Decorria o ano de 1963 quando um grupo de intelectuais e artista da cidade do Porto,
reunidos no Café Majestic, discutia no sentido de encontrar a melhor forma de organizar o
movimento cultural que germinava e que procurava encontrar novos caminhos para
expressar o sentir e o pensar em liberdade.
O Café Majestic era o ponto de encontro de artistas plásticos, poetas, escritores,
jornalistas, arquitetos, médicos e outros intelectuais da cidade. Afastada a hipótese de se
criar uma associação por se entender que o regime não iria tolerar uma associação
cultural, decidiu-se avançar para a criação de uma cooperativa cultural. Assim nasceu a
Árvore – cooperativa de Atividades Artísticas, C.R.L., com a finalidade de promover o
acesso à arte e cultura alternativas à arte e cultura do regime salazarista, e favorecer o
desenvolvimento do associativismo e o processo de produção cultural e artístico.
Nessa época, a ESBAP assumia um papel de vanguarda cultural do Porto. A Associação
de estudantes da ESBAP era dirigida pelos pintores Ângelo de Sousa, Armando Alves,
Jorge Pinheiro e pelo escultor José Rodrigues. O Círculo de Cultura Teatral participava
ativamente no TEP (Teatro Experimental do Porto) dirigido por António Pedro. O círculo de
cinema era dirigido por Henrique Alves Costa e Manuel Azevedo. A Galeria Domingos
Alvarez (fundada por Jaime Isidoro e António Sampaio) promovia exposições de pintura. A
delegação do Norte da Sociedade Portuguesa de Escritores era dinamizada por Óscar
Lopes e Egito Gonçalves. A maioria destes intelectuais desempenha um papel importante
na fundação e dinamização da Árvore no período de 1963 a 1976, sendo de destacar
também a participação do arquiteto José Pulido Valente neste período.
Nos primeiros tempos a atividade da Cooperativa consistia na realização de Palestras,
Conferências e Exposições. As exposições coletivas então realizadas permitiram a
afirmação em Lisboa dos artistas plásticos portuenses e a consagração de nomes como
Ângelo de Sousa, António Quadros, Armando Alves, Jorge Pinheiro, José Rodrigues e
Nadir Afonso que passaram a ser mais conhecidos em Lisboa.
Outros nomes tiveram um papel importante na cooperativa, com destaque para o Arquiteto
José Pulido Valente (um dos principais impulsionadores no primeiro período), mas também
para Alcino Soutinho, Álvaro Siza Vieira, Fernando Távora, Octávio Filgueiras, Domingos
Pinho, Dario Alves, Emerenciano, Rodrigo Cabral, Jacinto Rodrigues, Luís Borges Coelho,
João Luís, Virgílio Moreira, José Mário Brandão e Jorge Neves, entre muitos outros.
A primeira experiência pedagógica de ensino artístico surge pela mão de Isabel Alves
costa, Virgínia Rau e Alexandra Losa, dirigida a crianças. São também realizados cursos
livres de expressões artísticas e cursos de preparação para acesso à ESBAP de iniciativa
do mestre Carlos Ramos.
A partir de 1976 abre-se um novo rumo na Árvore sob o impulso de Eduardo Calvet de
Magalhães, Rolando Sá Nogueira, Arnaldo Araújo, e de José Rodrigues. É neste período
que é criado o ARBUSTO, a segunda experiência pedagógica da Árvore, a qual surge sob
o impulso de Úrsula Zanger, Conceição Rios e Jacinto Rodrigues, como a primeira
tentativa de aplicar em Portugal a pedagogia da Escola de Steiner-Waldorf. Abi Feijó
realiza com as crianças do ARBUSTO um primeiro filme de animação e participa no
Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, França.
É também criado o C.I.E.S.A. – Curso de Ingresso no Ensino Superior Artístico e o
C.I.E.S.A. – Design de Moda, integrando o projeto alternativo de educação humanista pela
via da arte ÁRVORE, o primeiro funcionando em regime diurno e pós-laboral e o segundo
apenas em regime pós-laboral.
