problemas mecânicos na máquina ou outro problema momentâneo. 61 5.2.4 Calibrador O Gráfico 6 descreve o comportamento da produtividade (seg/ m3) encontrada na manufatura utilizando o calibrador, para a fabricação do compensado plastificado 3 Produtividade (seg/ m ) nas mesmas espessuras citadas nos itens anteriores. 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 Max Min Média + Desvio Padrão Média - Desvio Padrão Média 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Espessura (mm) Gráfico 6 - PRODUTIVIDADE TOTAL CALIBRADOR (seg/ m3) Fonte: DADOS DO AUTOR O Gráfico 6 retratou a produtividade média do calibrador nas espessuras analisadas, o qual apresentou sua maior produtividade com 197 seg/ m3 (espessura de 25 mm) e sua menor produtividade com 293 seg/ m3 (espessura de 25 mm), as demais espessuras oscilaram em torno de 282 seg/ m3 e 247 seg/ m3. O calibrador apresentou um coeficiente de variação maior para a espessura de 25 mm (23%) e uma menor variação para a espessura de 18 mm (7,6%), a maior ou menor ocorrência de variação na produtividade não obedece nenhuma relação com as espessuras. 62 O tempo gasto na manufatura pelo calibrador foi cerca de 30% maior que o tempo de manufatura pela esquadrejadeira (máquina com maior produtividade dentre as estudadas). Um motivo para esta menor produtividade é o fato dos painéis serem manufaturados um a um no calibrador e na esquadrejadeira é comum a manufaturada de pequenas pilhas de painéis a cada vez. 5.2.5 Prensa Placagem A placagem utilizou a aplicação de uma lâmina de celulósica impregnada de resina fenólica sobre a chapa de compensado utilizando uma prensa específica para esta manufatura. O Gráfico 7 descreve o comportamento da produtividade (seg/ m3) encontrada na manufatura utilizando a prensa de placagem, para a fabricação do compensado 3 Produtividade (seg/ m ) plastificado nas mesmas espessuras já vistas. 1900 1800 1700 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 Max Min Média + Desvio Padrão Média - Desvio Padrão Média 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Espesura (mm) Gráfico 7 - PRODUTIVIDADE TOTAL PLACAGEM (seg/ m3) Fonte: DADOS DO AUTOR 20 21 22 23 24 25 63 Com o Gráfico 7 pode-se observar uma grande tendência diretamente proporcional entre a espessura do compensado e a produtividade na placagem, isto é causado pelo fato da manufatura demorar o mesmo tempo independente da espessura, o que altera é o maior volume que cada painel representa conforme aumenta a sua espessura. Desta forma as espessuras mais próximas, como: 14 mm; 16 mm; 17 mm, 18 mm e 20 mm apresentam pouca variação entre suas produtividades. A menor produtividade é a da espessura 10 mm (959 seg/ m 3) e a maior é a da espessura de 25 mm, com média de 307 seg/ m3. A produtividade da espessura 10 mm foi cerca de 50% menor que o das outras espessuras e aumentou para 70% quando comparada com a espessura de 25 mm. 5.3 PRODUTIVIDADE DAS LINHAS DE PRODUÇÃO Para avaliar a produtividade das linhas de produção foram montados dois delineamentos experimentais, cada qual permitindo a obtenção de quatro respostas (testes de hipóteses). Apenas quatro espessuras de painéis compensados foram fabricadas ao mesmo tempo, em todas as empresas durante os meses de medição, desta forma as análises foram feitas apenas comparando as espessuras 10 mm, 16 mm, 18 mm e 20 mm. Os dados coletados correspondem: Experimento 1 - a soma dos tempos gastos para produzir um metro cúbico de painéis