1 Estratégias utilizadas por goleiros para defender a cobrança de pênalti Everton Coelho Ataíde * Frederico de Alvarenga e Bragaglia* Igor Magalhães Costa* João Luiz Manini* Nádia F. S. Marinho** RESUMO O futebol tem uma grande influência no cenário esportivo nacional e internacional. Deve estar claro que em uma partida as situações de destaque do goleiro são várias. Uma delas são as defesas realizadas nas cobranças de pênaltis, que podem ocorrer durante ou no final de cada partida, influenciando no resultado do jogo e em decisões de títulos. O presente estudo tem como objetivo buscar através da literatura as estratégias utilizadas pelos goleiros no momento das cobranças de pênaltis com intuito de realizar a defesa. Foram analisados 4 estudos de coleta de dados referentes as estratégias que poderiam ser utilizadas pelos goleiros. Verificou-se a antecipação dos goleiros, a análise dos sinais relevantes dos cobradores, o posicionamento do goleiro fora do centro do gol e a velocidade da bola de acordo com o lado da cobrança combinada com antecipação. Conclui-se que estes aspectos aliados aos treinamentos, podem contribuir para que o goleiro tenha êxito no momento das cobranças de pênaltis. Destaca-se ainda a importância de novos estudos sobre o histórico das cobranças de pênaltis dos jogadores, principalmente profissionais, a fim de possibilitar ferramentas aos envolvidos nesta área de atuação. Palavras-chave: Estratégia. Goleiro. Cobrança de Pênalti. 1 INTRODUÇÃO O futebol tem uma grande influência no cenário esportivo nacional e internacional. Considerando a importância cultural da prática desse esporte, torna-se um objeto de estudo de grande interesse para acadêmicos da área de Educação Física (TUMILTY, 1993 apud WISIAK, 2004). O futebol é uma modalidade coletiva que especifica as funções de cada jogador e requerem diversas estratégias no contexto do jogo. Dentre as várias posições existentes no futebol o goleiro tem um papel fundamental nas ações defensivas de sua equipe. O goleiro de futebol de campo é um atleta com objetivos e funções extremamente distintas dos demais jogadores (BERTO; MAGALHÃES, 2013). Deve estar claro que em uma partida as situações de destaque do goleiro são várias, mais especificamente as defesas dos chutes de pequena e média distância e as saídas de bolas para contra ataques. Destaca-se neste estudo as defesas *Licenciado e bacharel em Educação Física. **Mestre em Ciências do Esporte pelo EEFFTO de UFMG. 2 realizadas nas cobranças de pênaltis, que podem ocorrer durante ou ao final de cada partida, influenciando no resultado do jogo e em decisões de títulos. Ao realizar a defesa de uma cobrança de pênalti, o goleiro tem todo o mérito, devido ao seu alto grau de dificuldades (SCOPEL; ANDRADE, 2005 apud SOARES, 2010). Tanto no decorrer de uma partida quanto em decisão de campeonato as cobranças de pênaltis têm sido muito freqüentes. Historicamente o futebol teve diversos jogos decididos por cobranças de penalidades máximas, como torneios mundiais de seleções e clubes, campeonatos nacionais e internacionais (WISIAK; 2001). Por acontecer estas situações dentro da modalidade esportiva em questão, os goleiros desenvolvem estratégias para obterem vantagem nas cobranças de pênalti, em relação aos cobradores (WILSON; WOOD, 2010). Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo buscar através da literatura as estratégias utilizadas pelos goleiros no momento das cobranças de pênaltis com intuito de realizar a defesa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Goleiro O goleiro se distingue dos outros jogadores, por ser o único a tocar a bola com as mãos apenas dentro da sua grande área, quando recuada intencionalmente por outro jogador da sua equipe com os pés. O goleiro é o principal jogador dentro de campo responsável por evitar que o gol aconteça, orientando as ações defensivas de sua equipe. Assim, este atleta necessita de diferentes aspectos, coordenativos, físicos e técnicos (DOMINGUES, 1997 apud BERTO; MAGALHÃES, 2013). No entender de Mello (1999 apud VOSER et al, 2006, p. 174): Uma grande equipe começa com um grande goleiro. Isto é a mais pura verdade, pois um grande goleiro inspira confiança a sua equipe, mas para que haja um grande goleiro, é necessário que haja (treinamentos dos mais apurados) e condições físicas excepcionais para que ele possa atuar com precisão e segurança. 