5. O CENTENÁRIO DA PRIMEIRA MISSA
5.1. Eventos anteriores
Principais eventos anteriores a 1924:
a) A Paróquia do Espírito Santo do Rio do Peixe
Foi desmembrada da Paróquia de Caconde, a Paróquia do Divino
Espírito Santo (Divinolândia) em 25 de janeiro de 1884.
b) O relógio da Matriz
Lê–se na ata da Câmara Municipal de 14 de maio de 1877, que o relógio
da Igreja Matriz estava desconcertado e para o conserto do mesmo, a Câmara
dispensou a ajuda de dez mil réis à Fábrica da Igreja.
c) Primeira Missa na Capela de Santo Antônio da Barra
Em 2 de julho de 1893, teve lugar a Benção da Capela de Santo Antônio
da Barra, pelo Reverendo Padre Elias Álvaro de Morais Navarro, vigário de
Cabo Verde, que ali celebrou a Primeira Missa na Capela.
d) Bênção da Capela do Rosário
Em 15 de maio de 1894, foi dada a Provisão de Bênção à Capela do
Rosário, benta em 29 de maio do mesmo ano. Esta Capela ficava na Praça
Cel. Gustavo Ribeiro.
32
e) Visita Pastoral de Dom Joaquim Cavalcanti
Do dia 21 ao dia 25 de maio de 1896, acontece uma visita pastoral a
Caconde, de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Bispo de
São Paulo.
f) Provisão da Capela de Nossa Senhora Aparecida
Em 15 de outubro de 1902, é dada a Provisão para ereção da Capela de
Nossa Senhora Aparecida, por D. Antônio Cândido de Alvarenga, a pedido do
padre Manoel Bento Gonçalves.
g) Iluminação elétrica da Igreja Matriz
A Igreja Matriz foi iluminada no dia 16 de novembro de 1907, data em
que se realizou o casamento do delegado de polícia da cidade, Sr. Antônio
Porto de Queiroz, com a srta. Maria Eugênia Fernandes. A noiva era sobrinha
do Comendador Umbelino.
h) Anexação à Diocese de Ribeirão Preto
Em 1908, a Paróquia de Caconde passa a pertencer a novel Diocese de
Ribeirão Preto, desmembrada da de São Paulo.
i) O Padre Roberto Landell de Moura
O famoso cientista brasileiro considerado pioneiro na invenção do
transmissor de ondas sonoras, Monsenhor Roberto Landell de Moura, foi
pároco de Caconde, a partir de 19 de julho a 14 de outubro de 1908. Ele era
muito querido em Caconde. Em 20 de setembro de 1908, autoridades locais
pediram a D. Duarte, Bispo de Ribeirão Preto, que o Padre Roberto não fosse
removido para o Rio Grande do Sul. Um documento com 82 assinaturas
recolhidas, entre as quais a do prefeito, presidente da Câmara, vereadores, juiz
de Direito, comerciantes e fazendeiros e povo em geral, foi entregue ao Bispo.
33
1
Monsenhor Roberto Landell de Moura
j) Benção da Capela de Nossa Senhora Aparecida
Segundo o Livro do Tombo, o doador do
terreno para a construção da Capela de
Nossa Senhora Aparecida, foi o Senhor
Antônio Eusébio de Assis, e foi ele mesmo
quem a construiu com recursos pessoais em
cumprimento a uma promessa.
Dom Duarte Leopoldo concedeu em 26
de agosto de 1908, a Provisão para a Bênção
da Capela de Nossa Senhora Aparecida, por
solicitação do Padre Roberto Landell de
Moura, o que foi feito, pelo mesmo padre, em
8 de setembro desse ano.
Antonio Eusébio de Assis
1
Monsenhor Landell de Moura é muito famoso pelos seus experimentos e inventos, foi ele o inventor do
transmissor de ondas sonoras.
34
Registro da Benção e inauguração da Capela Nossa Senhora Aparecida
feito pelo Padre Roberto Landell Moura.