compensados, soma esta que agrega os tempos de manufatura (produtividade da máquina) nas cinco máquinas. Experimento 2 - a soma dos tempos necessários para realizar as atividades diretamente relacionadas às manufaturas nas cinco máquinas do experimento 1. Tornou-se impraticável a medição dos tempos totais de processo (min/ m3), desde a montagem do compensado no passador de cola até a área de acabamento, pois cada empresa gerencia de forma diferente as suas linhas de produção e em 64 geral a manufatura nas prensas ocorre também em um horário fora do expediente normal do primeiro turno (utilização de horas noturnas). Outro fator é a existência de estoques de produtos em processo e a falta de trabalhadores constante em algumas empresas, obrigando as empresas a adequarem suas linhas de produção alterando a produtividade de suas manufaturas. 5.3.1 Análise da Produtividade das Máquinas (Manufatura) As quatro hipóteses avaliadas pela análise de variância dos dados experimentais para produtividade da manufatura foram: H01a Não existia diferença significativa entre os dados coletados para diferentes espessuras e diferentes linhas de produção (blocos). H01b Não existia diferença significativa entre os dados coletados quando comparadas as 4 diferentes espessuras (parcelas). H01c Não existia diferença significativa entre os dados coletados quando comparadas as 7 diferentes linhas de produção (sub parcelas). H01d Não existia diferença significativa entre os dados coletados quando analisada a interação entre as 4 espessuras e as 7 diferentes linhas de produção, (interação parcela/ sub parcela). A Tabela 7 apresenta os valores encontrados através da soma das cinco medições das produtividades das manufaturas (uma em cada máquina). Já dispostos no formato tabular do delineamento experimental. 65 Tabela 7 - VALORES DOS TEMPOS DE MANUFATURA, MEDIDOS E DISPOSTOS CONFORME DELINEAMENTO EXPERIMENTAL, POR ESPESSURA, LINHA DE PRODUÇÃO E REPETIÇÕES, 3 TOTAIS E MÉDIAS (min/ m ) espessura linha bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 4 bloco 5 total média 10 linha 1 55,91 57,92 52,03 58,93 53,01 277,81 55,56 linha 2 50,64 51,15 48,24 51,95 50,89 252,87 50,57 linha 3 69,15 65,91 68,26 67,37 70,52 341,21 68,24 linha 4 69,64 72,11 71,58 75,65 72,35 361,33 72,27 linha 5 67,85 65,78 70,51 71,17 73,77 349,08 69,82 linha 6 69,88 68,80 71,43 67,36 66,17 343,64 68,73 linha 7 69,82 69,55 70,47 67,01 71,91 348,76 69,75 452,89 451,22 452,52 459,43 458,63 2274,70 64,99 linha 1 40,17 37,84 38,47 38,14 37,73 192,36 38,47 linha 2 39,13 38,98 38,38 41,26 39,06 196,80 39,36 linha 3 67,44 66,98 63,49 68,91 64,97 331,78 66,36 linha 4 64,86 59,73 58,40 59,57 57,80 300,36 60,07 linha 5 64,30 60,12 66,55 63,25 60,66 314,88 62,98 linha 6 64,25 64,25 62,06 65,10 63,10 318,76 63,75 linha 7 60,62 63,51 62,87 63,25 65,71 315,96 63,19 totais parcela 16 totais parcela 400,77 391,39 390,22 399,49 389,04 1970,91 56,31 linha 1 44,69 43,74 43,06 43,37 42,12 216,98 43,40 linha 2 39,92 41,27 39,02 40,32 39,05 199,57 39,91 linha 3 50,83 50,05 48,72 50,92 50,39 250,90 50,18 linha 4 49,34 48,96 52,82 47,60 47,93 246,65 49,33 linha 5 46,79 49,71 47,81 47,95 48,22 240,48 48,10 linha 6 49,24 51,74 48,43 49,22 50,03 248,65 49,73 linha 7 47,05 57,92 46,43 53,02 52,53 256,95 51,39 327,86 343,38 326,29 332,39 330,27 1660,19 47,43 linha 1 40,87 39,88 41,32 42,50 43,79 208,37 41,67 linha 2 38,09 35,76 38,80 37,97 37,45 188,08 37,62 linha 3 57,97 56,97 55,12 58,46 56,32 284,84 56,97 