/ 405 ASPECTOS CLIMATOLóGICOS DA OCORRbCIA DE NEVOEIRO NA 01 AREA 00 AEROPORTO DE GUARULHOS/sAo PAULO EDSON CABRAL TELECOMUNICAÇOES AERONAUTICAS S/A AV. VAUTIER,96 - sAo PAULO/SP CEP-03032 RESUMO Este trabalho estuda a ocorrência de nevoeiro na area do Aeroporto Internacional de são Paulo/Guaru1hos, no período de 1972 a 1988, através da análise estatística de seus totais de horas mensais e anuais. De forma mais detalhada, foram também analisados os eventos do fenômeno ocorridos no inverno de 1988, associando os aos tipos de tempo predominantes em escala diária, através de gráficos de análise rítmica. 1. INTRODUçAO Em meteorologia aeronáutica define-se o nevoeiro corno um fenômeno meteorológico que obstrui a visibilidade horizontal a menos de 1000 m. No caso específico da área de aeroportos, o nevoeiro apresen- ta caráter especial, tendo em vista restringir consideravelmente as operaçôes de pouso e decolagem e afetar a segurança das aerona ves e dos passageiros. O presente trabalho objetiva estudar a gênese e a distribuição horária e sazonal do fenômeno, bem corno tentar identificar possíveis alteraçôes microclimáticas ocorridas após a construção do ae roporto de Guarulhos (1980-84) com o respectivo desmatamento e ur banização da área do mesmo e adjacências. O sítio do aeroporto situa-se numa planície alveolar no Vale do Rio Baquirivu-Guaçu, afluente da margem direita do alto Tietê, na latitude de 23Q26'06"S e na longitude de 46Q28'22"W. 2. METODOLOGIA O estudo baseia-se na análise estatística dos totais mensais e anuais de horas de nevoeiro, obtidos dos registros da antiga Esta cão Meteorológica de Cumbica (1972-84) e Estação Meteorológica de 406 Guarulhos (1985/88). Além disso, registros das Estações Meteorológicas dos Aeroportos deCongonhas (1972/88) e são José dos Cam pos (1974/88) foram utilizados visando caracterizar uma possível escala sinótica do fenômeno. Outros parâmetros meteorológicos analisados foram os de tempe r~tura média anual (1972/84) e incidência de ventos ( período de junho a setembro de 1988), também obtidos das Estações Meteoroló gicas de Cumbica e do Aeroporto de Guarulhos. Para se verificar como e em que situações o nevoeiro de Guaru lhos se processa, dois tipos de análise foram feitas. Inicialmen te foram analisados os registros de observações referentes ao in verno de 19887 desse período associou-se o fenômeno aos tipos de tempo ocorridos em escala diária, através da técnica de análise rítmica, implantada e desenvolvida por Monteiro (1971). Posteriormente, uma análise mais detalhada dos eventos de nevoeiro desse período foi feita, levando-se em conta o seu horário de ocorrência, a sua duração, a hora do nascer do sol e a análise das condições sinóticas (1200 horas UTC), extraídas das cartas de superfície do Ministério da Marinha. Ainda como indicadores auxiliares ao estudo, foram analisados os registros dos totais mensais e anuais das horas de restrição meteorológica em relação aos mínimos operacionais do aeroporto ( 400 m de visibilidade e 100 ft. de teto), referentes ao período de 1985 a 1988. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O gráfico 1 mostra a distribuição anual da ocorrência de nevoeiro para três aeroportos ( Guarulhos, Congonhas e são José dos Campos), de onde podemos notar tanto uma maior incidência do fenô meno no Aeroporto de Guarulhos, quanto uma grande variabilidade anual do mesmo nesse aeroporto, em que pese o mesmo configurar, em relação à década de 70, uma tendência de queda significativa. A grande diferença na ocorrência de nevoeiro do Aeroporto de Guarulhos para os outros dois aerportos pode ser explicada