27º DOMINGO DO TEMPO COMUM
05 de outubro de 2014
“Eu vos escolhi, foi do meio do mundo, a fim de que
dês um fruto que dure”
Leituras: Livro do Profeta Isaías, 5, 1-7; Salmo 79 (78), 9-10, 13-14,15-16, 19-20; Carta de São Paulo aos
Filipenses 4, 6-9; Mateus 21, 33-43.
COR LITÚRGICA: VERDE
Animador: Anunciadores que somos do Evangelho, Jesus nos chama a atenção para nossa missão: somos
chamados a produzir bons frutos, sermos sinais visíveis a todos. Por isso é importante estarmos sempre
vigilantes na oração, na vida cristã, na vida comunitária.
1. Situando-nos
A temática do Reino de Deus e sua justiça é cara ao Evangelho de Mateus. No caminho da espiritualidade
do Tempo Comum, ela reforça a necessidade de acolhermos a boa notícia de Jesus que, em obediência ao
Pai, realiza e dá plenitude ao Reino. Como as autoridades judaicas, somos por ele confrontados com os
valores e as exigências do Reino do Pai, por seu cuidado para conosco e, ao mesmo tempo, por sua firmeza
em cobrar-nos os frutos necessários.
Como já dito, a parábola dos “vinhateiros homicidas” é a segunda das três que Jesus contou aos chefes dos
judeus. Ela, portanto, continua a ser contada com o mesmo objetivo de levar os ouvintes a, ao
interpretarem o seu sentido, definirem ou decretarem a sentença final, julgando os fatos, a história e
emitindo a própria sentença. Jesus, com isso, leva os seus ouvintes a uma autocrítica, não deixando de
expressar a exigência e conseqüência do Reino, confirmando a resposta dada por eles.
Aproximando-nos do final deste ano litúrgico, também nós somos chamados a uma autocrítica, a um
exame de consciência quanto à nossa participação em apontar e manifestar com nossas vidas a presença
do Reino do Pai.
2. Recordando a Palavra
Diferente do domingo passado, desta vez, o Lecionário levou em conta os reais interlocutores de Jesus: os
sumos sacerdotes e os anciãos do povo. Sabemos da importância dessa mudança, pois o confronto de
Jesus está sendo com os chefes do povo. Aqueles que deveriam, por função ministerial, cuidar das coisas
de Deus, ou seja, do seu povo, a vinha, fazendo com que ela frutificasse.
Desta vez, Jesus é mais incisivo e direto em suas palavras. Por isso, tanto a resposta dos sumos sacerdotes
e anciãos quanto a conclusão feita por Jesus são mais radicais: “mandará matar de modo violento esses
perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tipo certo” (Mt 21,41)
e “o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43).
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Nos tempos bíblicos, nos quais está inserido o texto deste domingo, era comum que o proprietário de uma
vinha, por diversos motivos, arrendasse sua propriedade a alguém ou a um grupo de vinhateiros, que, por
contrato, deveriam cuidá-la, para que desse os bons frutos esperados e os entregassem ao arrendatário
que, por sua vez, deveria pagar os trabalhadores conforme o que rezava o contrato.
Acontecia, no entanto, que aqueles a quem foi confiada a vinha, viessem a descumprir o contrato,
buscando proveito próprio, enganando o patrão ou os próprios funcionários e, neste caso, chegando até a
cometerem assassinatos, com a finalidade de se tornaram proprietários e não mais arrendatários da vinha.
Ou seja, assumirem o lugar do patrão.
O final natural do texto do Evangelho deveria ser Mt 21,46. A opção do Lecionário foi a de “mudar” o final,
assumindo apenas os versículos 33-43. Foram excluídos os versículos 44-46. A exclusão do versículo 44 é
clara, pois o Lecionário evita textos que levantam questões históricas e exegéticas de difícil compreensão
ou que exijam maiores estudos.
A opção de não assumir os demais versículos, contudo, está para a hermenêutica do Lecionário que quis
finalizar a história com uma conclusão de Jesus, além de fazer com que nos atenhamos não tanto ao que
os chefes do povo queriam fazer, mas à sentença profética dada pelo próprio Jesus, voltando-nos para a
problemática do Reino de Deus no contexto da história da salvação, que encontra em Jesus, a pedra
rejeitada, o seu sentido e cumprimento.
