5. O CENTENÁRIO DA PRIMEIRA MISSA 5.1. Eventos anteriores Principais eventos anteriores a 1924: a) A Paróquia do Espírito Santo do Rio do Peixe Foi desmembrada da Paróquia de Caconde, a Paróquia do Divino Espírito Santo (Divinolândia) em 25 de janeiro de 1884. b) O relógio da Matriz Lê–se na ata da Câmara Municipal de 14 de maio de 1877, que o relógio da Igreja Matriz estava desconcertado e para o conserto do mesmo, a Câmara dispensou a ajuda de dez mil réis à Fábrica da Igreja. c) Primeira Missa na Capela de Santo Antônio da Barra Em 2 de julho de 1893, teve lugar a Benção da Capela de Santo Antônio da Barra, pelo Reverendo Padre Elias Álvaro de Morais Navarro, vigário de Cabo Verde, que ali celebrou a Primeira Missa na Capela. d) Bênção da Capela do Rosário Em 15 de maio de 1894, foi dada a Provisão de Bênção à Capela do Rosário, benta em 29 de maio do mesmo ano. Esta Capela ficava na Praça Cel. Gustavo Ribeiro. 32 e) Visita Pastoral de Dom Joaquim Cavalcanti Do dia 21 ao dia 25 de maio de 1896, acontece uma visita pastoral a Caconde, de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Bispo de São Paulo. f) Provisão da Capela de Nossa Senhora Aparecida Em 15 de outubro de 1902, é dada a Provisão para ereção da Capela de Nossa Senhora Aparecida, por D. Antônio Cândido de Alvarenga, a pedido do padre Manoel Bento Gonçalves. g) Iluminação elétrica da Igreja Matriz A Igreja Matriz foi iluminada no dia 16 de novembro de 1907, data em que se realizou o casamento do delegado de polícia da cidade, Sr. Antônio Porto de Queiroz, com a srta. Maria Eugênia Fernandes. A noiva era sobrinha do Comendador Umbelino. h) Anexação à Diocese de Ribeirão Preto Em 1908, a Paróquia de Caconde passa a pertencer a novel Diocese de Ribeirão Preto, desmembrada da de São Paulo. i) O Padre Roberto Landell de Moura O famoso cientista brasileiro considerado pioneiro na invenção do transmissor de ondas sonoras, Monsenhor Roberto Landell de Moura, foi pároco de Caconde, a partir de 19 de julho a 14 de outubro de 1908. Ele era muito querido em Caconde. Em 20 de setembro de 1908, autoridades locais pediram a D. Duarte, Bispo de Ribeirão Preto, que o Padre Roberto não fosse removido para o Rio Grande do Sul. Um documento com 82 assinaturas recolhidas, entre as quais a do prefeito, presidente da Câmara, vereadores, juiz de Direito, comerciantes e fazendeiros e povo em geral, foi entregue ao Bispo. 33 1 Monsenhor Roberto Landell de Moura j) Benção da Capela de Nossa Senhora Aparecida Segundo o Livro do Tombo, o doador do terreno para a construção da Capela de Nossa Senhora Aparecida, foi o Senhor Antônio Eusébio de Assis, e foi ele mesmo quem a construiu com recursos pessoais em cumprimento a uma promessa. Dom Duarte Leopoldo concedeu em 26 de agosto de 1908, a Provisão para a Bênção da Capela de Nossa Senhora Aparecida, por solicitação do Padre Roberto Landell de Moura, o que foi feito, pelo mesmo padre, em 8 de setembro desse ano. Antonio Eusébio de Assis 1 Monsenhor Landell de Moura é muito famoso pelos seus experimentos e inventos, foi ele o inventor do transmissor de ondas sonoras. 34 Registro da Benção e inauguração da Capela Nossa Senhora Aparecida feito pelo Padre Roberto Landell Moura. Capela de Nossa Senhora Aparecida 35 l) A Igreja Matriz primitiva A Igreja Matriz primitiva como se vê numa fotografia datada de 1909, tinha uma porta frontal e duas portas de cada lado, com degraus de pedra. Era coberta de telhas e possuía duas torres. Na frente dela havia um cruzeiro e junto dele um chafariz. Igreja Matriz de Caconde em 1909 m) Aquisição dos terrenos do Patrimônio Os terrenos onde se ergueu a Cidade de Caconde pertenciam à Nossa Senhora da Conceição. Porém, como os antigos documentos da doação desapareceram, a Paróquia se valia somente da tradição para exercer seu direito sobre os terrenos. A aquisição dos terrenos se deu no auge de um confronto entre a Fábrica da Igreja Matriz e a Câmara Municipal. A Câmara se achava de posse dos terrenos há muitos anos e a Igreja, verdadeira proprietária, perdera a Escritura da doação feita por Miguel da Silva Teixeira e reclamava o seu direito sobre os terrenos apoiada na tradição. 