linha 4 59,40 60,50 58,56 56,68 60,35 295,50 59,10 linha 5 55,58 54,98 59,79 56,81 58,45 285,61 57,12 linha 6 53,27 55,38 55,45 58,29 60,03 282,43 56,49 linha 7 58,63 58,02 56,77 56,62 56,60 286,65 57,33 363,81 361,51 365,82 367,33 373,00 1831,47 52,33 Total Blocos 1545,33 Fonte: DADOS DO AUTOR 1547,50 1534,85 1558,64 1550,94 7737,26 55,36 18 totais parcela 20 totais parcela A Tabela 8 indica os valores encontrados na análise de variância do delineamento experimental 1 para as suas quatro hipóteses, bem como a quantidade de variância não explicada pela ANOVA. 66 Tabela 8 - RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA DADOS DE PRODUTIVIDADE DA 3 MANUFATURA (min/ m ) Graus de Soma dos Quadrado F Liberdade Quadrados médio Parcelas 20 5.860,16 Blocos 4 10,74 2,68 0,68 Espessura 3 5.797,76 1.932,59 486,29 13 51,66 3,97 139 686.461,48 Erro (a) Sub Parcelas Linha de Produção 6 8.089,99 1.348,33 0,20 Interação Espessura Linhas de Produção 18 21.156,00 1.175,33 0,17 Erro (b) 95 651.355,32 6.856,37 Total Fonte: DADOS DO AUTOR 139 A Tabela 9 apresenta as conclusões do experimento 1. Por esta tabela observa-se que estatisticamente há diferenças entre as produtividades quando se compararam as espessuras dos compensados, rejeitando H01b; Por outro lado não existiu diferença significativa entre as produtividades das máquinas quando observada a mesma espessura fabricada em diferentes linhas de produção, aceitando H01c; Também não existiu diferença significativa entre as produtividades das máquinas quando observada diferentes espessuras em diferentes linhas de produção, aceitando H01d e finalmente; Não existiu diferença significativa quando comparada as produtividades das máquinas da mesma série de repetições (bloco) em relação a diferentes linhas de produção e espessuras H01a. O fato de não ter sido encontrada diferença significativa entre linhas de produção pode ser causada pelas máquinas, independente da empresa, em 90% dos casos, possuírem mais de 15 anos de uso, podendo o seu desgaste e contínuas reformas ter alterado sua produtividade quando comparado com máquinas novas. 67 Tabela 9 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA DADOS DE PRODUTIVIDADE DA 3 MANUFATURA (min/ m ) 95% 99% Conclusão F (blocos) 3,18 5,21 NS aceita H01a F (Fat da P) 3,41 5,74 ** rejeita H01b a 1% F (Fat da SP) 2,18 2,96 NS aceita H01c 1,66 2,03 NS aceita H01d F (Interação) Fonte: DADOS DO AUTOR A existência ou não de diferenças entre as parcelas (espessuras dos painéis) é uma informação importante, mas pode ser mais bem analisada. Para esta análise utilizam-se os testes de média. Na Tabela 10 é demonstrado o teste de média de DUCAN. Por este teste nenhuma média igual. Todas as espessuras possuem produtividade da manufatura (min/ m3) diferentes entre si, com 99% de confiabilidade. Esta condição já podia ser imaginada devido ao auto valor da razão “F” calculada em relação a o valor “F” tabelado. Tabela 10 – COMPARAÇÃO DE MÉDIA PELO TESTE DE DUNCAN, PARA AS ESPESSURAS, 3 BASEADO NOS DADOS DE PRODUTIVIDADE DA MANUFATURA (min/ m ) Teste de média DUNCAN Comparação Calculado Tabelado Conclusão Parcela 1 64,99 1 com 2 8,68 2,92 diferente 1% Parcela 2 56,31 1 com 4 12,66 3,07 diferente 1% Parcela 4 52,33 1 com 3 17,56 3,16 diferente 1% Parcela 3 47,43 2 com 4 3,98 2,92 diferente 1% 2 com 3 8,88 3,07 diferente 1% 4 com 3 4,89 2,92 diferente 1% Fonte: DADOS DO AUTOR 5.3.2 Análise da Produtividade das Atividades Diretamente Relacionadas à Manufatura. As