3 De acordo com a regra 14 do Livro de regras do jogo, publicado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA, 2014), referente aos anos de 2008/2009, para que uma cobrança de pênalti defendida pelo goleiro seja válida, o goleiro deverá permanecer sobre a sua própria linha de meta, de frente para o executor do tiro penal e permanecer entre os postes de meta, até que a bola seja chutada. A posição do goleiro no momento da cobrança de uma penalidade é a mesma posição de espera, entretanto esta posição se difere para cada atleta, pois a regra permite que o goleiro se desloque lateralmente atrás da linha do gol (VOSER et al, 2010). 2.2. Pênalti O pênalti foi instituído nas regras do futebol em 1891, pela Internacional Board assessora da FIFA (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). De acordo com a regra 14 do Livro de regras do jogo, publicado pela FIFA referente aos anos de 2008/2009, será concedido um tiro penal contra a equipe que cometer uma das dez infrações que originam um tiro livre direto, dentro de sua própria área penal enquanto a bola estiver em jogo. Um gol poderá ser marcado diretamente de um tiro penal. O pênalti pode ser considerado como um momento isolado de uma partida em que, todas as atenções estão voltadas apenas para dois atletas: o cobrador e o goleiro. As tomadas de decisões com precisão, em tempos disponíveis curtos e variáveis são características essenciais da cobrança de pênalti no futebol (BERTOLASSI, 2007). Estudos indicaram que uma penalidade eficiente, ou seja, com uma velocidade adequada, fará com que a bola chegue ao gol mais rápido do que a resposta motora do goleiro no momento da visualização. O tempo de ser emitida a mensagem para o córtex e ser enviada a resposta até os músculos será maior que o tempo gasto pela bola para percorrer a distância de nove metros e 15 centímetros até o gol (SCHMIDT; WRISBERG, 2010). 2.2.1 Estratégia 4 No esporte, a estratégia é vista como conjunto de ações controladas e de decisões diferentes que incorporam variáveis que se unificam em planejamentos a médio e longo prazo (BARBANTI, 2003). Dentre as estratégias utilizadas em toda a sua carreira o goleiro aprimora suas capacidades, entre elas para defender o pênalti, destaca-se a capacidade elevada de antecipação, pois a bola chegará ao gol em um tempo inferior a 0,5 segundos (WEINECK, 2000). Segundo (VOSER et al, 2006, p.208): O goleiro tem a probabilidade de fazer a defesa, se no momento da batida na bola, ele já tiver decidido a ação a ser realizada. Obviamente se o goleiro decidir por um canto muito antes da cobrança o batedor que estiver atento aos movimentos do goleiro irá colocar sem maiores dificuldades a bola no canto oposto. Outras situações observadas pelo goleiro são: a) posição do pé de apoio e da parte anterior do tronco do batedor; b) a porção superior do corpo do batedor com relação ao chute e c) canto preferencial do batedor. Com relação à posição do pé de apoio. Estudos evidenciam que na maioria das cobranças o pé de apoio está voltado para a direção do chute. Já a parte anterior se estiver ao lado direito o chute terá grande probabilidade de ser direcionado para o canto esquerdo (WEINECK, 2000). No que diz respeito à porção superior do corpo do batedor com relação ao chute, estudos passados indicaram que a grande na maioria dos chutes o tronco está voltado para a mesma direção (WEINECK, 2000). Ainda no que se refere ao canto que o cobrador tem a preferência pelo chute o goleiro pode estudar seus adversários previamente ao jogo para melhor decidir sobre sua estratégia de defesa. 