36 A aquisição definitiva dos terrenos do Patrimônio da Fábrica da Igreja Matriz pela Câmara Municipal foi feita em 15 de julho de 1912. Pela escritura, a Câmara adquiria os terrenos pela quantia de dez contos de réis, representadas por cinco letras de câmbio vencíveis anualmente em janeiro de 1913, 1914, 1915, 1916 e 19172. A Câmara também se comprometeu a fornecer gratuitamente água potável para a casa paroquial e energia elétrica para a mesma casa e para a Igreja Matriz, destinadas à iluminação comum. Ficou isenta, a dita casa paroquial, do imposto predial presente e futuro e remida da dívida anterior. As negociações para a aquisição dos terrenos foram feitas pelo Padre João Miguel de Angelis, como representante da Diocese de Ribeirão Preto, à qual pertencia a Paróquia na época, e o Comendador José Umbelino, como Prefeito Municipal. Eis a integra da Escritura de Aquisição: “Levindo José Alves, tabelião e escrivão do cartório do primeiro officio, desta comarca de Caconde, na forma da lei, etc. Certifico e dou fé a pedido verbal de pessoa interessada, revendo em meu cartório o livro de notas número 38 delles a folhas 60 e 64, consta a escriptura publica do teor seguinte: ESCRIPTURA de transaccção, transferência e transladação de domínio jus e acção que fazem entre si a Fabrica da Egreja Matriz de Caconde, e a Câmara Municipal da mesma cidade, como abaixo se declara, no valor de Rs. 10:000$000. SAIBAM quantos este público instrumento de escriptura de transaçção, transferência e transladação de domínio, juz acção ou em direito melhor nome haja, virem, que no dia quinze de Julho de mil novecentos e doze, nesta cidade de Caconde, districto e comarca do mesmo nome, do Estado de São Paulo, em meu cartório compareceram, partes havidas por justas e contractadas, como outorgantes e reciprocamente outorgadas de um lado a Fabrica da Egreja Matriz desta cidade, na pessoa do Bispo Diocesano de Ribeirão Preto, aqui representado pelo 2 Cartório de Notas e Ofício da Justiça da Comarca de Caconde, livro 38, fl. 60 v. a 63 v. 37 Vigário João Miguel de Angelis, que apresentou a respectiva procuração do Bispo D. Alberto José Gonçalves, a qual vae adiante transcripta e será também registrada no livro competente e de outro lado a Câmara Municipal de Caconde, representada pelo Prefeito Commendador José Umbelino Fernandes, sendo ambas as partes aqui presentes residentes nesta cidade, e reconhecidas pelos próprios de mim tabelião do que dou fé e das testemunhas Calimerio Bittencourt e Juvenal Nigro, proprietários, minhas conhecidas e também aqui residentes, perante as quaes pelas partes contractantes, foi dito que há longo annos acha-se pendentes entre as mesmas partes a questão sobre a legitimidade do domínio e posse dos terrenos que constituem o patrimônio desta cidade, porquanto ambas essas partes se arrogam com direito de propriedade e demais deccorrentes delles, pois é de tradicção corrente que em mil oitocentos e vinte e quatro, Miguel Ferreira da Silva, ou da Silva Ferreira, que era vulgarmente conhecido pelo o apellido de Guerra, doara por escripto particular, que se perdera, á Padroeira da freguezia e Parochia de Caconde, Nossa Senhora da Conceicção, para constituir patrimônio da nova Egreja que sobre essa invocação ia ser fundada, o terreno calculado em cem alqueires de setenta e cinco braças, em quadra, do antigo systema que então vigorava comprehendido dentro dos limites certos, conhecidos e incontestados e hoje bem assignalados por valos, córregos, cercas e outros marcos assentos e reconhecidos pelos respectivos confrontantes, sendo taes limites e divisas as seguintes: principiando na porteira do alto, na estrada que vae para o Bom Jesus, segue à esquerda pelo vallo, espigão, águas vertentes até encontrar o pasto da antiga chacrinha de S. Miguel e dahi seguindo