Capela de Nossa Senhora Aparecida
35
l) A Igreja Matriz primitiva
A Igreja Matriz primitiva como se vê numa fotografia datada de 1909,
tinha uma porta frontal e duas portas de cada lado, com degraus de pedra. Era
coberta de telhas e possuía duas torres. Na frente dela havia um cruzeiro e
junto dele um chafariz.
Igreja Matriz de Caconde em 1909
m) Aquisição dos terrenos do Patrimônio
Os terrenos onde se ergueu a Cidade de Caconde pertenciam à Nossa
Senhora da Conceição. Porém, como os antigos documentos da doação
desapareceram, a Paróquia se valia somente da tradição para exercer seu
direito sobre os terrenos.
A aquisição dos terrenos se deu no auge de um confronto entre a Fábrica
da Igreja Matriz e a Câmara Municipal. A Câmara se achava de posse dos
terrenos há muitos anos e a Igreja, verdadeira proprietária, perdera a Escritura
da doação feita por Miguel da Silva Teixeira e reclamava o seu direito sobre os
terrenos apoiada na tradição.
36
A aquisição definitiva dos terrenos do Patrimônio da Fábrica da Igreja
Matriz pela Câmara Municipal foi feita em 15 de julho de 1912.
Pela escritura, a Câmara adquiria os terrenos pela quantia de dez contos
de réis, representadas por cinco letras de câmbio vencíveis anualmente em
janeiro de 1913, 1914, 1915, 1916 e 19172. A Câmara também se
comprometeu a fornecer gratuitamente água potável para a casa paroquial e
energia elétrica para a mesma casa e para a Igreja Matriz, destinadas à
iluminação comum. Ficou isenta, a dita casa paroquial, do imposto predial
presente e futuro e remida da dívida anterior.
As negociações para a aquisição dos terrenos foram feitas pelo Padre
João Miguel de Angelis, como representante da Diocese de Ribeirão Preto, à
qual pertencia a Paróquia na época, e o Comendador José Umbelino, como
Prefeito Municipal.
Eis a integra da Escritura de Aquisição:
“Levindo José Alves, tabelião e escrivão do cartório do
primeiro officio, desta comarca de Caconde, na forma da lei,
etc. Certifico e dou fé a pedido verbal de pessoa interessada,
revendo em meu cartório o livro de notas número 38 delles a
folhas 60 e 64, consta a escriptura publica do teor seguinte: ESCRIPTURA de transaccção, transferência e transladação de
domínio jus e acção que fazem entre si a Fabrica da Egreja
Matriz de Caconde, e a Câmara Municipal da mesma cidade,
como abaixo se declara, no valor de Rs. 10:000$000. SAIBAM
quantos este público instrumento de escriptura de transaçção,
transferência e transladação de domínio, juz acção ou em
direito melhor nome haja, virem, que no dia quinze de Julho de
mil novecentos e doze, nesta cidade de Caconde, districto e
comarca do mesmo nome, do Estado de São Paulo, em meu
cartório
compareceram,
partes
havidas
por
justas
e
contractadas, como outorgantes e reciprocamente outorgadas
de um lado a Fabrica da Egreja Matriz desta cidade, na pessoa
do Bispo Diocesano de Ribeirão Preto, aqui representado pelo
2
Cartório de Notas e Ofício da Justiça da Comarca de Caconde, livro 38, fl. 60 v. a 63 v.
