EVACUAÇÃO EMERGENCIAL EM LOCAIS COM GRANDE PÚBLICO. LOGÍSTICA HUMANITÁRIA, COMPORTAMENTO DE MULTIDÕES E ACESSIBILIDADE ESPACIAL. João Carlos Souza Douglas de Castro Brombilla Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Departamento de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO O objetivo deste trabalho foi entender o comportamento de multidões em situações de emergência ou de pânico e propor procedimentos para avaliar os espaços e garantir a saída segura das pessoas reunidas nos locais de grande público, especialmente dos estádios de futebol. Considera-se que as situações de emergência possam surgir ou serem provocadas por fenômenos naturais ou em consequência de atos humanos, tais como terrorismo, vandalismo ou colapso estrutural. Foi dada ênfase aos modelos de acessibilidade espacial, principalmente aqueles ligados a problemas de alerta, orientação espacial e deslocamento rápido e seguro dos usuários. Os principais espaços analisados foram os acessos, as circulações e as rotas de fugas. O planejamento para resposta a situações de emergência deve levar em consideração o menor tempo de resposta possível e a ajuda humanitária para os eventuais indivíduos afetados diretamente pelo desastre. Foi adotada uma abordagem multicritério que consiste na aplicação de modelos baseados nas Teorias dos Fluxos, Comportamento Coletivo, Pânico em Multidões, Princípios da Acessibilidade Espacial, Logística Humanitária, e Normas Técnicas relacionadas com o tema. Espera-se contribuir com a formulação de diretrizes para resposta a situações emergenciais tanto em estádios de futebol já construídos como para os novos projetos. ABSTRACT The aim of this study was to understand the behavior of crowds in emergency or panic and propose procedures to evaluate spaces and ensure safe exit of people gathered in the local general public, especially football stadiums. It is considered that emergency situations may arise or be caused by natural phenomena or as a result of human actions, such as terrorism, vandalism or structural collapse. Emphasis was given to the models of spatial accessibility, especially those related to problems of alertness, spatial orientation and movement of the users fast and secure. The main areas examined were the hits, the circulations of trails and routes. Planning for response to emergency situations should take into consideration the shortest possible time response and humanitarian aid to any individuals directly affected by the disaster. Was adopted multi criteria approach that consists in the application of models based on Theories of Flow, Collective Behavior, Crowds Panic, Principles of Accessible Spatial, Humanitarian Logistics, and Technical Standards related to the topic. Expected to contribute to the formulation of guidelines for emergency situations both in football stadiums ever built and for new projects. 1) INTRODUÇÃO Nos próximos anos o Brasil irá sediar diversos eventos de grande porte como a apresentação de artistas de renome mundial, a Copa do Mundo de 2014, a Copa América de 2019, as Olimpíadas e as Paralimpíadas de 2016. Existe a necessidade de preparar os espaços para o atendimento de um público diversificado de expectadores e atletas. Esta pesquisa tem como finalidade estudar a situação de locais de reunião de grande público, em especial dos estádios de futebol brasileiros, verificando as condições de acessibilidade, movimentação e segurança dos espectadores em situações de emergência. O estudo justifica-se pela frequente ocorrência de grandes desastres em estádios de futebol e em locais de reunião de grande público. Estes desastres foram ocasionados por conflitos entre torcidas, incêndios, colapso de estruturas, atentados terroristas e, mesmo, fenômenos naturais. Considera-se relevante desenvolver estudos que possibilitem aos projetistas de estádios e de espaços destinados a grandes espetáculos, a realizarem as adaptações necessárias visando garantir condições de acessibilidade e segurança ao público e das equipes técnicas. Tanto para os procedimentos de entrada nos recintos, como, em caso de emergência, para um rápido e seguro esvaziamento dos locais com grande número de pessoas. Como a entrada normalmente ocorre de forma tranquila e ocorre num maior espaço de tempo, o objetivo principal é controlar a evacuação, identificar possíveis problemas e gargalos, e controlar os fluxos de pedestres que podem estar em pânico. Quando as pessoas reúnem em multidões surge o que se poderia chamar de um novo organismo. Este novo ente pode ser muito interessante, como a reunião de muitas pessoas para assistir um grande espetáculo, um evento esportivo ou uma comemoração, ou pode ser um organismo muito perigoso, quando as pessoas resolvem protestar contra alguma coisa, provocar vandalismos ou fazer justiça com as próprias mãos. Pode também acontecer as duas coisas ao mesmo tempo, quando, por algum motivo, instaurase o pânico e as pessoas alteram completamente seu comportamento habitual, surgindo