pelo vallo até encontrar o córrego de S. Miguel do Pinhal, hoje denominado Córrego do Guerra; atravessando o córrego, segue pelo vallo, no espigão que contraverte para aquella mesma chácara até encontrar divisas da Chácara de Domiciano de Souza Dias (Sanduca) e seguindo à esquerda sempre pelos vallos antigos até a estrada que vae para o bairro do S. Miguel, dahi, atravessando a 38 estrada e seguindo o vallo que serve de feicho no alto do espigão em divisas com a antiga fazenda do Angola ou S. Miguel, hoje em divisas com Antônio Euzébio de Assis, e seguindo à esquerda por vallos e tapumes até encontrar terras que foram de Bento Pinheiro da Silva, dahi segue pelo cume do espigão, descendo até o lugar onde existia segundo a tradicção, um toco de peroba e deste em rumo a encontrar o córrego que serve de divisa do Patrimônio com Garuti Constante, e dahi seguindo pelo córrego acima onde segundo a tradicção, existia ou existe um toco de pereira, na divisa de José Nogueira de Almeida; dahi em rumo a um pequeno morro atraz da casa de D. Anna Idalina de Sá, e desse morro a rumo passando por traz da caza de Samuel José de Souza, até o pequeno córrego pelo qual sobe a divisa e por vallos e banquetas de divisa de Samuel e Pedro Tortorelli, até o vallo velho e seguindo por este ao alto, até encontrar o vallo da antiga chácara do P. Sanches, segue depois pelo vallo, sempre espigão, águas vertentes até a porteira onde teve principio e fim a demarcacção. Esses terrenos do Patrimônio confrontam hoje com Alexandre Tardelli, Severino José Vieira, Francisco Teodoro Kühl, Terreno da Santa Cruz (da Fábrica), Luís Mazzilli, Lourenço Tardeli, José de Paula Martins, Francisco Bernol, João Silvério Marques, Antônio Eusébio de Assis, Garuti Constante, José Nogueira, dona Anna Idalina de Sá, Samuel José de Souza, Pedro Tortorelli, Fernando Joaquim de Souza e Joaquim Antônio Magalhães, Fundada de facto a Egreja Matriz, que actualmente existe e tornando-se a actual povoação sede da antiga Freguesia e Parochia de Caconde com o mesmo provimento de mil setecentos e setenta e cinco o referido terreno, acima mencionado, fica constituído em Patrimônio e lougradoro publico, de uso e goso dos respectivos habitantes, até que creado o município, a câmara Municipal de harmonia com o regimem da União da Egreja e do Estado creou leis regulando a destribuição de datas arrendamentos de terras, que concedia de accordo com a sua atribuição administrativa, reconhecendo, no entanto por acto e factos a propriedade e domínio da Egreja nos ditos terrenos apezar de 39 continuar em posse precária até a mudança das instituições políticas do Paiz e estabelecimento do novo regimem que estabeleceu a separação dos Poderes, sendo que na vigência da lei da Separação ainda a Câmara Municipal, mudando o titulo de posse, permaneceu nesta tolerância da Egreja, Sendo da maior conviniencia evitar-se litígio que sobre ser despendioso e irritante viria perturbar profundamente a harmonia até aqui existente entre o poder Municipal e a pessoa Jurídica que o Bispado representa, além do que a discussão judicial desse litígio viria affectar os interesses da Câmara e dos seus munícipes, já em boa fé, estabelecidos com casas e outras propriedades no terreno em questão, as duas partes interessadas entraram em accordo amigável para completa solução da questão, digo, desta pendência, Com esse intuito e animada desta intenção a Câmara Municipal tomou conhecimento da representação e propostas apresentadas pelo Bispo Diocesano votando a lei numero cento e quinze de vinte e três de Maio de mil novecentos e doze, que rege de accordo efectuado e em execução do qual e lavrada a presente escriptura, com as cláusulas que abaixo vão estipuladas – A Fabrica da Egreja Matriz de Caconde, na pessoa do Bispo da Diocese, aqui representado por seu bastante procurador, considerando-se senhora legitimamente possuidora dos terrenos que constituem o Patrimônio desta cidade e constam dos limites acima descritos, entra