ISSN 2178-5781
Ano XIII | 233 | Novembro 2014
Sem soja, mas
com girassóis
Comissão de grãos da
Faeg se reúne para
debater vazio sanitário
Escola Ambiental
do Gongomé
Povoado se especializa para
transformar realidade local
Ameaças à
fruticultura goiana
Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são
apontados como vilões
© Syngenta, 2013.
PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Busca constante por melhorais
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com
distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto
e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes, Michelle Rabelo e
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Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho
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Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio
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Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander,
Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,
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Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia
Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do
Nascimento e Marcelo Borges Amorim.
Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa
Nem só de grãos vive a agricultura. Depois de quatro meses licenciado da
presidência da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás volto com essa
certeza ainda mais latente. Não existem produtores de grãos, frutas ou hortaliças...existem produtores que precisam estar em constante busca por melhorias
e para isso é indispensável o apoio das entidades representativas que brigam
por mais investimentos em pesquisas, mão de obra cada vez mais capacitada e
qualificada, políticas públicas para fazer jus a quem responde por uma parcela
generosa do PIB brasileiro, entre outras coisas.
Para ilustrar a importância desta diversidade de produção, trazemos nesta
edição a história de fruticultores como Antônio Leonel, um produtor de banana-maçã do município de Itaguarú, que apesar da dificuldade em conseguir
assistência técnica especializada, mostra que é possível viver do campo. Ele cultiva 200 hectares da fruta e conta que entre os três primeiros anos de produção
da planta, a produtividade média mensal é de 70 caixas por hectare.
Mesmo diante do lado positivo da história de Leonel, nos vem à tona a diminuição do potencial produtivo da fruticultura de Goiás devido as dificuldades
do setor. Você poderá conferir nas matéria principal desta edição que a cadeia
produtiva carece de mão de obra capacitada, sofre com os gargalos logísticos e
de comercialização e padece com o déficit assistência técnica especializada. No
mais, há pouco interesse de pesquisadores pelo setor.
São fruticultores como Leonel que colocam Goiás no ranking de produção.
Para isso é preciso mais do que vontade. É preciso criatividade, apoio, garra e
estratégias para superar o tempo de vacas magras, quando as precárias condições de infraestrutura parecem ser maiores do que as caraterísticas favoráveis
do nosso estado. Aqui temos clima e solo favoráveis à fruticultura, amplitude
térmica, altitude, terra plana e disponibilidade de água. Temos a consciência de
que vai demorar um tempo para que os pesquisadores descubram maneiras de
potencializar nossa produção, mas o início destas pesquisas é urgente.
Quanto ao meu retorno à presidência da Faeg, depois de receber mais de 71
mil votos na disputa por uma vaga na Câmara Federal, só tenho a agradecer a
cada um que acreditou no projeto que não é meu, e sim de quem vive no campo e do campo. De quem tira da terra o sustento da casa e
constrói sobre ela os sonhos de uma vida melhor.
Ah, para finalizar com gostinho de quero mais, essa
edição traz a receita de um delicioso suspiro de limão.
É anotar, preparar e lamber os dedos.
Boa leitura.
FAEG - SENAR
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José Mário Schreiner
Presidente do Sistema Faeg
Larissa Melo
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
Fredox Carvalho
PAINEL CENTRAL
Caso de Sucesso
34
Fredox Carvalho
De Luziânia, a história da artesã Ayla Maria, que começou
tímida com um curso do Senar Goiás e já planeja abrir seu
próprio negócio
Prosa
8
Em meio à discussão do uso intermodal de
movimentação de cargas – o diretor de logística
do Grupo Caramuru, Antônio Ismael Ballan, é o
entrevistado da Revista Campo neste mês de novembro
22
Fruticultura na terra do pequi
Larissa Melo
Apesar de características favoráveis ao cultivo de frutas, produtores goianos
esbarram na falta de mão de obra e investimento em pesquisa
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Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
Larissa Melo
Permissão e
proibição no plantio
de soja e girassol
14
Fredox Carvalho
Vazio sanitário, pesquisa científica e especificidades
do plantio foram debatidos durante reunião
Rebanho saudável,
lucro certo
20
Médico veterinário fala sobre a
importância do planejamento sanitário
Agenda Rural
06
Fique Sabendo
07
Um 12 de outubro mais feliz
Delícias do Campo
33
Faeg e Senar Goiás arrecadam brinquedos e comemoram
o Dia das Crianças no Abrigo Sol Nascente
Treinamentos e cursos
do Senar
36
Campo Aberto
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18
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Mesmo com 23 anos de
experiência, produtor de bananamaçã em Itaguarú, Antônio
Leonel, afirma que a dificuldades
do setor são inúmeras
Foto: Fredox Carvalho
Fredox Carvalho
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Sem soja, mas
com girassóis
Comissão de grãos da
Faeg se reúne para
debater vazio sanitário
Escola Ambiental
do Gongomé
Povoado se especializa para
transformar realidade local
Ameaças à
fruticultura goiana
Escola Ambiental do Gongomé
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Com cursos do Senar Goiás, povoado se
especializa para transformar realidade local
Falta de mão de obra e investimento em pesquisa são
apontados como vilões
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AGENDA RURAL
ENCONTRO DOS TÉCNICOS
GOIÁS MAIS LEITE
METODOLOGIA BALDE CHEIO
SENAR GOIÁS - 2014
17 a 20 de novembro de 2014
Vivence Suítes Hotel
Goiânia - GO
Informações: (62) 3412-2733
12 de novembro
28 de novembro
Seminário Regional de Contabilidade Rural
Local: Sindicato Rural de Rio Verde
Horário: Das 8h às 17h
Informações: (62) 3412-2750
18ª Rodada Goiana Tecnologia em Manejo de Suínos
Local: Parque Agropecuário Pedro Ludovico Teixeira - Goiânia
Horário: Das 8h às 18h
Informações: (62) 3203-1666
6 | CAMPO
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
FIQUE SABENDO
REGISTRO
Faeg sedia abertura da Semana
de Veterinária e Zootecnia
Larissa Melo
Embrapa e Unicamp
ARMAZÉM
Preservando a
produtividade dos
solos agrícolas
Buscando oferecer ao leitor um
conjunto de informações sobre a importância de preservar a produtividade dos solos agrícolas, a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) firmou uma parceria com
a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e lançou o livro “Adubação Verde e Plantas de Cobertura
no Brasil: Fundamentos e Prática”,
em seus volumes 1 e 2. A obra traz,
entre seus temas, a história do uso
da adubação verde no Brasil, a situação atual e perspectivas futuras
da técnica, os cuidados com as espécies, os exemplos de rotação de
culturas, o melhoramento genético
e os aspectos ecofisiológlcos. Apresenta, ainda, informações técnicas e
práticas sobre semeadura e manejo.
No mês de novembro a sede da
Federação da Agricultura e Pecuária
de Goiás (Faeg) sediou a abertura da
XXVI Semana de Veterinária e V Semana de Zootecnia da Universidade
Federal de Goiás (UFG). A solenidade
contou com a presença do presidente
Leonardo Ribeiro, do superintendente
do Senar Goiás Eurípedes Bassamurfo e do vice-presidente institucional
da Faeg, Bartolomeu Braz, além de
outras autoridades. No total, cerca de
200 estudantes estiveram presentes.
Superintendente do Senar Goiás,
Eurípedes Bassamurfo explicou aos
alunos presentes o trabalho desenvolvido pelo Senar Goiás, que, apenas em 2013 realizou 4.846 ações
envolvendo, aproximadamente 97
mil pessoas. “Programas como o
Pronatec e o EaD reforçam nossa
missão de educar e aprimorar as
pessoas do meio rural, contribuindo
não só para a qualidade de vida, mas
também para o desenvolvimento
sustentável do país”, finalizou.
Shutter
PESQUISA
Pesquisa em defesa da Amazônia
Chamar atenção para os danos do fogo e da exploração madeireira sobre a Amazônia. Com esse objetivo, a
revista Global Change Biology divulgou um estudo resultante da coleta de amostras de plantas e solos em 225
pontos da região. O documento, que é o maior já realizado para as florestas tropicais degradadas, aponta a perda
de carbono em florestas que passam por perturbações,
como extração madeireira e fogo acidental.
A pesquisa foi iniciada em 2009, com integrantes
da Embrapa, do Museu Paraense Emilio Goeldi e da
Universidade de Lancaster (Reino Unido). Ao longo
www.senargo.org.br
desses anos foram levantados dados de campo em
duas regiões da Amazônia Oriental: os municípios paraenses de Belterra e Santarém, oeste, e Paragominas,
nordeste do Pará. Nesses locais foram estudadas 87
mil amostras de plantas e 5 mil de solo. A referência
para a coleta de amostras tem como base as diretrizes para inventários nacionais de gases de efeito estufa, estabelecidas no Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), que recomenda que as
avaliações em áreas florestais devem quantificar cinco
reservatórios de carbono.
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PROSA RURAL
Não adianta
falarmos em
milhares de Km
de ferrovia ou
de hidrovia se
não definirmos
Fredox Carvalho
prioridades
Antônio Ismael Ballan
é diretor de logística do Grupo Caramuru
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www.sistemafaeg.com.br
Os vários caminhos
para o escoamento
da produção
Michelle Rabelo | [email protected]
T
ecnologia para quem te quero”, diriam os produtores adeptos a um bom
trocadilho. No caso da agropecuária
a brincadeira ganha ar de realidade, já que
a exclamação ilustra bem a corrida de quem
não quer ficar para trás. Porém, mesmo com
passos largos e tecnologia de ponta, muitos
produtores tem ficado de mãos atadas diante
da última etapa da produção: o escoamento.