3. Atualizando a Palavra
A encarnação do Filho de Deus, além de fazer-nos conhecedores do seu Reino, que veio a nós por meio do
Verbo, possibilitou-nos também o acesso a seus frutos. Isso com a exigência de mantermos também a
parceira, a aliança feita entre Deus e a humanidade.
No Evangelho deste domingo, Jesus faz para nós uma síntese de toda a história da salvação. Deus, desde a
criação do mundo, cuidou de suas criaturas com carinho e proteção, e elegendo o povo de Israel com seu
povo, sua vinha, manteve a sua promessa. Os chefes do povo deveriam ser aqueles que, por contrato de
aliança, fizessem com que todo o povo (incluindo os chefes) produzisse frutos. Mas isso não aconteceu a
contento de Deus.
Para chamar o povo e seus chefes à mudança de vida, à conversão e assim poderem participar das delícias
do seu cuidado, saboreando os frutos do seu Reino, Deus enviou profetas. Os chefes do povo, por sua vez,
arvoraram-se no direito sobre o povo e, preocupados com prescrições puramente periféricas, não
assumiram a Palavra de Deus, nem mesmo conduziram o povo à produção dos frutos esperados por ele,
expulsando e até matando os profetas do Senhor.
Em sua persistência de cuidar da sua vinha, Deus enviou o seu Filho único, aguardando o devido
acolhimento e conversão. Mas, mais uma vez, os chefes do povo não aceitaram o filho. Mataram-no e não
permitiram que os demais pudessem produzir os frutos esperados.
Neste domingo, em todo o Brasil, acontecerá o primeiro turno das eleições para os cargos de governo no
país: presidente e vice-presidente da República, deputados federais, senadores, governadores e vicegovernadores e deputados estaduais. O Senhor vem nos pedir um fruto concreto no discernimento para a
escolha dos nossos dirigentes. É importante conhecer a história dos diversos candidatos, para que
saibamos dizer não àqueles que não lidam com a vinha de Deus – seu povo eleito, com o carinho e respeito
que deve ser tratado. O nosso voto é importante!
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
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A nota “a” da Bíblia de Jerusalém nos ajuda a levar em conta ainda outros elementos desta parábola, ao
afirmar que: “não é bem uma ‘parábola’, mas sim uma ‘alegoria’, porque cada pormenor da narrativa tem
a sua significação: o proprietário é Deus; a vinha é o povo eleito, Israel (cf. Is 5,1); os servos são os
profetas; o filho é Jesus, morto fora dos muros de Jerusalém; os vinhateiros homicidas são os judeus
infiéis; outro povo, a quem será entregue a vinha, são os pagãos [e os judeus de fé]” (Acréscimo feito na
Bíblia de Jerusalém versão espanhola).
Por meio da parábola, Jesus exige um duplo posicionamento e a consequente conversão dos seus
interlocutores. O primeiro posicionamento exigido refere-se à não acolhida dele mesmo, o Filho enviado
do Pai.
Não acolher e optar por Jesus, implica em não acolher e não optar por Deus, pois ele, o Filho, é a presença
do Pai em meio à humanidade. Enquanto os cobradores de impostos e as prostitutas creram em João e em
sua mensagem e, convertendo-se, puderam acolher a boa-nova de Jesus (Evangelho do domingo passado),
os chefes do povo, por sua vez, não o acolheram.
Jesus, então, aponta para o mistério da sua páscoa, que terá os chefes do povo como protagonistas: ao
enviar o Filho para cuidar de sua vinha, Deus esperava que fossem respeitá-lo e entregassem a ele a sua
vinha, o seu povo. Eles, porém, ao verem o Filho, quiseram apoderar-se da vinha, para tornarem-se seus
herdeiros e proprietários. Com suas prescrições e preceitos, ao distanciarem-se da Lei de Deus, os chefes
do povo se colocaram em seu lugar, numa possível alusão à atitude de Adão e Eva (cf. Gn 3,22).
A atitude das autoridades foi violenta, procurando excluir totalmente o filho: “Então agarraram o filho,
jogaram-no para fora da vinha e o mataram” (Mt 21,39). A alusão à morte de Jesus levado para ser
crucificado fora dos muros de Jerusalém é clara. Eis o mistério, centro da nossa fé: Cristo morreu e
ressuscitou para a nossa salvação. Celebramos esse mistério e dele colhamos também os frutos, sendo
“transformados naquele que agora recebemos”, proclamaremos a Deus com a oração depois da
comunhão.