em accordo, faz trazação e composição amigável e, em conseqüência, vende a outorgada Câmara Municipal de Caconde todo o terreno que constitue o Patrimônio, digo, o dito Patrimônio, cede e transfere na pessoa da outorgada todo o direito e acção que sobre esse terreno tem tido, por todo e qualquer titulo, de modo que a outorgante, digo, outorgada possa delle gosar, dispor ou alienar livremente como seu que ficam sendo de hoje para sempre por bem deste escriptura sendo que a outorgante renuncia expressamente em benefício da outorgada a toda e qualquer reclamação e direitos sobre arrendamentos, datas foros, laudêmios, jóias, servidões, occupações anteriores a este escriptura, Fica subtendido porém que a Fabrica continuará no uso e goso do terreno 40 occupado pelo actual cemitério enquanto este pertencer á mesma Fabrica. Esta transferência do terreno do Patrimônio é feita mediante a indenização do valor de dez contos de reis (10:000$000), que a outorgada se obriga a pagar em cinco prestações annuaes de dois contos de reis cada uma veis cada uma por sua vez, em preimerio do mez de Janeiro dos annos de mil novecentos e treze, mil novecentos e quatorze, mil novecentos e quinze, mil novecentos e dezesseis e mil novecentos e dezessete, as quaes são nesta data emittida e acceitas pela Câmara pelo seu representante legal; ao mesmo tempo que a outorgada Câmara se compromete á: fornecer gratuitamente água potável para a actual casa parochial; fornecer gratuitamente, tanto para a casa parochial como para a Egreja Matriz, lâmpadas elétricas para a iluminação commum, isto pelo modo porque se acha atualmente estabelecido, tanto na casa como na Egreja; e isento como isenta, a dita casa parochial do imposto predial presente e futuro ficando a mesma casa remida da divida antiga, digo anterior. A outorgante vendedora, de posse das ditas letras, dá a outorgada plena e geral quitação de paga e satisfeita para todos os fins de direito. Pela outorgada Câmara Municipal na pessoa de seu representante foi dito que acceita esta escriptura como as clausulas e obrigações estipuladas e desde já entra de plena posse dos terrenos que adquiriu por bem desta. E de como assim o disseram e prometeram cumprir e guardar me pediram lavrar-se esta escriptura que li perante as partes e testemunhas; aquelas acceitara, outorgaram, e eu como pessoa publica também a acceitei em nome de absentes e de que mais deva ser, assignam com as testemunhas Calimerio Bittencourt e Juvenal Nigro, todos minhas conhecidas do que tudo eu tabelião dou fé, perante mim Levindo José Alves tabellião que a escrevi e assigno. Em seguida transcrevo vosa procuração do theor seguinte: D. Alberto José Gonçalves, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo da Diocese de Ribeirão Preto. Aos que este documento virem Saudação, Paz e Benção em Nosso Senhor Jesus Christo. Em virtude da faculdade que nos foi concedida 41 pela Santa Sé, autorisamos o Rvmo. Padre João Miguel de Angelis a assignar a escriptura de venda que a Câmara Municipal de Caconde faz á Diocese de Ribeirão Preto dos terrenos que constituem o Patrimônio da Matriz da dita cidade de Caconde, de accordo com as clausulas estipuladas. O producto da venda será recolhido á Câmara Eclesiástica, afim de ser aplicada a titulo de renda em favor da referida Fabrica. Ribeirão Preto, primeiro de Fevereiro de mil novecentos e doze. Albert, Bispo Diocesano. Estava com a firma e letra reconhecida e feita em papel com as armas do mesmo Bispo Diocesano, com o selo do Bispado. Era o que se continha em dita procuração que para aqui fielmente transcrevi, a pedido das partes contractantes. E me apresentaram o bilhete de distribuição datado de hoje, o selo federal no valor de onze mil reis, em duas estampilhas que vão colladas no fim desta. Dizem as entrellinhas: Patrimônio, na pagina sessenta e uma que existe, na pagina sessenta e um verso e a emenda tornando-se na mesma pagina sessenta e um verso. Eu Levindo José Alves, tabellião o escrevi e assigno. Levindo José Alves, Padre João Miguel de Angelis, José Umbelino Fernandes, Calimério Bittencourt e Juvenal Nigro”. 