37
Vigário João Miguel de Angelis, que apresentou a respectiva
procuração do Bispo D. Alberto José Gonçalves, a qual vae
adiante transcripta e será também registrada no livro
competente e de outro lado a Câmara Municipal de Caconde,
representada pelo Prefeito Commendador José Umbelino
Fernandes, sendo ambas as partes aqui presentes residentes
nesta cidade, e reconhecidas pelos próprios de mim tabelião
do que dou fé e das testemunhas Calimerio Bittencourt e
Juvenal Nigro, proprietários, minhas conhecidas e também aqui
residentes, perante as quaes pelas partes contractantes, foi
dito que há longo annos acha-se pendentes entre as mesmas
partes a questão sobre a legitimidade do domínio e posse dos
terrenos que constituem o patrimônio desta cidade, porquanto
ambas essas partes se arrogam com direito de propriedade e
demais deccorrentes delles, pois é de tradicção corrente que
em mil oitocentos e vinte e quatro, Miguel Ferreira da Silva, ou
da Silva Ferreira, que era vulgarmente conhecido pelo o
apellido de Guerra, doara por escripto particular, que se
perdera, á Padroeira da freguezia e Parochia de Caconde,
Nossa Senhora da Conceicção, para constituir patrimônio da
nova Egreja que sobre essa invocação ia ser fundada, o
terreno calculado em cem alqueires de setenta e cinco braças,
em
quadra,
do
antigo
systema
que
então
vigorava
comprehendido dentro dos limites certos, conhecidos e
incontestados e hoje bem assignalados por valos, córregos,
cercas e outros marcos assentos e reconhecidos pelos
respectivos confrontantes, sendo taes limites e divisas as
seguintes: principiando na porteira do alto, na estrada que vae
para o Bom Jesus, segue à esquerda pelo vallo, espigão,
águas vertentes até encontrar o pasto da antiga chacrinha de
S. Miguel e dahi seguindo pelo vallo até encontrar o córrego de
S. Miguel do Pinhal, hoje denominado Córrego do Guerra;
atravessando o córrego, segue pelo vallo, no espigão que
contraverte para aquella mesma chácara até encontrar divisas
da Chácara de Domiciano de Souza Dias (Sanduca) e
seguindo à esquerda sempre pelos vallos antigos até a estrada
que vae para o bairro do S. Miguel, dahi, atravessando a
38
estrada e seguindo o vallo que serve de feicho no alto do
espigão em divisas com a antiga fazenda do Angola ou S.
Miguel, hoje em divisas com Antônio Euzébio de Assis, e
seguindo à esquerda por vallos e tapumes até encontrar terras
que foram de Bento Pinheiro da Silva, dahi segue pelo cume
do espigão, descendo até o lugar onde existia segundo a
tradicção, um toco de peroba e deste em rumo a encontrar o
córrego que serve de divisa do Patrimônio com Garuti
Constante, e dahi seguindo pelo córrego acima onde segundo
a tradicção, existia ou existe um toco de pereira, na divisa de
José Nogueira de Almeida; dahi em rumo a um pequeno morro
atraz da casa de D. Anna Idalina de Sá, e desse morro a rumo
passando por traz da caza de Samuel José de Souza, até o
pequeno córrego pelo qual sobe a divisa e por vallos e
banquetas de divisa de Samuel e Pedro Tortorelli, até o vallo
velho e seguindo por este ao alto, até encontrar o vallo da
antiga chácara do P. Sanches, segue depois pelo vallo, sempre
espigão, águas vertentes até a porteira onde teve principio e
fim a demarcacção. Esses terrenos do Patrimônio confrontam
hoje com Alexandre Tardelli, Severino José Vieira, Francisco
Teodoro Kühl, Terreno da Santa Cruz (da Fábrica), Luís
Mazzilli, Lourenço Tardeli, José de Paula Martins, Francisco
Bernol, João Silvério Marques, Antônio Eusébio de Assis,
Garuti Constante, José Nogueira, dona Anna Idalina de Sá,
Samuel José de Souza, Pedro Tortorelli, Fernando Joaquim de
Souza e Joaquim Antônio Magalhães, Fundada de facto a
Egreja Matriz, que actualmente existe e tornando-se a actual
povoação sede da antiga Freguesia e Parochia de Caconde
com o mesmo provimento de mil setecentos e setenta e cinco o
referido terreno, acima mencionado, fica constituído em
Patrimônio e lougradoro publico, de uso e goso dos respectivos
habitantes, até que creado o município, a câmara Municipal de
harmonia com o regimem da União da Egreja e do Estado
creou leis regulando a destribuição de datas arrendamentos de
terras, que concedia de accordo com a sua atribuição
