Marabá/Nova Ipixuna, 21 de maio de 2012. limo. Sr. EDSON BONETTI. RÍCEBÍDO TOCOU)/INCRA-SR (2" ! Superintendente do INCRA de Marabá. Senhor Superintendente, Frente à iniciativa do INCRA de troca dos lotes ocupados por José RodriguesoMoreira (mandante do assassinato do casal de extrativistas em Nova Ipixuna), por lotes em outro assentamento, esclarecemos: 1 - De acordo com informações dos inquéritos (PF e Polícia Civil) que apurou o assassinato de José Cláudio e Maria, em outubro de 2010, José Rodrigues comprou ilegalmente uma área de 144 hectares, no interior do PAE Agroextrativista Praia Alta Piranheira. Essa área foi adquirida, anos antes, por Neusa Santis, cartorária de Marabá e cadastrada no INCRA em nome de "laranjas" (Juliete Teixeira de Sousa, Vera Lúcia Morais Santis e Dorival de Jesus). Neusa Santis, através desses "laranjas" teria vendido toda a área a José Rodrigues pelo valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). José Rodrigues tentou cadastrar uma dessas áreas em seu nome e outra em nome de sua sogra Maria de Jesus Costa Nery 2 - Quando José Rodrigues comprou as áreas, uma delas, encontrava-se ocupada por três famílias, há cerca de seis meses: José Martins, Raimundo Tadeu e Edvaldo Ribeiro. Essas três famílias contavam com apoio de José Cláudio e Maria para permanecerem no lote. 3 - Em depoimento prestado perante o juiz, após ter sido preso, José Rodrigues afirmou que pegou 100 bezerros para criar à meia e trocou uma caminhonete em outras 29 cabeças de gado. Esse rebanho era pra ser criado nessas áreas que ele comprou. Por isso, buscou de todas as formas expulsar as três famílias do lote. Sem ordem judicial, conseguiu levar uma equipe de policiais de Nova Ipixuna até o local e despejar ilegalmente as famílias. 4 - Com apoio de José Cláudio as famílias retornaram novamente para os lotes. Fato que levou José Rodrigues a planejar a morte de José Cláudio. Para isso, contou com o auxílio de Lindonjonson seu irmão. O casal foi assassinado no dia 24 de maio de 2011. 5 - Com o assassinato do casal, José Rodrigues teve que fugir do local para não ser preso. Mas deslocou outros parentes seus para tentar segurar os lotes. Pessoas estranhas passaram andar nas proximidades da casa das três famílias que ocupavam metade da área. Com medo, sem o apoio dentro do assentamento, as famílias decidiram abandonar os lotes. 6 - Com a saída das famílias dos lotes, Zé Rodrigues mandou que parentes seus, coordenados por seu cunhado de nome CARMIM, passassem a ocupar toda a área. De fato, o cadastramento feito pelo INCRA no Assentamento encontrou duas famílias residindo nos lotes. Mas, de acordo com denuncias feitas por pessoas de dentro do assentamento, essas famílias não passam de "laranjas" de José Rodrigues para garantir o lotes para ele e evitar a retomada que o INCRA ameaçou fazer. O conjunto de documentos que comprovam o alegado acima, seguem em anexo. Frente à situação exposta, a FETAGRI regional, a CPT de Marabá, o STR de Nova Ipixuna e a Associação APAEP, reafirmam: a) Somos contra a proposta em curso de troca de lotes, pois, agir assim é legitimar o processo ilegal de venda de lotes em assentamento e, ainda mais grave, é premiar o mandante do assassinato brutal de duas lideranças; b) Defendemos que os lotes sejam destinados a famílias sem terra que sejam comprometidas com o extrativismo e a defesa da floresta; c) Compreendemos que a situação requer uma retomada administrativa URGENTE, pois, além de terem sido objeto de uma compra ilegal, as benfeitorias existentes nos lotes não foram implantadas por José Rodrigues, pois, ele adquiriu os lotes em setembro de 2010; d) Pessoas ligadas a José Rodrigues continuam sendo denunciadas por fazerem ameaças às lideranças do Assentamento que tentam retomar o trabalho defendido por José Cláudio e Maria. Marabá, 21 de maio de 2012. FETAéRfRegTõnal Sudeste. STR de Nova Ipixuna. APAEP