3 HIPÓTESE Conforme pressupostos apresentados, a hipótese levantada é de que há diferentes estratégias estabelecidas pelo goleiro no momento da cobrança de pênalti. Levando em consideração aspectos internos e externos que o goleiro poderia avaliar objetivando efetuar a defesa e se haveria tempo de se antecipar as cobranças. 5 4 MÉTODO O presente estudo foi realizado nos moldes de uma revisão integrativa, caracterizada por reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um determinado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (ROMAN, 1998). Como critério de seleção de amostra considerou-se: a) publicações em periódicos nacionais e internacionais, escritos em língua portuguesa e inglesa, entre o período 2002 e 2010, qualificados entre A1 e B4 segundo o QUALIS b) a primeira pesquisa foi realizada no portal capes, usando a busca por assunto. Foram pesquisados artigos apenas com a palavra “goalkeeper” destes foram encontrados 832 (oitocentos e trinta e dois) artigos. Ao adicionar em busca avançada o descritor “defense” dentro das opções “contém” “no assunto” encontramos 19 (dezenove) artigos. Após leitura dos títulos dos artigos, apenas 1 (um) atendeu ao objetivo do presente estudo. Em uma segunda pesquisa dentro do PORTAL CAPES foi utilizada a busca avançada por assunto pelas palavras “Penalty-kick” e “off-center” dentre as opções “contém” “qualquer”. Foram encontrados 7 (sete) artigos, após a leitura dos títulos foram descartados os 3 (três) últimos por não interessarem à pesquisa e outros 3 (três) após leitura do resumo. O primeiro artigo foi selecionado e encontrado na base de dados “PSYCHOLOGICAL SCIENCE”. Após a leitura exploratória do material encontrado, foi selecionado mais um artigo, a partir das referências do primeiro artigo citado na relação de estudos citados abaixo. Um quarto artigo foi fornecido em consulta a expert da área, totalizando assim, 4 (quatro) artigos. Tabela 1 – Relação de artigos por base de dados por qualificação Artigos (Autores) Wisiak (2006) Mastres; Kamp; Jackson (2007) Wisiak ; Cunha (2004) Soares (2010) Base de Dados Qualificação PORTAL CAPES A2 PORTAL CAPES A1 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA EXPERTS A2 B4 6 A partir desse momento, os artigos foram analisados através de um instrumento que viabilizasse a organização das ideias dos diversos estudos para responder a pergunta do presente trabalho. O instrumento tem como objetivo integrar os artigos lidos em suas diferenças e semelhanças “conceituais” permitindo uma aproximação à concepção geral acerca das estratégias usadas pelos goleiros no momento da cobrança de pênalti conforme tratada nas pesquisas analisadas (APÊNDICE A). 5 RESULTADO E DISCUSSÃO Wisiak e Cunha (2004) tiveram como objetivo analisar a antecipação dos goleiros nas cobranças de pênalti e saber se há relação com as cobranças não convertidas em gol. Analisaram doze decisões por cobranças de pênaltis em campeonatos oficiais de grande repercussão nacional e internacional do futebol profissional. Em 110 cobranças de pênalti foram analisadas as movimentações de 18 goleiros diferentes por meio de gravações. Os autores analisaram as seguintes situações: a) dentro da vista lateral existem duas formas de deslocamento do goleiro que se caracteriza pelo deslocamento do atleta à frente (FDF) e pelo salto do goleiro para um dos lados do gol (FS). Observaram essas duas formas de deslocamento separadas, ou a execução das duas de forma combinada (FDF/FS), onde a FDF antecede a FS. Esses deslocamentos foram identificados a partir do momento que o pé do goleiro perdia o contato com o solo, e quando iniciava a