administrativa, reconhecendo, no entanto por acto e factos a
propriedade e domínio da Egreja nos ditos terrenos apezar de
39
continuar em posse precária até a mudança das instituições
políticas do Paiz e estabelecimento do novo regimem que
estabeleceu a separação dos Poderes, sendo que na vigência
da lei da Separação ainda a Câmara Municipal, mudando o
titulo de posse, permaneceu nesta tolerância da Egreja, Sendo
da
maior
conviniencia
evitar-se
litígio
que
sobre
ser
despendioso e irritante viria perturbar profundamente a
harmonia até aqui existente entre o poder Municipal e a pessoa
Jurídica que o Bispado representa, além do que a discussão
judicial desse litígio viria affectar os interesses da Câmara e
dos seus munícipes, já em boa fé, estabelecidos com casas e
outras propriedades no terreno em questão, as duas partes
interessadas entraram em accordo amigável para completa
solução da questão, digo, desta pendência, Com esse intuito e
animada
desta
intenção
a
Câmara
Municipal
tomou
conhecimento da representação e propostas apresentadas
pelo Bispo Diocesano votando a lei numero cento e quinze de
vinte e três de Maio de mil novecentos e doze, que rege de
accordo efectuado e em execução do qual e lavrada a presente
escriptura, com as cláusulas que abaixo vão estipuladas – A
Fabrica da Egreja Matriz de Caconde, na pessoa do Bispo da
Diocese, aqui representado por seu bastante procurador,
considerando-se
senhora
legitimamente
possuidora
dos
terrenos que constituem o Patrimônio desta cidade e constam
dos limites acima descritos, entra em accordo, faz trazação e
composição amigável e, em conseqüência, vende a outorgada
Câmara Municipal de Caconde todo o terreno que constitue o
Patrimônio, digo, o dito Patrimônio, cede e transfere na pessoa
da outorgada todo o direito e acção que sobre esse terreno tem
tido, por todo e qualquer titulo, de modo que a outorgante, digo,
outorgada possa delle gosar, dispor ou alienar livremente como
seu que ficam sendo de hoje para sempre por bem deste
escriptura sendo que a outorgante renuncia expressamente em
benefício da outorgada a toda e qualquer reclamação e direitos
sobre arrendamentos, datas foros, laudêmios, jóias, servidões,
occupações anteriores a este escriptura, Fica subtendido
porém que a Fabrica continuará no uso e goso do terreno
40
occupado pelo actual cemitério enquanto este pertencer á
mesma Fabrica. Esta transferência do terreno do Patrimônio é
feita mediante a indenização do valor de dez contos de reis
(10:000$000), que a outorgada se obriga a pagar em cinco
prestações annuaes de dois contos de reis cada uma veis cada
uma por sua vez, em preimerio do mez de Janeiro dos annos
de mil novecentos e treze, mil novecentos e
quatorze, mil
novecentos e quinze, mil novecentos e dezesseis e mil
novecentos e dezessete, as quaes são nesta data emittida e
acceitas pela Câmara pelo seu representante legal; ao mesmo
tempo que a outorgada Câmara se compromete á: fornecer
gratuitamente água potável para a actual casa parochial;
fornecer gratuitamente, tanto para a casa parochial como para
a Egreja Matriz, lâmpadas elétricas para a iluminação
commum, isto pelo modo porque se acha atualmente
estabelecido, tanto na casa como na Egreja; e isento como
isenta, a dita casa parochial do imposto predial presente e
futuro ficando a mesma casa remida da divida antiga, digo
anterior. A outorgante vendedora, de posse das ditas letras, dá
a outorgada plena e geral quitação de paga e satisfeita para
todos os fins de direito. Pela outorgada Câmara Municipal na
pessoa de seu representante foi dito que acceita esta
escriptura como as clausulas e obrigações estipuladas e desde
já entra de plena posse dos terrenos que adquiriu por bem
desta. E de como assim o disseram e prometeram cumprir e
guardar me pediram lavrar-se esta escriptura que li perante as
partes e testemunhas; aquelas acceitara, outorgaram, e eu
como pessoa publica também a acceitei em nome de absentes
e de que mais deva ser, assignam com as testemunhas
Calimerio
Bittencourt
e
Juvenal
Nigro,
todos
minhas
conhecidas do que tudo eu tabelião dou fé, perante mim
Levindo José Alves tabellião que a escrevi e assigno. Em
seguida transcrevo vosa procuração do theor seguinte: D.
Alberto José Gonçalves, por mercê de Deus e da Santa Sé
Apostólica, Bispo da Diocese de Ribeirão Preto. Aos que este
documento virem Saudação, Paz e Benção em Nosso Senhor
Jesus Christo. Em virtude da faculdade que nos foi concedida
41
pela Santa Sé, autorisamos o Rvmo. Padre João Miguel de
Angelis a assignar a escriptura de venda que a Câmara
Municipal de Caconde faz á Diocese de Ribeirão Preto dos
terrenos que constituem o Patrimônio da Matriz da dita cidade
de Caconde, de accordo com as clausulas estipuladas. O
producto da venda será recolhido á Câmara Eclesiástica, afim
de ser aplicada a titulo de renda em favor da referida Fabrica.
Ribeirão Preto, primeiro de Fevereiro de mil novecentos e
doze. Albert, Bispo Diocesano. Estava com a firma e letra
reconhecida e feita em papel com as armas do mesmo Bispo
Diocesano, com o selo do Bispado. Era o que se continha em
dita procuração que para aqui fielmente transcrevi, a pedido
das partes contractantes. E me apresentaram o bilhete de
distribuição datado de hoje, o selo federal no valor de onze mil
reis, em duas estampilhas que vão colladas no fim desta.
Dizem as entrellinhas: Patrimônio, na pagina sessenta e uma
que existe, na pagina sessenta e um verso e a emenda
tornando-se na mesma pagina sessenta e um verso. Eu
Levindo José Alves, tabellião o escrevi e assigno. Levindo José
Alves, Padre João Miguel de Angelis, José Umbelino
Fernandes, Calimério Bittencourt e Juvenal Nigro”.
3
3
Paróquia de Caconde, Livro do Tombo, II, p. 117-118.
42
n) O Colégio da Imaculada
No dia 23 de dezembro de 1912, chegaram da Espanha as Irmãs da
Congregação das Filhas de Jesus, sendo superiora a Irmã Heloísa Andrés.
Elas vieram com a missão de dirigir o futuro Colégio da Imaculada. Esse
Colégio foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1913, na Casa Grande da
Soledade no Largo da Matriz, prédio este, cedido pela Câmara Municipal. O
Colégio foi fundado pelo Padre João Miguel de Angelis.
Colégio da Imaculada 1924
o) A Reforma da Matriz em 1917
O Padre Angelis aventou a Reforma da Matriz, iniciando as obras em 01
de fevereiro de 1917, passando as missas a serem celebradas na antiga
Capela do Rosário.
Em 12 de dezembro de 1919, o jornal “A Comarca” informava que
prosseguiam as obras de reforma da Matriz, e que os serviços de reforma
externa haviam sido contratados com o Sr. Jorge Otto Mathes, pela quantia de
8:000$000.
Em 1920, estavam terminados os trabalhos de reforma da Matriz. Tem
inicio a reforma das duas torres, com planta do engenheiro José Maria de
Lacerda. No entanto, o projeto inicial deve ter sido modificado, pois em primeiro
43
de janeiro de 1921 foi lançada a pedra fundamental da nova torre. As duas
torres antigas foram modificadas para cederem lugar a uma só torre, na parte
central, tendo ficado pronta provavelmente em 1924, para as comemorações
do Centenário da Cidade.
Igreja Matriz de Caconde em 1924
Centenário da Primeira Missa
44
p) Demolição da Capela do Rosário
A lei n.º 200, de 1920, autorizou o prefeito a desapropriar a Capela do
Rosário, para a amplificação do Largo do Rosário
q) A Imagem de Nossa Senhora da Conceição de 1775
A
antiga
Imagem
de
Nossa
Senhora da Conceição, que figurava no
altar da primitiva Matriz do Bom Sucesso,
desapareceu em princípios do século
XIX. Esteve por alguns anos no oratório
particular do Pe. Carlos de Mello, até que
em 1824, por ocasião da Missa do Natal,
passou a ocupar seu lugar no Altar-Mor
da Nova Matriz.
No dia 3 de maio de 1921, o Pe.
João Miguel, fazendo um exame de
vários objetos já sem uso e recolhidos a
granel em um armário, encontrou as duas
metades da Imagem, cuja autenticidade
se evidencia pela inscrição que traz numa
das faces do pedestal: 1775 D.D.
A efígie tem 50 centímetros de
altura.
Foi
restaurada
para
as
Comemorações do Centenário da Cidade
em 1924. (Esses dados foram colhidos de
“A Polyanthéa,” de 1924, ob. cit.).
Nossa Senhora da Conceição de 1775
45
r) O Padre João Miguel de Angelis
Tomou posse como pároco de Caconde em 13 de outubro de 1910. Foi
um grande pároco. Homem ativo trabalhou muito em prol de Caconde e da
Paróquia.
Foi ele o fundador do Colégio da Imaculada, que era dirigido por Irmãs
Religiosas e funcionava na Casa Grande da Soledade. Também fundou a
Escola Profissional "Comendador Umbelino" e uma Banda de Música. Foi
redator do jornal “A Sentinela”.
Ele reencontrou em maio de 1921 a antiga imagem de Nossa Senhora
da Conceição, datada de 1775, que estava desaparecida. Foi o procurador
diocesano na aquisição dos Patrimônios da Paróquia pela Câmara Municipal
em 1912; reformou a Igreja Matriz em 1917.
Sua atividade política causou-lhe desagravos perante os líderes
partidários de Caconde. Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara
resolveu "protestar contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir em
ata um voto de reprovação". (Na madrugada daquele dia, sua residência, foi
crivada de balas, o que causou grande pânico na vizinhança).
O padre João Miguel de Angelis,
agindo junto aos poderes competentes
e jogando com sua influência pessoal,
conseguiu a remodelação do prédio do
Fórum. Colaborou também para as
obras da estrada que liga Caconde a
Itaiquara.
Devido o perigo que corria por
atentados
de
perseguição
política,
solicitou sua transferência de Caconde,
sendo esta ocorrida em 29 de setembro
de 1929.
Faleceu como Cônego, no dia 20
de novembro de 1933, às 22h20min,
46
em São Simão - MG. Muitas pessoas de Caconde acompanharam seu enterro
em São Simão. A rua em frente à Santa Casa de Misericórdia de Caconde
recebeu seu nome pela lei nº 206, de 20 de junho de 1930.
5.2. O centenário da Cidade e de sua primeira Missa
O Povo Cacondense aguardava com a maior expectativa o ano de 1924.
O motivo dessa espera era a de celebrar festivamente a tão gloriosa data do
aniversário dos 100 anos da fundação de Caconde e de sua primeira Missa.
A Praça Rui Barbosa, atual Praça Ranieri Mazzilli, e a Igreja Matriz
haviam
sido
reformadas
e
estavam
magníficas
para
esse
grande
acontecimento.
O ativo Padre João Miguel de Angelis era o redator do jornal "A
Sentinela", que para dezembro desse ano, estava preparando a publicação da
primeira Resenha Histórica de Caconde, contando para isso, com a preciosa
ajuda dos alunos e da oficina tipográfica da Escola Profissional fundada por ele
e cujo nome homenageava o ilustre Comendador José Umbelino Fernandes
Júnior.