quatro hipóteses avaliadas pela análise de variância dos dados experimentais para produtividade das atividades diretamente relacionada à manufatura são: 68 H02a Não existe diferença significativa entre as médias das somas dos dados coletados para diferentes espessuras e diferentes linhas de produção (blocos). H02b Não existe diferença significativa entre os dados coletados quando comparadas as 4 diferentes espessuras (parcelas). H02c Não existe diferença significativa entre os dados coletados quando comparadas as 7 diferentes linhas de produção (sub parcelas). H02d Não existe diferença significativa entre os dados coletados quando analisada a interação entre as 4 espessuras e as 7 diferentes linhas de produção. A Tabela 11 apresenta os valores encontrados através da soma das cinco medições de produtividade das atividades diretamente relacionadas à manufatura. Já dispostos no formato tabular do delineamento experimental. 69 Tabela 11 - VALORES DOS TEMPOS DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA, ENCONTRADOS E DISPOSTOS CONFORME DELINEAMENTO EXPERIMENTAL, 3 POR ESPESSURA, LINHA DE PRODUÇÃO E REPETIÇÕES, TOTAIS E MÉDIAS (min/ m ) espessura linha bloco 1 bloco 2 bloco 3 bloco 4 bloco 5 total média 10 linha 1 12,79 12,90 12,03 12,02 12,57 62,31 12,46 linha 2 9,94 11,56 12,88 11,27 13,24 58,89 11,78 linha 3 18,93 20,56 15,75 15,65 20,11 90,99 18,20 linha 4 14,75 14,34 14,22 14,62 13,69 71,63 14,33 linha 5 14,97 13,97 14,47 13,52 14,65 71,58 14,32 linha 6 13,30 13,36 13,64 14,38 13,18 67,86 13,57 linha 7 13,65 13,42 13,91 13,99 14,13 69,10 13,82 98,33 100,10 96,90 95,46 101,57 492,35 14,07 linha 1 7,70 7,36 7,55 6,78 6,94 36,33 7,27 linha 2 7,11 7,93 8,42 8,92 7,49 39,88 7,98 linha 3 12,40 11,36 13,26 13,37 10,37 60,76 12,15 linha 4 9,69 9,28 9,72 9,72 9,38 47,79 9,56 linha 5 9,53 9,87 10,08 9,72 9,99 49,19 9,84 linha 6 9,68 11,22 10,61 9,94 10,27 51,72 10,34 linha 7 9,40 10,28 11,03 11,16 10,60 52,48 10,50 totais parcela 16 65,51 67,31 70,67 69,62 65,04 338,15 9,66 linha 1 8,95 7,95 7,73 9,92 8,08 42,63 8,53 linha 2 7,85 7,54 7,14 7,26 8,63 38,42 7,68 linha 3 25,06 28,11 24,30 16,96 22,17 116,60 23,32 linha 4 7,27 7,51 7,47 7,32 7,53 37,09 7,42 linha 5 7,49 7,23 7,07 7,22 7,29 36,29 7,26 linha 6 8,12 7,50 7,41 7,25 7,22 37,49 7,50 linha 7 7,47 12,90 7,40 7,53 8,14 43,43 8,69 72,20 78,73 68,52 63,45 69,05 351,94 10,06 linha 1 6,25 7,66 9,49 7,74 6,20 37,34 7,47 linha 2 6,66 8,67 8,42 9,50 6,76 40,01 8,00 linha 3 8,85 8,60 8,25 9,56 8,88 44,15 8,83 linha 4 7,89 8,54 8,13 8,13 8,18 40,86 8,17 linha 5 8,67 8,21 7,87 8,52 8,20 41,46 8,29 linha 6 9,33 9,34 11,07 10,00 9,60 49,33 9,87 linha 7 8,92 9,23 10,73 10,66 10,34 49,89 9,98 56,57 totais parcela Total Blocos 292,60 Fonte: DADOS DO AUTOR 60,25 63,96 64,10 58,15 303,03 8,66 306,38 300,05 292,63 293,81 1485,48 10,67 totais parcela 18 totais parcela 20 A Tabela 12 indica os valores encontrados na análise de variância do delineamento experimental 2 para as suas quatro hipóteses, bem como a quantidade de variância não explicada pela ANOVA (valor da razão “F”). 