flexão do quadril ou do joelho para o lado que ocorria o salto; b) análise das cobranças convertidas em gol (CG), não convertidas em gol (NCG), defendidas (DEF), desperdiçadas (DSP), com antecipação (CA), sem antecipação (SA), desperdiçadas para fora (DSP/F) e desperdiçadas na trave (DSP/T). Todas as cobranças foram utilizadas para o estudo, uma vez que mesmo as desperdiçadas e as convertidas em gol foram analisadas para saber se houve antecipação e qual foi o tempo delas. Foi constatado pelos autores que das 110 cobranças realizadas, em 98 foram observadas alguma forma de antecipação do goleiro. Nas demais cobranças, onde não houve antecipação, os pênaltis cobrados foram convertidos em gol, o que demonstra a importância do goleiro se antecipar ao chute. Com relação às cobranças defendidas, em todas elas ocorreram a antecipação, sendo 10 cobranças 7 a forma FDF/FS e 12 FS, o que demonstra um equilíbrio entre as duas formas de antecipação. Outra análise realizada neste estudo foi o tempo de antecipação dos goleiros. Os autores afirmam através das amostras que, para se ter uma maior probabilidade de efetuar a defesa, os goleiros devem realizar a FS e a FDF/FS pelo menos 167ms antes de o cobrador tocar a bola, para obterem chances de realizar a defesa. Masters; Kamp; Jackson (2007) realizaram três estudos com o objetivo de responder se a posição do goleiro fora do centro do gol, tanto para direita quanto para esquerda, influencia o batedor a chutar a bola no canto com maior área, permitindo que o goleiro mergulhe para a mesma, aumentando as chances de efetuar a defesa. O primeiro estudo foi realizado através da observação de 200 vídeos de cobranças de pênaltis de campeonatos da Europa, Liga dos Campeões, Copa do Mundo e Copa Africana de futebol. Notou-se que 96% dos goleiros se posicionaram para a direita ou para a esquerda do centro do gol e que esse posicionamento não influenciou no lado em que o goleiro saltou lateralmente, pois 94 saltos dos 190 realizados foram para o lado de menor área. Segundo os autores isso indicou que o deslocamento para um dos lados não foi intencional. Esta mesma pesquisa evidencia que apesar de vários fatores envolvidos para o cobrador escolher um lado para chutar a bola, 103 dos 174 chutes foram para o lado de maior área. No segundo estudo, Masters; Kamp; Jackson (2007) pediram para que 51 participantes assistissem 300 slides em uma tela de 15.4 polegadas a 50cm de distância. A partir de cada slide foi colocado um bloco na linha do gol e foram realizados 14 (quatorze) deslocamentos para a direita ou esquerda do gol. Os convidados julgaram qual parte do gol com maior área e qual a sua confiança na escolha do lado. A escala de confiança tinha como referência, 50% (baixa confiança) e 100% (alta confiança). Quando as diferenças de áreas eram pouco significativas, os participantes apesar de julgarem com pouca confiança indicaram o lado com maior área. Neste mesmo estudo os autores pediram a 20 participantes que chutassem uma bola de futebol da marca do pênalti a uma distância de 4.8 metros, em uma tela com 44% do tamanho real para o lado de maior área do gol. 8 Novamente a escala de confiabilidade foi usada para medir a certeza que os mesmos escolheram o lado correto. Somente quando a diferença de área chegava a 3% havia alta confiabilidade dos participantes com relação aos seus julgamentos. No terceiro estudo dos mesmos autores, 32 participantes foram instruídos a executar o chute, apenas quando houvesse certeza que o goleiro estaria no centro do gol, para medir se a cobrança de pênalti é tendenciosa mesmo quando o batedor não conhece o deslocamento dos goleiros. Foram utilizados os mesmos estímulos do segundo estudo. Evidenciaram que os atletas têm conhecimento de que o goleiro fica posicionado para um dos lados do gol, já que os chutes somente aconteceram quando o goleiro esteve bem