o indesejado “efeito rebanho”, que pode levar a terríveis consequências, como muitas mortes, ferimentos e prejuízos materiais. Uma das formas mais desastrosas do comportamento humano coletivo é o tipo de debandada da multidão induzida pelo pânico, muitas vezes levando a mortes e graves ferimentos com as pessoas sendo esmagadas ou pisoteadas. O planejamento e concepção de instalações orientadas para pedestres são muito importantes para criar em locais de reunião de grande público como, por exemplo, estádios, áreas de exposição, estações de trem, terminais aéreos ou marítimos, centros comerciais, etc, áreas confortáveis e seguras para as pessoas, tanto para enquanto permanecerem no local, quanto numa situação de emergência. Neste sentido, os planos de evacuação são um instrumento eficaz para definir o grau de segurança de um edifício, ou uma área. Para redigir planos de evacuação é essencial o conhecimento da dinâmica da multidão, e as principais normas de segurança. Nas últimas décadas, a modelagem movimento multidão tornou-se uma área de pesquisa ativa. Embora os engenheiros estejam encontrando formas de aliviar a escala de tais catástrofes, sua freqüência parece estar aumentando em função do incremento das densidades populacionais, combinadas com maior disponibilidade de meios de transporte para acesso a grandes eventos, como concertos de música pop, eventos esportivos e comemorações e manifestações. No entanto, estudos sistemáticos do comportamento de pânico e teorias quantitativas capazes de predizer tal dinâmica multidão, ainda são escassos. Para os planejadores e operadores dos “locais ou espaços para grande público”, garantir a segurança das multidões é a principal preocupação. Assim que a segurança das pessoas se encontra garantida, eles podem então considerar outros objetivos do evento ou do espaço – como maximizar a capacidade, criar uma ótima experiência ou minimizar os custos de construção. Recentemente, aumentou muito o interesse dos pesquisadores que atuam no tema de Logística Humanitária por estudos que explicassem o comportamento do fluxo de pedestres em situações de emergência. Constatou-se que, para estudar a mobilidade das pessoas assustadas por algum motivo, é necessário analisar os princípios da dinâmica multidão e do comportamento humano coletivo. O conhecimento da dinâmica da multidão é essencial para a concepção de estádios esportivos, áreas de exposição, terminais de transportes, grandes espetáculos etc., de modo que normas de segurança sejam efetivamente respeitadas. Com o intuito de reduzir os riscos, são necessárias várias medidas, tais como um bom plano de evacuação dos espectadores para áreas seguras, treinamentos especializados para o pessoal da organização do evento, previsão de locais para circulação de veículos de emergência e de rotas de evacuação livres de obstáculos. Têm-se como foco deste trabalho as intervenções que os profissionais de logística, arquitetura e engenharia possam fazer para projetarem saídas emergenciais de fácil acesso e livres de obstáculos. Para tanto, propõe-se que utilizem os princípios da Teoria dos Fluxos, Fundamentos da Acessibilidade Espacial e de Sistemas Logísticos para Ajuda Humanitária. 2) LOGÍSTICA HUMANITÁRIA A importância da logística humanitária justifica-se a partir dos grandes desastres ocorridos em estádios de futebol com causas diversas como brigas, incêndios, quedas de estrutura, atentados terroristas e catástrofes naturais. De acordo com reportagem da revista Mundo Estranho (Editora Abril, 2012), sobre as dez maiores tragédias em estádios de futebol, percebe-se que o maior número de mortes acontece por esmagamento de pessoas (pisoteadas ou prensadas verticalmente) em momentos de tumultos. Por isso a importância de trazer os estudos de logística humanitária juntamente com a arquitetura para um melhor planejamento tanto dos espaços internos como externos e com isso, auxiliar uma melhor resposta a situações de emergência nesses locais. Para Apte, (2009), na logística humanitária, o ciclo desastre baseia-se em três fases: preparação, resposta ao desastre e ajuda humanitária. O TRB (2010) divide o ciclo de desastres em quatro fases: preparar, responder, recuperar e mitigar. Já Fernandes (2010), informa que a Política Nacional de Defesa Civil do Brasil, também divide o ciclo de desastres em quatro fases: prevenção de desastres, preparação e alertas de desastres, atendimento à emergência e reconstrução. Neste trabalho iremos nos ater nas fases de preparação e resposta de desastres. 2.1. Preparação Elaboração de um bom plano de emergência é fundamental para a preparação de possíveis desastres, abordando os diferentes cenários, os riscos específicos (conforme a gestão de risco) e a complexidade. Outros fatores importantes para auxiliarem um plano de emergência seriam o treinamento de equipes especializadas para atuarem nos desastres, realizar um bom plano de contingência, pois é impossível treinar os espectadores para atuarem em situações de evacuação. Por isso, que devemos projetar espaços de fácil deslocamento, livre de obstáculos e fácil orientação. Na Copa América de 2011 realizada na Argentina, o estádio de Único de La Plata utilizou o recurso de um vídeo mostrado nos telões do estádio, que mostrava o que os espectadores deveriam fazer em caso de evacuação, o portão mais próximo do setor e todos os procedimentos que deveriam ser adotados em situação de emergência. 