70 Tabela 12 – QUADRO RESUMO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA OS DADOS DE PRODUTIVIDADE DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA (min/ 3 m) Graus de Soma dos Quadrado F Liberdade Quadrados Médio Parcelas 15.761,71 20 Blocos 4 5,21 1,30 0,64 Espessura 3 593,92 197,97 97,93 Erro (a) 13 26,28 2,02 Sub Parcelas 139 20.438,04 Linha de Produção 6 643,12 107,19 0,57 Interação Espessura Linhas de Produção 18 1.176,99 65,39 0,35 Erro (b) 95 17.992,52 189,39 Total Fonte: DADOS DO AUTOR 139 Na Tabela 13 observa-se que o valor do teste de “F” para a hipótese H02b foi cerca de 4 vezes menor que o encontrado para a produtividade da manufatura, Tabela 9. Mas também se pode comprovar a diferença das produtividades entre as espessuras dos painéis (rejeitando H01b). Em ambos os delineamentos e em ambas as ANOVAS as demais hipóteses não foram rejeitadas, tratando-se de linhas de produção bastante similares quando comparadas a produtividade das máquinas (manufatura) e a produtividade das atividades diretamente relacionadas à manufatura. Tabela 13 – CONCLUSÃO DA ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA OS DADOS DE PRODUTIVIDADE 3 DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE RELACIONADAS A MANUFATURA (min/ m ) 95% 99% Conclusão F (blocos) 3,18 5,21 NS aceita H02a F (Fat da P) 3,41 5,74 ** rejeita H02b a 1% F (Fat da SP) 2,18 2,96 NS aceita H02c F (Interação) Fonte: DADOS DO AUTOR 1,66 2,03 NS aceita H02d Na Tabela 14 são apresentados os valores referentes ao teste de média realizado para se obter mais detalhes a respeito das similaridades entre as produtividades das atividades diretamente relacionadas à manufatura. 71 Tabela 14 – COMPARAÇÃO DE MÉDIA PELO TESTE DE DUNCAN, PARA AS ESPESSURAS, BASEADO NOS DADOS DE PRODUTIVIDADE DAS ATIVIDADES DIRETAMENTE 3 RELACIONADAS A MANUFATURA (min/ m ) Calculado Tabela Conclusão 10 mm 14,07 1 com 2 4,01 1,72 diferente 1% 18 mm 10,06 1 com 4 5,41 1,81 diferente 1% 16 mm 9,66 1 com 3 4,41 1,86 diferente 1% 20 mm 8,66 2 com 4 1,40 1,72 iguais 2 com 3 0,39 1,81 iguais 4 com 3 1,00 1,72 iguais Fonte: DADOS DO AUTOR Este teste de médias deixa clara a similaridade estatística existente entre a espessura 16 mm com as espessuras, 18 mm e 20 mm. Desta forma, pode-se afirmar que do ponto de vista das atividades de carregamento, ajustes, descarregamentos e deslocamentos próximos as máquinas, definidas como sendo as atividades diretamente relacionadas à operação das máquinas, não há impacto sobre a produtividade da empresa se a espessura em produção for qualquer uma das três que apresentam teste de médias estatisticamente iguais. 5.3.3 Análise dos Módulos de Produção Os módulos de produção estudados foram cinco. Nestes módulos foram analisadas a soma da produtividade da máquina (manufatura) e das atividades diretamente relacionadas a esta manufatura, desta forma avaliou-se a relação de três fatores: homem, máquina e material. No Gráfico 8 é apresentado o tempo médio necessário para manufaturar um metro cúbico de painéis compensados. Iniciando no módulo produtivo “pré prensa”, em seguida indo em série para os demais módulos “prensa”, “esquadrejadeira”, “calibrador” e “prensa de placagem”, conforme a espessura do painel fabricado. 72 100 80 3 Produtividade (min/ m ) 90 70 60 50 40 30 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Max Min Mean+SD Mean-SD Mean Espessura (mm) Gráfico 8 – RELAÇÃO ENTRE A ESPESSURA DO PAINEL COMPENSADO (MM) E A PRODUTIVIDADE TOTAL – SOMA DOS TEMPOS DE MANUFATURA E PREPARO DIRETO (min/ 3 m ). Fonte: DADOS DO AUTOR Neste gráfico pode ser observada uma tendência diretamente proporcional entre a produtividade (min/ m3) e a espessura do painel. Como comentado anteriormente o compensado 14 mm era um pedido especial, com dimensões maiores e basicamente manufaturado na prensa de 20 vãos. Foi perceptível o menor rendimento do compensado 