próximo ao centro. Os autores concluem que os goleiros podem determinar o lado do gol com maior área e influenciar a direção do chute, para em seguida efetuar o deslocamento e tentar fazer a defesa. Afirmam ainda que este deslocamento deve estar entre 6 a 10 cm do centro do gol, pois assim, o cobrador não estará atento a este deslocamento, mas terá cerca de 10% de probabilidade de executar o chute para o lado com maior área. Soares (2010) teve como objetivo analisar e verificar alguns sinais relevantes dos jogadores no momento das cobranças de pênaltis, detectados por goleiros e preparadores de goleiros de futebol. Utilizou no estudo 9 indivíduos de uma mesma equipe de futebol, sendo 3 goleiros profissionais, 3 goleiros juniores e 3 treinadores de goleiro. Foi realizada uma entrevista com cada um dos participantes individualmente, sob sinais relevantes existentes em cobranças de pênalti e depois assistido um vídeo de 4 cobranças. Dentro destes instrumentos os autores analisaram as seguintes situações: a primeira análise da cobrança de pênalti foi feita em tempo real, congelando a imagem no momento em que o chutador coloca seu pé de apoio ao lado da bola para efetuar a cobrança; A segunda análise foi feita repetindo a imagem da cobrança em câmera lenta e congelando-a novamente no momento em que o chutador chegava perto da bola para efetuar a cobrança. Tanto na primeira análise das cobranças de pênalti quanto na segunda, a imagem era analisada por detrás do gol simulando a visão que o goleiro tinha durante a cobrança. Fizeram uma análise temática do conteúdo que se dividiu em analisar as transcrições da entrevista, explorar os materiais e interpretar, avaliando os resultados. 9 No estudo foi dada aos participantes a escolha de se antecipar as cobranças pulando para o lado esquerdo ou o direito. Os sinais considerados importantes para analisar e definir o lado em que se direcionou a antecipação das cobranças, citadas pelos participantes, foram tabulados em: a= corrida reta em direção à bola, o chute é cruzado; b= posição do corpo quando chega à bola (lado em que o tronco e o quadril apontam); c= alta velocidade da corrida, o chute é cruzado; d= lado em que o pé de apoio está apontando quando colocado ao lado da bola; e= corrida muito aberta (lateralmente) em relação à bola, chute para o mesmo lado do pé dominante; f= intuição (escolheu um dos lados por não conseguir detectar nenhum sinal relevante); g= por ser destro, tende a chutar cruzado. Ao analisar as justificativas acertadas e incorretas dos sinais relevantes para detectar onde seria realizada a cobrança de pênalti, percebeu-se que o sinal mais evidenciado pelos participantes foi a posição do corpo (letra b), e outro sinal relevante detectado é a corrida reta em direção a bola (letra a). A justificativa com maior número de erros foi à alta velocidade de corrida do jogador e o chute sair cruzado (letra c). Outro sinal relevante de erro que se pode destacar é a intuição (letra f), em que o goleiro não observa o chutador e escolhe um canto para pular. Soares (2010) conclui que verificar a posição do corpo ao chegar a bola, seguido da corrida reta em direção a bola foi os sinais mais relevantes evidenciados pelos preparadores de goleiro, goleiros juniores e profissionais entrevistados neste estudo. Isso pode contribuir com o sucesso dos goleiros no momento das cobranças de pênalti. Outra questão evidenciada pelo autor é a importância de se antecipar as cobranças. Wisiak (2006) teve como objetivo analisar através de vídeos a velocidade da bola, velocidade média do cobrador, distância de aproximação do cobrador e tempo de antecipação dos goleiros, diante das cobranças de pênaltis. Foram convidados para o estudo 12 participantes de uma mesma equipe, do sexo masculino, sendo 9 jogadores e 3 goleiros. Os atletas foram divididos em 3 equipes e fizeram disputas entre