2.2. Resposta de desastres Quando falamos de respostas a desastres, devemos levar em consideração algumas contribuições, onde podemos destacar a tomada de decisão, operações de socorro, transporte e evacuação (Apte, 2009). A resposta depende muito dos fatos acima descritos como a tomada de decisão de uma emergência, seja natural ou artificial, é difícil devido a várias incertezas e a falta de informações, ainda ele deve ser realizado de forma correta e rápida. (APTE, 2009 p.56). As operações de socorro e transporte são ações que envolvem pessoas treinadas e equipamentos a disposição. Os equipamentos à disposição garantem, por exemplo, que uma partida de futebol não comece se, pelo menos, uma ambulância não estiver no local. Esta decisão foi tomada em virtude de mortes ocorridas de atletas e torcedores por fatores cardíacos. Mas, pensando-se na hipótese de um grande desastre, o número de ambulâncias poderia ser muito maior. Isto ressalta a importância de se fazer um inventário de todas as ambulâncias existentes na cidade e também na região, tanto públicas como privadas, verificando os acessos das mesmas ao estádio de forma rápida e estipulando as ruas que deveriam ser interditadas para garantir um deslocamento fácil até os hospitais. Nesta etapa de resposta é importante ter um planejamento para evacuação das imediações do local dos próprios espectadores e administrar a presença de curiosos que acabam atrapalhando as equipes de emergência. É necessário também que se planeje o controle do movimento das pessoas, tanto das que estão no interior quanto no exterior dos locais sinistrados. Normalmente, estas pessoas apresentam comportamentos padrões e que podem ser previsíveis, pois agem como multidão. Nos próximos itens serão descritos os princípios da teoria dos fluxos, da acessibilidade e da psicologia dos grandes grupos de pessoas. 3) ABORDAGENS BÁSICAS PARA ANÁLISE DE TRÁFEGO DE PEDESTRES São três as abordagens básicas da análise de tráfego de veículos e que também podem ser utilizadas para se avaliar a movimentação de pedestres: a macroscópica, que se preocupa em descrever o comportamento das correntes de tráfego de pessoas, a microscópica, que se interessa pela interação ente dois pedestres consecutivos numa corrente de tráfego, e a mesoscópica, cujas unidades analisadas são grupamentos de pedestres que se formam nas ruas, praças, centros comerciais, terminais de transportes, etc. Segundo Vargas et all (2012), as três escalas têm vantagens e desvantagens e precisam ser escolhidas dependendo do problema a ser resolvido. Assim, quanto à escala Microscópica embora permita uma descrição muito mais precisa do movimento de cada pedestre, requer um grande esforço computacional quando o número considerado de pedestres é muito grande, por exemplo, no caso de multidões (um alto número de indivíduos com características distintas num mesmo ambiente). Já na escala macroscópica,ao contrário da microscópica, a principal vantagem é que se podem usar modelos hidrodinâmicos de primeira ordem, que são de grande simplicidade computacional e rapidez de processamento, entretanto é necessário introduzir uma relação empírica (fenomenológica) entre a velocidade e a densidade. As análises macroscópicas do tráfego baseiam-se na consideração de que as correntes de tráfego são meios contínuos. Para estudar seu comportamento a abordagem macroscópica lança mão da aplicação das Leis da Hidrodinâmica, motivo pelo qual a abordagem é conhecida também como Analogia Hidrodinâmica do Tráfego. Como as características do tráfego variam no tempo e no espaço, os estudos costumam adotar valores médios, sendo que estas médias podem ser temporais ou espaciais. O Fluxo ou volume é o número de pedestres que passam por uma seção da pista por unidade de tempo. A unidade de comprimento deve ser considerada como a largura do passeio ou porção da pista. Em geral, usa-se ped/m/s no (SI). O fluxo de pedestre, também chamado de volume de pedestres, é representado pela variável q. Segundo a analogia hidrodinâmica, o fluxo corresponde à vazão de um fluido dentro de um duto. Durante um intervalo de tempo t são contados os n(x) pedestres que cruzem a seção. = (1) A Concentração, também chamada de massa específica ou densidade relativa e representada por ρ, é uma grandeza espacial, significando o número de veículos presentes numa determinada extensão x de via. No caso de pessoas é o número de pedestres por unidade de área. Na analogia hidrodinâmica a concentração corresponde à densidade do fluido. Por isso mesmo, em se tratando de tráfego, a concentração