Quase um perito na área de transportes,
o diretor de logística do Grupo Caramuru,
Antônio Ismael Ballan, é o entrevistado
da Revista Campo neste mês de novem-
Revista Campo: Na sua opinião,
quais os principais problemas que
o setor brasileiro de transporte enfrenta na área de infraestrutura?
Falta investimento ou planejamento?
Antônio Ballan: A produção brasileira de grãos tem crescido muito
nos últimos anos. Já chegamos a 190
milhões de toneladas, graças a produtividade da porteira para dentro,
mais da porteira para fora não somos
eficientes no mesmo ritmo. Se perde
muito dinheiro e o produtor acaba pawww.senargo.org.br
bro. Nas páginas a seguir ele fala sobre o
impacto causado da porteira para fora –
principalmente pela falta de infraestrutura - no transporte de cargas, mesmo com
investimentos por parte dos empresários
da porteira para dentro.
Integrando o Caramuru, que se destaca
pelo uso intermodal de movimentação de
produtos e grãos, com fortes investimentos
no Porto de Santos e Tubarão, em ferrovias
e na Hidrovia Tietê-Paraná, Ballan é defensor da utilização de transportes multimodais,
o que diminuiria os custos operacionais.
gando grande parte dessa conta, por
falta de uma infraestrutura adequada
e competitiva. Exemplo disso é a pequena quantidade de rodovias pavimentas, principalmente nas fronteiras
agrícolas, e outras tantas rodovias pavimentadas em situação ruim.
Nossas ferrovias são pouco
abrangentes e focadas em transporte de granéis agrícolas e minério de
ferro. Algumas têm problemas de
conservação da via e falta material
rodante adequados para graneis
agrícolas. Já as hidrovias navegáveis
são ainda hoje pouco aproveitadas
e pouco conservadas, além disso as
vezes não são respeitadas com relação ao uso múltiplo das água, tudo
por falta de um bom planejamento e
de investimentos.
Revista Campo: A maiorias das
cargas em Goiás, assim como no Brasil, são transportadas pelas rodovias, o
que além de provocar um grande desgaste nas estradas, poluição ambiental
Novembro / 2014 CAMPO
|9
Respeitar o uso
múltiplo das águas
é o primeiro passo
para termos uma
utilização sensata
desse recurso
e uma maior demora na entrega do
produto, é o segmento de maior custo. Qual o motivo de ainda insistirmos
neste modal?
Antônio Ballan: Excessiva demora na implantação de outros modais de transporte e falta de planejamento em relação à utilização de
outros modos de transporte. Exemplo
disso é a Ferrovia Norte Sul, que está
sendo implantada a quantos anos. Eu
acho que alguns projetos precisam ser
priorizado/definido. Não adianta falarmos em milhares de Km de ferrovia
ou de hidrovia, sabemos que todos
são importantes, se não definirmos
prioridades e executá-las vamos continuar transportando por rodovias.
Revista Campo: Enquanto isso,
seguimos com ferrovias em estado
precário, aeroportos com pequena capacidade para transporte de
cargas e terminais portuários ineficientes. Quais as soluções à curto,
médio e longo prazo?
Antônio Ballan: A questão de
aeroportos parece estar sendo equacionada com a construção de novos
terminais, ampliação dos existentes
e, principalmente, com a privatização
desses serviços. A questão das fer-
10 | CAMPO
Novembro / 2014
rovias é bem mais complicada: uma
solução de curto prazo poderá ser a
implantação da figura dos operadores ferroviários independentes. No
médio prazo outra alternativa é renegociar os atuais contratos de concessão, antecipando a sua renovação
com o compromisso de expansão
das linhas e adequado atendimento
da demanda existente. Também será
importante o desenvolvimento de
projetos de novas ferrovias empresarialmente viáveis. Isso poderá ser
conseguido, com o Governo dando
mais liberdade para a iniciativa privada planejar, implantar e operá-las.
Na questão dos Portos, a Lei 12.815
abriu caminho para novas licitações,
agora é colocá-las em prática.
Revista Campo: A falta de investimento no setor hidroviário foi
debatido na Faeg. Como o senhor
avalia o momento atual pelo qual as
hidrovias estão passando por causa
da estiagem?
Antônio Ballan: A estiagem é um
fenômeno da natureza sob o qual não temos controle, mas podemos disciplinar a
utilização dos recursos hídricos por meio
de Leis já existentes. Respeitar o uso múltiplo das águas é o primeiro passo para
termos uma utilização sensata desse imprescindível recurso, que é a água, e também precisamos de mais investimentos
para eliminação de gargalos existentes.
Revista Campo: Dados apontam
que o custo do transporte por água é
mais barato e ambientalmente mais
correto. Além disso, os países que
investem no transporte hidroviário
reduzem seu custo logístico. Porque
ainda não existem investimentos de
fato no setor?
Antônio Ballan: Realmente o custo por hidrovia é bem mais competitivo
quando comparado com outros modais,
além disso é o que menos polui e no
qual praticamente não se registra nenhum acidente. O Brasil é privilegiado
com uma bacia hidrografia muito grande, porém pouco utilizado, e isso talvez
seja por falta de planejamento, de foco
e de incentivo por parte do Governo –
que precisa querer realmente desenvolver esse modal.
Revista Campo: Recentemente, foi apresentado o Plano de Melhoramentos da Hidrovia Paraná-Tietê. Qual sua impressão sobre o
documento?
Antônio Ballan: Bastante positivo, necessário para o crescimento e desenvolvimento do modal,
porém precisamos também discutir o cumprimento/respeito do uso
múltiplo das águas.
A estiagem
é um fenômeno
da natureza sob
o qual não temos
controle, mas
podemos
disciplinar a
utilização dos
recursos
hídricos por meio
de Leis já
existentes
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MERCADO E PRODUTO
Revisão no vazio
sanitário da soja em Goiás
Cristiano Palavro | [email protected]
normativa que rege o vazio sa-
lhoramento genético recebem
nitário da soja aqui no estado.
autorização especial para cul-
O principal foco das alterações
tivo dentro dos períodos de
vimento da agricultura, aliando
foi a implementação de medi-
vazio sanitário, prática que
um clima favorável à dispo-
das que reduzam o número de
tem prejudicado os funda-
nibilidade de terras e água.
inóculos da doença dentro das
mentos de restrição de plan-
Frente a isso, nos últimos anos
regiões produtoras.
tas
temos visto um grande cresci-
Dentre as principais alte-
hospedeiras,
causando
prejuízos severos as áreas ad-
mento e intensificação da nos-
rações
podemos
jacentes a estes cultivos e au-
sa produção agrícola, o que
destacar a criação de um ca-
mentando o inóculo inicial da
gerou grandes oportunidades,
lendário de plantio, de 01 de
doença dentro das regiões de
mas nos remete a importantes
outubro à 31 de dezembro
produção. Por este motivo, foi
desafios para sua manutenção.
de cada, visando finalizar a
também proposta a definição
propostas,
Além dos problemas estru-
prática de plantio de soja em
de áreas específicas para o
turais enfrentados por nossos
sucessão no período de safri-
desenvolvimento destas pes-
produtores “fora da porteira”,
nha, o que evita a ampliação
quisas, em projetos já existen-
com infraestrutura e legislação
da “ponte verde” para a sobre-
tes de irrigação por inundação
deficitárias no país e que one-
vivência do fungo e diminui o
no Norte do estado.
ram nossa produção, os desa-
uso de defensivos, reduzindo a
É importante salientar que
fios dentro das propriedades na
chance de perda de eficiência
todas as propostas apre-
condução das lavouras também
destes produtos. Também vi-
sentadas foram frutos de
se agravaram nos últimos anos.
sando a diminuição da ocor-
um amplo debate, que mais
O aparecimento de novas mo-
rência de plantas hospedeiras
do que alinhar as intenções
léstias e a perda de eficiência
na entressafra, manteve-se o
de todo o setor imbuído no
no combate de nossos tradicio-
artigo que define a eliminação
combate aos problemas que
nais problemas fitossanitários,
de “tigueras” 30 dias após a
enfrenta, coloca “às claras”
como por exemplo a ferrugem
emergência, ampliando o rigor
as responsabilidades de cada
asiática, têm exigido ações de
das penalidades aplicadas aos
elo. Estas ações sinalizam a
forma ampla e unificada de
descumpridores. Para diminui-
maturidade do setor produti-
todo o setor produtivo.
ção deste problema em beiras
vo ao pensar à frente, atuan-
Em Goiás, a última safra teve
de estrada e áreas públicas,
do junto aos órgãos fiscali-
um dos piores desempenhos
estabeleceu-se também a apli-
zadores no sentido de educar
em produtividade nos últimos
cação de multas aos transpor-
e proteger a nossa produção,
anos, tendo como grande vilã
tadores que não realizarem o
utilizando o caráter puniti-
junto aos períodos de estia-
correto acondicionamento das
vo com rigor, mas em última
gem, o aparecimento precoce
cargas de soja, com perdas no
instância, no intuito de de-
de ferrugem em sua principal
processo de transporte.
fender a produção de nosso
região produtora, o que levou
Normalmente as empresas
o estado a rever a instrução
que realizam pesquisa e me-
www.senargo.org.br
estado e os produtores que
realizam as boas práticas.
Larissa Melo
O
Brasil é um país que
possui ótimas condições para o desenvol-
Cristiano Palavro
é engenheiro agrônomo e
consultor técnico do Senar
Goiás para a área de cereais,
fibras, e oleaginosas
Novembro / 2014 CAMPO
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AÇÃO SINDICAL
INDIARA
Sindicato Rural de Santa Helena
Entrega de alimentos
O Sindicato Rural (SR) de Santa Helena realizou
campanha para arrecadar alimentos que foram
doados a sete instituições da cidade. A iniciativa,
que partiu do presidente do SR, Arcino Braz Vieira,
contou com o apoio da diretoria sindical e conseguiu
mais de três toneladas de alimentos. A doação foi
realizada durante a 20º Exposição Agropecuária de
Santa Helena e compuseram a lista de beneficiados
as creches Eni Alves e Amiguinhos de Jesus, as
Casas do Oleiro, das Crianças e de Recuperação
Montesião, o Abrigo Maria Madalena e o Lar dos
Idosos São Vicente de Paula.
ARAGUAPAZ
Sindicato Rural de Araguapaz
Trançado em couro
O Sindicato Rural de Araguapaz, em parceria com o
Senar Goiás, realizou entre os dias 30 de setembro e
04 de outubro o treinamento de Trançados em Couro
(FPR), no Assentamento Serra Verde. Com o instrutor,
Luiz Rodrigues, os participantes aprenderam a secar
e esticar o couro, além de confeccionar pinholas e
demais artigos.
12 | CAMPO
Novembro / 2014
Dia de Campo na
Fazenda Água Branca
Sindicato Rural de Indiara
SANTA HELENA
O município de Indiara recebeu no dia 21 de junho
o Dia de Campo, realizado na fazenda Água Branca.
Os proprietários do local, e produtores rurais, Derly
Cardoso e Cleide Aparecida Marins, abriram as
porteiras da fazenda para alunos da Universidade
Estadual de Goiás (UEG) - campus de Edéia,
que puderam conhecer de perto a rotina de uma
propriedade rural. Na ocasião 60 estudantes das
três turmas do curso de Tecnologia em Agronegócio
participaram de palestras e tiraram dúvidas. O
presidente do Sindicato Rural de Indiara, Henrique
Marques de Almeida, falou sobre a importância da
cooperativa e do associativismo no meio rural e
enfatizou que os acadêmicos são de suma importância
para a economia brasileira, onde o agronegócio gira
em torno de 67% do PIB nacional.
INDIARA
Operando máquinas
agrícolas
O Sindicato Rural de Indiara realizou - em parceria
com a Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg),
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
Goiás e prefeitura - o primeiro Pronatec / Operador
de Maquinas Agrícolas. Um total de duas turmas,
cada uma com 15 alunos, participaram dos
treinamentos. As aulas, com carga horária de 04
horas/aula/dia, aconteceram na sede do Sindicato
Rural e na escola municipal Olavo Bilac.
www.sistemafaeg.com.br
ITABERAÍ
Associação reativada
Fredox Carvalho
Parcerias para Equoterapia
Fredox Carvalho
ITABERAÍ
de outubro, o Curralinho Centro do Equoterapia. Ainda
no papel, o projeto começa a ganhar forma e a lista
de possíveis participantes já existe. Entre os parceiros:
prefeitura, Poder Judiciário, empresariado, voluntários,
produtores rurais e moradores da cidade. Presente em
46 cidades e multiplicado por 49 grupos, o Programa
Equoterapia é desenvolvido pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar) Goiás em parceria com
prefeituras, empresas e a sociedade de forma geral.
CORUMBAÍBA
Processamento de peixes
Rafael Albernaz
Um sonho coletivo e muitas mãos à obra! Foi assim que
o Sindicato Rural de Itaberaí lançou, no início do mês
Produtores interessados em reativar a Associação dos
Produtores de Uva e Derivados da Região Noroeste do
Estado de Goiás (Apuderneg) devem procurar o produtor
Danilo Razia, do município de Itaberaí ou informações
no Sindicato Rural da cidade. A Associação, que não está
em funcionamento, quer voltar a unir forças para garantir
produtividade, representatividade e força no mercado.
A ideia de levar o programa ao município surgiu por meio
do Sindicato Rural da cidade e do Senar Goiás, mas, para
ser colocado em prática, o projeto precisava de cavalos,
um local adequado, mão de obra e uma infinidade de
parceiros. Pouco a pouco eles foram chegando e a busca
continua. Entre as formas de contribuir, doação de 6%
do Imposto de Renda para ser deduzido.
Com doação de um terreno por parte da prefeitura, o
Parque de Exposições começa a ser construído e uma
parte dele será destinada ao Centro de Equoterapia. Até
lá, uma propriedade rural cedida será utilizada para dar
início imediato ao projeto.
A prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde também
foi parceira cedendo os profissionais de saúde para
trabalharem em função do programa. Para minimizar
os gastos, o Senar Goiás vai disponibilizar, por meio de
cursos e treinamentos, mão de obra para cerca do local
e casqueamento dos animais. Apenas nesse quesito, a
economia proporcionada chega à casa dos R$ 40 mil.
www.senargo.org.br
O município de Corumbaíba recebeu entre os das
6 e 8 de outubro o treinamento de Processamento
de Peixes, ministrado pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar) Goiás. O curso, que
contou com a parceria do Sindicato Rural (SR) da
cidade, abordou informações sobre abate, escamação,
evisceração, retirada de peles, filetagem e cortes
especiais dos peixes, além da produção de derivados e
aproveitamento de resíduos dos animais.
Todas essas informações visam estimular os piscicultores
da região a fornecer ao mercado produtos de melhor
qualidade e com maior valor agregado, garantindo
melhor retorno financeiro e consequentemente melhor
qualidade de vida à família rural.
Novembro / 2014 CAMPO
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COMBATE ÀS PRAGAS
Comissão define
alterações no vazio da soja
Cultivo do girassol também foi debatido
Fredox Carvalho
Michelle Rabelo | [email protected]
Catherine Moraes | [email protected]
Bartolomeu Braz, vice-presidente
institucional da Faeg e Flávio
Faedo, presidente da Comissão
coordenaram reunião
14 | CAMPO
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
C
om o objetivo de definir os
critérios para realização do
vazio sanitário da soja em
Goiás, a Comissão de Cereais, Fibras
e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se
reuniu com toda a cadeia produtiva
no último mês. O principal ponto de
discussão diz respeito à permissão
de plantio para pesquisa científica
e melhoramento genético durante o período de vazio sanitário e a
necessidade de o girassol seguir o
período sem plantio. Isto porque a
prática tem aumentado o número de
inóculo da ferrugem em algumas regiões do estado.
Além de diretores e técnicos da
Federação, participaram também do
encontro representantes da Aprosoja Goiás, dos Sindicatos Rurais, Caramur u Alimentos, Agência Goiana
de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Monsanto, Monsoy, Nidera
Sementes, Agro Safra, Ouro Branco Agronegócios, Dupont Pioneer,
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro),
Aprosoja Goiás, Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Incentivo à Cultura
do Algodão (Fialgo) e Ministério da
Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A reunião foi conduzida por Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg e presidente da Aprosoja Goiás e o produtor rural Flávio
Faedo, presidente da Comissão. A
finalidade maior era encontrar um
consenso em relação às propostas
apresentadas, com a finalidade única de eliminar a ferrugem asiática
das plantações e garantir maior segurança aos produtores.
Para Flávio Faedo é preciso ponderar todas as necessidades e ele
defende que, neste momento, avan-
çar com cautela pode ser a melhor
opção. “Sabemos da necessidade
de novas variedades, mas o sistema atual tem causado prejuízos.
Precisamos encontrar uma forma
de aliar o desenvolvimento de novas cultivares com a preservação do
vazio sanitário. De que adianta novas variedades se não conseguimos
acabar com a resistência da ferr ugem”, questiona.
Prejuízos elevados
A ferr ugem asiática, mesmo sendo uma doença já tradicional nos
cultivos em nosso estado, teve seus
prejuízos agravados nas últimas safras. Isto se deve principalmente ao
fato de que os produtos químicos
utilizados no controle desta doença estão perdendo eficiência, o que
exige um manejo cultural da doença durante todo o ano.
Além do debate sobre as áreas de
pesquisa que estão sendo plantadas
no período de vazio, as alterações na
instrução normativa também abordam importantes pontos que visam
a mitigação dos efeitos negativos da
ferrugem. Entre eles podemos destacar a eliminação de plantas “tigueras”, a proibição de plantio de
soja na safrinha, o controle de “tigueras” em beiras de rodovias e o
transporte de soja após a colheita.
Principais Alterações
Estabelecimento de calendário de
plantio de 01 de outubro à 31
de dezembro.
Deslocamento de áreas de pesquisa
e melhoramento genético plantadas dentro do vazio sanitário para
áreas dos Projetos de Irrigação no
Norte do estado (São Miguel do
Araguaia e Flores de Goiás).
www.senargo.org.br
Estabelecimento de penalidades e
multas para caminhões que apresentarem derramamento de carga
nas rodovias.
Proibição de plantio de soja no período de safrinha, tanto para grãos
como para sementes (excessão para
sementes genéticas).
Novembro / 2014 CAMPO
| 15
Pesquisa e melhoramento genético deverão se adequar
Cláudio Godoi, gerente de pesquisa da Nidera Sementes e
Ênio Duarte, supervisor de regulação da Dupont Pionner
também concordaram com o posicionamento.
Fredox Carvalho
O maior impasse entre as novas propostas foi a de deslocamento dos programas de melhoramento genético para o
Norte do estado. Os produtores rurais acreditam que esta
medida contribuirá para diminuir os inóculos nas principais
regiões produtoras, mas as empresas de pesquisa alegam
que inviável transferir os projetos para esta região. Isto porque toda a estrutura destas empresas já está estabelecida no
Sul do estado e não plantar no vazio sanitário interrompe
o ciclo de cultivo, diminuindo a velocidade de avanço de
gerações de novas cultivares.
“Hoje somos a terceira ou quarta empresa que mais lança cultivares de soja do Rio Grande do Sul ao Maranhão.
Alguns chegam a aumentar a produtividade em até 50%.
Não queremos, de forma alguma, retirar a empresa de Goiás. Mas não é possível seguir o vazio e assim, não vemos
outra forma”, completou Claudiomir Abatti, da Monsoy.
Claudiomir Abatti, da
Monsoy afirma que medida
torna pesquisa inviável
Cultura de Girassol também deverá seguir vazio sanitário
16 | CAMPO
rassol, o controle fica praticamente impossível.
“Na prática, a folha do girassol mata a soja tiguera antes de 40 dias. Não existe no mundo um produto registrado para a folha larga e girassol é plantado sobre a
soja, não tem outra forma. O ideal é mesmo podermos
ter plantio até 30 de junho e respeitarmos o vazio da
soja. Caso contrário, acabaremos com o investimento do
Girassol que é uma ótima opção inclusive para o produtor de soja”, explicou Alexandre Barros,
da Atlântica Sementes.
Em busca de uma solução para o
problema, foi estudado um modelo de plano de manejo para
implementação na próxima
atualização na normativa do vazio sanitário, que
deve ocorrer nas próximas
semanas. “Precisamos de
produtos alternativos para o
plantio em nossa safrinha. O
girassol, além de ser uma excelente alternativa para a rotação
de culturas, também se mostra viável economicamente e merece maior
atenção de todo o setor”, afirma Bartolomeu Braz, vice-presidente institucional da Faeg.
Shutter
Atualmente, grande parte do girassol utilizado para a
produção de óleo no Brasil é importado, principalmente
do Paraguai e da Argentina. Goiás já chegou a ser o maior
estado produtor de girassol no passado, mas atualmente
a cultura é plantada em pequena escala, sendo cultivados
em cerca de 8 mil hectares da cultura na última safra.
A expectativa da Caramuru é de ampliação desta área,
podendo chegar aos 15 mil hectares já em 2015.
O girassol é plantado na segunda
safra do Centro-Oeste brasileiro,
entre os meses de fevereiro e
março, podendo ser uma
ótima
alternativa
para
cultivo neste período. O
problema é que, como o
girassol é uma cultura
plantada em sucessão a
soja, uma das principais
dificuldades enfrentadas pelos produtores é
o controle de plantas tigueras de soja em meio aos
cultivos. Como não existem
herbicidas seletivos para a
eliminação destas plantas
de soja em meio ao gi-
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
INDÚSTRIA
Colheita do tomate
industrial é tema de reunião
Possibilidade de perda da produção e necessidade de
pesquisa na área também foram pautados na discussão
Luiz Lemes | [email protected]
Catherine Moraes | [email protected]
www.senargo.org.br
era moer mais de 3.600 toneladas.
O problema é que o tomate deveria ser colhido em 115 dias, já está
em 150 e a empresa colheu apenas
2.600”, afirmou (fonte).
Necessidade de pesquisa
Na ocasião, o presidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio
Maróstica, falou sobre o cadastro
que foi realizado e custeado por
irrigantes. Ele afirma que o investimento por parte dos produtores
contribui para o crescimento da
produção amparada em dados. “Os
produtores precisam reconhecer a
realidade da própria irrigação, do
município e do Estado. Temos que
formar um grupo e propor um Plano de Ação”, finalizou.
A pauta da reunião contou ainda
com a ideia de realização de um seminário para 2015 com o objetivo de
tratar os principais pontos da irrigação de forma que os produtores
possam se capacitar ainda mais e
discutir determinados assuntos relacionados à atividade.
Fredox Carvalho
C
om o objetivo de discutir
os problemas relacionados
à produção de tomates industriais no estado e a necessidade
de pesquisas na área, a Comissão
de Irrigação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg)
se reuniu no dia 15 de outubro, na
sede da Faeg. Um dos principais tópicos da pauta foi a produção de tomates, que ainda não foi completamente colhida e pode causar perdas
significativas à cadeia produtiva.
A reunião foi comandada pelo
presidente da Comissão, Eduardo
Veras; pelo gerente de assuntos técnicos e econômicos, Edson Alves
e pela consultora técnica do Senar
Goiás para a área de Irrigação e
Meio Ambiente, Jordana Sara.
Durante o encontro, foi ressaltado que antes do plantio do tomate
industrial, as empresas já fecham
contrato com os produtores e preveem o total a ser colhido. Apesar
disso, os produtores alegam que
algumas não conseguiram colher a
expectativa em tempo hábil.
Um dos principais problemas refere-se ao fato do tomate ser perecível
e a alta possibilidade de perda da
produção. “A expectativa de uma
empresa para a qual comercializo
Presidente da Comissão,
Eduardo Veras conduziu
a reunião
Novembro / 2014 CAMPO
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Fredox Carvalho
AÇÃO SOCIAL
Vanessa Benevides e Linara
Ferreira auxiliam crianças
em abrigo
Solidariedade
multiplicada
Faeg e Senar realizam campanha do
Dia das Crianças em prol de abrigo infantil
Catherine Moraes | [email protected]
U
ma faxina no guarda-roupa, nos
sapatos, livros e caixas de brinquedos. Esta foi a ideia inicial da
Campanha do Dia das Crianças desenvolvida pela Federação da Agricultura e
Pecuária de Goiás (Faeg) e pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural em
Goiás (Senar Goiás). Os filhos dos funcionários das duas casas foram responsáveis por arrecadar as doações, destinadas
ao Condomínio Sol Nascente, que hoje
abriga 39 crianças em situação de abandono ou disponibilizadas para adoção.
18 | CAMPO
Novembro / 2014
A primeira festinha foi realizada na
sede das entidades e o ingresso de entrada era trocado por doações. No total
foram arrecadadas 135 peças de roupas;
208 brinquedos; 130 livros e 22 pares
de sapatos. Durante a festa, as crianças
se divertiram com o Circo Lahetô e do
Grupo de Dança Épicus Cia de Dança.
A ação completa o seu terceiro ano e,
a cada edição, escolhe uma entidade ou
grupo para entrega das arrecadações. Em
2013, o destino foi o Lixão de Aparecida
de Goiânia e as famílias que lá residem.
Os olhares do abrigo foram os mais
curiosos. As crianças, de 0 a 12 anos,
aproveitaram o dia para brincar, ganhar presentes, comer bastante doce
e compartilhar afeto. Em cada olhar
um pedido de colo, de companheiros para as brincadeiras e até mesmo de uma conversa. E assim, teve
adulto empurrando balanço, brincando no chão e distribuindo cachorro quente, sorvete e muito doce!
Jornalista e assessora de comunicação do Sistema, Michelle Rabelo afirwww.sistemafaeg.com.br
Fredox Carvalho
ma que o contato com as crianças que
vivem afastadas de sua família, independente do motivo, faz com que “a
gente olhe para o lado, mesmo com a
correria, e se comova. Faz com que a
gente vista a camisa da luta em prol da
causa, incentive amigos a adotarem e,
acima de tudo, entenda o papel dessa
atitude”. E completa: “todo adulto tinha
que ter um Dia das Crianças como esse.
Amolece o coração da gente e resgata na memória aquela sensação boa
de ser pequeno e ter um lar, se sentir protegido. No final da tarde todos
voltamos no tempo e nos encantamos
com o parquinho. Paramos o tempo
para nos emocionar com um sorriso
todo feito com dentes de leite”, finaliza.
Importância Social
Gestora de Recursos Humanos da
Faeg, Vanessa Benevides afirma que
ações como estas têm o objetivo de
trabalhar o lado solidário dos funcionários. “Me emocionei muito ao
www.senargo.org.br
ver aquelas crianças arrumadinhas
e perfumadas para nos receber. Em
cada olhar carência de afeto, atenção. Contribuir, ainda que de forma
simples, para a vida destas crianças é
contribuir com a nossa. É servir, para
assim tornar a vida melhor”, finaliza.
Assessora de Gestão de Pessoas do
Senar Goiás, Rejane Alves se emociona ao falar do evento e diz que ações
como estas farão, cada vez mais,
parte da instituição. “Foi maravilhoso o empenho de todos, na arrecadação e nas
festas. Uma menina de
11 anos me disse, enquanto segurava uma
sacola de presentes no
abrigo que era o dia
mais feliz da vida dela.
Engoli seco, perdi a
fala e gostaria de ter
respondido a mesma
frase, mas não consegui falar nada”, conclui.
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QUALIDADE
Sanidade:
peça chave para
o sucesso do curral
Médico veterinário defende planejamento
Larissa Mello
Michelle Rabelo | [email protected]
20 | CAMPO
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
D
esde que o mundo é mundo,
ou parasitária - são, muitas vezes, os
a dupla bom e barato faz su-
empecilhos para uma boa fecundação,
cesso. Com o tempo, o bom
pois afetam o aparelho reprodutivo de
ganhou uma alta exigência de qualida-
machos e fêmeas, causando abortos,
de e o barato passou a ser baseado na
repetições de cio e nascimento de ani-
competitividade do mercado. Na pecu-
mais com porte inferior à média.
Manejo da
sanidade no
confinamento
ária de corte não é diferente: para ser
“Precisamos colocar o planejamen-
Que a rentabilidade do criador
bem comercializado, o animal precisa
to sanitário na cultura do pecuarista.
dep ende diretamente do estado
ter características excelentes e um pre-
Ele precisa entender que disso depen-
de saúde dos animais não é se-
ço competitivo. Para o médico veteri-
de a saúde do animal e do seu bol-
gredo para nenhum p ecuarista,
nário e técnico na Zoetis, Elci Rincon
so”, pontua o veterinário, emendando
mas o fato de os prejuízos p o-
Ferreira, assim como para um grupo
um alerta: “Muita gente pensa que
derem ser drasticamente redu-
extenso de profissionais da área, a pri-
no confinamento o animal está mais
meira condição é fundamental para o
seguro. E não é bem assim. No con-
zidos com práticas simples de
sucesso do curral, mesmo quando ele é
finamento, devido ao grande número
um confinamento dos melhores.
de bovinos, há uma maior interação
Elci, que defende o planejamento sanitário como investimento na qualidade
entre os animais e os riscos do aparecimento de doenças aumentam”.
do animal, aponta como principais de-
Apesar de escoar cerca de 20% da
safios do criador de gado corte os cui-
produção nacional de carne, a expor-
dados com a sanidade, com a nutrição
tação é de extrema importância para
adequada, com o manejo correto e com
o país e com a intenção de aumentar
questões genéticas que também podem
as cifras resultantes dos bovinos que
influenciar na saúde bovina. O veteriná-
deixam o Brasil, profissionais como
rio destaca as doenças infeccionas dos
Elci apostam fortemente na medicina
sistemas digestivo, locomotor e respira-
veterinária preventiva, que inclui lim-
tório como as grandes vilãs do curral –
peza e desinfecção do curral, além de
mesmo em um país que se consolidou
vacinação, quarentena e manejo cor-
na última década como potência na ex-
reto dos animais. Tudo feito duran-
portação de carne bovina. As doenças
te 365 dias no ano, e não só quando
infecciosas - de origem bacteriana, viral
um dos animais apresenta-se doente.
manejo, ainda é novidade para
muita gente. O manejo correto
da sanidade tem influência direta e indireta na sanidade das
diversas categorias do rebanho.
Estes procedimentos de manejo
sanitário devem se iniciar antes
mesmo do nascimento, para
garantir um b om desenvolvimento da cria e assegurar uma
adequada vida produtiva e reprodutiva p osterior.
• Treinamento da equipe, que
deve contar com alguns
profissionais especializados;
• D esenho e implementação
Larissa Mello
de um calendário sanitário
específico;
• R ealização diária de
ronda sanitária;
• A tenção aos hábitos
dos animais quanto à
alimentação, porte cor poral,
respiração e perda/ganho
excessivo de peso;
• Identificação precoce do
animal doente, que deve ter
Elci aposta fortemente na
medicina veterinária preventiva
www.senargo.org.br
sua evolução (melhora/piora)
acompanhada de perto.
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FRUTICULTURA
Fredox Carvalho
Antônio Leonel conta que
dificuldade de assistência técnica
especializada no setor é latente
Ameaça à
fruticultura goiana
Dificuldades do setor preocupam mesmo
quem tem tudo para dar certo no ramo
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
22 | CAMPO
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
C
aracterísticas climáticas e de
res que vendem a fruta em
solo favoráveis à fruticultura,
São Paulo e Goiás. Apesar
Goiás tem de sobra: ampli-
de reconhecer o problema,
tude térmica, altitude, terra plana e
não vislumbra outra forma de
disponibilidade de água. Mas esse po-
repassar a produção.
tencial perde um pouco de cor quan-
Outro gargalo é a falta de
do encara as dificuldades do setor. A
mão de obra qualificada. Ele
cadeia produtiva carece de mão de
conta que precisa de 13 fun-
obra capacitada, sofre com os garga-
cionários para o manejo
los logísticos e de comercialização e
e colheita da fruta.
padece com o déficit assistência téc-
Em função da ex-
nica especializada. No mais, há pouco
periência, já pos-
incentivo para pesquisadores do setor.
sui essa mão de
Mesmo com todos esses desafios,
obra disponível,
Goiás ainda consegue despontar na
mas admite que
produção de banana, melancia e la-
muitos
ranja. Já alguns pioneiros encaram a
sofrem com a escassez.
produção de frutas nunca vistas por
essas bandas do País.
produtores
Esses entraves podem
atingir
uma
quantidade
O produtor de banana-maçã do mu-
vultosa de produtores de
nicípio de Itaguarú, Antônio Leonel,
banana em Goiás. São
afirma que a dificuldade de assistência
2.085 produtores insta-
técnica especializada no setor é latente.
lados principalmente nos
Embora tenha experiência de 23 anos
municípios de Uruana, Ita-
na bananicultura, afirma que ainda sofre
guarú, Jaraguá e Pirenópo-
para combater doenças relacionadas à
lis. Segundo informações do
cultura, principalmente, o mal-do-Pana-
Instituto Brasileiro de Geografia
má. Durante alguns períodos, a doença
e Estatística (IBGE), Goiás é o décimo
pode ser responsável pela perda de até
maior produtor de banana do País (veja
40% da produção. “Se tivesse acesso a
quadro na próxima página).
deria somar a minha experiência e me-
Melancia: exportando mão de obra
lhorar a produção”, lamenta. Ele explica
e perdendo no preço
Shutter
um técnico especializado em banana poMas ele conta depois de passar por
que, eventualmente, recebe visitas de
Já o produtor de melancia de Uruana,
um período de preços do quilo da fru-
técnicos, mas afirma que não são espe-
João Neto, conta que não sente
ta excepcional, a cerca de R$ 0,90, os
cializados na produção de banana.
problema de mão de obra capacitada.
produtores da região estão passando
Leonel cultiva 200 hectares da fruta.
Isso porque Uruana contribui, e muito,
por um período de vacas magras. O
Entre os três primeiros anos de pro-
para que Goiás seja o segundo maior
preço do quilo da fruta está a R$ 0,25.
dução da planta, a produtividade mé-
produtor da fruta do País. “Na verdade,
“Abaixo de R$ 0,30 centavos não dá
dia mensal é de 70 caixas por hectare.
a cidade acompanha o ciclo da melancia.
para ter lucro”, diz.
Atualmente, a caixa de 20 quilos é
E exportamos mão de obra para o Sul
Ele diz que toda a produção do mu-
comercializada a R$ 30. Parte da lu-
do País, Tocantins e São Paulo”, diz.
nicípio é vendida para atravessadores
cratividade, entretanto, escorre pelas
João Neto também afirma que não há
e, embora admita que essa forma de
mãos dos atravessadores.
Ele conta
dificuldades com assistência técnica
comercialização possa espremer os lu-
que vende parte do que é colhido para
especializada. Técnicos da Emater, diz,
cros, não enxerga outra saída. Questio-
o Ceasa e outra parte para atravessado-
visitam regularmente a região.
nado sobre a possibilidade da criação
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Em Goiás
Número de
produtores
Total bruto
(R$)
%
Número de
produtores
Total bruto
(R$)
37,14%
2.085
141.232.720,00
3,06%
155
7.193.053,4 4
23,43%
310
52.279.605,00
1,53%
59
1.614.778,00
16,97%
360
82.962.225,00
0,75%
402
6.977.082,00
11,29%
105
71.593.138,00
0,71%
8
11.601.975,00
3,43%
149
3.953.065,20
0,45%
8
11.508.000,00
Fruta
Larissa Melo
%
Larissa Melo
Fruta
Wagner defende a criação de
uma associação ou cooperativa
24 | CAMPO
Novembro / 2014
Alexandro Alves cita a importância
da diversificação da produção
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de uma associação ou cooperativa,
amento é a rodoviária, cujas estradas,
Com isso, o produtor está mais cons-
João Neto é taxativo. “Já fizemos isso
principalmente vicinais, geram demora
ciente em aceitar inovações, monitora-
uma vez e não deu certo. Não tem ou-
na viagem e danificam produtos.
mento de áreas, tratamento, preventivo e análise de solo. “A qualidade da
tra forma de escoar a produção”, diz.
Associação e organização empresarial
Laranja: potencial pode ser mais
fruta melhorou”, diz. Mas ele acredita
explorado
que o potencial de Goiás ainda é pou-
Segundo o presidente da comissão de
Há 12 anos, o produtor de laranjas de
co explorado por falta de informação.
fruticultura da Federação da Agricultura
Palmeiras de Goiás e Pontalina, Almir
“O clima é favorável, a terra é plana e
e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg),
Cavalcante Bastos Filho, observa evolu-
temos água para irrigar”, diz. Mas a
Wagner de Barros Filho, a criação de
ção no setor. “Hoje os produtores estão
logística, para ele, é o ponto mais fra-
associação ou cooperativa é o primeiro
mais abertos a investir em consultoria”,
co. “Antes de planejar é fundamental
passo para fortalecer a classe produtora.
diz. Principalmente após o setor citros so-
que o produtor observe as estradas e
“Tudo o que é feito de maneira isolada
frer uma crise de alta produção em 2002.
pontos de acesso ao mercado”, diz.
perde força”, resume.
Para ele, precisa haver profissionalização e organização empresarial.
João Neto não sente problema
de mão de obra capacitada
Essa iniciativa permite que ele tenha
uma visão mais ampla e acompanhe
os preços nos mercados regional, nacional e internacional.
Wagner admite que, no passado,
muitos produtores foram vítimas de
associações e cooperativas que fracassaram e carregam essa má experiência
até hoje. “Estamos trabalhando essa
questão com os produtores”, afirma.
Essa preocupação está relacionada
também à sazonalidade da produção
aliada a um produto altamente perecível
e sensível. “Ele tem que colher e negociar. Sabendo desse momento de comercialização, entram as mãos pesadas dos
atravessadores”, diz. “O mercado não é
livre como a gente imagina. Há uma forte pressão de distribuidores e atacadistas, o produtor acaba assumindo uma
perda de remuneração das atividades,
descapitalizando o produtor”, arremata.
O assessor técnico da Faeg, Alexandro
Alves, explica que a Federação está incentivando, mesmo em áreas menores, a
Fredox Carvalho
diversificação da produção. “Assim ele
produz o ano todo e não ficam reféns de
oscilações do mercado”, pondera.
Wagner ressalta que há uma carência de alternativas logísticas e de distribuição dos produtos. A rota de escowww.senargo.org.br
Novembro / 2014 CAMPO
| 25
Shutter
Concorrência e sazonalidade dificultam mão de obra
Pelo menos dois motivos levam produtores rurais sofrerem com a escassez de mão de obra: a concorrência com
outras atividades de trabalho no campo (grãos) e a sazonalidade da colheita. Segundo o coordenador dos treinamentos de Fruticultura do Senar Goiás, Leonnardo Cruvinel, ações dos fruticultores podem minimizar essa carência.
Ele afirma que enquanto a
mão de obra masculina migra
para outras atividades rurais, os fruticultores devem aproveitar a mão
de obra feminina. “É
um trabalho que não
exige fisicamente e a
atenção e delicadeza femininas são fundamentais para algumas práticas culturais, identificação de pragas e doenças e colheita de frutas”, diz. Em 2012, dos 102 treinamentos realizados pelo Senar, as mulheres corresponderam a
48% dos participantes.
Leonnardo afirma que em relação ao capital humano, o
produtor precisa ofertar trabalho ao empregado o ano todo.
Para tanto, o produtor deve fazer uma programação estratégica, diversificando a produção e ampliando o calendário
produtivo. “Esse calendário depende muito das condições
ambientais da região e do mercado demandante”, ressalta.
O Senar Goiás atua em treinamentos de Formação Profissional Rural (FPR) na área de fruticultura desde 2002. Foram 1699 ações realizadas e, deste contingente, os cursos
de ‘formação e condução de pomar caseiro’, ‘fruticultura de
banana’ e ‘fruticultura de maracujá’ foram os treinamentos
mais solicitados. Ao longo dos anos, foram treinadas 17.490
pessoas, sendo 61% homens e 39% mulheres.
“A qualidade da fruta melhorou. O clima é favorável, a terra é plana e temos
água para irrigar, mas antes de planejar é fundamental que o produtor observe as
estradas e pontos de acesso ao mercado”, produtor de laranjas, Almir Cavalcante.
Falta de assistência técnica, problemas na energia e comercialização
Jorge explica que a diversificação é boa e que agora buscam
criar polos de produção para ajudar no transporte e logística de
escoamento. Mas salienta que a falta de assistência técnica reflete
até na comercialização. “Os produtores têm dificuldades em planejamento de produção, sem saber o volume temos problemas
para fechar contrato com empresas”, diz.
A região também esbarra na carência de mão de obra especializada, especialmente na colheita de frutas mais exigentes como
maracujá e morango. “Um trabalhador mais qualificado pode até
perceber se existe alguma doença está entrando na cultura”, diz.
Larissa Melo
Larissa Melo
Segundo o vice-presidente da Associação da Central
de Associações de Pequenos Produtores Rurais de Luziânia (Caprul) e da Comissão de Fruticultura da Faeg, Jorge
Meireles, aliado a falta de mão de obra está o fator falta
de assistência técnica.
Ele aponta como problemas déficit de assistência técnica especializada (70%), baixa qualidade da energia
elétrica e comercialização. São 130 produtores de banana e citros (maracujá, laranja, limão, tangerina e acerola), além do início do plantio de morango e graviola.
Para Jorge Meireles,
a falta de assistência
técnica reflete até na
comercialização
26 | CAMPO
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FRUTICULTURA
Falta de pesquisa
trava desenvolvimento
Recursos são mais voltados para outras culturas
Karina Ribeiro | [email protected]
Michelle Rabelo | [email protected]
Especial para Revista Campo
E
m meio aos muitos desafios en-
parada - mesmo com as características
da solicitação emergencial, quando a
frentados pela fruticultura goia-
climáticas e solo favoráveis encontradas
plantação já está comprometida.
na, a falta de investimentos em
na terra da banana e da melancia.
Falta de projetos robustos
pesquisas e a pouca disponibilidade de
Em contrapartida, empresas de pes-
assistência técnica atrapalha, de manei-
quisa alegam que o setor precisa se
Segundo Alexandre Alves, assessor
ra especial, o sono dos produtores. Para
mobilizar e pensar projetos de forma
técnico da Faeg para área de Fruticultu-
eles, assim como para o setor agrope-
organizada. Os responsáveis pela assis-
ra, pesquisas voltadas para o setor são
cuário de forma geral, a necessidade da
tência técnica goiana também dividem
praticamente inexistentes em Goiás.
pesquisa é urgente e a falta dela pode
a responsabilidade com os produtores,
“Os recursos são voltados
travar o desenvolvimento da atividade.
pontuando a necessidade de um pedido
Além disso, os passos lentos com os
precoce de acompanhamento/orien-
quais se disponibiliza assistência técnica
tação em detrimento
em Goiás deve levá-los a seguir com a
Shutter
atividade de forma amadora e despre-
Novembro / 2014 CAMPO
| 27
portância econômica. Percebo que à
fruticultura não é dada a mesma importância”, acentua..
A presidente da Fundação de Amparo à
Fredox Carvalho
para as culturas agrícolas de maior im-
Maria Zaira explica
que desde 2011 foram
empregados mais de R$
200 milhões em pesquisas
e editais universais
Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Maria Zaira Turchi, afirma que o setor agropecuário tem sido bastante contemplado
nos editais da fundação. Mas em relação à
fruticultura, são pesquisadores individuais,
sobretudo de frutos tipicamente do Cerrado. “Mas não recebemos projetos mais
robustos, com ações estratégicas dessa
área. Caso o setor se mobilize e organize,
serão bem acolhidos”, afirma. Ela explica
que desde 2011 foram empregados mais
co técnicos com especialização em fru-
assistência técnica, onde muitas vezes já
de R$ 200 milhões em pesquisas e editais
ticultura e admite que este contingente
não há o que fazer”, afirma. Ele orien-
universais (que abrange várias áreas).
é insuficiente para atender a demanda
ta produtores a monitorar diariamente
Ela admite que nos primeiros anos de
de Goiás. “Estamos aguardando autori-
a lavoura para observar algum tipo de
Fundação, foram realizados poucos edi-
zação do Governo Federal para realizar
enfermidade ou deficiência.
tais em função da falta de recursos. Por
concurso público para contratação de
isso, houve uma demanda reprimida.
técnicos, mas a instituição tem promovi-
“Mas hoje o cenário está melhor”, diz.
do cursos de capacitação”, afirma.
Experimento em parceria
Depois de analisar todas as dificulda-
Ela explica que esse continuísmo de in-
Vagner diz que a assistência técnica
des do setor, o produtor e sócio proprie-
vestimentos deve contribuir também para
prestada pela Emater em fruticultura é
tário da empresa Brava, Edson Carlos
melhorar as condições de infraestrutura
basicamente para agricultores familiares.
da Silva, explica que em parceria com
dos laboratórios de pesquisa no Estado.
Ele explica que, em geral, a maioria pra-
o consultor em fruticultura, Theodorus
tica atividade de forma amadora. “Eles
Daamen, resolveu desenvolver um grupo
Técnicos da Emater são insuficientes
conduzem seus pomares até apresenta-
de estudo para mitigar os problemas da
O engenheiro agrônomo da Emater,
rem algum tipo de dano significativo e
fruticultura e explorar o potencial do se-
Vagner Silva, afirma que são apenas cin-
nessa fase eles lembram e recorrem à
tor no município de Cristalina. Para tan-
Fredox Carvalho
to, trabalham em uma área experimental
Vagner explica que a
assistência técnica prestada
pela Emater em fruticultura
é basicamente para
agricultores familiares
de 10 hectares, do proprietário Edilson
Daniele. No local, existem pés de pêssego, maçã, nectarina, caqui, ameixa,
laranja, limão, abacate, uva e tangerina.
No projeto foram feitas análises do
processo inicial, produção e finalização
(comercialização).
“Primei-
ro foi o preparo do solo, viabilidade econômica e mão de obra”, diz
Edson Carlos. Para sanar a carência
de trabalhadores, o grupo realizou
convênios com escolas técnicas não
só para treinar o profissional, mas
também para descobrir a aptidão
de cada um. Durante o processo de
28 | CAMPO
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
produção, eles primam pela consul-
do consumidor e assumimos parte
e pêssego. Em breve, com a conso-
toria de 40 anos de experiência de
da comercialização. Tudo decidido
lidação das chuvas, inicia o plantio
Daamen. Para a comercialização, já
em grupo”, afirma. O foco é vender
de uva e maçã. Edson admite que o
estão construindo um local de clas-
a produção em Brasília.
investimento inicial é alto, entre R$
20 mil e R$ 25 mil por hectare. O
Ele explica que a comercializa-
Tanto que Edson já investiu em uma
retorno começa após três anos. “O
ção foi a maior discussão do grupo.
área própria de 15 hectares – com
retorno de um hectare de fruta equi-
“Procuramos saber se existia merca-
o plantio direto de atemóia, goiaba
vale a 30 hectares de soja”, calcula.
Larissa Melo
As perspectivas são favoráveis.
Larissa Melo
sificação de frutas.
Edson Carlos desenvolveu
um grupo de estudo para
mitigar os problemas da
fruticultura
Diversificação de produção pode ser viável
Para o assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves,
de Estados do Nordeste que nem sempre é qualificada.
toda essa preocupação e análise são pertinentes. Isso
Ele ressalta que essa é uma situação perigosa. “Muitos
porque, além do investimento alto, as áreas de produ-
aliciadores de mão de obra disponibilizam trabalhado-
tores de frutas em Goiás costumam ser pequenas. “Ele
res para os fruticultores e depois os levam à justiça”,
fica por muitos anos com a área instalada porque o in-
afirma. Além disso, esse tipo de profissional pode gerar
vestimento é alto e ele precisa tocar o negócio”, diz. Ele
perda de produção e qualidade do produto.
explica que a Federação está incentivando, mesmo em
Ele explica que a Faeg trabalha para que os produtores
áreas menores, a diversificação da produção. “Assim
criem associações e cooperativas, além de buscar que
ele produz o ano todo e não ficam reféns de oscilações
a Lei Estadual 17.041, de incentivo à fruticultura saia
do mercado”, pondera.
do papel. A matéria visa fomentar a produção, indus-
A iniciativa do grupo de Cristalina deve impedir pro-
trialização, comercialização e o consumo de frutas em
blemas futuros entre os produtores da região. Em geral,
Goiás. “O escopo da lei atende per feitamente o setor,
Alexandro conta que há uma importação de mão de obra
mas não foi efetivada em Goiás”, lamenta.
www.senargo.org.br
Novembro / 2014 CAMPO
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CAPACITAÇÃO RURAL
Os filhos do Gongomé
Comunidade rural de Itaberaí sobrevive de
produção local e almeja criar Escola Ambiental
Catherine Moraes | [email protected]
N
Fredox Carvalho
a época em que as salas de
aula ainda misturavam alunos
de diversas idades, e que o mobral ainda estudava à luz de lamparina,
começava a se formar o povoado Gongomé. No início, com uma igreja e uma
escola rural, o local era visto apenas
como moradia para trabalhadores das
propriedades vizinhas. Hoje, o Gongomé é um lar. São dez famílias que
vivem da agricultura de subsistência e
cultivam um sonho, amparado pelo Senar Goiás: criar uma Escola Ambiental.
Antes de 1950, quando os produtores
deixaram de abrigar os trabalhadores
dentro de suas propriedades, um dos fazendeiros doou parte das terras para que,
no local, fosse formada uma comunidade.
A data de início é incerta, mas a escritura
foi assinada em 1948. A primeira construção foi a igreja de São João Batista, que
ainda permanece de pé e é usada não só
para os pedidos, mas para os agradecimentos de graças recebidas.
Filha de uma das primeiras professoras, Anésia Rodrigues de Carvalho
hoje com 44 anos, dá continuidade
ao projeto da família. “Minha mãe era
merendeira de uma escola e morava no
povoado de Santa Rita aqui ao lado.
Em 1967 ela passou em um concurso
e começou a trabalhar como professora
do Grupo Escolar do Gongomé. A lista
de chamada tinha mais de 30 pessoas e
a faixa etária variava entre pré-alfabetização e quarta-série, todos na mesma
sala. À noite era hora do mobral para os
adultos da comunidade. Ela lecionou até
1985, à luz de lampião quando tinha gás
e lamparina quando não tinha”, afirma.
30 | CAMPO
Novembro / 2014
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das de árvores nativas, ele mesmo ajudou
a plantar há mais de 20 anos e, com orgulho, mostra as árvores de ipê, cedro, jatobá, mogno. “Tem até a madeira Teca, usada para fazer navios e a pata-de-vaca, que
ajuda no tratamento da Diabetes”, sorri.
A perda de um irmão
Jornalista, Salomão Wenceslau construiu carreira em Tocantins, mas não abandonou o povoado do Gongomé. Ajudava
financeiramente e lutava pelo projeto da
dele. A própria senadora Kátia Abreu o
elogiou e pediu que a gente procurasse o Senar Goiás. E foi aí que eu tive
a certeza: não ia deixar esse projeto
acabar”, Conta Anésia, emocionada ao
lembrar do irmão.
Morador da comunidade há 11 anos,
Juarez Bastos, 79, afirma que ficou com
dó de Salomão e que o jornalista era
amado e respeitado na comunidade. “Fiquei 33 anos em uma fazenda e a idade
não permitia mais. Aqui, fui acolhido”.
Fredox Carvalho
Anésia, a mais nova de cinco irmãos,
lembra que a merenda, nesta época, já era
plantada pela comunidade. Isto porque,
segundo ela, o Gongomé ficava isolado
e se o alimento viesse de outro município chegava estragado. “Eu me lembro
que meu pai plantava arroz na lavoura do
Estado e muitos alunos vinham de longe
para almoçar com a gente”, se emociona.
O tempo passou e o grupo escolar
foi desativado. O pai de Anésia faleceu,
a mãe se aposentou e mudou-se para a
cidade. Os irmãos já estudavam, tinham
casa e voltavam para o Gongomé no final de semana. Apesar disso, Anésia e o
irmão Salomão Wenceslau tinham outros
planos. Eles queriam ajudar a comunidade local e tiveram a ideia de fundar uma
Escola Ambiental. Com isso, além de
garantir mais qualidade de vida à população, escolas de municípios vizinhos poderão visitar as propriedades e conhecer
a vida do campo.
Mão na terra
Em 2008 o terreno foi preparado e a
correção do solo feita. Coroamento, adubação e aplicação de inseticida vieram
depois. No total, mais de 4 mil mudas
de 42 espécies de frutas foram plantadas.
Entre os cultivos: abacate, sidra, laranja,
limão, araçá, murici, cajá, ingá, jabuticaba, pitanga, pequi, jaca e caju.
Adriano da Silva, de 57 anos, conta que
nasceu e foi criado no Gongomé. As muwww.senargo.org.br
Escola Ambiental. Em setembro passado
(2013), a irmã Anésia decidiu fazer uma
grande festa e reunir amigos de infância,
familiares e possíveis parceiros do programa para o lançamento oficial do local. As
obras ainda estão no início, mas o objetivo
era mostrar o que ainda será feito.
A data foi marcada, os convites entregues, e em 20 de setembro de 2013 mais
de 200 pessoas se reuniram no Gongomé. “A data era uma forma de fazê-lo
comemorar o aniversário em Goiás. Salomão morava em Tocantins desde 1989.
Vieram até repórteres”, conta Anésia.
A notícia triste, entretanto, veio em
seguida. Salomão passou o dia 20 com
os amigos e no dia seguinte passou em
Goiânia para fazer uns exames. Ele voltou para o Tocantins e morreu no dia
25, aos 54 anos, após um enfarte. “No
mesmo ano fomos ao Tocantins para o
Prêmio de Jornalismo da Federação de
Agricultura e Pecuária que teve o nome
Fredox Carvalho
Mulheres moradoras do
Gongomé participaram de
curso de produção de doces
Juarez e Adriano, moradores
do povoado, se orgulham de
árvores plantadas
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Fredox Carvalho
Fredox Carvalho
Anésia fala, com carinho,
sobre a comunidade
Marta afirma que cursos
possibilitam renda
Senar Goiás e a capacitação
Depois da morte do irmão, Anésia que já mora na
capital decidiu procurar o Sindicato Rural de Itaberaí
para conhecer um pouco mais sobre o trabalho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar
Goiás). “O Senar, a Faeg e a CNA são uma família. Eu
não conhecia o Senar ou o Sindicato Rural, achava que
eles eram somente para os grandes produtores. Eu fui
ao Sindicato e a mobilizadora Liliane nos recebeu de
braços abertos”, diz.
O primeiro curso realizado foi o de Administração Rural em regime de economia familiar. O segundo, doces, incluindo compotas e cristalizados. “Na
comunidade tem muita gente com algumas vaquinhas, produzem leite, vão se virando com o susten32 | CAMPO
Novembro / 2014
to e muitos dependem do Bolsa Família e não querem permanecer assim pra sempre”, afirma Anésia.
Uma das participantes, Marta Alves Braz, de 50 anos,
afirma que o aprendizado foi muito valioso e vai ajudá-la a alimentar a família. “Na minha casa hoje produzimos diversas coisas. Tiramos uma média de 50 litros
de leite por dia, fazemos doce, queijo e eu também faço
crochê. Tenho câncer e não tenho mais intestino. O uso
da bolsa dificultou o trabalho e eu sempre vendia na feira. Agora tive que pensar em outra forma de me manter.
Crio frango caipira melhorado, e com o curso de doces,
vejo uma nova opção de renda”, completa.
O próximo curso será o de processamento de peixes e os
moradores já esperam ansiosos por mais conhecimento.
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DELÍCIAS DO CAMPO
Suspiros Caseiros
INGREDIENTES:
PREPARO:
1 copo de claras de ovos
500 gramas de açúcar
1 colher de sopa de caldo de limão
Leve em banho-maria sem parar de misturar a clara com
o açúcar, deixe derreter até virar um caldo mole. (Cuidado
para não cozinhar as claras). Bata as claras até que dobrem
de volume (neve) e depois adicione o caldo do limão coado. Deixe bater bem.
Dica: O segredo é retirar da forma
quando estiver firme.
* Receita elaborada instrutora de
Unte uma forma com óleo, coloque o suspiro em um saco
de confeitar e faça pitangas na forma untada. Asse em forno
médio (150ºC) por uns 5 minutos para dourar levemente.
Produção de Doces, Eva Machado.
Larissa Melo
Envie sua sugestão de receita para
[email protected] ou ligue
(62) 3096-2200
CASO DE SUCESSO
“Quando alguém acredita
no seu sucesso, te dá um
voto de confiança e você se
esforça, você vence. Eu já
fazia artesanato, mas não
era como hoje, tão real. Depois do Senar mudou muito.
Eu sabia que tinha talento,
mas alguém precisava confiar em mim. Deus nos dá o
apoio, mas ele usa alguém.
O Senar fez isso comigo, ouviu a voz de Deus”.
Ayla Maria de Carvalho
Fredox Carvalho
Agora, Ayla Maria
pretende abrir uma loja
Transformação
que passa de mãe
para filho
Artesã se profissionaliza em técnica e administração
Catherine Moraes | [email protected]
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Fredox Carvalho
uma oportunidade assim e abracei com
todas as forças. Eu subi um degrau na
minha vida e hoje tenho meu sustento.
O primeiro curso foi de artesanato com
palha de milho, mas agora faço também
sobre empreendedorismo, para dar
preço aos meus produtos”, completa.
As mãos que se uniram
Miriam Carvalho é funcionária da
prefeitura, atua como coordenadora do
Pronatec em Luziânia, mas o trabalho
realizado por ela ultrapassa as fronteiras do cargo. Querida na cidade,
ela informa aos moradores sobre as
possibilidades quando o assunto é a
cartela de cursos ofertada pelo Senar
Goiás em parceria com o Sindicato.
“Sou funcionária da prefeitura, mas
apaixonada pelo Senar. A Ayla foi uma
dessas conquistas e dá orgulho vê-la
trabalhando e testemunhando seu
sucesso”, pontua.
Depois de convencida a participar
do curso foi a hora de conhecer Marcilene de Souza Suriano, instrutora do
Senar Goiás na área de artesanato.
“Eu sou uma história de sucesso do
Senar Goiás. Eu era assentada e um
mobilizador ‘chato’ insistiu para que
eu participasse de um curso de artesanato. Eu andava todos os dias 30
km a pé para fazer o curso e há seis
anos sou instrutora, tenho um emprego e multiplico sucesso”, se alegra.
Fredox Carvalho
A
yla Maria era artesã, trabalhava
em casa, não sabia quais critérios usar para dar preço aos seus
produtos e faltava-lhe um pouquinho de
técnica. Por meio do Sindicato Rural e da
prefeitura de Luziânia ela soube dos cursos realizados em parceria com o Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
Goiás e a vida foi se transformando, pouco a pouco. O primeiro deles envolvia a
fabricação de flores com palhas de milho,
depois palhas de bananeira e os materiais
utilizados foram se multiplicando: isopor,
tecido, papel, materiais recicláveis... Hoje,
com pretensão de abrir uma loja, ela domina administração e vira madrugadas
para conseguir entregar as encomendas.
Moradora de Luziânia, Ayla é casada e mãe de dois filhos: Queren Hapuque, 9 anos e Ezequiel, 11 anos,
para quem repassa o aprendizado
adquirido por meio dos cursos do Senar. Além de ajudar na fabricação das
encomendas, os dois almejam ganhar
o próprio dinheiro e surpreendem a
mãe. “Outro dia Ezequiel me disse
que tinha pegado uma encomenda e
que ele mesmo ia fazer. No último dia
das mães meu filho fez uma caixinha
usando papel e tecido. Ele mesmo
criou. Se eu tivesse ganhado um carro não tinha ficado tão feliz, não teria
tanto valor”, sorri a mãe orgulhosa.
“Fazer o curso do Senar Goiás foi muito especial porque eu nunca tinha tido
Marcilene também se emociona ao falar de Ayla e afirma que “ela
despertou para o artesanato e aperfeiçoou o que ela já sabia. Tem muito degrau ainda para subir”, finaliza.
Próximo passo: a loja
A artesã conta que às vezes chega a
ser parada na rua para receber encomendas. As ocasiões, diversas, incluem casamento, aniversários de 15 anos, batizados, chás de panela e o que mais houver
demanda. Satisfeita e de peito cheio ela
afirma que abraçou a oportunidade e que
teve o prazer de conhecer o Sindicato Rural e a Miriam Carvalho, servidora municipal que fez com que o elo acontecesse.
“Hoje eu tenho muitas ideias, planejo montar minha lojinha. Meu esposo
também me apoia e agora consigo ajudar em casa. A capacitação é preciso
sempre. Não quero deixar a oportunidade passar. Não desista dos seus sonhos. Eu tive coragem de dizer que eu
era capaz, que posso vencer e ter sucesso. Abrace com garra as oportunidades
que a vida te dá. Se você não começou,
dê o primeiro passo!”, finaliza Ayla.
Os interessados em treinamentos e cursos do Senar, em Goiás, no
município de Luziânia devem entrar
em contato com o Sindicato Rural
pelo telefone: (61) 3621-1060.
www.senargo.org.br
Novembro / 2014 CAMPO
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FRUTICULTURA
Fruticultura do
Cerrado: opção de
trabalho e renda
Shutter
Luiz Fernando Rodrigues | [email protected]
EM OUTUBRO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL*
42
Na área de
agricultura
139
07
Em atividade
Na área de
de apoio
silvicultura
agrossilvipastoril
00
Na área de
extrativismo
11
14
Em
na área de
agroindústria aquicultura
111
31
na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
A
produção de frutos no Brasil
tem se tornado cada vez mais
importante sob os aspectos
econômicos e sociais, principalmente
por representar uma riquíssima fonte
de nutrientes para os consumidores.
Para desenvolver ainda mais o setor,
o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar) Goiás disponibiliza para
produtores, trabalhadores rurais e demais interessados o treinamento de
Formação Profissional Rural de Fruticultura do Cerrado. Criado em 2010,
o curso incentiva o reflorestamento e
a utilização do extrativismo sustentável, além de proporcionar o cultivo
de produtos variados na propriedade,
diminuindo a dependência de apenas
um setor produtivo.
Durante o treinamento, os interessados devem adquirir conhecimentos referentes ao cultivo, semeadura,
tratos culturais, manejo de pragas e
doenças, colheita, embalagem, ar-
mazenagem e a comercialização das
frutas. Além disso, o treinamento
proporciona a realização de um planejamento para o cultivo das fruteiras do Cerrado mais produtivas e
comerciais e como poderá ser feita
a formação e a aquisição de mudas.
Segundo o coordenador do curso, Leonnardo Cr uvinel, mais de
90 0 p essoas já participaram do
t reinamento e 53% desse total
são do sexo feminino. “Isso demonst ra o interesse das mulheres
do camp o no cultivo de fr utas do
bioma Cerrado, promovendo maior
opção de t rabalho e renda pra família r ural”, comenta.
Os eventos p ossuem cargas horárias de 24 horas e tem o máx imo
de 16 vagas p or curso. Os t reinamentos são certif icados e, para
isso, o aluno deve ter, no mínimo,
80% de frequência e apresentar
uma média satisfatória.
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo
Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site
www.senargo.org.br
*Cursos promovidos entre os dias 26 de setembro a 25 de outubro
CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
27
11
02
09
32
0
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato
Educação
para
consumo
4.353
PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
CAMPO ABERTO
Sanidade animal: área da
Medicina Veterinária que
cuida da saúde do rebanho
Thiago Souza | [email protected]
O
Brasil é um país com proporções con-
Estados Unidos da América erradicou o carrapa-
tinentais. Nosso rebanho já ultrapassa
to do bovino e o mesmo pode ser dito com re-
a marca de 200 milhões de cabeças, o
lação à brucelose na Grã-Bretanha, Dinamarca,
maior rebanho comercial de bovinos do mun-
Finlândia, Suécia, Noruega, Áustria, Alemanha,
do. Somos líderes nas exportações e vendas em
Holanda e Luxemburgo entre outros.
mais de 180 países. Agora, o objetivo da pe-
Contudo, além de programas governamentais
cuária brasileira está sendo trabalhar por uma
que orientam o sistema de produção, também há
melhor qualidade de nosso produto ofertado.
formação profissional voltada à prática da Medicina
Tamanha globalização atual disponibiliza
Veterinária Preventiva. Estes profissionais podem
cada vez mais conhecimento para a sociedade
orientar produtores a reduzirem o prejuízo econô-
que, consequentemente, exigem produtos com
mico causado por enfermidades como cisticercose,
padrões superiores qualidade. Vivenciamos in-
brucelose, tuberculose, leptospirose, ectoparasitos,
cessantes embargos sobre o produto brasileiro,
raiva, diarreia dos bezerros, helmintoses, tristeza
hora por questões sanitárias, hora por resíduos
parasitária bovina e outras ainda hoje existentes
de medicamentos. Muito se perde financeira-
em grande parte dos rebanhos, onde mesmo após
mente para contornar cada evento deste.
realizar tratamento medicamentoso, a enfermidade
Haroldo Cardoso
No entanto, alguns embargos poderiam ser
evitados se o produtor brasileiro atentasse mais
se mantém prevalente por falta da adoção de medidas preventivas.
à Sanidade Animal. Existem normas e regras
Por fim, a Organização Mundial de Sanidade
que estabelecem a adoção de medidas preven-
Animal (OIE) promoveu em 2011, juntamente
tivas no sistema produtivo. Estas foram estabe-
com outras organizações internacionais (FAO,
lecidas após exaustivos trabalhos de pesquisa
OMS e Unesco) a campanha “Um mundo, uma
científica. O Programa Nacional de Controle e
saúde”, que leva seguinte mensagem: Para as
instrutor do Senar
Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCE-
doenças, não há separação entre o homem, os
Goiás para turmas
BT), Programa Nacional de Controle da Raiva
animais e o meio ambiente. Desta forma, re-
Inseminação Artificial,
dos Herbívoros (PNCRH) e o Programa Nacio-
alizar investimentos em Medicina Veterinária
mestre em Sanidade
nal de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) são
Preventiva para os nossos animais, não visa
exemplos disso.
apenas beneficiá-los com melhores condições.
Thiago Souza
é médico veterinário,
do Pronatec e
Animal, Higiene
e Tecnologia de
Alimentos e possui
especialista em
Sanidade Animal
pela UFG.
38 | CAMPO
Foi utilizando-se ferramentas semelhantes a
Tal atitude reflete em nossa própria saúde, pois
estas que conseguimos erradicar a peste bovina
dividimos o mesmo espaço, compartilhamos os
no globo terrestre. Portugal erradicou a raiva, os
mesmos recursos e vivemos no mesmo planeta.
Novembro / 2014
www.sistemafaeg.com.br
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2014-11-novembro