O segundo posicionamento exigido dos interlocutores de Jesus refere-se aos frutos do Reino. Também por
causa da exclusão dos três últimos versículos da perícope no Lecionário, a parábola adquire seu sentido
maior e resposta, quando colocada em relação à primeira leitura deste domingo.
O filho foi enviado aos vinhateiros para receber os frutos da vinha, que pertencem ao seu proprietário: “eu
esperava deles frutos de justiça – e eis a injustiça; esperava obras de bondade – e eis a iniqüidade” (Is 5,7).
A justiça e a bondade são os frutos esperados por Deus, que em seu Filho encontram a razão e a
possibilidade de serem concretizados, já que os responsáveis pela vinha de Deus não os produziram.
Somos herdeiros (Cf. Rm 4,14-16; 8,15-17), povo da nova e eterna aliança selada por Deus em seu Filho, a
pedra rejeitada. O Senhor continua a insistir que o seu Reino, vindo a nós por Jesus, produza os frutos
necessários para a vida da humanidade: os frutos de justiça. Assim cantaremos com a antífona da
aclamação ao Evangelho: “Eu vos escolhi, foi do meio do mundo, a fim de que deis um fruto que dure. Eu
vos escolhi, foi do meio do mundo. Amém! Aleluia, Aleluia!”. Pensemos, que frutos estamos produzindo?
Oração dos fiéis:
Presidente: Como servos conscientes de que a missão é maior do que nós e que precisamos ter fé para
sermos missionários do Reino, façamos ao Pai nossos pedidos.
1. Senhor, pedimos pela Igreja, que ela cresça e ajude as nossas famílias a crescerem como “igrejas
domésticas”. Peçamos:
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Todos: Senhor, aumenta-nos a fé!
2. Senhor, que os governantes adotem verdadeiras políticas de apoio aos mais necessitados, tornando
nossa sociedade mais igualitária, rezando neste final de semana pelo bom êxito das eleições em nosso país.
Peçamos:
3. Senhor, que nossa comunidade saiba oferecer estímulo, companheirismo e acolhimento a todos.
Peçamos:
4. Senhor, para que nunca nos envergonhemos de ser cristãos católicos. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Senhor, concedei-nos ver e julgar todas as coisas segundo o pensamento de Cristo que
convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo.
Todos: Amém
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Presidente: Acolhei, ó Deus, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes e, pelos mistérios que
celebramos em vossa honra, completai a santificação dos que salvastes. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:
Presidente: Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do pão celeste e inebriar-nos do vinho sagrado, para
que sejamos transformados naquele que agora recebemos. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
Palavra dos Papas Bento XVI e Francisco:
Sobre o papel do Estado e da Política:
“A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da Política. Um Estado, que não se regesse pela
ordem justa, reduzir-se-ia ao um bando de ladrões, como disse Santo Agostinho (cf. Cidade de Deus, IV,4).
A justiça é o objetivo e, por consequência, também a medida intrínseca de toda política. A política é mais
que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua origem e seu objetivo estão
precisamente na justiça e esta é de natureza ética” (Bento XVI, Deus caritas est, 2005, n. 28).
Sobre a relação entre Igreja e a Política:
É dever da Igreja “contribuir para a purificação da razão e para o despertar das forças morais, sem as quais
não se constroem estruturas justas, nem estas permanecem operativas por muito tempo. Entretanto, o
dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fieis leigos, os quais, como
cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente na vida pública. Não podem, pois, abdicar da
múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover
orgânica e institucionalmente o bem comum (Bento XVI, Deus caritas est, n.29).
Sobre a relação entre fé cristã e vida social e política:
“Ninguém pode nos exigir que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem
nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (Papa Francisco, Evangelii
Gaudium, 2013 n. 183).
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BÊNÇÃO E DESPEDIDA:
Presidente: O Senhor esteja convosco.
Todos: Ele está no meio de nós.
Presidente: Que o Senhor os abençoe e os envie em missão: na família, no trabalho, na escola...
Todos: Amém.
Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo.
Todos: Amém.
Presidente: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus.
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