de pessoas é também chamada de densidade. Pode-se imaginar que, numa seção da via, num determinado instante t, uma fotografia é tirada e nela é possível contar os n pedestres que se encontram naquele trecho de via. A concentração ρ(t), em ped/m é dada pela expressão: = (2) A Velocidade, no estudo de pedestres, é adotada como uma média das velocidades dos pedestres que passam em um determinado intervalo de tempo. Normalmente é expressa no sistema internacional (SI) em m/s e denotada por u. = (3) Essas três variáveis, densidade relativa, velocidade e fluxo, são relacionadas através de uma equação conhecida como a equação fundamental do tráfego e também válida para o fluxo de pedestres. , = , , (4) A curva da relação velocidade-concentração sugerida pelos teóricos que primeiro estudaram a relação entre estas variáveis macroscópicas do tráfego está representada na figura 1. Conforme Vargas et all (2012), a teoria para o fluxo de pedestres é assumida para valores de ≤ 6/ , devido a impossibilidade física de se alocar um numero maior do que esse por metro quadrado. Desta forma, as ilustrações dos resultados nas Figs. 2(a) e 2(b) seguem esse padrão. Analisando a curva que representa o fluxo, quando a densidade ρ fica maior do que a densidade crítica o fluxo diminui, aproximando-se de zero quando = : = 2/ ≤ ≤ com = 4/ O fluxo no trecho em que > 3,7, ≤ é pequeno,entretanto ainda existe. Ao se atingir = 4/, tem-se que a densidade é máxima, porém nota-se na Fig. 2(a) que a velocidade para = 4/ é mínima e sendo assim, o fluxo é mínimo. Figura 1 - Diagrama clássico representando a relação fluxo-concentração (fonte –autor) Figura 2 – Diagrama fundamental (fonte Vargas [2012]) As dinâmicas de multidões incluem as relações entre a densidade da multidão, velocidade do andar, taxas de fluxo da multidão e conforto. Inclui também outros fatores que influenciam o movimento e comportamento de uma multidão como o conhecimento do local por parte dos visitantes e a informação que lhes é fornecida, bem como o seu perfil demográfico. O comportamento também pode ser influenciado por fatores externos como o tempo. Essas considerações devem ser tomadas em conta ao conceber e planejar eventos ou espaços de multidões. O estudo da dinâmica de pedestres tem sido utilizado em situações que procuram identificar ou reproduzir características do comportamento humano. Quando envolve multidões, esse estudo torna-se ainda mais complexo, visto que, as questões associadas à interação dos pedestres também deve ser considerada. Para descrever ou predizer tais situações o emprego das simulações computacionais permite uma melhor aproximação do modelo, pois possibilita a inclusão de parâmetros como hipóteses iniciais. 4) DEFINIÇÃO DE MULTIDÃO Uma multidão pode ser definida como a presença de muitas pessoas no mesmo local com objetivos semelhantes e com densidades nas quais o espaço pessoal, o conforto, a disposição e a liberdade dos indivíduos são influenciados pelos que os rodeiam. As multidões não são a mesma coisa que pedestres em uma rua, praça ou centro comercial. Os pedestres têm interesses e objetivos individuais, sem relação com aos das outras pessoas que os rodeiam. Por isto, os estudos sobre as dinâmicas das multidões são bem diferente que os modelos para planejamento do fluxo de pedestres. Blumer (1969) e a maioria dos estudiosos do assunto identificam quatro tipos de multidões: O primeiro tipo é o da multidão casual como, por exemplo, uma multidão de pessoas numa praça assistindo a apresentação de um artista de rua. Esse tipo de multidão é momentâneo, com uma organização e unidades fracas. Seus membros entram e saem, prestando uma atenção temporária para o objeto que provocou o interesse dos indivíduos. A interação entre esses membros não é intensa. Um segundo tipo de multidão é a multidão convencional. Um exemplo seriam os espectadores de um evento esportivo. O comportamento desse tipo de multidão é semelhante ao da multidão casual, exceto que seu comportamento é expresso e estabelecido em formas regularizadas, todos tem um interesse em comum. As pessoas são capazes de grandes esforços, e até pagar, para se reunirem em tais situações. Sentese a empolgação no ar quando um grande número de pessoas dividem um espaço e foco em comum. Um grupo de torcedores assistindo a uma partida de futebol exemplifica a multidão convencional. Nesta, também, o comportamento de seus membros se apresenta de forma frouxa e com duração limitada, manifestando-se por atos habituais ou convencionais. A multidão ativa, também chamada de multidão agressiva, é o terceiro tipo de multidão. O ponto de destaque é a presença de um objetivo que direciona as ações das pessoas. É a multidão que se projeta mediante a intensa ação. Quando uma turba de linchadores, frente a um crime procura punir o assassino, ou quando ocorrem os atos de vandalismo em manifestações públicas, mediante a um só impulso que lhe dá um intenso sentimento coletivo, surge a multidão agressiva. A formação de uma multidão ativa pressupõe, inicialmente, a ocorrência de algum acontecimento emocionante que atraiu a atenção de varias pessoas. Nesse primeiro passo, os membros desse agrupamento, excitados pelo evento, já começam a perder o controle individual e a ficar dominados pelo fato que os atraiu. A multidão tem as seguintes características: São indivíduos reunidos por contiguidade física, numero limitados de membros, existência de um acontecimento que chame a atenção, o indivíduo perde a faculdade crítica e autocrítica, age irracionalmente baseado em impulsos, sendo inconstante, sugestionável e irresponsável. Blumer (1969) ainda propôs um quarto tipo de multidão que nomeou como expressiva ou dançante, encontrada, por exemplo, nas seitas religiosas ou num desfile de escola de samba. A excitação dos seus membros é expressa por meio de movimentos físicos como uma forma de liberação, em vez de um objeto direcionando as ações. Quando as tensões emocionais se descarregam em atos inofensivos, quando o comportamento coletivo é representado por movimentos físicos e se opera mediante o ritmo, temos a multidão expressiva ou dançante. O mesmo autor também explicou a formação das multidões ativas como um comportamento circular: Primeiro ocorre um evento escapista ou excitante (normalmente relacionado com a agitação social), chamando a atenção do indivíduo e o pressionando a agir. Em seguida há o processo de milling, que é um gesto coletivo que de desconforto ou medo, que pode ser amplificado de acordo com a sensação do indivíduo ou a agitação social. Há uma reação circular, por exemplo, um alarme que provoca a agitação social e essa agitação ocasionará no aumento da tensão dentro do grupo. Esta tensão amplificar e contagiar as sensações dos indivíduos, tornando-os mais sensibilizados, compreensivos e se preocupando mais uns com os outros. Com menor foco entre si, os indivíduos respondem aos demais de forma rápida, direta e inconsciente, preparando a formação de um humor comum. No terceiro momento, o grupo reencontra um objeto comum de atenção, de modo que o humor, o imaginário e os sentimentos das pessoas fiquem focados neste objeto. No quarto estágio, pela compreensão da situação obtida através do foco, surge uma excitação coletiva. A tendência natural dos indivíduos é lidar com o comportamento excitado e procurar algum interesse nele. Nesse estado, o indivíduo tende a se guiar mais pelas emoções do que pela razão. Em um quinto momento, a excitação coletiva leva ao contágio social, que é a disseminação rápida e irracional de humor, impulso ou forma de conduta que ocorre, por exemplo, nos surtos coletivos. Em formas extremas, o contágio social se apresenta de forma epidêmica, como o pânico no mercado financeiro. A característica mais importante do contágio social é que ele atrai e influencia indivíduos que normalmente estão desvinculados da ação social. 5) MULTIDÃO EM PÂNICO Uma das formas mais desastrosas do comportamento humano coletivo é o tipo de debandada da multidão induzida pelo pânico, muitas vezes levando a mortes e graves ferimentos, com pessoas sendo esmagadas ou pisoteadas. A Teoria do Pânico lida principalmente com os fatores que podem levar a ocorrência de pânico durante emergências. A premissa básica é que quando as pessoas percebem perigo, suas personalidades conscientes habituais são muitas vezes substituídas por personalidades inconscientes que os levam a agir irracionalmente. Em condições normais, o pedestre se move com naturalidade, escolhendo o caminho com base em fatores relacionados aos seus interesses e às peculiaridades do ambiente. Em geral, o comportamento de pedestres é afetada pelas suas características físicas (idade, sexo, estado de saúde, estrutura física, etc), pelas características do movimento, e pelas características do caminho. Em condições normais, o pedestre sente uma forte aversão a tomar desvios, ou se mover em direção diferente à sua “linha de desejo”. Cada pessoa caminha numa velocidade particular (velocidade do fluxo livre)e mantém uma certa distância de outros pedestres e de obstáculos físicos. Em situações de pânico, no entanto, o comportamento humano é totalmente diferente: As pessoas ficam mais nervosas, andam consideravelmente mais rápido do que o normal, os indivíduos começar a se empurrar e as interações entre as pessoas tornam-se frequentes. Os indivíduos aglomeram-se perto de saídas e o fenômeno de arco, representado por muitas pessoas se apertando para passar numa pequena abertura, constitue uma barreira. A fuga também é retardada por pessoas caídas ou feridas que transformam-se em obstáculos. As pessoas tendem a mostrar comportamento de rebanho, ou seja, fazer o que as outras pessoas fazem e, em situações de fuga, saídas alternativas são muitas vezes esquecidos, ou não utilizados de forma eficiente. O pânico pode ser desencadeado por diversos fatores, tais como ameaças naturais (enchentes, terremotos, erupções vulcânicas), ameaças provocadas pelo homem (fogo, atentados terroristas, perda do controle social por parte do estado, etc.). Às vezes, o pânico é acionado em situações de risco de vida, tais como incêndios em edifícios lotados, em outros momentos, tumultos podem surgir aparentemente sem motivo, como durante a corrida para obter assentos livres. Em uma situação de pânico sempre há uma sensação de risco iminente e de urgência em agir por parte dos indivíduos. Para se compreender o pânico em multidões devem-se levar em consideração alguns fatores: • • • • Em situações de pânico as pessoas geralmente percebem que sua sobrevivência é produto de tomadas de decisões rápidas; A personalidade individual é enfraquecida. Desta forma há uma alteração dos sistemas de valores e uma diminuição da responsabilidade, o que acarreta no comportamento imitativo, presente nos grupos; Pode haver a presença de palavras de ordem, emblemas, uniformes, manifestações sonoras ou rítmicas que reforçam a identidade grupal, em detrimento da individual; As pessoas manifestam um alto grau de irracionalidade, preocupando-se com a ideia de fugir e não considerando as consequências de seus atos. Em pânico, as forças da multidão podem chegar a níveis quase impossíveis de resistir ou controlar. A maior parte das mortes em multidões fora de controle é devido a asfixia à por compressão e não por atropelamento. Estas forças são ocasionadas pelo ato de empurrar a pessoa da frente, criando um efeito de dominó, de pessoas encostadas umas às outras. As pessoas morrem por asfixia à compressão, o torax não pode se expandir para que ocorra a inspiração. Alguns ambientes e situações estão mais propensos a reunir um contingente maior de pessoas e até mesmo intensas multidões. Por exemplo, grandes edifícios comerciais, acontecimentos festivos, esportivos e religiosos. Assim, em eventos que têm a característica de reunir um elevado número de pessoas e, consequentemente, com grande possibilidade de acontecer surtos de pânico, as evacuações devem ser minuciosamente planejadas, inclusive na arquitetura das construções. Em situações de evacuação emergencial, as pessoas geralmente movem-se numa mesma direção e sentido. No entanto, alguns ocupantes podem tentar avançar contra a corrente de evacuação, por exemplo, para encontrar suas famílias ou para tentar fugir através de uma rota diferente. Também os bombeiros e outro pessoal de emergência podem necessitar entrar no edifício, o que causa importantes interferências de contra-corrente. Os elementos importantes para evacuação são as portas e os corredores de acesso e as suas dimensões. Segundo alguns autores (Peschl, 1971), a largura da porta de 1 metro é suficiente para que pelo menos 135 pessoas saiam por minuto durante o processo de escape seguro, este valor representa 2,25 p/m/s (pessoas por metro por segundo), mas é válido apenas para condiçoes normais. Este número foi discutido durante muitos anos e os Corpos de Bombeiros sugerem que se adote um valor menor, de 63 a 100 pessoas, por metro,por minuto (1,03 p/m/s e 1,67 p/m/s), em função de possível estado de pânico com aumento da velocidade do movimento das pessoas, gerando o efeito de arco. As capacidades encontrado variam entre 1,03 P / m / s e 1,67 p/m/s (Daamen W.e Hoogendoorn S., 2010) sugerem que se adote para portas e para evitar os efeitos de possíveis gargalos assim, menor do que as directrizes de concepção (2,25 p/m/s). Em muitos estudos, inclusive nas Normas de Prevenção Contra Incêdio do estado de Santa Catarina, o tamanho de portas tem sido descrita em termos de "módulos" (um módulo = 0,6 metros). Esste módulos também são conhecidos como “unidades de passagem”. As normas da ABNT consideram que cada unidade de passagem mede 55 cm. A largura de cada corredor, passarela, porta ou do portão deve sempre ser um múltiplo do módulo. Os estudos de caso têm comprovado alguns comportamentos da multidão que são muito bem descritos na literatura. Em particular, verifica-se que muitas portas não são utilizadas porque são dificilmente visíveis ou estão mal sinalizadas. Isto significa que os visitantes costumam usar para escapar, o mesmo caminho que foi utilizado para a entrada, isso cria congestionamentos, pontos de estrangulamento, e baixos níveis de serviço. A disponibilidade de pessoas da organização, treinadas e preparadas para o fornecimento de assistência e orientação às pessoas para a identificação rápida do melhor caminho de fuga, produz benefícios significativos nos planos de evacuação. Os efeitos mais esperados são uma melhor distribuição do público nas divresas saídas e uma redução no tempo de esvaziamento dos recitos. A melhor utilização dos portas de saída consiste de caminhos mais diferenciados, com menos congestionamento, e tempos reduzidos de evacuação. Fornecer ajuda na escolha, significa usar um sistema de informação eficiente, o que obriga os visitantes a ter em conta saídas, e sua localização (Yang et al.(2005) e Zheng et al., (2009)). 6) ACESSIBILIDADE ESPACIAL No projeto e construção de edificios podesse prever soluções arquitetônicas que auxiliam para a melhor movimentação de seus ocupantes em situações emergenciais. É nesse ponto, que a acessibilidade espacial pode auxiliar na melhor interpretação dos espaços e contribuir para a definição de rotas livres de obstáculos. Dischinger, Bins Ely e Piardi (2012) definem que “acessibilidade espacial significa bem mais do que poder atingir um lugar desejado. É também necessário que o local permita ao usuário compreender sua função, sua organização e relações espaciais, assim como participar das atividades que ali ocorrem”. Os componentes de acessibilidade espacial são divididos pelas as autoras em quatro categorias: orientação espacial, comunicação, deslocamento e uso. As ações de acessibilidade espacial propiciar a qualquer ocupante da edificação a realização de suas atividades com segurança, conforto e independência. 7) CONCLUSÃO Entender o comportamento individual de uma pessoa agindo como um pedestre comum já é algo muito complexo. Entender o comportamento num processo de evacuação emergencial se torna ainda mais complexo na medida em que as relações sociais são consideradas. Essa dificuldade pode ser a grande responsável pelo desenvolvimento relativamente lento de pesquisas que levam em consideração o comportamento humano. No entanto, essa dificuldade também pode representar um desafio para muitos pesquisadores e atrair suas atenções para esse campo de pesquisa. Dentre os possíveis comportamentos que emergem nas pesquisas destacam-se os seguintes: • Fenômeno de seguir com a multidão: também conhecido como comportamento de rebanho ou manada, esse fenômeno é caracterizado pelo fato de alguém desistir de seu próprio raciocínio para seguir as ações da maioria a sua volta. Esse fenômeno é frequentemente observado em um processo de evacuação real. Durante uma evacuação as pessoas podem perder a calma e a noção da localização de saídas seguras (principalmente em caso de incêndio em que a visibilidade é baixa) e tendem a seguir outras na esperança de que elas conheçam a localização das saídas. As pessoas que têm uma tendência severa de ir com a multidão podem ser facilmente afetadas por outras pessoas ao seu redor. • • • • • • • Fenômeno de reunião: durante esse fenômeno as pessoas apresentam a característica de prevenção, ou seja, sentem que podem se proteger, psicologicamente, negando situações desagradáveis, e estão dispostas a permanecer próximas à multidão em uma emergência; o que pode resultar em recolhimento dos ocupantes no interior do edifício. Além disso, os ocupantes de um edifício frequentemente evacuam em grupos e o fato de reunir-se pode aliviar as suas ansiedades. O efeito das pessoas se ajudarem mutuamente em casos de emergência é conhecido como efeitos de grupo Retrocesso: pode ser entendido como o fato de retornar ao local de perigo para tentar salvar pertences, em busca de parentes ou até mesmo para informar ou ajudar outras pessoas. Comportamento de parentesco: comportamento muito popular durante a evacuação. É caracterizado pelo fato de que familiares tendem a se reunir durante uma evacuação de emergência ou até mesmo a retroceder ao local de perigo para salvar um membro da família; Arqueamento: Fenômeno reproduzido na saída. É causado pelo fato de todos os pedestres se moverem em direção à saída, formando um gargalo no fluxo de pedestres, também conhecido com arco de fuga; Mais rápido é mais lento: caracterizado pelo fato de que quanto mais rápido as pessoas desejam se mover mais lenta pode se tornar a evacuação; Efeito não aventureiro: a maioria das pessoas costuma usar saídas familiares ao evacuar um ambiente; Pânico: caracterizado como uma reação psicológica na qual o indivíduo fica em um estado anormal de ansiedade ou estado comportamental de aceitação ao estímulo de desastre. A reação psicológica causada no desastre ambiental pode fazer a capacidade adaptativa e a capacidade de resposta ao ambiente diminuírem em pouco tempo. No pior caso, os indivíduos irão perder seus sentidos e afetar a fuga. É importante salientar que esses são apenas alguns fenômenos e comportamentos que podem ser observados durante uma evacuação. Visto que o foco deste trabalho não foi investigar a psicologia humana, a descrição desses fenômenos serve para mostrar que o conhecimento do comportamento humano desempenha um papel importante no processo de evacuação emergencial e, principalmente, no processo de planejamento e projeto de locais de reunião de grande público. Pretendeu-se aprofundar conhecimentos sobre os temas envolvidos na pesquisa, como acessibilidade, logística humanitária e estádios de futebol, além de, a partir dos diferentes métodos pesquisados, identificar problemas e formular diretrizes para contribuir para a elaboração de futuras construções e reformas de locais de reunião de público no país. Os estudos empíricos do comportamento de pedestres em condições de emergência fornecem ferramentas valiosas para ajudar os planejadores e gestores de locais de reunião de grande