10 mm em relação aos demais e uma certa proximidade das produtividades entre os compensados de 16 mm, 17 mm, 18 mm e 20 mm. O compensado de 25 mm apresentou uma produtividade maior que os demais. Para todas as espessuras, os desvios padrões foram elevados (a espessura 14 mm é excessão já comentada), denotando processos produtivos pouco estáveis, com variações nas produtividades de seus módulos produtivos, as quais podem comprometer o bom gerenciamento dos recursos envolvidos na produção. A Tabela 15 mostra os valores médios das produtividades das linhas de produção, bem como as variações entre espessuras e entre os dados utilizados para comporem as médias (desvio padrão das médias). 73 Tabela 15 – VARIAÇÃO NA PRODUTIVIDADE MÉDIA DAS LINHAS DE PRODUÇÃO, POR ESPESSURA. Desvio Padrão da média Variação na Espessura Produtividade Média 3 (min/ m ) Produtividade 3 (mm) (min/ m ) (%) 10 79 9,25 16 66 12,52 16,6 20 61 8,58 22,9 17 60 10,70 23,5 18 57 7,50 27,8 25 49 6,11 38,1 45 1,37 43,1 14 Fonte: DADOS DO AUTOR Por esta tabela observa-se que podem ser fabricados 16,6% mais volume de compensado se a espessura for 16 mm e não 10 mm. O mesmo pode ser dito das demais espessuras se observada a variação na produtividade destas linhas de produção. Os desvios padrões foram consideráveis, mas não representaram desvios maiores que 20% da produtividade média. O maior desvio ocorreu nas linhas de produção de16 mm e a menor está na linha de produção de 10 mm (11,9%). Não deve ser levado em consideração o pequeno desvio encontrado para a espessura 14 mm devido a ser uma produção especial, mais controlada com menos amostras. 5.3.4 Eficiência Produtiva das Linhas de Produção Embora as produtividades das linhas não sejam estatisticamente diferentes, optou-se por um estudo mais apurado dos desempenhos de cada linha de produção comparando-as entre si. Utilizando ferramentas de análise de agrupamento (cluster analise), foi possível encontrar entre os valores médios de produtividade (soma dos cinco módulos produtivos) três agrupamentos distintos. Estes agrupamentos são demonstrados no Gráfico 9. Por este gráfico pode ser verificada a grande similaridade entre a linha de produção 1 e 2, definido como agrupamento 1, observa-se outro agrupamento formado pelas linhas 4, 5, 6 e 7 74 (agrupamento 2) e um agrupamento unitário (agrupamento 3) formado pela linha de produção 3. LINHA_1 LINHA_2 LINHA_3 LINHA_4 LINHA_5 LINHA_6 LINHA_7 0 20 40 60 80 100 Distância das Ligações Gráfico 9 - SIMILARIDADE ENTRE A PRODUTIVIDADE DAS LINHAS DE PRODUÇÃO. Fonte: DADOS DO AUTOR Pode ser verificada a proximidade (similaridade da produtividade) entre os agrupamentos 2 e 3 e uma maior diferença na produtividade do agrupamento 1 com os demais agrupamentos. No Gráfico 10 observa-se o desempenho dos agrupamentos, pode ser constatado a maior produtividade do agrupamento 1, indiferente da espessura fabricada, formado pela linha de produção 1 e 2, as quais são localizadas na mesma empresa, o que pode explicar seu desempenho similar e melhor. Pode-se afirmar que do ponto de vista de produtividade (min/ m3), as linhas de produção 1 e 2 são as mais eficientes dentre as linhas de produção avaliadas. Outro motivo para o melhor desempenho do agrupamento 1 é o fato de ser na linha de produção 2 que esta a única prensa de 20 vãos (mais produtiva). A linha de produção 3 possui a pior produtividade dentre as linhas estudadas, apenas quando fabricado o compensado 10 mm e que a produtividade desta linha de produção se iguala a produtividade das linhas de produção do agrupamento 2. 