3 3 Paróquia de Caconde, Livro do Tombo, II, p. 117-118. 42 n) O Colégio da Imaculada No dia 23 de dezembro de 1912, chegaram da Espanha as Irmãs da Congregação das Filhas de Jesus, sendo superiora a Irmã Heloísa Andrés. Elas vieram com a missão de dirigir o futuro Colégio da Imaculada. Esse Colégio foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1913, na Casa Grande da Soledade no Largo da Matriz, prédio este, cedido pela Câmara Municipal. O Colégio foi fundado pelo Padre João Miguel de Angelis. Colégio da Imaculada 1924 o) A Reforma da Matriz em 1917 O Padre Angelis aventou a Reforma da Matriz, iniciando as obras em 01 de fevereiro de 1917, passando as missas a serem celebradas na antiga Capela do Rosário. Em 12 de dezembro de 1919, o jornal “A Comarca” informava que prosseguiam as obras de reforma da Matriz, e que os serviços de reforma externa haviam sido contratados com o Sr. Jorge Otto Mathes, pela quantia de 8:000$000. Em 1920, estavam terminados os trabalhos de reforma da Matriz. Tem inicio a reforma das duas torres, com planta do engenheiro José Maria de Lacerda. No entanto, o projeto inicial deve ter sido modificado, pois em primeiro 43 de janeiro de 1921 foi lançada a pedra fundamental da nova torre. As duas torres antigas foram modificadas para cederem lugar a uma só torre, na parte central, tendo ficado pronta provavelmente em 1924, para as comemorações do Centenário da Cidade. Igreja Matriz de Caconde em 1924 Centenário da Primeira Missa 44 p) Demolição da Capela do Rosário A lei n.º 200, de 1920, autorizou o prefeito a desapropriar a Capela do Rosário, para a amplificação do Largo do Rosário q) A Imagem de Nossa Senhora da Conceição de 1775 A antiga Imagem de Nossa Senhora da Conceição, que figurava no altar da primitiva Matriz do Bom Sucesso, desapareceu em princípios do século XIX. Esteve por alguns anos no oratório particular do Pe. Carlos de Mello, até que em 1824, por ocasião da Missa do Natal, passou a ocupar seu lugar no Altar-Mor da Nova Matriz. No dia 3 de maio de 1921, o Pe. João Miguel, fazendo um exame de vários objetos já sem uso e recolhidos a granel em um armário, encontrou as duas metades da Imagem, cuja autenticidade se evidencia pela inscrição que traz numa das faces do pedestal: 1775 D.D. A efígie tem 50 centímetros de altura. Foi restaurada para as Comemorações do Centenário da Cidade em 1924. (Esses dados foram colhidos de “A Polyanthéa,” de 1924, ob. cit.). Nossa Senhora da Conceição de 1775 45 r) O Padre João Miguel de Angelis Tomou posse como pároco de Caconde em 13 de outubro de 1910. Foi um grande pároco. Homem ativo trabalhou muito em prol de Caconde e da Paróquia. Foi ele o fundador do Colégio da Imaculada, que era dirigido por Irmãs Religiosas e funcionava na Casa Grande da Soledade. Também fundou a Escola Profissional "Comendador Umbelino" e uma Banda de Música. Foi redator do jornal “A Sentinela”. Ele reencontrou em maio de 1921 a antiga imagem de Nossa Senhora da Conceição, datada de 1775, que estava desaparecida. Foi o procurador diocesano na aquisição dos Patrimônios da Paróquia pela Câmara Municipal em 1912; reformou a Igreja Matriz em 1917. Sua atividade política causou-lhe desagravos perante os líderes partidários de Caconde. Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara resolveu "protestar contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir em ata um voto de reprovação". (Na madrugada daquele dia, sua residência, foi crivada de balas, o que causou grande pânico na vizinhança). O padre João Miguel de Angelis, agindo junto aos poderes competentes e jogando com sua influência pessoal, conseguiu a remodelação do prédio do Fórum. Colaborou também para as obras da estrada que liga Caconde a Itaiquara. Devido o perigo que corria por atentados de perseguição política, solicitou sua transferência de Caconde, sendo esta ocorrida em 29 de setembro de 1929. Faleceu como Cônego, no dia 20 de novembro de 1933, às 22h20min, 46 em São Simão - MG. Muitas pessoas de Caconde acompanharam seu enterro em São Simão. A rua em frente à Santa Casa de Misericórdia de Caconde recebeu seu nome pela lei nº 206, de 20 de junho de 1930. 