público para analisar e avaliar as precauções de segurança para estes locais. A necessidade de sistemas de informação alternativos para suprir a falta de dados, a necessidade de incorporar fatores sócio-psicológicos nos modelos de evacuação emergencial. Embora não seja possível garantir a segurança ideal, há espaço para usar modelos melhorados para aumentar os níveis de segurança. São três principais conclusões obtidas até esta etapa da pesquisa: a) a existência e a quantidade suficiente de rotas, passagens e portas suficentemente largas para a saída rápida dos ocupantes dos estádios é essencial para uma evacuação das pessoas de modo calmo e seguro; b) um sistema de informação e orientação bem planejado, com placas, setas e avisos sonoros, tem um grande impacto sobre a dinâmica de evacuação e, consequentemente, sobre a segurança; e c) Os espectadore e demais usuários dos estádios deverão ser antecipadamente instruídos e muito bem informados sobre as rotas e saídas que deverão ser utilizadas em caso de evacuação emergencial, isto evitará o pânico causado pelo desconhecimento sobre como se salvar. Possíveis desenvolvimentos futuros ainda poderão fornecer modelos para auxiliar os planejadores e projetistas de locais de reunião de grande público para evitarem tragédias que aconteceram com grande frequencia no passado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT .(2004) NBR 9050Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbanos. Rio de Janeiro, ABNT.. ABNT (2001)NBR 9077. Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro, ABNT. Apte, Aruna. (2009) Humanitarian Logistics: A New Field of Research and Action, Foundations and Trends in Technology, Information and Operations Management, vol 3, no 1, pp 1-100. Blumer, H.(1969) Symbolic Interactionism: Perspective and Method. : Prentice-Hall,. ISBN 0-52005676-0. Daamen W., Hoogendoorn S. (2010). Capacity of doors during evacuation conditions. First International Conference on Evacuation Modeling and Management. Dischinger, M.; Bins Ely, V. Et all.(2012) Promovendo a Acessibilidade nos Edifícios Públicos: Programa de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas Edificações de Uso Público. Florianópolis: Ministério Público de Santa Catarina. Durkheim, E. (1895) Les Règles de la Méthode Sociologique. [S.l.]: Presses Universitaires de France,. ISBN 2-08-081198-3. Durkheim, E.(1893) The Division of Labor in Society. [S.l.: s.n.], ISBN 978-0-684-83638- 6. Fernandes, Christiane Wenck Nogueira. O enfoque da logística humanitária na localização de uma central de inteligência e suporte para situações emergenciais e no desenvolvimento de uma rede dinâmica. Tese de Doutorado. Depto de Engenharia de Produção, UFSC. Florianópolis, SC, 2010. FIFA. (2007) Manual Estádios de Futebol: Requisitos e Recomendações Técnicas. FIFA, Zurique,. Fundação Getulio Vargas (FGV) (2010). Manual de recomendações para segurança e conforto nos estádios de futebol. Le Bon, G. (1896) The Crowd: A Study of the Popular Mind.: The Macmillan Co. ISBN 978-0-87797168-9. LEI Nº 10.671. (2003) Estatuto de defesa do torcedor. Maio de 2003. Li-Jun, J.; Jin-Chang, C.; Wei-Jie, Z. A (2009) crowd evacuation simulation model based on 2.5dimension cellular automaton. In: Proceedings of the IEEE International Conference on Virtual Environments, Human–Computer Interfaces and Measurements Systems, p. 90 – 95. Park, R.; Reuter, E.(1946) An Outline of the Principles of Sociology. [S.l.]: Barnes e Noble. Peschl I.A.S.Z. (1971). Evacuation capacity of door openings in panic situations. Bouw, Vol. 26, 62–67. Quarantelli, E. L. Panic behavior: Some empirical observations. American Institute of Architects Conference on Human Response to Tall Buildings, 1975. Tarde, G. Les Lois de l’Imitation: Étude Sociologique. [S.l.]: Félix Alcan, 1890. ISBN 1-42-125278-3. TRB. Transportation Research Board. A Guide to Planning Resources on Transportation and Hazards. http://www.trb.org/Publications/Public/Blurds/162332.aspx, acessado em 20 de maio de 2011. Vargas, M. Gramani, L. et all. (2012) Modelagem do fluxo de pedestres pela teoria macroscópica. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 34, n. 4, 4318. Wei-Guo, S.; Yan-Fei, Y.; et all.(2006) Evacuation behaviors at exit in CA model with force essentials: A comparison with social force model. Physica A: Statistical and Theoretical Physics, v. 371, n. 2, p. 658 – 666. Yang, L. Z.; Fang, W.F.; et all.(2002) Occupant evacuation model based on cellular automata in fire. Chinese Science Bulletin, v. 47, p. 1484 – 1488. Yang, L.Z.; Zhao D.L.; Li J.; et all.(2005) Simulation of the kin behavior in building occupant evacuation based on cellular automaton. Building and Environment, v. 40, n. 3, Mar. 2005, p. 411 – 415. Yuan, W.; Tan, K. H. (2007) An Evacuation Model Using Cellular Automata. Physica A: Statistical Mechanics And Its Applications, v. 384, n. 2, Oct. 2007, p. 549 – 566. João Carlos Souza ([email protected]) Douglas de Castro Brombilla ([email protected])