75 90 80 min/ m 3 70 60 50 Linhas 4, 5, 6 e 7 Linhas 1 e 2 Linha 3 40 10 mm 16 mm 18 mm 20 mm Espessura Gráfico 10 – DESEMPENHO DOS AGRUPAMENTOS HOMOGÊNEOS DAS LINHAS DE PRODUÇÃO QUANTO AS SUAS PRODUTIVIDADES (min/ m3). Fonte: DADOS DO AUTOR Existe certa similaridade entre a produtividade do agrupamento 2 e 3, que apresentam maior diferença apenas na produtividade do compensado 16 mm. Algumas linhas de produção possuíram produtividades maiores em espessuras menores que em espessuras maiores, isto ocorre pois as dimensões (comprimento e largura) dos compensados variou, dando diferença na produtividade por metro cúbico. 76 6 CONCLUSÕES As empresas de madeira compensada analisadas possuem pior desempenho em relação às empresas similares analisadas em 2002, no que se refere à eficiência produtiva. As prensas são as máquinas com menor produtividade nas linhas de produção independente da espessura a ser produzida, podendo até necessitar de quatro vezes mais tempo para manufaturar a mesma quantidade de material que a calibradeira e a esquadrejadeira. A amplitude da produtividade por módulo produtivo obtida nas linhas de produção é tecnicamente preocupante (até 25% de variação), podendo demonstrar descontrole ou baixa padronização dos procedimentos produtivos como equipamentos pouco eficientes ou instáveis e operadores pouco treinados. Este fato sinaliza realmente a existência de problemas internos às empresas que ajudam a entender a piora na eficiência produtiva destas. A produtividade (m3/ min) demonstra não sofrer grande influência do tipo de máquina utilizada ou dos outros fatores diretamente relacionados à operação destas máquinas, mas demonstra sofrer grande influência do tipo de produto fabricado (variações nas espessuras). Tendo por base a representatividade destas sete linhas de produção de compensado plastificado e a existência de 30 outras linhas de produção de compensado plastificado no estado do Paraná, associada ao conhecimento de que as máquinas e processos usuais nestas linhas de produção variam pouco tecnicamente (poucos modelos de prensas, calibradores e demais máquinas disponíveis no mercado) e principalmente ao fato de não haver diferença estatística entre as produtividades das linhas de produção, pode-se supor que a amostra é representativa das demais linhas de produção existentes no estado do Paraná. Espessuras maiores do painel apresentam produtividades (min/ m3) maiores, independente da linha de produção, devido à forte influência da produtividade da prensa sobre a produtividade total da linha de produção. Espessuras maiores podem significar um ganho de produtividade (mim/ m3) de até 38% (tabela 18). 77 REFERÊNCIAS ADERHOLD, J.. 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Fonte: Autoria própria Fotografia 6 – ESQUADREJADEIRA – MONTAGEM DE PEQUENAS PILHAS PARA POSTERIOR CORTE DO COMPENSADO Fonte: Autoria própria 89 Fotografia 7 - ESQUADREJADEIRA – VISÃO DE SAÍDA DOS PAINÉIS COMPENSADOS DA MÁQUINA Fonte: Autoria própria Fotografia 8 - PAPEL IMPREGNADO COM RESINA FENÓLICA, A SER UTILIZADO SOBRE AS DUAS FACES DE CADA PAINEL DE MADEIRA COMPENSADA PLASTIFICADA. Fonte: Autoria própria 90 Fotografia 9 – CALIBRADOR – EM GERAL A MÁQUINA MAIS NOVA DAS LINHAS DE PRODUÇÃO Fonte: Autoria própria Fotografia 10 – CALIBRADOR – PAINEL DE CONTROLE DIGITAL, ÓTIMO ACABAMENTO E GRANDE PRODUTIVIDADE Fonte: Autoria própria