5.2. O centenário da Cidade e de sua primeira Missa O Povo Cacondense aguardava com a maior expectativa o ano de 1924. O motivo dessa espera era a de celebrar festivamente a tão gloriosa data do aniversário dos 100 anos da fundação de Caconde e de sua primeira Missa. A Praça Rui Barbosa, atual Praça Ranieri Mazzilli, e a Igreja Matriz haviam sido reformadas e estavam magníficas para esse grande acontecimento. O ativo Padre João Miguel de Angelis era o redator do jornal "A Sentinela", que para dezembro desse ano, estava preparando a publicação da primeira Resenha Histórica de Caconde, contando para isso, com a preciosa ajuda dos alunos e da oficina tipográfica da Escola Profissional fundada por ele e cujo nome homenageava o ilustre Comendador José Umbelino Fernandes Júnior. Esta resenha histórica, já há algum tempo, estava a cargo do talento do próprio Comendador. Segundo Campanhole, o Comendador não costumava citar as fontes de suas citações, tendo feito recortes em vários documentos para os clichês de sua Resenha. Fiou-se também em "uns restos de tradição oral" para compô-la. O seu relato sobre a Missa do Natal de 1824, como a primeira missa de Caconde, foi mais tarde testificado por Campanhole como sendo somente a Missa de inauguração do Altar-mor da Igreja Matriz, visto que existe uma provisão de funcionamento da Igreja é datada do mês de maio de 1824 e que, pela provisão de vigário do Padre Carlos de Mello, ele estava autorizado a celebrar missas em uma casa particular até a construção e provisão de Bênção da nova Igreja. Por isso, o Centenário da primeira Missa e restauração da cidade fora uma comemoração errônea. 47 Em 1924, o Colégio da Imaculada, que era dirigido anteriormente pelas religiosas Filhas de Jesus, estava sob a direção das religiosas da Pia União de Jesus, Maria e José, sendo diretora a Madre Superiora Maria Conceição Pinto. Na grande comemoração do Centenário, no dia 24 de dezembro, às 9h00min, foi inaugurado, na Praça Coronel Joaquim José, o Obelisco comemorativo do Primeiro Centenário de Caconde e de sua Primeira Missa: 48 Eis o programa religioso das comemorações do Centenário da Primeira Missa e Fundação de Caconde: CENTENÁRIO4 DA FUNDAÇÃO DE CACONDE E DA PRIMEIRA MISSA Aqui celebrada no dia 24 de dezembro Os festejos organizados para a commemoração de tão gloriosa data obedecerão ao seguinte: -- PROGRAMA -DIA 22 – O Reverendo vigário da Parochia Padre João Miguel de Angelis, acolytado pelos Reverendíssimos Padres Feliciano Jagüe e João de Eschibaria, dará início a um solemne tríduo na vetusta Matriz desta cidade, às 6 horas e meia da tarde. DIA 23 – As 8 horas da manhã o Vigário e os outros Padres celebrarão o Santo Sacrifício da Missa em suffrágio dos fundadores desta cidade. As 8 horas e meia da noite um grupo de gentis senhoritas levará ao palco no Theatro Variedades um pequeno drama e algumas cançonetas. DIA 24 – O amanhecer desse dia será saudado com uma salva de 21 tiros e a banda musical Santa Cecília, sob a eximia batuta do maestro Mozart Cândido de Araújo percorrerá as ruas desta cidade. As 7 horas e meia os Reverendíssimos Padres celebrarão uma missa em suffragio das almas dos vigários que foram desta parochia. As 8 horas a histórica imagem de Nossa Senhora da Conceição, que figurou como Padroeira da extincta egreja do Bom Sucesso, em 1775, em bellissimo andor, da Capella do Collegio Immaculada será transportada, procissionalmente, para a praça Dr. Sampaio Vidal, onde será collocada em artístico altar, exposta à veneração dos fiéis. Neste acto soará o velho sino que existiu naquella mesma igreja Às 9 horas se fará a inauguração do obelisco commemorativo do Centenário, que será entregue aos poderes municipaes. Logo em seguida, no mesmo altar, será celebrada a missa campal, pregando ao Evangelho o Padre Feliciano Jagüe. Caconde, dezembro de 1924. 