Em 1982, por imperativo legal, o ensino separa-se da casa-mãe, sendo adquirido o edifício
da Casa das Virtudes. No dia 21 de maio são criadas duas Cooperativas de Ensino: A
Árvore I e a Árvore II. A primeira dirigida para o ensino superior; a segunda orientada para
o ensino não-superior, a qual vem a integrar na sua atividade o ARBUSTO (ensino
primário e pré-primário) e o C.I.E.S.A. (ensino secundário). É esta segunda cooperativa,
então designada Cooperativa de Ensino Polivalente e Artístico Árvore II, C.R.L. que, em
1989, estabelece com o Ministério da educação o contrato-programa de criação da Escola
Artística e Profissional Árvore.
Após a crise de 1994 gerada no seio da Direção da Cooperativa e, para evitar confusão
com a designação social da casa-mãe, a Árvore II, decidiu alterar a sua designação social
para Escola das Virtudes – Cooperativa de Ensino Polivalente e Artístico, C.R.L., tal como
fizera a Árvore I que alterara a sua designação social para Cooperativa de Ensino Superior
Artístico do Porto, C.R.L. Foi decidido, no entanto, manter o nome de Escola Artística e
Profissional Árvore, visto ser apenas nome de estabelecimento de ensino, com natureza
pedagógica e não jurídica, e ser nesse nome que figura a autorização de funcionamento
dos cursos profissionais.
Em 1989, pelo Decreto-Lei nº 4/89, o Ministério da Educação abandona a parceria
estabelecida pelo contrato-programa a entrega a propriedade da Escola Artística e
Profissional Árvore à Escola das Virtudes, tal como fizera com todas as escolas
profissionais relativamente aos respetivos parceiros.
Foi em setembro de 1989 que entraram em funcionamento os primeiros cursos da Escola
Profissional, com currículo e programas disciplinares inteiramente produzidos pelos
professores da Escola: Design de Moda, Desenhador Projetista e Artes gráficas. No ano
seguinte foi criado o curso de Design Industrial e, em 1992, o Curso de Conservação e
Restauro de Bens Culturais / Pintura. Durante cerca de 10 anos a escola funcionou com
estes cincos cursos. Atualmente, tem em funcionamento mais dois cursos profissionais:
Animação 2D 3D e Multimédia, bem como dois novos cursos – Design Gráfico e Desenho
Digital 2D 3D em substituição dos cursos de Artes Gráficas e Desenhador projetista.
Para além dos cursos profissionais de nível III, a escola tem também em funcionamento
um curso de educação formação de nível II, tipo 2, de operador de impressão offset e
autorização de funcionamento para o Curso de Especialização Tecnológica (CET) de nível
IV de Desenvolvimento de Produtos de Multimédia.
A partir do ano letivo de 2008/2009 a Escola tem em funcionamento cursos de educação
formação (Básico 3 e Secundário), prosseguindo o trabalho de formação de adultos
iniciado com o C.I.E.S.A.
Está também a dar início a formações modulares certificadas dirigidas para ativos
empregados e para as empresas.
Podemos detetar quatro grandes períodos na história da instituição:
1º - Período genético (de 1963 a 1982): corresponde à criação do projeto alternativo
ÁRVORE na casa-mãe e ao surgimento das primeiras experiências pedagógicas.
2º - Período institucional (de 1982 a 1989): corresponde à criação da Cooperativa de
Ensino Polivalente e Artístico Árvore II, C.R.L., hoje Escolas das Virtudes, entidade
proprietária da Escola Artística e Profissional árvore e ao funcionamento dos cursos em
contrato de associação.
3º - Período de criação da Escola Profissional (de 1989 a 1994): corresponde ao período
de criação da Escola Artística e Profissional Árvore e ao seu funcionamento inicial até à
existência de uma crise no seio da Direção.
4º - Período de consolidação e crescimento (a partir de 1994): corresponde ao período de
resposta à crise de 1994, com resolução da dívida do edifício, a consolidação das contas,
a requalificação do edifício sede, o crescimento dos cursos, o alargamento das
instalações, o reconhecimento da qualidade da formação, sob o impulso da atual Direção.
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Decorria o ano de 1963 quando um grupo de intelectuais e artista