por fa tores locais, visto que esse aeroporto está situado em uma topo grafia típica de vale, ao contrário, por exemplo, do Aeroporto de Congonhas, situado em área elevada e com um processo intenso de 407 situ~ urbanlzação em sêu entorno e mesmo de são José dos Campos, do em uma area de superfície bastante aplainada e mais distante de elevações montanhosas. Através dos gráficos 2 e 4 verificamos que o nevoeiro ocorre preferencialmente no final do outono e no inverno, quando ocorrem as temperaturas mais baixas, menor intensidade do vento e a atmos fera se encontra mais estvel. No gráfico 5 ratura média verificamos uma elevação significativa da tempe- anual no período de 1980 a 1984, coincidindo com a época de construção do aeroporto. Pelo gráfico 6 notamos como importante componente o vento de Leste, que nos sugere uma forte correlação do mesmo com a topogr~ fia local, com as escarpas das serras ao nQrte do aeroporto alinhadas nas direções E-W e ENE-WSW. Pelo gráfico 7 e Quadro 1 analisamos os episódios de nevoeiro ocorridos no inverno de 1988 em Guarulhos e deles pudemos constatar que a maior parte dos eventos está vinculada a processos de perda radiativa noturna, sob a influência de regimes anticiclânicos e em alguns poucos casos ligados a sistemas frontais. O Quadro 2 nos mostra uma tendência de queda em relação aos to tais de horas de restrição meteorológica anuais com relação aos mínimos operacionais do aeroporto, embora tenhamos um período de apenas quatro anos para análise. Constatou-se neste trabalho que a genese do nevoeiro na are a do Aeroporto de Guaru1hos está vinculada tanto a fatores de localização do sítio quanto aos sistemas atmosféricos atuantes. 4. AGRADECIMENTOS O autor agradece a Tom Van Ewijek, Mª Glória da Silva Castro, Silvia Jordão, Lucia Setiuko Tengan, Mª Teresa Miraglia Cortes e ao Prof.Dr. José Bueno Conti pelo apoio que prestaram. Agradece ainda à TASA pela cessão dos dados utilizados neste trabalho. 5. LITERATURA CITADA MONTEIRO, Car~os Augusto de Figueiredo. Análise rítmica em cli- matologia: problemas de atualidade climática em são Paulo e achegas para um proqrama de trabalho, Climatologia, 1, Paulo, USP-IG, llust., 1971, 21p. ~ão 408 nollA:! AtlllA13 DI~ tlh'VOI':lIlO Iaorlln .00 ~oo o .. "-+-~-_!- ...--...-~-!~ j f m n mJ j .a o o n ~ er,{r10n 2 "nu 4 Dl::l'nt 1l1l1Ç'i\.O 111': tlVO l'JO~/OO IlHlTnIDUlçXO DE tlVO 1972/04 70 ItO ,O 110 lO IH 110 ,o A to 2 '0 to 10 o ''''1111111111 •••11111''''"' 111, \1I11tltt!'''11 I ".,. I'" U 7\ 7' ,. lO p,,.,{ rico 1J!lI.l.I!Dm1111 .. T[.... , .'01"1 ,,"w.IS 11 ( T •• 6 '. • 2 = III RlI.II!Y JiJll1 1_' J, . . . O H.!' "- " '1 71 , lt CrI(UCO ~ 7' 80 .1 86 /\NOS "Il~" Ul'~l I &,10&11 . . . . . hrlllt (;r~Uoo ."U/O"" tu!' " 01100 . v I • &' ~--~',,,,) 10 I 5 ~.~ •'.1 ] li 4 ·...t::,o)-------------.- ----_.,. ç ,• .. IS U grlií100 3 . .U l ... a Aih , .......... IOU "''' _ UI» ......o(U( u •• JI " rb l.hl .... !OI,.) " ,.,1.«. lil lJ "1\11.. g"., .. lhuI- I. J~I. . . . . . h_lo"" '1 lOJal. 6 Quadro 2. hrlo40. 4. l'. . uSçlo ".Uorolócloa •• 1'1 • • 1 no .... roporto lnternaolonal 4. G\&&nIlhoe- Vi.lbU14a4. a.1&o 4. 400 • • /0\1. teto • ~1xo 4. 100 ft 1981 1916 1987 1?8~ o.. '..... u~ I nno lro W," U4'~U n. o ,.v.rdr I w• Llca.roo !I~O h. O Abrt O o 1 O , 110 h, EoIn1 o h Junho 01,00 h. h O .0 h 1 1 o Julho O , Oh. 1 , 1 h. O 1\1' h. ,I I'OU o O • Oh ~"t.lI.. bro O I 021 n. Oltt.ubrl1 I I. I O 125 h. o O Ihly".. bro 14: h. I)lllltlbro • 5. I. '10 h • I Tntoll •1 I . • , , • ", ""0 - .. . - , , '. - - .. -- - 'onte. Torr. 4. Oontr81. do •• rororto d. Gua.ruJhoe., ,-) Cotl.Jçõ. . "..eu..... 1100 uTe .. 409