si totalizando 44 cobranças de pênaltis. Com relação às análises das cobranças Wisiak (2006) verificou 25 cobranças convertidas (CG), 14 defendidas (CD), 1 fora do gol (FG) e 4 na trave (T). O estudo desconsidera as cobranças FG e T diante das informações apresentadas, pois analisaram principalmente as cobranças defendidas e convertidas em gol. O 10 estudo verificou os seguintes aspectos dentro das CD: a) não foi realizada nenhuma defesa na parte superior do gol; b) 44% das cobranças foram defendidas na região direita do gol (RD), isto revelou que elas foram direcionadas para o mesmo lado do membro de chute (CL), pois a maioria dos cobradores são destros (análise realizada da visão do cobrador). O estudo evidenciou que estas defesas aconteceram devido à velocidade da bola na CL, ser menor que 93.6 km/h. No lado oposto do membro do chute (CO) a velocidade foi maior (101.2 km/h), isto explica o fato do menor desempenho dos goleiros na região esquerda do gol (RE) (29%); c) o estudo analisou que o tempo de antecipação (TA), apesar de não ser significativo, foi maior nas defesas realizadas nas CO (800 ms), o que difere do TA nas cobranças defendidas direcionadas para o mesmo lado do membro do chute CL (700ms). 6 CONCLUSÃO O presente estudo teve como objetivo verificar as estratégias utilizadas pelos goleiros para realizarem as defesas de pênaltis. Nos artigos analisados verificaramse alguns aspectos relevantes que podem contribuir para o sucesso do goleiro, no momento das cobranças de pênalti. Dentre as situações que podem contribuir para os goleiros realizarem a defesa, destaca-se a antecipação deles à 167ms antes dos batedores tocarem a bola, pois dependendo da velocidade da mesma, o goleiro não conseguirá realizar a defesa. Devido à escassez de estudos referentes a esta situação sugere-se um maior número de estudos sobre o tempo ótimo das antecipações dos goleiros. A análise da posição do goleiro fora do centro do gol influenciou os batedores a realizarem as cobranças no canto de maior área. Observou-se que este aspecto se torna uma estratégia viável para os goleiros, pois induzir o batedor a efetuar a cobrança no canto pré-estabelecido, pode aumentar as possibilidades de defesa. Dentre os estudos realizados pode-se perceber a importância do goleiro estar atento aos sinais relevantes dos cobradores, em especial a posição do quadril e a corrida reta em direção a bola, pois as análises evidenciam que a corrida reta em direção a bola, o chute será cruzado e a posição do quadril aponta para a direção do chute. 11 Notou-se ainda que nas cobranças do lado oposto do membro do chute a bola tende a sair em uma velocidade maior, comparado com as cobranças de pênaltis efetuadas no mesmo lado do membro do chute. Esta situação indica que os goleiros devem ter tempo de antecipação maior quando decidirem efetuar o salto para o lado oposto do membro de chute do cobrador. Por fim conclui-se que estes aspectos aliados aos treinamentos podem contribuir para que o goleiro tenha êxito no momento das cobranças de pênaltis. Destaca-se ainda a importância de novos estudos sobre as estratégias utilizadas pelos goleiros e o histórico das cobranças de pênaltis dos jogadores, principalmente profissionais, a fim de possibilitar melhores referenciais aos envolvidos nesta área de atuação. 12 REFERÊNCIAS BARBANTI, V.J., Dicionário de Educação Física e Esporte. Barueri: Manole Editora Ltda, p. 240. 2003. BERTO, E. S.; MAGALHÃES, F. C. A Estatura como critério de seleção na captação e formação de novos goleiros de futebol de campo. Revista Brasileira de Futsal e Futebol. v.6. n.20, p. 88-94 , São Paulo, 2013. BERTOLASSI, M. A. 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APÊNDICE A - Instrumento 1 ) Dados Bibliográficos: 2) Objetivo: 3) Amostra: 4) Medidas / Instrumentos: 5) Resultados: 6) Como os autores explicam estes resultados: