Qualidade Pós-Colheita de Melão Amarelo cv. Gold Mine Cultivado Organicamente. Diana F. de Freitas1; Maurício de Oliveira1; Antônio Roberto B. de Moura2; Franciscleudo B. da Costa3; Adriano do N. Simões3 1ESAM – Departamento de Solos e Geologia, Km 47 da BR 110, Costa e Silva, C. Postal 137, cep.: 59.625-900, Mossoró-RN. E-mail: freitasdf @hotmail.com 2 Consultor Mil Folhas- Consultoria em Agricultura Orgânica e Biodinâmica-LTDA 3UFV – Departamento de Biologia Vegetal, cep: 36.570-000, Viçosa-MG. RESUMO Objetivou-se avaliar a qualidade de melão amarelo cv. Gold Mine, produzidos com base na agricultura orgânica nas localidades: Rancho do Pereiro, Poço Baraúna e Catingueira todos no município de Baraúna-RN. Utilizou-se 8 repetições de dois frutos por parcela e após 60 dias do plantio, foram levados a Escola Superior de Agricultura de Mossoró-RN, ESAM. Certa quantidade de frutos foram avaliados no tempo zero, e outra após 30 dias de armazenamento em condições de 10 ºC e 90 ± 5% UR. Avaliou-se a firmeza de polpa (N), perda de massa (%), sólidos solúveis totais (%), aparência externa e interna. A localidade de Catingueira apresentou características menos favoráveis em relação à aparência externa e interna, e maior perda de massa, no final do armazenamento. A firmeza de polpa nas três localidades apresentaram valores altos equivalendo a plantios convencionais, embora que, os sólidos solúveis totais apresentaram valores indesejáveis para mercados mais exigentes como o Europeu. PALAVRAS-CHAVE: Cucumis melo, armazenamento, vida de prateleira, produção orgânica. ABSTRACT Postharvest Quality cv. Gold Mine Yellow Melon Organicmentley Crops. The propouse of this research was examine the postharvest quality cv. Gold Mine yellow melon, produce organicmently in the locality: Rancho do Pereiro, Poço Baraúna and Catingueira in Baraúna-RN. Eight replications with one fruit per plot were utilized. After 60 days of crop, the fruits carried out at Escola Superior de Agricultura de Mossoró-RN, ESAM and fruits quantity were valuables and the other part were stored in conditions 10 ºC and 90 ± 5% UR., for 30 days. Evaluations were flesh firmness (N), weight loss (%), totals soluble solids (%) and external and internal appearances. The Catingueira locality presented external and internal appearances worse and high water loss in the last storage, the flesh firmness were semblance and high in the thee locality equivalent conventional crop, although the totals soluble solids presented low value to European market. KEYWORDS: Cucumis melo, storage, shelf life, organic produce. O cultivo do melão no Estado do Rio Grande do Norte tem aumentado em decorrência das crescentes exportações. Em virtude desse fato, há acréscimos na utilização de insumos, tais como, fertilizantes agrícolas e inseticidas. A aplicação excessiva desses insumos, além dos problemas ambientais e ecológicos, contribuem diretamente causando em muitos casos, a inviabilidade econômica da atividade (Barbiere, 2002). Com o aumento do interesse dos consumidores por produtos agrícolas oriundos de sistemas de produção afins aos princípios do desenvolvimento sustentável, têm surgido experiências de produção orgânica (França, 2002). Logo, o objetivo deste trabalho é de verificar a qualidade pós-colheita de frutos de melão amarelo cv. Gold Mine cultivados organicamente. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em três áreas de assentamentos de reforma agrária no município de Baraúna-RN: 1- (Rancho do Pereiro); 2 - (Poço Baraúna) e 3- (Catingueira). O melão foi cultivado sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes de alta solubilidade, empregando os princípios da agricultura biodinâmica. Os frutos foram colhidos com 60 dias após o plantio, levados para o Laboratório de Química e Tecnologia da ESAM-Mossoró/RN. As avaliações foram realizadas imediatamente após a chegada dos frutos e após 30 dias de armazenamento às condições de 10 ºC e 90 ± 5 % de UR. Em cada época de avaliação, utilizaram-se oito repetições de dois frutos por parcela. Avaliou-se a firmeza da polpa, expresso em Newtons (N); perda de massa (%); sólidos solúveis totais (%); aparência externa (AE) e interna (AI) de acordo com Gomes Júnior et al. (2001). Os resultados foram comparados com base nas médias, seguidos dos respectivos desvios padrões. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a característica de firmeza de polpa imediatamente após a colheita, nas localidades de Rancho do Pereiro (1) e Poço Baraúna (2) apresentaram resultados semelhantes (cerca de 30 N), enquanto que em Catingueira (3) seus valores foram menores, em torno de 25 N (Figura 1A). Após 30 dias de armazenamento ocorreu uma redução nos valores de firmeza próxima a 18 N em todas as localidades (Figura 1A). Sendo esta a tendência geral dos frutos, durante o armazenamento de melão, devido, principalmente, à hidrólise de polissacarídeos da parede celular e à degradação enzimática de compostos pécticos da lamela média (Salunke e Desai, 1984). Simões (2001) também observou redução da firmeza da polpa para o melão amarelo ‘Gold Mine’ trabalhando no sistema convencional. A perda de massa dos frutos foi semelhante para as três localidades, embora que em Catingueira, observou-se valores maiores, próximos a 2,5% (Figura 1B). Dantas (2001) e Simões (2001), observaram perda de massa próximos a 2,0% em melão amarelo a 10 ºC por 28 dias. A perda de massa destes frutos não influenciou a aparência externa e sim a presença de fungos pós-colheita. E de acordo com Menezes et al. (1995) a perda de massa só compromete a aparência externa em melão amarelo a partir de 6,0%. Em relação aos sólidos solúveis imediatamente após a colheita, a localidade de catingueira apresentou maior conteúdo, embora os desvios não diferiram das demais localidades (Figura 1C). Após 30 dias de armazenamento seus valores tenderam a aumentar, embora não significativamente para as localidades de Poço Baraúna e Catingueira (Figura 1C), podendo ser devido a maior perda de massa verificado na Figura 1B nas respectivas localidades. Já na localidade de Poço Baraúna seus valores tenderam a diminuir, o que também é verificado por Menezes et al. (1995). As aparências externa e interna mostraram-se, respectivamente, reduções nos seus valores, chegando a atingir notas menores que 3,0 (30 dias) na localidade de Catingueira (Figura 1D e 1E). Notas inferiores a 3,0 é considerada por Gomes Júnior, et al. (2001), frutos imprestáveis para o consumo humano, apresentando somente a localidade de Catingueira este patamar. Apesar das três localidades terem sido submetidas à mesma adubação orgânica, no geral, a Catingueira foi a que apresentou após 30 dias de armazenamento (período próximo ao consumo considerando características desagradáveis de aparência externa e interna. mercado Europeu), Portanto, é promissor o uso de adubações orgânicas, visto que, somente a característica sólidos solúvel não foi muito satisfatória, mas com maiores estudos no manejo da cultura, poderá se obter melhores resultados. LITERATURA CITADA BARBIERE, D. M. Variabilidade espacial de P, K Soma de bases em um Latossolo Vermelho Eutróferrico sob cultivo de cana-de-açúcar. In: Congresso Brasileiro de Ciência do solo, Rio de Janeiro, 08 a 13 de setembro de 2002, Anais, p. 28, 2002.(Resumo). DANTAS, V. A.; PRAÇA, E. F.; MORAIS, E.A.; SIDOU, T.C.; SOUZA, P. A.; GUIMARÃES, A. A. Qualidade pós-colheita de melão ‘Gold Mine’ produzido com adubação orgânica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, suplemento CD-ROM, julho, 2001. FRANÇA, S. de C. Atividade Microbiana do solo em dois sistemas de produção de plantas cítricas: convencional e orgânico. In: Congresso brasileiro de ciência do solo, Rio de Janeiro, 08 a 13 de setembro de 2002, Anais, p.50, 2002.(Resumo). GOMES JÚNIOR, J.; MENEZES, J. B.; NUNES, G. H. S.; COSTA, F. B.; SOUZA, P. A. Qualidade pós-colheita do melão tipo cantaloupe, colhido em dois estádios de maturação. Horticultura Brasileira. Brasília, v.19, n.3, p.357-360, novembro 2001. MENEZES, J. B.; CHITARRA, A. B.; CHITARRA, M. I. F.; CRVALHO, H. A. de. Caracterização pós-colheita do melão amarelo ‘Agroflora 646’. Horticultura Brasileira, Brasília, v.13, n.2. p. 150153, 1995. SALUNKHE, D. K.; DESAI, B. B. Postharvest biotechnology of fruits. Boca Raton: CRC Press, v 1, p. 77-93, 1984. SIMÕES, A. N. Armazenamento refrigerado de dois híbridos de melão amarelo ‘Gold Mine e Gold Pride’, submetidos ao retardamento da colheita. 2001. 35 p. Monografia – Escola Superior de Agricultura de Mossoró. Mossoró-RN, 2001. AGRADECIMENTOS: Às Fazendas pela concessão dos frutos e a Ameropa pelo apoio financeiro. A B C D E Figura 1- Firmeza da polpa (A); Perda de massa (B); Sólidos solúveis Totais (C); Aparência externa (D) e Aparência interna (E), de frutos de melão amarelo ‘Gold Mine’ cultivados Pereiro; nas 2-Poço localidades: Baraúna e 1-Rancho do 3-Catingueira. Avaliados imediatamente após a colheita (☐) e 30 dias após em condições de 10 ºC e 90 ± 5% UR ( ) Mossoró-RN.