Esta resenha histórica, já há algum tempo, estava a cargo do talento do
próprio Comendador. Segundo Campanhole, o Comendador não costumava
citar as fontes de suas citações, tendo feito recortes em vários documentos
para os clichês de sua Resenha. Fiou-se também em "uns restos de tradição
oral" para compô-la.
O seu relato sobre a Missa do Natal de 1824, como a primeira missa de
Caconde, foi mais tarde testificado por Campanhole como sendo somente a
Missa de inauguração do Altar-mor da Igreja Matriz, visto que existe uma
provisão de funcionamento da Igreja é datada do mês de maio de 1824 e que,
pela provisão de vigário do Padre Carlos de Mello, ele estava autorizado a
celebrar missas em uma casa particular até a construção e provisão de Bênção
da nova Igreja. Por isso, o Centenário da primeira Missa e restauração da
cidade fora uma comemoração errônea.
47
Em 1924, o Colégio da Imaculada, que era dirigido anteriormente pelas
religiosas Filhas de Jesus, estava sob a direção das religiosas da Pia União de
Jesus, Maria e José, sendo diretora a Madre Superiora Maria Conceição Pinto.
Na grande comemoração do Centenário, no dia 24 de dezembro, às
9h00min, foi inaugurado, na Praça Coronel Joaquim José, o Obelisco
comemorativo do Primeiro Centenário de Caconde e de sua Primeira Missa:
48
Eis o programa religioso das comemorações do Centenário da Primeira
Missa e Fundação de Caconde:
CENTENÁRIO4
DA
FUNDAÇÃO DE CACONDE E DA PRIMEIRA MISSA
Aqui celebrada no dia 24 de dezembro
Os festejos organizados para a commemoração de tão gloriosa data
obedecerão ao seguinte:
-- PROGRAMA -DIA 22 – O Reverendo vigário da Parochia Padre João Miguel de Angelis, acolytado
pelos Reverendíssimos Padres Feliciano Jagüe e João de Eschibaria, dará início a um
solemne tríduo na vetusta Matriz desta cidade, às 6 horas e meia da tarde.
DIA 23 – As 8 horas da manhã o Vigário e os outros Padres celebrarão o Santo
Sacrifício da Missa em suffrágio dos fundadores desta cidade. As 8 horas e meia da
noite um grupo de gentis senhoritas levará ao palco no Theatro Variedades um
pequeno drama e algumas cançonetas.
DIA 24 – O amanhecer desse dia será saudado com uma salva de 21 tiros e a banda
musical Santa Cecília, sob a eximia batuta do maestro Mozart Cândido de Araújo
percorrerá as ruas desta cidade. As 7 horas e meia os Reverendíssimos Padres
celebrarão uma missa em suffragio das almas dos vigários que foram desta parochia.
As 8 horas a histórica imagem de Nossa Senhora da Conceição, que figurou como
Padroeira da extincta egreja do Bom Sucesso, em 1775, em bellissimo andor, da
Capella do Collegio Immaculada será transportada, procissionalmente, para a praça
Dr. Sampaio Vidal, onde será collocada em artístico altar, exposta à veneração dos
fiéis.
Neste acto soará o velho sino que existiu naquella mesma igreja
Às 9 horas se fará a inauguração do obelisco commemorativo do Centenário,
que será entregue aos poderes municipaes. Logo em seguida, no mesmo altar, será
celebrada a missa campal, pregando ao Evangelho o Padre Feliciano Jagüe.
Caconde, dezembro de 1924.
4
Extraído de “Polyanthea”, A Sentinela, Caconde, dezembro de 1924.
49
5. 3. Eventos Posteriores
Principais eventos posteriores a 1924:
a) Atentado contra a Casa Paroquial (1926)
Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara resolveu "protestar
contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir em ata um voto de
reprovação" (Na madrugada desse dia crivaram de balas a residência de
respeitável cidadão, causando pânico na vizinhança).