4 Extraído de “Polyanthea”, A Sentinela, Caconde, dezembro de 1924. 49 5. 3. Eventos Posteriores Principais eventos posteriores a 1924: a) Atentado contra a Casa Paroquial (1926) Em sessão de 13 de fevereiro de 1926, a Câmara resolveu "protestar contra o bárbaro atentado à Casa Paroquial e inserir em ata um voto de reprovação" (Na madrugada desse dia crivaram de balas a residência de respeitável cidadão, causando pânico na vizinhança). Casa Paroquial de Caconde 1924 50 b) A imagem de São Roque atingida (1932) A Imagem de São Roque que ficava no interior da Igreja Matriz foi atingida por projeteis das forças opositoras de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Este fato tornou o santo querido pelo povo cacondense, sendo este, aclamado popularmente como "Santo Protetor da Cidade". Este acontecimento está narrado na íntegra, no livro “Caconde e a Revolução Paulista”, publicado em 1933, pelo Prof. Antônio Fernandes Gonçalves, p. 99-102. 51 c) Fundação da Sociedade São Vicente de Paulo Foi fundada, em 1934, no interior da Igreja Matriz a Sociedade de São Vicente de Paulo. Presidiu os trabalhos o padre Gregório Argoitia, pregador. Era vigário de Caconde o padre Sebastião Lessa. d) Criação do Distrito de Paz de Santo Antônio da Barra A lei nº 2.694 de 03 de novembro de 1936, criou o Distrito de Paz de Santo Antônio da Barra, no município e comarca de Caconde, com o território que, pelo convênio de 28 de setembro do mesmo ano, passou de Minas Gerais para São Paulo, porque era um pequeno acréscimo tomado do território de Caconde. Ficaram também criadas duas escolas de primeiro estágio, uma feminina e outra masculina na povoação de Santo Antônio da Barra. O Distrito de Santo Antônio de Barrânia 52 e) Desmembramento da Paróquia de Tapiratiba (1937) Em 1937, foi criada e desmembrada da Paróquia de Caconde, a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida em Tapiratiba. f) Reforma da Matriz – inauguração de duas torres (1939) Há no Livro do Tombo III, informações de uma reforma da Matriz por volta de 1935 a 1939. No dia 08 de dezembro de 1939, data festiva de Nossa Senhora da Conceição, a Igreja Matriz aparecia novamente com duas torres, segundo Campanhole as mesmas foram inauguradas nesse dia. Igreja Matriz de Caconde 1939 53 g) Fundação da “Casa Imaculada Conceição” do IBVM (1943) Foi fundada em agosto de 1943, a Casa “Imaculada Conceição” da Congregação das Religiosas do Instituto Beatíssima Virgem Maria (IBVM)5, em principio conhecidas como “Damas Inglesas”, hoje atual “Congregação de Jesus”. Começaram com três Irmãs atendendo no hospital da Santa Casa de Misericórdia a partir de 15 de agosto de 1943, e dedicando-se também a outras necessidades paroquiais. h) Edição do livro “Caconde” (1947) Em 1947, foi editado o primeiro livro do historiador Adriano Campanhole, intitulado “Caconde”. Campanhole doou todos os exemplares do livro para a Igreja Matriz de Caconde. “Oferecendo este livro à Caconde, como testemunho de nossa admiração pela velha cidade de Nossa Senhora da Conceição, estamos certos de que ele realiza inteiramente o nosso desejo de contribuir para o conhecimento de sua história, tão estritamente ligada a um dos capítulos mais movimentados e brilhantes da história de São Paulo – o da conquista da terra”. Adriano Campanhole. 5 Em 2005-2006, o Instituto passou oficialmente a se chamar “Congregação de Jesus” para atender o desejo de sua fundadora Madre Mary Ward. 54 i) Falecimento de Madre Emília (1948) Faleceu a Madre Maria Emília Herberich, IBVM, em 20 de dezembro de 1948. Foi sepultada no túmulo do Instituto, no Cemitério Municipal. j) Visita de Dom Luiz do Amaral Mousinho (1952) Em 1952, visitou a edilidade (Câmara) D. Luis Amaral Mousinho, bispo diocesano, sendo saudado pelo senhor Waldemar Carlos de Souza, primeiro secretário. Igreja Matriz de Caconde 1956 55