Casa Paroquial de Caconde 1924
50
b) A imagem de São Roque atingida (1932)
A Imagem de São Roque que ficava no interior da Igreja Matriz foi
atingida por projeteis das forças opositoras de São Paulo durante a Revolução
Constitucionalista de 1932. Este fato tornou o santo querido pelo povo
cacondense, sendo este, aclamado popularmente como "Santo Protetor da
Cidade". Este acontecimento está narrado na íntegra, no livro “Caconde e a
Revolução Paulista”, publicado em 1933, pelo Prof. Antônio Fernandes
Gonçalves, p. 99-102.
51
c) Fundação da Sociedade São Vicente de Paulo
Foi fundada, em 1934, no interior da Igreja Matriz a Sociedade de São
Vicente de Paulo. Presidiu os trabalhos o padre Gregório Argoitia, pregador.
Era vigário de Caconde o padre Sebastião Lessa.
d) Criação do Distrito de Paz de Santo Antônio da Barra
A lei nº 2.694 de 03 de novembro de 1936, criou o Distrito de Paz de
Santo Antônio da Barra, no município e comarca de Caconde, com o território
que, pelo convênio de 28 de setembro do mesmo ano, passou de Minas Gerais
para São Paulo, porque era um pequeno acréscimo tomado do território de
Caconde. Ficaram também criadas duas escolas de primeiro estágio, uma
feminina e outra masculina na povoação de Santo Antônio da Barra.
O Distrito de Santo Antônio de Barrânia
52
e) Desmembramento da Paróquia de Tapiratiba (1937)
Em 1937, foi criada e desmembrada da Paróquia de Caconde, a
Paróquia de Nossa Senhora Aparecida em Tapiratiba.
f) Reforma da Matriz – inauguração de duas torres (1939)
Há no Livro do Tombo III, informações de uma reforma da Matriz por
volta de 1935 a 1939.
No dia 08 de dezembro de 1939, data festiva de Nossa Senhora da
Conceição, a Igreja Matriz aparecia novamente com duas torres, segundo
Campanhole as mesmas foram inauguradas nesse dia.
Igreja Matriz de Caconde 1939
53
g) Fundação da “Casa Imaculada Conceição” do IBVM (1943)
Foi fundada em agosto de 1943, a Casa “Imaculada Conceição” da
Congregação das Religiosas do Instituto Beatíssima Virgem Maria (IBVM)5, em
principio conhecidas como “Damas
Inglesas”, hoje atual “Congregação
de Jesus”.
Começaram com três Irmãs
atendendo no hospital da Santa
Casa de Misericórdia a partir de 15
de agosto de 1943, e dedicando-se
também a outras necessidades
paroquiais.
h) Edição do livro “Caconde” (1947)
Em 1947, foi editado o primeiro livro do historiador Adriano Campanhole,
intitulado “Caconde”. Campanhole doou todos os exemplares do livro para a
Igreja Matriz de Caconde.
“Oferecendo este livro à Caconde, como
testemunho de nossa admiração pela velha cidade
de Nossa Senhora da Conceição, estamos certos de
que ele realiza inteiramente o nosso desejo de
contribuir para o conhecimento de sua história, tão
estritamente ligada a um dos capítulos mais
movimentados e brilhantes da história de São Paulo
– o da conquista da terra”. Adriano Campanhole.
5
Em 2005-2006, o Instituto passou oficialmente a se chamar “Congregação de Jesus” para atender o
desejo de sua fundadora Madre Mary Ward.
54
i) Falecimento de Madre Emília (1948)
Faleceu a Madre Maria Emília Herberich, IBVM, em 20 de dezembro de
1948. Foi sepultada no túmulo do Instituto, no Cemitério Municipal.
j) Visita de Dom Luiz do Amaral Mousinho (1952)
Em 1952, visitou a edilidade (Câmara) D. Luis Amaral Mousinho, bispo
diocesano, sendo saudado pelo senhor Waldemar Carlos de Souza, primeiro
secretário.
Igreja Matriz de Caconde 1956
55
Download

Capítulo V - imaculada.org